Após o período das vindimas as videiras começam a preparação para o repouso vegetativo. No Hemisfério Norte geralmente ocorre nos meses de novembro e dezembro e no Hemisfério Sul nos meses de maio e junho. Neste período os dias começam a serem mais curtos, as temperaturas começam a cair, o clima fica mais frio, desencadeando uma série de reações internas na planta.
Dayane Casal na Bairrada, foto por Igor Pinto, Novembro 2023
O sistema de transportes de vasos condutores da videira denominados Xilema e Floema param de irrigar água (seiva bruta) e carboidratos (seiva elaborada) respectivamente para os pâmpanos. Como resultado desta escassez, a vinha começa a apresentar desidratação levando a diversas alterações no cenário dos vinhedos, que antes apresentavam-se verdes e agora estão amarelados, vermelhos e castanhos.
As primeiras a sentirem as alterações são as folhas, localizadas nas partes mais distais da planta, faltando recursos para se manterem exuberantes, começam a desidratar e a alterarem as suas cores, formando um lindíssimo arco-íris na paisagem em que os vinhedos estão implantados. Logo em seguida vão caindo uma a uma deixando os sarmentos ou varas desnudos.
Imagens de diferentes tons encontrados nos vinhedos, Dayane Casal – Novembro 2023
Os sarmentos nesta fase do ciclo da videira começam a lignificar, alterando suas cores de verdes para marrom, com a desidratação de maleáveis se tornam rígidos e lenhosos. Em seguida se dá a poda do inverno, onde se retiram as varas que se desenvolveram no ano anterior, deixando gomos na sua base para darem origem a novos pâmpanos no próximo período de crescimento vegetativo da planta.
Imagem do tronco da videira após poda de inverno, Dayane Casal, Novembro 2023
Essas ações de manejo na Vitis são importantes para preparar a planta para o período de dormência que não tarda a chegar e será o tema de um outro artigo sobre esse fantástico ciclo da videira. Espero que apreciem a maravilha que é visitar os vinhedos nesta fase do ciclo da videira, o outono é simplesmente mágico. Desejo boas provas e saúde!
Na França há uma silenciosa(?) disputa para o posto de vinho mais nobre, mítico e caro do mundo. Da Borgonha, o Romanée-Conti, e de Bordeaux o PETRVS. O Romanée-Conti, produzido a partir da Pinot Noir, é, apenas, um dos rótulos da DRC (Domaine de La Romanée-Conti), que produz, ainda, La Tâche, Richebourg, Montrachet, etc; enquanto Petrvs é só Petrvs!
Até 1917 a casa produtora, da Família Arnauld, se chamava, simplesmente PETRVS, tendo passado a eleger a denominação de “La Société Civile du Château Petrus” somente em tal ano, com o fim de oferecer em bolsas de valores ações da empresa. Vale ressaltar que a família Arnaud desde o século XVIII, produz vinhos em Bordeaux, assim a tradição é indiscutível. Como expressa o Blog “Divinho”, os vinhedos do Château Petrus cobrem uma área de 11,5 hectares, em um solo único formado por três camadas a 40 metros do nível do mar, conhecido como Boutonnière Pétrus. A primeira camada do solo é de cascalho, a segunda é de uma argila densa e rica em matéria orgânica. O segredo está na terceira camada, de argila azul. Essa combinação é única ao terroir do Château Petrus, não sendo encontrada em nenhum outro vinhedo, sequer nos vizinhos. A argila azul apresenta uma grande concentração de óxido de ferro, endurecendo tanto quanto uma pedra, impedindo as vinhas de aprofundar suas raízes. Os frutos, dessa maneira, acabam ficando mais concentrados e retém mais umidade. A casta Merlot encontra seu terroir ideal nesse cenário, produzindo frutos com alto teor tânico e qualidade indiscutível. Aliado a tudo isso e o que poucos sabem, é que o Petrvs é produzido através de vinificação natural, com colheita manual (normalmente só a tarde), com a maturação em barricas novas de carvalho francês por um período que varia entre 22 e 28 meses, bem controlada pelo enólogo, porém com ímpar grau de respeito a uva e ao terroir, está aí o grande segredo na nobreza simples e encantadora deste vinho.
A produção de PETRVS é bem pequena, para os padrões da região, e mais de 40% é consumida em território francês. Friso que o nome do vinho é PETRVS e não Chateau Petrus, o que se verifica pela simples leitura do rótulo, que ostente o nome de PETRVS apenas, diferentemente de vários outros vinhos de Bordeaux, especialmente os cinco Premier Cru Classés de Bordeaux, que, com o devido respeito, não têm a simplicidade mágica de um PETRVS. Quanto ao Romanée-Conti, bem, tirem suas conclusões sobre este vinho do campesinato, quando comparado ao Petrvs. Salut!
A produção de vinho no Brasil vive hoje um momento de transformação e expansão. O país consolidou sua vocação para produzir grandes espumantes, principalmente na região sul. Tanto que hoje há uma variedade enorme, tanto opções mais frescas produzidas pelo método charmat (em que a segunda fermentação é feita em inox, e não em garrafa, como no caso dos espumantes tradicionais) quanto alternativas de maior complexidade, que passam meses em contato com as leveduras. Mas há um avanço notável na produção de tintos e brancos em regiões novas, graças à técnica de dupla poda que vem dando origem aos chamados vinhos de inverno.
Quais os melhores vinhos brasileiros?
Não à toa, são os espumantes os vinhos com as maiores pontuações entre os destaques do ano, de acordo com o recém-lançado Guia Adega Brasil 2024 (R$ 110), que chega agora à décima terceira edição. O único rótulo a receber 94 pontos é, justamente, um espumante: o Estrelas do Brasil, blend de Chardonnay, Pinot Noir, Riesling Itálico e Viognier que passa 36 meses em barricas.
Outros destaques incluem:
Lírica Crua Rosé, novidade do portfólio da vinícola Hermann que se destaca pela boa cremosidade e aromas de frutas vermelhas frescas.
Monte Paschoal Moscatel Rosé, rótulo muito equilibrado de excelente custo-benefício, encontrado por cerca de R$ 40.
Mas há também boas opções de vinhos tranquilos, como são chamados aqueles sem borbulhas. Os tintos brasileiros são conhecidos por serem muito extraídos, com aromas intensos de frutos maduros, e longas passagens por barricas. E há bons exemplos nesse perfil, como o Épico, produzido pela vinícola Guatambu. Mas há espaço para vinhos elegantes, como o Liberum Manus, clarete (tinto mais claro e fresco) feito com a uva Barbera na Serra do Sudeste, no Rio Grande do Sul, que têm tudo para fazer sucesso também no verão.
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Entre os brancos há alternativas interessantes que fogem do óbvio.
O blend branco Tres Reyes, feito pela Audace, uma inusitada mistura de Alvarinho (a casta mais nobre da região dos Vinhos Verdes, em Portugal), com chardonnay.
O Magmatic, Chenin Blanc produzido pela Arte da Vinha que também foi apontado como destaque da edição deste ano do Guia Descorchados. São rótulos que mostram como a controversa categoria dos “vinhos naturais” é capaz de entregar ótimos resultados.
Apostar no vinho brasileiro pode não ser a primeira opção de muitos enófilos, especialmente considerando os competitivos preços de alguns importados, mas existem muitos grandes vinhos feitos por aqui, principalmente espumantes. Com a chegada das festas de final de ano as borbulhas nacionais (ou mesmo os brancos e tintos) podem ser escolhas surpreendentes.
Um novo quarteirão cultural, no formato de um complexo único com sete museus, sendo quatro deles dedicados ao vinho, seis restaurantes, bares, cafés e lojas está transformando a cidade do Porto, em Portugal, em um dos principais destinos do mundo para os amantes de vinho. Inaugurado em julho de 2022, durante o auge da pandemia, o complexo em questão, batizado de World of Wine, ou WOW, foi construído em um projeto de revitalização dos armazéns dedicados ao envelhecimento do vinho de porto que estavam abandonados ou decrépitos, às margens do mítico rio Douro, em Vila Nova de Gaia. O projeto do grupo The Fladgate Partnership, que também tem importantes marcas de vinho do porto, como Taylor’s e Croft, foi liderado pelo inglês Adrian Bridge e teve investimento de 110 milhões de euros.
Quando criou o quarteirão cultural, a ideia de Bridge era aumentar o tempo de permanência dos hóspedes no hotel cinco estrelas do grupo, o The Yeatman. “Voltamos a era dos viajantes, que são diferentes dos turistas. Os turistas vão ao destino apenas para receber o que ele oferece, como um bronzeado, uma praia, um bom restaurante. Os viajantes buscam o conteúdo, o que se pode aprender, quais as experiências esse destino pode dar a ele”, disse ele à coluna AL VINO. Bridge garante que não teve referências para criar o quarteirão cultural, que não há nada parecido com o Wow no mundo. “Afinal a City du Vin (em Bordeaux) tem apenas um museu, um bar, um restaurante e lojas”, compara.
No entanto, no final de novembro, quando essa colunista estava por lá, ele havia sido convidado para uma conversa em Verona, na Itália, onde em breve um novo complexo cultural dedicado ao vinho deve surgir. Ao que parece, o Word Of Wine tornou-se referência para os demais destinos de vinho.
EXPERIÊNCIA IMERSIVA
Um dos museus é o Wine Experience, que conta de maneira imersiva e didática todo processo de vinificação desde a plantação até a mesa. Uma Disney para entendidos e uma experiência deliciosa repleta de arte, tecnologia e integração para curiosos. Telas, jogos, barris gigantes mostrando o processo da fermentação fazem a visita de no mínimo uma hora de meia uma brincadeira.
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Telas, jogos, barris gigantes mostrando o processo da fermentação fazem a visita de no mínimo uma hora de meia uma brincadeiraMarianne Piemonte/VEJA
Outro museu no melhor estilo do londrino Victoria&Albert Museum é o Bridge Collection, que tem como uma das principais atrações a coleção privada de 3 mil copos de Mr. Bridge, alguns com mais de 7 mil anos Antes de Cristo (AC). A coleção surgiu porque o empresário fazia jantares em sua casa em Vila Nova de Gaia e, ao final, servia vinho do porto em copos romanos, originais. Sim, todas as peças são originais, expostas em vitrines belíssimas com controle de unidade e temperatura, entre elas o cálice usado pelo então primeiro ministro britânico, Lord Liverpool, para celebrar a vitória contra Napoleão na batalha de Waterloo, em 1815. Muitas peças impressionam, entre a taça de jade, esculpida nos ateliers mongóis onde se misturava vinho e ópio. Antes de chegar ao museu, ela pertencia a Elsa Schiaparelli (1890-1973), estilista italiana e rival de Coco Chanel. Ou uma taça com hastes em metal que pertenceu a corte de Alexandre, o Grande.
O centro cultural exige mesmo fôlego. São 9 000 anos de história da bebida, em tours conduzidas por guias especializados e que falam diversas línguas. Guarde uma hora e meia para o passeio. O ingressos custam 20 euros, por museu. Mas é possível fazer pacotes: um tíquete com direito a dois museus, com validade por um mês, custa 34 euros, com três museus 45 euros e para cinco 65 euros.
Outro destaque do complexo é o Planet Cork, que conta história e usos da cortiça (proveniente do sobreiro, árvore portuguesa), além do Museu do Chocolate que promove degustação de vinhos e o doce com cacau de origens nobres, além de ter uma fábrica de chocolate toda envidraçada, em que se pode acompanhar toda a produção. Para finalizar, o divertido Pink Palace, em homenagem ao vinho rosé. Durante a visita, há cinco provas de estilos diferentes de rosados. O local tem uma estética Wes Andersen e partes instagramáveis, como um cadilac cor-de-rosa e uma piscina de bolinhas rosa, mas tudo sem perder a didática, para quem conseguir se manter concentrado nos aprendizados depois de 5 taças vinho.
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ESCOLA DE VINHOS
O complexo conta ainda com uma escola de vinhos, que originalmente nasceu para uniformizar o serviço dos colaboradores do Wow. Em uma casa do século 19, onde era o antigo escritório da Croft, um produtor de vinho do Porto, estão três salas pensadas para ser escola, as janelas estão viradas para o norte para evitar o sol direto nas taças, luz fria amarela, que mantém o conforto sem interferir na cor do vinho. “Queremos ser o ponto de encontro entre o produtor e o consumidor, sempre de forma dinâmica e descomplicada”, conta José Sá, sommelier responsável pela escola.
Assim, quem quiser chegar na escola e fazer uma degustação de três brancos do Alentejo ou três tintos encorpados do Dão, pode-se fazer sem agendamento prévio, por 20 euros. Mas há diversos modelos de degustação, entre eles uma viagem de um dia por uma quinta icônica ou um passeio em iate de luxo pelo Douro com provas de vinho. E para quem sonha com a certificação inglesa WSET (Certified to Teach Wine & Spirit Education Trust Course), por lá é possível fazer o curso e a prova por valor bem mais acessível do que no Brasil. Enquanto o WSET nível 2 em São Paulo custa R$ 6325,00, por lá ele sai por 690 euros, ou cerca de R$ 3800,00.
Há pouco mais de dez anos começaram a surgir experiências de produção de vinhos com cannabidiol, a substância retirada da planta da maconha e usada como remédio, mas que não causa efeitos psicotrópicos. A maior parte das iniciativas costumavam vir do liberal estado da Califórnia, nos Estados Unidos. Enganou-se quem imaginava que essa tentativa de harmonização era só fumaça. Nos últimos tempos, não param de surgir indícios fortes de que esse casamento está longe de ser uma maluquice. Pelo contrário: é uma tendência que irá movimentar bastante o mercado. Com um número cada vez maior de países liberando o uso recreativo da cannabis, o interesse em criar rótulos com infusão da planta em sua fórmula vem crescendo e a categoria de produtos já tem até um nome: cannawine.
Até os produtores de Bordeaux, na França, uma das regiões vinícolas mais tradicionais do mundo entraram no barato. Lançado recentemente por lá, o rótulo Burdi W tem uma receita mantida em segredo. Sabe-se apenas que é um 100% Petit Verdot que recebe 250 miligramas de cannabidiol, sendo que está contido ali uma pequena concentração de THC (tetrahidrocanabidiol), a substância responsável pelos efeitos psicoativos da maconha. Por questões legais, ao receber essa infusão, o Burdi W não pode mais ser considerado vinho — passa a ser chamado de “bebida aromatizada à base de vinho”. Segundo o responsável pela bebida, a ideia é adicionar às propriedades do álcool o efeito relaxante da cannabis. Como a lei francesa autoriza apenas o cultivo e a comercialização das fibras e grãos de cânhamo em seu território e proíbe a exploração de folhas e flores, ele é cultivado em terras bordolesas, colhido e enviado para Alemanha, onde é feita a extração do CBD, que também tem essa prática proibida na França.
A experiência de Bourdeaux avança algumas casas em relação ao que é feito pelos pioneiros americanos. Por lá, ainda é proibido vender bebidas alcoólicas com THC, por isso os cannawines americanos são vinhos convencionais (alcoólicos) com infusão de CBD. Ou seja, o cannawine made in USA não dá o mesmo “barato” que o exemplar francês. Mesmo assim, especialistas garantem que os cannawines americanos se transformam em remédios naturais que podem auxiliar em distúrbios do sono, no alívio de dores e no relaxamento. Uma das marcas californianas de maior sucesso é a Rebel Cost, que promete entre os efeitos positivos de seus drinks de vinho com CBD o fim da ressaca. O público-alvo são adeptos de esportes e pessoas que buscam uma vida mais saudável, acredita a marca.
Aqui no Brasil, o paulistano Stefan Aquilino, é um dos sócios da Cannabwine, empresa que acaba de colocar no mercado a primeira safra de um coquetel frisante que leva 20% de vinho branco (uva Niágara) ou tinto (uva Isabel), proveniente de Caxias do Sul, com terpeno, uma substância sedativa que existe na casca das plantas. “É uma bebida relaxante, saborosa, com leve efeito sedativo. Optamos pelos terpeno, porque a utilização de CDB ainda não é autorizada para estes fins no país”, disse à coluna Aquilino. No entanto, eles estão buscando parceiros para exportar para o Uruguai, onde será possível acrescentar CBD na fórmula. “Eu provei em Portugal um vinho canábico com THC e achei uma ‘pancada’”, conta Aquilino. Não esperem esse efeito nos produtos da Cannabwine. Um deles, o Guara Wine, combina vinho branco frisante, guaraná e notas de laranja, provenientes do terpeno Limoneto. A garrafa de 600 ml custa R$ 30,90 e promete, no máximo, a tal sensação de relaxamento.
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Em recente entrevista ao site Wine Enthusiast, a californiana Jamie Evans, conhecida no mercado como “sommelier de erva” e criadora da Herbacée, que produz drinks de vinho rosé de uvas Grenache, Mourvèdre e Cinsault com infusão de cannabidiol, afirmou que quanto mais a indústria do vinho zero álcool crescer, mais a categoria de bebidas à base de vinho com infusão de cannabis deve subir. Para ela, é apenas uma questão de tempo, como rege o mantra dos grandes vinhos.
Em tempo: esta colunista ficou curiosa, mas ainda não teve oportunidade de brindar com um legítimo cannawine.
Fundada em junho no ano de 1979 a Confraria dos Enófilos da Bairrada além de ser a mais antiga confraria vínica em atividade de Portugal, exerceu e exerce um papel fundamental na demarcação e preservação do território vitivinícola da Bairrada. Algo importante de ser mencionado é que a própria Confraria nasce antes da demarcação da Bairrada, que só alguns meses depois, em dezembro de 1979 se estabelece.
Eng. Célia Alves, XLV Capítulo dos Enófilos da Bairrada, Crédito de Imagem: A Lei do Vinho
Breve Histórico
A figura ilustre do Sr. Luiz Costa (1928-2012) na Bairrada teve um papel fundamental para a consolidação da região demarcada, para a formação da confraria e de tantos outros aspectos sócios-culturais que foram enaltecidos a partir do grande empenho do seu trabalho e de outros mais 16 bairradinos que compartilhavam do seu mesmo ideal. Inspirado pelas ações dos franceses desejou na época fazer algo que em Champagne, em Bordeaux e na Borgonha já se faziam, que eram a formações de confrarias vínicas, onde essas tinham e tem o papel de defender, propagar e enaltecer o vinho da região. Para isso era necessário ter agentes dos mais diversos setores da cadeia do vinho e também em outros campos em que as regras do estatuto pudessem ser seguidas e consolidadas.
Grande Capítulo da Confraria dos Enófilos da Bairrada
Anualmente no último sábado do mês de novembro acontece o Grande Capítulo, este ano de 2023 foi o XLV Capítulo da Confraria dos Enófilos da Bairrada, sempre no Palace Hotel Bussaco, um dos ex-líbris arquitetônicos e históricos da região.
Hotel Palace Bussaco, Bairrada
A cerimônia segue ritos solenes estabelecidos, onde os novos confrades são apresentados ao público presente, através da leitura dos seus currículos e em seguida são entronizados. O momento da entronização é realizado em latim e o novo enófilo confrade tem que responder também em latim a saudação “Vinum Baerradinum”. A cada ano são realizadas homenagens e escolhido um confrade de honra segundo critérios avaliados pela comissão da Confraria na Assembleia Geral.
Após todas as solenidades e ao som sempre de músicas especiais dar-se o início ao grande jantar da noite, onde são servidas delicatéssen de pratos regionais harmonizados com vinhos da Bairrada.
Concurso “Os Melhores Vinhos da Bairrada”
Após a consolidação da confraria e da demarcação de origem da Bairrada, anualmente a Confraria dos Enófilos da Bairrada realizam o concurso “Os Melhores Vinhos da Bairrada“. Este ano no final de outubro ocorreu a 43° Edição da premiação que é marcada sempre pelas avaliações criteriosas dos jurados destinados a avaliarem as amostras. É motivo de muita alegria e orgulho ao produtor que recebe esta condecoração, pois vem coroar o trabalho ardo na vinha e na vinificação, entregando assim ao mercado um vinho com qualidade superior.
Crédito de Imagens: Confraria dos Enófilos da Bairrada
Composição e Figuras Ilustres da Confraria
Em 1979 a formação se deu com 17 membros e após está última entronização de 2023, já contam-se 853 confrades e confreiras, que comprometem-se defender, valorizar, prestigiar e divulgar os vinhos portugueses e em especial os vinhos da Região Demarcada da Bairrada.
Presidente Marcelo Rebelo de Sousa e a Eng. Célia Alves
Dentre esses membros da Confraria há inúmeras figuras ilustres de âmbito nacional e internacional como o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, Mario Soares, Francisco Lucas Pires, Eduardo Souto Moura, Alvaro Barreto, Augustina Bessa Luis e Gonçalo Ribeiro Teles.
Perspectivas para o Futuro da Confraria
Ao gravar um BacoCast (podcast vínico disponível no Spotify e demais plataformas de streaming de audio) com um dos fundadores da Confraria o Prof. Eng. Antônio Dias Cardoso além de me relatar inúmeras curiosidades da época da formação da confraria, ele me narrou acreditar que a confraria cumpriu o seu papel idealizado desde o início. Entre altos e baixos que todas as entidades podem passar, foram ultrapassados e nos últimos anos ganhou novos ares com a Presidente da Confraria Eng. Célia Alves.
Na última Assembleia Geral foi eleito o novo Presidente da Confraria dos Enófilos da Bairrada o Sr. Carlos Campolargo, um viticultor e engarrafador tradicional da Bairrada que já fazia parte dos órgãos de direção da Confraria. A Eng. Célia Alves ocupa agora a Vice-Presidência da Confraria juntamente com o segundo Vice-Presidente o Eng. José Pedro Soares que é o atual Presidente da Comissão Vitivinícola Regional da Bairrada.
Considerações Pessoais sobre a Confraria
Participo dos Grandes Capítulos da Confraria dos Enófilos da Bairrada há cerca de uma década, e em 2017 fui entronizada tendo como meus padrinhos o Eng. Antônio Celestino Almeida e o Presidente da Confraria na época o Eng. Fernando Castro. Considero de suma importância a atividade da Confraria para a região demarcada, sobretudo por estar a defender um tão pequenino e encantador território que representa 2% do que o país produz, mas que guarda uma grandeza de riquezas para serem propagadas.
A casta Baga, o vinho da região, a gastronomia, os hábitos culturais e a história da Bairrada foi a mim apresentados por um casal de bairradinos, a Professora Alexandrina Almeida e pelo Eng. Celestino Almeida, eles foram os responsáveis diretos pela minha paixão à está região encantadora do Mundo de Baco. Todos os ensinamentos que tive através do tempo e de centenas e centenas de taças de vinhos da Bairrada, foram consolidados também com a participação deste grupo seleto de homens e mulheres que veem assim como eu uma Bairrada que o mundo precisa conhecer, lapidando aretras e ultrapassando obstáculos do mercado e da natureza para enaltecer juntos a mais fantástica região vitivinícola de Portugal, a Bairrada.
Já possuo 4 afilhados na Confraria ( Joaquim Cabral, Paulo Duarte, Rui Caroço e Alberto Almeida), esses selecionados ao pormenor e que tem a Bairrada e seus vinhos também uma paixão. Espero que todos nós juntos possamos levar ao mundo o melhor que a Bairrada possui, engrandecendo sempre a região. Fica o convite a todos os leitores a degustarem os vinhos da Bairrada e também visitarem esta terra cheia de atrações entre o mar e a montanha, rica em tradições e história, com uma gastronomia ímpar e que tenho certeza que você também irá se apaixonar e ao final irá também dizer …
Líder de mercado no Brasil, a importadora de vinhos chilena Concha y Toro, conhecida por sua marca carro-chefe Casillero Del Diablo, está investindo cerca de 5 milhões de reais para o lançamento de seu novo rótulo no país: o Devil’s Carnaval. A ideia é fisgar o consumidor da chamada Geração Z com uma carta de vinhos leves e suaves. A primeira importação da bebida fermentada conta com mais de 25 mil caixas, o que totaliza mais de 230 mil litros. “Com esse lançamento, queremos nos aproximar e recrutar consumidores da Geração Z, os mais jovens, que muitas vezes declaram que não se sentem atraídos pela categoria de vinhos”, afirma Pietro Capuzzi, diretor da companhia no Brasil, ao Radar Econômico.
Com o lançamento, a Concha y Toro visa a estratégia de diversificar seu portfólio com produtos de menor teor alcoólico, como a linha Belight, lançada no primeiro semestre deste ano. O apelo aos jovens também se vê na apresentação dos produtos: a linha Devil’s Carnaval chega ao país com quatro rótulos distintos. A empresa comercializa cerca de 24 milhões de litros de vinhos no Brasil ao ano e assegura a liderança do mercado nacional com 16% da presença de mercado, segundo dados da Nielsen.
Fundado durante a Rio 2016, o Refettorio Gastromotiva trouxe à época um conceito inédito para o Brasil. Foi no combate ao desperdício de alimentos, através do aproveitamento integral dos insumos utilizados no preparo das refeições, que o projeto ganhou grande visibilidade. Depois de sete anos, o espaço com viés solidário aposta em uma nova versão.
“Até o início de 2020 oferecemos jantares solidários todos os dias. Após a pandemia, não havíamos conseguido ainda voltar a operar o Refettorio Gastromotiva como gostaríamos. Atualmente fazemos um almoço solidário por semana. Ao transformar o Refettorio em um restaurante aberto a clientes, com menu completo a preço fixo,
buscamos recursos suficientes para oferecer os jantares diários e para a manutenção do espaço, que é muito importante para o Rio de Janeiro”, explica David Hertz, cofundador da organização social.
Cada almoço ou jantar solidário do projeto consegue atender até 72 pessoas em situação de vulnerabilidade social. Com uma operação de almoço para geração de recursos, será possível oferecer refeições nutritivas e de qualidade para 360 pessoas por semana, ou seja, mais de 20 mil por ano. O valor arrecadado nos almoços, também será direcionado para o pilar educacional da organização. A ação solidária já beneficiou mais de 8 mil alunos com seus programas de capacitação profissional para o setor de alimentos e bebidas.
O Be+Co está completando cinco anos e vem com novidades na programação e no cardápio para o verão. O premiado reduto gastronômico estreia neste domingo (26) o projeto mensal Tropicals Entardecer, que vai contar com o duo de DJs formado pelos irmãos gêmeos Ian e Igor Cals. Os Tropicals vão assumir as picapes no fim da tarde, com música brasileira em sets dançantes.
“Vamos atrás das pérolas escondidas que resgatam a essência brasileira e também influências trazidas do ítalo, kwaito, zouk, boogie, afro, grooves, disco, house, synth pops”, contam os gêmeos, ue já se apresentaram em festivais como o Rock in Rio e o Rock the Mountain.
Para acompanhar, um combo de drinques especiais do uísque Johnny Walker Blonde, parceiro do evento, traz o Cangote (Johnnie Walker Blonde, Red Label, Aperol, maracujá e ginger ale) e o Blonde Citrus (Johnnie Walker Blonde, Schweppes Citrus e uma rodela de laranja), a dupla por R$ 60,00.
Quando um vinho alcança o status de ícone, qualquer mudança drástica na maneira como ele é feito pode ser prejudicial. Não apenas para o resultado da bebida, mas para sua própria reputação. A fama de um grande rótulo é construída ao longo dos anos, por meio da consistência na qualidade, medida, entre outros métodos, pela nota da crítica especializada. E o consumidor que se acostuma a tomá-lo espera um certo perfil de sabor, que deve se manter apesar das óbvias diferenças de uma safra para outra.
Um exemplo é o Tignanello, produzido pela família Antinori, na região italiana da Toscana. Quando chegou ao mercado, em 1971, provocou uma revolução. Pioneiro entre os supertoscanos, vinhos produzidos com a tradicional uva italiana sangiovese, com variedades internacionais. Por estarem “sobre” as regras da produção da região de Chianti, ganharam o apelido, que vingou. Hoje há diversos
Desde o início dos anos 1970, o Tignanello, nome que faz referência ao vinhedo em que é produzido, é feito da mesma maneira. O blend leva sangiovese, cabernet sauvignon e cabernet franc, e ela faz estágio em barricas de carvalho francês e hungaro. Entre 50% e 60% das barricas são novas. Permanece cerca de um ano e meio nas barricas e mais um ano em garrafa antes de ser colocado à venda no mercado.
Agora, chega ao Brasil a safra 2020 do lendário rótulo. Apresentado em uma degustação vertical, quando são provadas várias safras do mesmo rótulo em sequência, ao lado das safras anteriores, 2019 (eleita uma das cinco melhores melhores compras do ano passado pela revista Wine Spectator), 2018 e 2017, fica claro que o vinho está cada vez mais “pronto” para ser consumido imediatamente. Há 10 anos, era preciso comprá-lo e guardá-lo na adega. Hoje, ele está ótimo agora, mas vai ganhar muito com o tempo. O 2017, com seis anos, já mostra sinais de evolução e apresenta o potencial daqui para frente.
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Apesar de manter um padrão de vinificação há mais de cinquenta anos, isso não significa que adaptações não tenham sido feitas ao longo do tempo. “O processo de vinificação não mudou, mas melhorou. Passamos a usar tanques de inox, a fermentação é feita com controle de temperatura, para potencializar os aromas, e a extração hoje é mais suave”, afirma Stefano Leone, diretor comercial da Marchese Antinori. Trata-se de um delicado equilíbrio entre tradição e inovação. Mudanças se fazem necessárias, seja por conta do mercado ou das alterações climáticas.
“Nova soluções são necessárias. Já renovamos os vinhedos. Depois, renovamos a vinícola. Agora, estamos olhando para a questão do carvalho, que sempre usamos de forma muito precisa”, diz Leone. “No futuro, será o clima. Vamos precisar mudar o manejo, o uso dos herbicidas, cuidar do solo. Para manter o padrão do vinho, precisamos trabalhar muito”, conclui.
A família Antinori tem diversas outras propriedades tanto na Itália quanto em outras regiões do mundo. Estão em busca de inovação, estudam o potencial de novas regiões vitivinícolas e oferecem um portfólio variado. Mas com um rótulo clássico como Tignanello, a história é outra. Cuidado é fundamental.