O Cirandaia é um lugar para se relaxar, seja no balcão dos baristas ou no charmoso mezanino, onde os grãos variados vão às mesas em potinhos para os clientes conhecerem seus aromas e descrições. São moídos e preparados em métodos como o Chemex (R$ 14,00, 200 mililitros; R$ 25,00, 400 mililitros). O café está também mesclado ao chocolate na ganache do imperdível bolo de cenoura (R$ 16,90), entre sanduíches e quitutes caseiros doces e salgados. Rua Voluntários da Pátria, 416, Botafogo, tel.: 3798-8376.
Uma seleção irresistível de bons produtos brasileiros artesanais, vegetais orgânicos, cafés especiais e cozinha caprichada faz do So_Lo uma experiência justamente aplaudida. Trabalhando com grãos da Serra da Mantiqueira, selecionados e torrados pela Tocaya, a casa tem expressos e coados no Hario V60 (R$ 18,00), e bebidas como o iced coffee com limão, mel e expresso (R$ 24,00). O waffle com caramelo salgado (R$ 28,00) acompanha todos à perfeição. Rua Garcia d’Avila, 147, Ipanema. Rua Ataulfo de Paiva 1120, Leblon. WhatsApp: (21) 99380-8621.
Ao lado da vasta panificação e cafés da manhã completos (as pizzas chegam de noite), a Artesanos faz bonito também no café: Ricardo e Mariana, os donos da casa, participaram da colheita dos grãos na Serra do Caparaó, produzidos pela Família Protázio, e servem bebidas tentadoras como o capuccino de doce de leite (R$ 17,00), que pode e deve acompanhar o ótimo croissant da casa (R$ 12,00). Rua São João Batista, 26, Botafogo. WhatsApp (21) 99467-1111. Avenida Genaro de Carvalho, 1435, Recreio. WhatsApp: (21) 96691-0169.
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Café ao Leu
Dedicado de forma integral ao café de alta qualidade, a pequenina loja de Copacabana oferece uma vasta seleção de grãos sob a curadoria de Leonardo Gonçalves, que também planta, colhe, torra e serve seu café. O filtrado da casa tem tamanhos G (R$ 10,00) e P (R$ 7,00), e há diferentes grãos a cada dia para a escolha em métodos como Hario V 60 e Aeropress (ambos a R$ 20,00). Estão também disponíveis para levar, como o blend Melhor Que Chocolate, de grãos mineiros do Caparaó (R$ 42,00, 250 g). Rua Almirante Gonçalves, 50, Copacabana. WhatsApp: (21) 99886-9833.
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Coffee Five
O balcão no Centro que tem na direção o barista e professor de café, Emerson Nascimento, é também torrefação e uma referência na cidade. O cardápio de bebidas à base de café é grande, incluindo seção de drinques alcoólicos e outras como o choccoccino, feita com cacau 50%, café e leite vaporizado (R$ 19,00). O iced latte leva café, gelo e leite gelado (R$ 16,00). Rua da Quitanda, 86, Centro.
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No mundo do vinho, alguns países são associados à produção de algumas uvas. No Chile, os principais rótulos são feitos com Cabernet Sauvignon, muitos deles à exemplo dos grandes vinhos de Bordeaux, na França. Há também uma importante produção de Carmenère, uva muito querida pelos consumidores brasileiros. Mas há muito mais, é claro. Prova disso é Pangea, da vinícola Ventisquero, feito exclusivamente com a também francesa Syrah, que acaba de completar 20 anos da primeira safra lançada.
Em visita ao Brasil, o enólogo-chefe da Ventisquero, Felipe Tosso, conta que Pangea nasceu da vontade do fundador, Gonzalo Vial Vial (1930-2024), ou Don Gonza, como era chamado, de explorar regiões e vinhedos fora do óbvio. Com a consultoria de Aurélio Montes, da Viña Montes, comprou propriedades em Apalta, de onde vem o Pangea. Hoje, produz em outras regiões extremas, como o Atacama.
Parte do apelo de Pangea vem da região. Apalta fica no Vale de Colchagua, banhada pelo rio Tinguiririca, perto da Cordilheira dos Andes. É um local de vinhedos muito antigos, alguns plantados em 1865. As vinhas usadas no rótulo da Ventisquero, no entanto, são bem mais recentes, de 1999. Para elaborar o vinho, Tosso contou com a ajuda do enólogo australiano John Duval, especialista na uva Syrah – ou Shiraz, como é chamada por lá – que trabalhou durante anos com o ícone Penfolds e hoje tem um projeto pessoal. “Os primeiros anos foram difíceis. A colheita, a poda… Não tínhamos tanto conhecimento como temos agora”, diz Tosso. Os 10 hectares de vinhedos estão localizados a 1.300 metros de altitude, o que dificulta o trabalho.
A primeira safra foi em 2004. A produção foi pequena, de apenas oito mil garrafas, que chegaram ao mercado em 2006. Hoje, restam poucos exemplares, guardados pela família. Mas há mais exemplares da 2005, a primeira que Duval queria lançar oficialmente por considerar que estava mais “pronta”. Degustado hoje, o vinho mostra sinais de evolução, com notas de couro, mas ainda está muito vivo, com muita fruta, boa acidez e uma textura muito elegante.
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Nos primeiros 15 anos, o método de produção não sofreu grandes mudanças. No início, usavam barricas de carvalho francês novas, e o vinho passava até 22 meses nelas, além de outros 12 meses em garrafa. “Naquela época também chovia mais, e as parreiras eram mais jovens”, diz Tosso. Com o tempo, o vinho passou por algumas mudanças no processo de vinificação, com a adoção de técnicas mais modernas. Hoje, passa por barricas maiores, os chamados foudres. “É impossível não mudar”, afirma Tosso. “Mas há um caráter linear em Pangea”.
Com o tempo, Tosso e seu time também passaram a conhecer mais o próprio vinhedo. O especialista chileno em terroir Pedro Parra foi chamado para analisar o solo. E descobriu-se que há três extratos diferentes. Um deles, de granito com argila avermelhada, nem sempre é ideal para a produção de Pangea, mas nos anos mais secos fornece mais água. Outro extrato é composto por depósitos minerais como quarto e ferro típico dos solos de Apalta. “É um solo pobre, com muita pedra”. E outro, mais “normal”, com argila e granito. Em 2018, a região passou a contar com uma D.O. (Denominação de Origem). Mas Tosso conta que as safras são muito diferentes. “Em anos quentes, a colheita pode acontecer até um mês antes, para garantir o frescor”, diz.
A degustação de safras distintas, como 2008, em que a produção foi um pouco mais baixa e a Syrah ficou mais concentrada, ou 2011, um ano frio em que o frescor é perceptível no vinho, deixa claro o potencial da casta na região. “Há muitos rótulos feitos com Cabernet Sauvignon porque se trata de um porto seguro”, afirma Tosso. “A Syrah me encanta porque tem muita fruta, taninos mais finos e uma acidez menos marcada”, diz. A Ventisquero é a principal produtora de Syrah na região, mas outros viticultores também decidiram seguir o exemplo e apostar além do onipresente Cabernet Sauvignon.
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As vinícolas de Mendoza, na Argentina, sofrem com a pouca ocorrência chuva e dependem da água das montanhas dos Andes
À medida que a sustentabilidade passa de um ponto de discussão para um foco central em todas as indústrias, os produtores de vinho enfrentam um momento crucial em que a tradição se cruza com a inovação. No último ano, a Argentina, um dos principais produtores de vinho das Américas, tem visto um aumento crescente no número de vinícolas certificadas em sustentabilidade, com o apoio da Wines of Argentina (WofA).
O país experimentou um crescimento significativo em seu mercado de vinho nos últimos anos, conforme relatado pela Statista. Em 2024, espera-se que o mercado de vinho da Argentina gere US$ 2,83 bilhões (R$ 15,6 bilhões na cotação atual) em receita doméstica e US$ 2,17 bilhões (R$11,9 bilhões) em vendas externas. O mercado deve crescer 7,88% entre 2024 e 2029, adicionando um volume de US$ 4,13 bilhões (R$ 22,6 bilhões) até 2029.
Um exemplo desse movimento é o Grupo Avinea, um dos principais produtores de vinho da Argentina, que tem dado passos significativos em direção à sustentabilidade. À medida que a indústria enfrenta os desafios das mudanças climáticas e da gestão de recursos, a liderança da companhia se destaca por seu compromisso com a viticultura orgânica e a administração ambiental.
Um dos pilares dos esforços de sustentabilidade do grupo é a produção orgânica. “Para nós, a produção orgânica está alinhada com nossa filosofia de vinificação, que é centrada na produção de vinhos que refletem a pureza da fruta e o terroir único de cada local”, diz Andrés Valero, chefe de sustentabilidade do Grupo Avinea, à Forbes. “Embora as condições climáticas favoráveis, como chuvas limitadas e luz solar intensa, contribuam para a saúde das plantas, elas sozinhas não são suficientes para garantir uma viticultura orgânica bem-sucedida”.
De acordo com o executivo, “é essencial explorar e mapear o perfil do solo e selecionar cuidadosamente a estrutura de plantio apropriada, incluindo porta-enxertos e videiras, para uma viticultura de precisão. Esse conhecimento, combinado com práticas agroecológicas e estudos de biodiversidade, nos permite produzir vinhos em harmonia com o meio ambiente”.
Juan Pablo Murgia, enólogo chefe do Grupo Avinea, destaca a importância crítica de entender o perfil do solo e selecionar estruturas de plantio apropriadas para alcançar uma viticultura orgânica bem-sucedida. Essa abordagem, combinada com práticas agroecológicas e estudos de biodiversidade, possibilita que os vinhedos prosperem em harmonia com o meio ambiente.
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No último ano, a Argentina tem visto um aumento crescente no número de vinícolas certificadas em sustentabilidade
“A junção da filosofia orgânica com a ciência e a viticultura de precisão detalhada realça o perfil dos vinhos por meio das forças naturais do terroir. Essa forma permite a aplicação a cada vinhedo sob o conceito de parcialização e micro-terroir, respeitando a identidade de cada pedaço de solo, sua heterogeneidade, diversidade e impacto em cada pequena área do vinhedo”, diz Murgia.
O Grupo Avinea também implementou práticas rigorosas na gestão da água para garantir a sustentabilidade. Em Mendoza, região que recebe pouca chuva e depende fortemente da água das montanhas dos Andes, a empresa instalou sistemas de irrigação por gotejamento e estações meteorológicas para otimizar o uso da água.
“A água é crucial para o desenvolvimento de qualquer projeto agrícola e industrial”, afirma Valero, enfatizando a importância de planos de irrigação personalizados e do reaproveitamento da água na vinícola para conservar recursos. “Dentro da vinícola, a maior parte do uso da água é para saneamento. Monitoramos o consumo diário de água e reutilizamos soluções de limpeza até cinco vezes. Após o uso, todo o efluente é recondicionado em nossa estação de tratamento de água e utilizado para irrigar cinco hectares de cultivos”.
A eficiência energética é igualmente crucial nas operações do Grupo Avinea. A empresa tem se destacado na medição do consumo de eletricidade em tempo real e na implementação de planos de eficiência em suas operações. Essas iniciativas não só reduzem a pegada ambiental, mas também aumentam a eficiência geral da produção.
O Grupo Avinea também membro fundador do Sustainable Wine Roundtable (SWR), uma colaboração global com o objetivo de promover a sustentabilidade em todo o setor de vinho. Valero enfatiza a importância da cooperação para alcançar o desenvolvimento sustentável.
“Foi essencial criar uma plataforma para compartilhar melhores práticas e estabelecer políticas e padrões que pudessem ser universalmente adotados por produtores de vinho, distribuidores, importadores e vendedores”, diz ele. “Em um curto espaço de tempo, o SWR ajudou a abordar questões como o peso das garrafas, apresentando um roteiro claro e estabelecendo benchmarks de sustentabilidade para a indústria. Notavelmente, o trabalho realizado nesse sentido influenciou o aprimoramento do protocolo de sustentabilidade para o desenvolvimento da indústria vinícola argentina”.
Um dos objetivos mais ambiciosos da Bodega Argento, maior produtora de vinho orgânico da Argentina e uma das marcas sob o grupo Grupo Avinea, é sua busca para se tornar uma vinícola zero resíduo. A vinícola atualmente reutiliza ou recicla 97% de seus resíduos, com a meta de aumentar esse número para 99% dentro de cinco anos.
A empresa também está explorando materiais de resíduos alternativos que tenham impactos sociais positivos e colaborando com organizações para melhorar seus fluxos de reciclagem. “Adotar práticas sustentáveis na vinificação é tanto uma escolha responsável quanto uma vantagem estratégica”, afirma Valero. “Para os produtores de vinho na Argentina e no mundo que buscam aprimorar seus esforços de sustentabilidade, a transição não acontece da noite para o dia. Muitos provavelmente já incorporaram algumas práticas sustentáveis sem reconhecê-las como tal”.
Por meio dessas iniciativas, o Grupo Avinea assume a posição de líder em viticultura sustentável e visa estabelecer um padrão para a indústria global da bebida.
“É crucial mapear ou avaliar quais questões de sustentabilidade são essenciais para a região e identificar as forças existentes”, diz Valero. “Referenciar protocolos estabelecidos para a área pode ajudar a identificar quais práticas são mais acessíveis. Em outras palavras, você pode começar pequeno, mas com um objetivo claro em mente”.
* Rachel Kingé colaboradora da Forbes EUA. Escrever sobre produtos de luxo, vinhos, viagens e tecnologia. Também é colaboradora da Observer, Robb Report, Fortune, Fast Company, Insider, CNET e CBS News.
A natureza nos brinda com exemplos de simbiose únicos, alguns, inclusive, fazem-se refletir em harmonizações gastronômicas excepcionais. Neste diapasão, encontramos a perfeita harmonia entre o vinho e o azeite, que começa desde o cultivo e segue até a mesa. Produzir vinho e azeite na mesma terra é uma prática antiga em várias regiões do Mediterrâneo, onde o clima e o solo favorecem o cultivo da videira e da oliveira. Essas culturas complementares têm sido mantidas ao longo dos séculos, especialmente em Portugal, Itália, Grécia e Líbano, criando tradições ricas e uma abordagem sustentável para o uso da terra.
Há muitas vantagens de produzir o vinho e o azeite na mesma terra. O aproveitamento de recursos naturais propicia que tanto as videiras quanto as oliveiras prosperem em solos semelhantes, frequentemente áridos e com baixa fertilidade, característicos do Mediterrâneo. O cultivo conjunto permite otimizar o uso da água e dos nutrientes do solo, especialmente em terrenos com pouca água. Sob o ponto de vista econômico, a produção de dois itens de alto valor agregado numa mesma propriedade pode reduzir riscos financeiros, uma vez que as oscilações de mercado de um produto podem ser compensadas pelo outro.
Por seu turno, a combinação das culturas pode contribuir para uma gestão ambiental mais sustentável, reduzindo a erosão do solo e promovendo a biodiversidade. Além disso, as práticas de cultivo sustentável, como a produção orgânica, tendem a ser mais fáceis de implementar quando essas culturas coexistem. Cabe destacar que vinícolas, que também produzem azeite, podem oferecer uma experiência mais completa aos turistas, com degustações de ambos os produtos e visitas guiadas que mostram o processo de produção de vinho e azeite. Importante advertir que se não houver uma gestão cuidadosa, a oliveira e a videira podem competir por água e nutrientes, o que pode afetar negativamente o rendimento de ambas as culturas; também o tempo de colheita e processamento de uvas e azeitonas pode sobrepor-se, exigindo uma logística complexa e maior mão de obra durante certos períodos do ano.
Como declinei acima, regiões antigas sempre adotaram tal prática de cultura paralela e comum. Portugal é um dos maiores produtores de azeite e vinho do mundo, com regiões que combinam essas produções há séculos. Um exemplo é a “Herdade do Esporão”, no Alentejo, que é uma das propriedades mais conhecidas que produz tanto vinhos de renome como azeites de alta qualidade. O clima quente e seco do Alentejo favorece a coabitação dessas culturas. A Quinta do Crasto, no Douro, produz vinhos de excelência, como o Porto, e também azeites premium.
A Itália é o maior produtor mundial de azeite e um dos líderes em vinhos finos, sendo que o “Castello di Ama”** (Toscana), situada na famosa região de Chianti, também cultiva oliveiras e produz azeite virgem extra, combinando a tradição do vinho com a excelência em azeites. A “Frescobaldi”, também na Toscana, é uma das mais antigas e renomadas vinícolas italianas, que também tem tradição na produção de azeite de oliva. O vinho e o azeite são parte integral da cultura grega desde a antiguidade, e muitas regiões ainda produzem ambos os produtos, como ocorre em Santorini na “Domaine Sigalas” que é conhecida pelos seus vinhos brancos, especialmente de Assyrtiko, a vinícola também produz azeite extra virgem na bela ilha vulcânica do Mediterrâneo; já de Nemea, temos a “Gaia Wines”, que é outra vinícola que combina produção de vinho e azeite, aproveitando o microclima grego.
Por fim, o Líbano, que é famoso pelo seu vinho milenar, mas também tem uma forte tradição de cultivo de oliveiras. O “Château Ksara”, do Vale do Bekaa e berço da agricultura libanesa, é uma das vinícolas mais antiga do Líbano e produz vinhos há mais de 150 anos, bem como azeite, aproveitando o clima mediterrâneo do Vale do Bekaa. De Batroun veem os vinhos da “Ixsir”. Esta vinícola relativamente nova é conhecida pela produção de vinhos de alta qualidade e também cultiva oliveiras, produzindo azeites finos em suas propriedades. A “Ishtar”, que é uma vinícola boutique, a primeira fundada no Norte do Líbano (Bekka fica no sul do país), em Darbechtar, região de Koura, produz vinhos e azeites no mesmo solo e com práticas sustentáveis em ambas as culturas. O nome Ishtar é em homenagem à Deusa do amor, beleza e desejo. A vinícola é comprometida em fazer os melhores vinhos orgânicos do Líbano.
Todos os produtores acima citados estão presentes no mercado nacional e valem ser conhecidos, sendo que estes exemplos mostram como a combinação de vinhas e oliveiras pode ser bem-sucedida em diferentes regiões, cada uma com suas particularidades e desafios. O uso inteligente da terra e a busca por qualidade em ambos os produtos têm gerado excelentes resultados tanto para os produtores quanto para os consumidores. Salut!!!
Dentro do contexto do mundo dos vinhos podemos dizer que tradição é o ato de transmitir, de entregar, de passar adiante, é fazer ter continuidade ou permanência da cultura vínica. Já a inovação se refere a gerar algo novo, criar algo inédito, ter uma nova ideia ou mudar a forma antiga. Tradição e Inovação são duas palavras que tem significado antagônicos, mas que podem coabitar de forma harmoniosa e preciosa num único vinho, e é sobre ele, o “Feito de JOA” que se refere este artigo, mas também aproveito para partilhar detalhes sobre seu produtor, sua região e a grande inovação que está presente neste néctar de Baco.
1.Casa do JOA
O produtor transmontano Casa do JOA está localizado em Parada no distrito de Bragança, extremo norte de Portugal. Este vitivinicultor possui 8 hectares de vinhedos, sendo majoritariamente vinhas antigas, algumas com até 140 anos de idade e em parcelas que podem ter até 20 variedades diferentes, conferindo “field blend“, a forma antiga e tradicional de cultivo da Vitis. As vinhas estão inseridas em solos predominante de xistos, entre 700 a 800 metros acima do nível do mar, onde são submetidas a grandes amplitudes térmicas.
O sonho de juntar um homem a sua terra, fez com que Jorge Ortega Afonso transformasse um antigo palheiro em sua adega “Casa do JOA“, e resgatasse as raizes com sua gente e as tradições locais, onde o vinho é o elemento agregador e ajuda de forma eficiente a fixar gente em áreas remotas de Portugal.
2.Tradição da Cultura da Região Trás-os-Montes
A região de Trás-os-Montes é riquíssima culturalmente. A gastronomia encantadora em aromas e sabores típicos como Feijoada Transmontana, Posta à Mirandesa, Enchidos, Queijos e Doces. O folclore com a festa dos Caretos, que são personagens que acredita-se ter origem com os celtas, num período pré-romano. Além do vinho há a produção de outros elementos culturais como o azeite, as castanhas, o mel e os queijos.
3.Vinho Feito de JOA
Um vinho curtimenta produzido com vinhas centenárias onde estão presentes castas como Esgana Cão, Formosa, Siria, Douradinha, Gouveio, Folgasão, Chasellas Salsa, Moscatel dentre outras. A forma da sua vinificação é a moda antiga com maceração pelicular conferindo a ele mais complexidade de aromas e sabores, e a coloração mais carregada dos orange wines. Estagiou por 21 meses em barricas usadas de carvalho francês, buscando uma menor marcação da madeira, mas agregando elementos de riqueza ao precioso vinho, que carrega em seu DNA a tradição e a inovação transmontana com o uso do extrato de castanheiro (ChestWine), como substituto natural ao uso de sulfitos.
4.Inovação Transmontana
Os sulfitos tem sido utilizados na industria alimentícia e na produção dos vinhos por diversos motivos como a sua ação dissolvente, antioxidante, antidiastásica ( sobre tirosinase e lacase ) e sobretudo pela sua fantástica ação antisséptica, que ajuda diretamente na conservação. Na época contemporânea há um mercado com consumidores interessados em buscar produtos sem adição de sulfitos por diversas questões. Na busca de atingir esse nicho e também buscar soluções com produtos regionais e naturais, foi desenvolvido por cientistas um produto inovador e transmontano a base do extrato de castanheiro, o ChestWine desenvolvido pela Tree Flowers Solution, e que se coloca no mercado como opção natural ao uso dos sulfitos. O produtor Casa do JOA participou desde os primeiros ensaios há 5 anos e hoje se tornou um dos grandes embaixadores do produto.
Acompanhar detalhes que envolvem toda a produção dos vinhos tem sido uma das minhas metas e poder transmitir aos leitores detalhes importantes que diferenciam determinados produtos me trás bastante satisfação, pois acredito que assim o consumidor vai entendendo mais as diferenças entre tantas garrafas expostas no mercado, e começa a valorizar o que tem valor, e este até intrínseco ao líquido em si.
Espero que você tenha gostado destas informações compiladas de formas práticas. Fica o convite para você provar logo que possível este apaixonante vinho Feito de JOA 2022 que carrega a história de uma região tradicional e que valoriza também a inovação dos seus cientistas. Hoje o brinde é a Trás-os-Montes ! Que a Cultura Vínica possa continuar a se perpetuar nesta linda região portuguesa !
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A encosta íngreme do Rio Mosel, em Leiwen, na Alemanha, propicia um microclima ideal para as uvas Riesling
Imagine um dia quente de junho, e você está em pé no bloco de vinhedos da Weingut Carl Loewen, na vinícola Thörnicher Ritcher, em Leiwen, na Alemanha. Olhando para baixo pela encosta de 97º, uma pergunta vem à mente: Por que alguém plantaria vinhedos aqui?
Uma das maiores florestas da Alemanha começa na base desta encosta. Um leve movimento da cabeça para a direita revela o sinuoso Rio Mosel. O cinza do ardósia se mistura com o quartzito sob os pés. Esta não é apenas a segunda encosta mais íngreme do Mosel, é um microclima fresco ideal, permitindo que as uvas Riesling douradas tenham uma longa e consistente temporada de crescimento, resultando em vinhos com alta acidez, tensão e vivacidade. Simplificando, essa é uma das muitas razões para se apaixonar por essa bebida.
“A grande escritora de vinhos Anne Krebiehl MW chama o Mosel de ‘um cosmos em si mesmo’ e isso é verdade”, diz Valerie Kathawala, jornalista, co-editora da Trink Magazine e autora do próximo curso German Wine Scholar da Wine Scholar Guild, programado para 2025, mas ainda sem data definida. “A combinação de um rio espetacularmente sinuoso que oferece tantas exposições, ângulos e graus de inclinação diferentes, além de (principalmente) solos de ardósia, um clima relativamente fresco e uma profunda tradição de pequenos produtores trabalhando em pequenas parcelas é singular na Alemanha”.
Lar de uma variedade de uvas (sua fama de Pinot Noir continua a crescer), o Mosel é conhecido pelo Riesling. “O Mosel Riesling é saudável em qualquer momento”, afirma Sophia Thanisch, proprietária da quarta geração da vinícola Wwe Dr. H. Thanisch, gerida por seus herdeiros.
Uma História Abreviada do Riesling Alemão
Mas o Riesling de hoje não é o mesmo do passado. Pelo menos não do passado recente. A história explica que o primeiro Riesling foi produzido no Mosel em 1435. No século 17, ele se tornou a bandeira da região e um século depois já era procurado pela nobreza inglesa – valorizado por sua doçura.
Como uva, o Riesling tem poderes mágicos. “O Riesling alemão pode fazer algo que nenhuma outra uva faz tão bem: acumular níveis muito altos de açúcares naturais enquanto mantém níveis muito altos de acidez natural”, diz Valerie. Quando feito com cuidado, os açúcares e a acidez proporcionam uma tensão tentadora; quando não, os vinhos resultantes podem ser excessivamente doces.
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Como uva, o Riesling alemão acumula níveis altos de açúcares e acidez naturais
Soldados dos Estados Unidos desenvolveram uma apreciação por vinhos mais doces e fáceis de beber durante a Segunda Guerra Mundial, e levaram esse gosto de volta para casa. Na década de 1980, “importadores formadores de gosto” continuaram a defender os vinhos doces acreditando, junto com Valerie, que os vinhos doces são uma “força única do vinho alemão”.
Mosel Riesling: De Volta Para o Futuro
Hoje, os vinicultores estão voltando no tempo. Enquanto muitos apreciadores de vinho estão atualizados, alguns ainda não perceberam a mágica do Riesling alemão. “A geração atual de produtores de Riesling entende os erros cometidos nas décadas de 1950 a 1980”, diz ela. “Os produtores de hoje estão voltando no tempo para adotar os métodos de cultivo e vinificação de seus avós e bisavós. Crucialmente, enquanto o Riesling alemão ainda brilha como um vinho off-dry ou doce, agora também pode triunfar como um vinho seco”.
Sophia, cujas duas filhas, Juliane e Christina, estão se preparando para assumir a vinícola, admira a abertura colaborativa da próxima geração do Mosel que busca se adaptar e crescer juntas. “A colaboração é realmente importante. No passado, isso não acontecia”.
De grandes vinícolas a pequenas, o foco continua sendo o cultivo de uvas excepcionais, muitas por meio de métodos sustentáveis, orgânicos e biodinâmicos, que oferecem terroir específico do local com intervenção limitada na vinificação. Grandes vinícolas, como a Weingut Markus Molitor, alcançam isso entregando os melhores vinhos possíveis representando cada um de seus 25 vinhedos.
A Weingut Carl Loewen, uma pequena produtora, se vê como cultivadora focada na viticultura. “Na viticultura, para mim, a palavra mais importante é equilíbrio. Meu objetivo é criar esse equilíbrio no vinhedo e no copo”, diz Christopher Loewen. Além disso, o Mosel está posicionado para atender à tendência de menores teores alcoólicos. “Vemos a tendência indo para álcool moderado e frescor. Isso se encaixa bem no Mosel, porque é o que fazemos aqui tão bem”, diz Lara Haag, da nova geração da Weingut Schloss Lieser.
Como Comprar Mosel Riesling
Saber como selecionar um Mosel Riesling de alta qualidade no nível de doçura desejado pode ser desafiador, até mesmo para profissionais do vinho. A boa notícia é que a educação sobre vinhos pode ser divertida e deliciosa. Leia reportagens, procure um varejista de vinhos local e bem entendido, conheça a equipe e embarque em uma aventura pelo Mosel Riesling. Determine como os níveis de doçura indicados se comparam à sua percepção e como combinam com uma variedade de alimentos.
A Weingut Markus Molitor utiliza cápsulas de garrafa coloridas para indicar os níveis de doçura. Algumas vinícolas usam a escala internacional de Riesling no rótulo traseiro como orientação. Enquanto outras, como a Weingut Schloss Lieser, consideram isso uma questão de gosto. “Não somos grandes fãs de comunicar o nível de açúcar de cada vinho. Acreditamos que cada pessoa deve provar por si mesma”, diz Haag.
Os indicadores do vinho alemão – Qualitätswein, Prädikatswein e VDP (que significam níveis de qualidade, incluindo o VDP para a Associação de Vinícolas Alemãs de Qualidade), mais as referências Grosses Gewächs e Grosses Lage (na tradução, Ótimo crescimento e Ótima localização – são palavras difíceis de pronunciar e confusas. Mas lembre-se, profissionais experientes em uma loja de vinhos local adoram falar sobre o Riesling alemão. Reserve US$20 (R$ 111 na cotação atual) ou mais do seu orçamento de vinho e explore. Lembre-se, a maioria dos desafios vale a pena. O Riesling alemão, especificamente o do Mosel, é a melhor bebida que você ainda não está bebendo; oferecendo um estilo que combina com cada comida.
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O Riesling alemão pode custar a partir de US$ 20 (R$ 111 na cotação atual)
“O Mosel Riesling seria meu vinho de ilha deserta se eu tivesse que escolher um (e tivesse uma geladeira para mantê-lo frio). Isso porque o Mosel Riesling pode ser tantas coisas diferentes, todas elas vibrantes, vivas e revigorantes”, diz Valerie. “Para mim, o Mosel Riesling contém possibilidades infinitas de exploração e zero chances de tédio. Com uma nova geração de produtores revivendo locais esquecidos, experimentando estilos de menor intervenção ou reavivando métodos tradicionais, o Mosel também está em um período de emocionante reinvenção”.
Mosel Riesling É Mágico
Com icônicas vinhas em encostas íngremes, como a lendária Berncasteler Doctor, Thörnicher Ritcher e Ürziger Würzgarten, um mosaico de solos de ardósia, tapeçarias de microclimas resultantes do sinuoso Rio Mosel, famílias com doze gerações de vinificação, como a vinícola Wwe Dr. H. Thanisch, vinicultores apaixonados da nova geração, como Christopher Loewen, Lara e Niklas Haag da Weingut Schloss Lieser, e vinicultores biodinâmicos de baixa intervenção, como Clemens Busch, o Vale do Mosel é uma das principais regiões vinícolas do mundo, produzindo alguns dos melhores Rieslings do planeta.
“Não deveria ser surpreendente que os produtores do Mosel tenham aperfeiçoado a arte de cultivar e produzir vinho”, afirma Valerie. “É muito mais surpreendente que o mundo não atribua um valor muito maior a esses tesouros! Mas isso é uma oportunidade para todos nós com mentes e paladares abertos”.
* Michelle Williams é colaboradora da Forbes EUA. Escreve sobre a geopolítica do vinho e o impacto das práticas sustentáveis. É membro do Circle of Wine Writers e é co-apresentadora do podcast Just Getting Better.
É comum ouvir que beber todos os dias uma taça de vinho, especialmente o tinto, é benéfico à saúde, graças aos antioxidantes presentes na uva. Estudos recentes, no entanto, indicam que os benefícios do vinho poderiam ser substituídos por hábitos mais saudáveis, como o de beber suco de uva natural. Além disso, o consumo diário de álcool, mesmo em pequenas quantidades, pode levar ao abuso e aumentar o risco de outros problemas de saúde, aponta uma pesquisa publicada no periódico científico americano Journal of Studies on Alcohol and Drugs, que avaliou 107 estudos sobre o tema.
“De acordo com a Organização Mundial da Saúde, não existe consumo de álcool que não traga nenhum risco para a saúde”, afirma Arthur Guerra, psiquiatra e presidente do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa). “Ainda que exista literatura científica apontando o álcool como fator de proteção para algumas doenças do coração, é preciso considerar que ele é fator de risco para mais de 200 tipos de agravos e transtornos.” É pena, mas são os fatos.
O Tropìk está dando samba em seu recanto praiano, no Posto 6 da Praia de Copacabana. A primavera chega à beira-mar com o ritmo bem tocado no novo Samba do Tropìk. Com curadoria de Lúcio Pacheco, um dos sócios do premiado Beco do Rato, na Lapa, o grupo formado ataca aos sábados, das 16h às 19h. Liderada pelo músico Marcio Hulk, e traz no repertório releituras de Zeca Pagodinho, Alcione, Jovelina Pérola Negra e Jorge Aragão, entre outros. Além da experiência musical, o Tropìk também se destaca com as delícias do menu que leva assinatura do chef executivo, o francês Jérôme Dardillac, e que contempla opções desde o café da manhã ao anoitecer.
O Tropìk Beach Club fica na Avenida Atlântica, em frente ao hotel Fairmont Rio, no Posto 6. Não há cobrança de couvert artístico.
O Bar e Restaurante Urca, um dos ícones da gastronomia carioca, celebra seus 85 anos com uma novidade: os famosos bolinhos e salgadinhos da casa estreiam em versões miniatura. Bolinhos como o de bacalhau (R$ 25,00, 6 unidades; R$ 49,00, 12 unidades; R$ 213,00, 50 unidades), o bolinho da terrinha, recheado com queijo Serra da Estrela e linguiça portuguesa (R$ 26,00, 6 unidades; R$ 51,00, 12 unidades; R$ 210,00, 50 unidades), e o camafeu de camarão com catupiry (R$ 25,00, 6 unidades; R$ 49,00, 12 unidades; R$ 213,00, 50 unidades); entre outros. Os formatos menores são ideais para compartilhar no bar, levar para casa via delivery ou encomendar para eventos. Os minibolinhos são embalados numa exclusiva caixinha que pode reunir os diferentes sabores.
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O Bar e Restaurante Urca fica na Rua Cândido Gaffree, 206-E, Urca. Tel.: (21) 2295-8744.
Para comemorar o período da Oktoberfest, a Three Monkeys House traz clássicos da escola alemã para o salão, até o dia 6/10. A cervejaria alemã Weihenstephan, considerada a mais antiga em atividade, terá dois rótulos disponíveis: a Wihenstephaner Vitus (R$ 10,96, 100 ml), referência mundial no estilo Weizenbock (cerveja de trigo com notas tostadas), e a Festbier (R$ 43,00, a garrafa de 500ml), uma lager sazonal mais encorpada e expressiva, de equilibrío notável entre maltes e lúpulos. A festa vai contar com receitas especiais como pretzels e Weisswurst (a tradicional salsicha da Bavária) com mostarda escura, amarela e purê de maçã (R$ 38,00) e o Currywurst, com três tipos de salsicha, catchup, curry e batata-frita (R$ 38,00). O Apfelstrudel (R$ 20,00) adoça na sobremesa. O Combo Alemão inclui uma unidade de cada item a R$ 54,00.
Já no dia 5 de outubro, quem reservar o tour da fábrica poderá provar, em primeira mão, a Triple Detox, novidade para o Mondial de La Bière. Com vagas limitadas para grupos às 12h, às 13h e às 14h, os interessados que comparem o tour (R$ 30,00) ganharão mais um ingresso para a experiência e poderão provar em primeira mão a cerveja do estilo New England Triple IPA (R$ 12,00, 100 mililitros), que será lançada no megafestival cervejeiro.
A Three Monkeys House fica na Rua Real Grandeza, 129, Botafogo. Tel.: (21) 3586-7052.
O Bar Da Laje completa uma década de atividades no topo do Morro do Vidigal, em São Conrado, e uma nova laje foi inaugurada no topo do bar, espaço com vista privilegiada, lounge e sala privativa para grupos e eventos. O Bar Da Laje foi declarado por lei como Ponto Turístico oficial da cidade do Rio, e Patrimônio Histórico Cultural e Turístico. A programação musical ao vivo inclui MPB, sertanejo, e rodas de samba, e no cardápio há opções para almoço e jantar com entradas, pratos individuais ou compartilhados, sobremesas, além da tradicional feijoada, petiscos e hambúrgueres. Para beber, drinques variados e cervejas. Entrada a R$ 50,00 por pessoa (de segunda a quinta); e R$ 80,00 por pessoa (sextas, sábados, domingos e feriados).
O Bar Da Laje fica na Rua Armando Almeida Lima, 8, Vidigal. O bar oferece serviço de transporte em kombi personalizada (R$ 15,00 por pessoa). Agendamento com saída do Posto 12, no Leblon. Informações pelo telefone: (21) 96767-0838.
Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), porco é a carne mais consumida em todo o mundo, e talvez a mais antiga também, com registros de seu consumo que remontam a mais de 5 mil anos a.C. A Europa inteira consome grande quantidade de carne suína processada, em forma de salames, presuntos etc, além da carne fresca. Na Ásia toda, em especial na China, o porco também é o rei, como proteína animal predileta. Lembrando que algumas culturas, como a judaica e a islâmica, proíbem o consumo deste animal. No Brasil, embora seu consumo fique em terceiro lugar, atrás respectivamente do frango e da carne bovina, a suína é a base do prato nacional, a feijoada, e de culinárias tradicionais como a mineira.
Quanto o assunto é sua combinação com vinhos, esta iguaria é muto versátil, e a escolha do vinho dependerá totalmente de seu preparo. Um item chave, contudo, é o fato de este tipo de carne ser rico me compostos aromático chamados de lactonas, que também são encontradas em outros alimentos, como mel, caramelo, abricó, pêssego, manteiga e, principalmente, no coco. Ou seja, receitas que levem estes ingredientes ou vinhos que tenham estes aromas (geralmente brancos), naturalmente harmonizam bem com carne suína.
Algumas sugestões de combinações, entre clássicas e experimentações, que recomendo:
Eisbein (joelho de porco à moda alemã) – riesling alemão;
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Chucrute– riesling da Alsácia (geralmente mais secos que os alemães);
Presunto crú – Jerez Fino ou Manzanilla;
Leitão à bairrada – espumante tinto;
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Feijoada – espumante tinto;
Cassoulet – tannat ou tintos do Madiran-França;
Terrines de campagne – Beaujolais ou gamay;
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Porco (assado) – tempranillo ou tinto de média estrutura
Costelinha ao molho barbecue – carménère, syrah do novo mundo ou outro tinto macio, alcoólico e frutado
Bacon – rosé da Provence, pinot grigio
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Torresmo – riesling alemão;
Pernil de porco – Bordeaux tinto;
Lombo (magro) – chardonnay barricado;
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Salame – sangiovese jovem e sem madeira;
Linguiça – tintos do sul da França, syrah, grenache;
Linguiça de javali – Barolo ou Barbaresco;
Salsicha alemã com mostarda – primitivo ou zinfandel;
Kassler – brancos do Rhône, viognier, marsanne, roussanne.
Se há seletividade do que vai no prato, por que não haveria em relação ao conteúdo do copo? A tendência da alimentação saudável se estende cada vez mais ao universo das bebidas. Entre os alcoólicos, o mercado dos vinhos naturais é muito promissor e deve atingir 24,5 bilhões de dólares em 2028, segundo o relatório do Organic Wine Market Forecast. E, isso mesmo diante de muitos consumidores que não sabem a diferença entre um vinho orgânico e convencional e outros tantos que torcem o nariz para novidades. Mas aos poucos, as resistências vão sendo quebradas.
Recentemente, saiu do forno o primeiro livro nacional sobre o assunto. Com o título “Vinho Natural”, a obra é o resultado de duas décadas de pesquisa da sommelier Lis Cereja, fundadora da Enoteca Saint Vin Saint, em São Paulo, um santuário da comida e dos vinhos orgânicos. Conhecida por ser uma agitadora desse mundo natural –é a criadora da Feira Naturebas, a maior e primeira do setor –a empresária esclarece dúvidas frequentes. Vinho natural tem que ser bebido jovem? Ou, orgânico é igual a biodinâmico? No livro, descobre-se que os dois levam uvas livres de agrotóxicos, mas a produção biodinâmica considera fatores como o calendário lunar e a astrologia. Cada um deles foi contemplado com um capítulo. Lis também conta um pouco de história e dá informações técnicas.
“Este é um livro que trata das origens do movimento do vinho natural no mundo e também no Brasil”, diz ela. E como a uva vem da terra, a autora não teve como escapar do tema agricultura sustentável, orgânica biodinâmica e convencional. Os conservantes e aceleradores químicos da fermentação usados na indústria convencional foram esmiuçados. Mas não espere um livro técnico. Como tudo o que Lis coloca a mão, tem muito da personalidade dela.
A autora é acima de tudo uma ativista. Quando lançou a Feira Naturebas, em 2013, o material de divulgação trazia uma série de fotos artísticas dela e do marido sem roupas. Neste novo trabalho, as fotos também são um ponto alto. Foram usadas imagens retiradas do documentário “Free Range doc”., um longa independente produzido pela autora em parceria com o fotógrafo Fabio Knoll, sobre os vinhos naturais. A boa forma e bela aparência de Lis são mais uma vez bem exploradas, mas sempre com muita elegância dentro do contexto cenográfico das vinícolas. Os exemplares já estão à venda no link da bio e no site da @afluente.art ! O lançamento oficial será no Rio de Janeiro, no Prosa na Cozinha, dia 29. Para entender qual é a pegada da autora, abaixo alguns trechos do livro:
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Os aditivos
“São centenas os aditivos enológicos e técnicas empregados na elaboração dos vinhos ditos ‘normais’, ‘convencionais’ ou ‘comerciais’. Aditivos enológicos são equivalentes aos aditivos alimentares da indústria de alimentos, mas a grande desvantagem para o vinho é que não é obrigatória a listagem desses aditivos no rótulo, o que leva muitas pessoas a pensarem que o vinho é feito apenas de uvas.”
O vinho natural
“A legislação que defina rigorosamente o que constitui um vinho natural, levando-nos a aderir ao consenso forjado pelo próprio movimento: o vinho natural é aquele no qual nada se adiciona e nada se retira. Em essência, é um vinho proveniente de uvas saudáveis, cultivadas de forma orgânica ou biodinâmica, e vinificado sem a inclusão de aditivos enológicos ou intervenções invasivas. É, simplesmente, o suco de uva fermentado, sem mais artifícios.”
Defeito ou característica?
Mas se toda uma geração de consumidores e sommeliers se formou com base no gosto e aromas dos vinhos fabricados para o mercado, como realmente identificar o que é defeito e o que é característica? Para responder a essa pergunta, devemos começar pelo começo: na compreensão de que nossos padrões de qualidade são construídos pelo ambiente, pelo mercado por interesses dominantes. Comparando a experiência de alguém acostumado a degustar vinhos comerciais que se propõe a provar um vinho natural, é como esperar que alguém acostumado ao sabor artificial do iogurte de morango possa avaliar a complexidade de um morango fresco. Não podemos aplicar os mesmos critérios a vinhos naturais e comer- ciais, assim como não podemos comparar mulheres reais com versões de mulheres editadas por photoshop em busca de um padrão feminino imposto pelo nosso meio e época.”