E o La Fiorentina, quem diria, foi parar em Ipanema. Fechado desde fevereiro e de forma definitiva no endereço histórico do Leme, devido à falta de pagamento de uma dívida em torno de R$ 10 milhões, o restaurante vai reabrir no final de maio na Rua Aníbal de Mendonça.
O negócio pertence ao empresário Delorme Lima, da DCL, que alugava com seu grupo o antigo imóvel e a marca histórica, e comprou todos os bens no interior do restaurante. O La Fiorentina fechou no endereço original pela dívida contraída pelos proprietários do imóvel com o Banco Cédula. Como não foi paga, o espaço foi a leilão.
“Espero que o cenário mude e a Justiça reveja a decisão. A dívida é antiga e existe uma negociação. O imóvel e a marca são alugados, e tudo o que está dentro do restaurante foi comprado pela DCL“, disse, na época do fechamento, o advogado Alexandre Serpa Pinto, representando Delorme.
A DCL informou que sempre esteve com suas cotas em dia, e pretende transportar toda a extensa memorabilia artística da casa para o novo endereço de Ipanema. Isso inclui os móveis e as dezenas de quadros com fotografias raras. A ideia é descobrir um meio de transportar também os milhares de autógrafos nas paredes da casa original. Segundo o chef Leandro Oliveira, o cardápio será quase o mesmo, com algumas novidades.
Fundado em 1957 e recebendo, até seu último dia de funcionamento, a classe artística carioca em peso, todas as noites, incluindo parcerias com espetáculos teatrais, o La Fiorentina foi tombado pelo prefeito Eduardo Paes em julho de 2022, e já havia sido decretado patrimônio imaterial da cidade pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH).
Basta tomar um gole de chá para empertigar a postura e me sentir uma pessoa melhor.
É conversa minha com a xícara, desde pequena.
Comecei, claro, com a tisana de camomila nos anos de mamadeira, mas me senti muito mais “mocinha” no período que passei na Inglaterra, ao fazer finalmente um upgrade para o chá preto batizado com leite. Aquilo, sim, era coisa de adulto, pensava a menina que segurava a xícara com a coluna reta enquanto buscava a aprovação do salão que ignorava solenemente a sua existência.
Fato é que a coisa não só se tornou um hábito, como uma leve obsessão. Minhas fases de chá são como o vento das monções, que varre fortemente uma região antes de mudar de direção. Há tempos de chá preto, verde, chá branco, pu-erh, oolong… até começar tudo de novo. A alegria da vez são os maravilhosos chás brasileiros de Registro, no Vale da Ribeira, em São Paulo.
Por acaso tive a chance de provar, recentemente, o Buckingham Palace Tea, considerado o chá preferido da família real inglesa (e o campeão de vendas da Fortum and Mason, de Londres, desde que foi feito para Eduardo VII, em 1902). As versões comerciais do produto são todas inspiradas no chá que a família prepara, “em casa”: uma mistura de chás preto e verde perfumada com jasmim, cornflower (uma flor azul chamada “escovinha”, no Brasil) e raspas de tangerina, colhidos nos jardins do palácio. Realmente delicioso.
Acontece que exatamente no dia da coroação do Rei Charles III, outra rainha, bem brasileira, foi coroada vencedora do Primeiro Concurso Nacional de Tea Blenders, que aconteceu na Associação Brasileira de Sommeliers do Rio de Janeiro.
O CONCURSO
Fiz parte do corpo de jurados “não técnicos” (apreciadores que não trabalham na indústria), mas havia também jurados técnicos e comerciais (que comercializam ou importam chás, infusões etc). Quem me convidou foi a querida Carla Saueressig, de quem já falei [aqui], criadora de mais de 200 blends e idealizadora do primeiro Curso de Sommelier de Chás no Brasil. Carla acredita que o número de profissionais que fazem “misturas” aumentou bastante desde 2016 e acredita muito na valorização das blendeiras e na utilização de insumos cada vez melhores.
Eram 5 finalistas, sobreviventes das provas eliminatórias anteriores e fiquei absolutamente encantada com a qualidade e criatividade dos blends nacionais.
A primeira etapa era uma apresentação oral, em que o jurado era julgado pela desenvoltura na apresentação, criatividade, estética do blend, aroma e embalagem. Em seguida, o chá era avaliado quente, em aroma, cor do licor, sabor, temperatura e desejo de compra. Aa terceira etapa era um preparo livre (podia ser drinque ou qualquer outra coisa) avaliado pela criatividade, estética, sabor e vontade de repeteco.
Aos blends:
Sabiam que há um chá feito em Saquarema? Pois a Cris Figgo, da Artesania do Chá, a quinta colocada no concurso, se inspirou nos humores da cidade para o blend “Summer Breeze”. Pensou em suas praias, no surf e na asa delta, no espírito jovem dos beach clubs e nas feiras de produtores locais para fazer seu blend natural perfumado com anis, laranja e sua casca. Muito refrescante no nariz, fica ótimo na versão gelada, campeã de vendas na região.
O quarto lugar ficou com Tatiana Cantu, da Tatea em São Paulo, com um blend afetivo chamado “Benedita”, inspirado em sua avó e no jeito que a acolhia em casa. Foi feito com chá branco que a própria Tatiana colheu e processou em Registro (SP) e vinha com rosas e jasmim importados. Como sua avó sempre lhe oferecia frutas, juntou abacaxi ao blend. Delicioso. O preparo criativo veio na forma de drink, com o blend frio misturado em cachaça de Tiradentes, infusão de xarope de rosas, água com gás e um doce de abacaxi.
O terceiro lugar foi para Laura Goulart, de Campinas. Era o blend “Jardim Secreto” da Mistea. Sua ideia era despertar o “jardim secreto” dentro de cada um de nós com uma bebida que lembrasse gim, mas não tivesse álcool. Farmacêutica de formação, decidiu juntar camomila, melissa, tangerina, limão, pera, cardamomo, zimbro e canela e fazer uma infusão lúdica, para beber com amigos. Muito aromático.
O segundo lugar foi o surpreendente “primeiro blend da vida” de Adriane Miyaki, que mora no Flamengo, no Rio de Janeiro. Sua empresa, a Monthé, ainda está nascendo, mas sua criação impressionou a todos: se chama “Singularidades” e leva chá preto, grãos de Bourbon amarelo de Mogiana, lascas de amêndoas, fitas de côco e fatias de cumaru. Era um tiramisu no copo, como bem disse Benicio Coura, da ChaDō. Encantador e potente.
O blend vencedor, o júri e a linda embalagem artística e seu celofane biodegradável – conceito impecávelCristiana Beltrão/Arquivo pessoal
E o primeiro lugar, muito merecido, foi para a Juliana Zannini, da Infusiva. A ideia era se basear no Earl Grey, o chá cítrico da Rainha da Inglaterra, para fazer homenagem à rainha do Brasil: a abelha. Em embalagem linda retratando o insetocomo uma obra de arte, Juliana misturou o incrível chá preto do Sítio Shimada com cascas de laranja e cupuaçu desidratado e embalou em celofane biodegradável, que ajuda a conservar o chá e pode ser descartado sem prejuízo ao meio ambiente. Delicadíssimo, equilibrado e elegante, ficou excelente também na forma de kombucha (o drinque criativo) que acompanhou uma barra de chocolate temperada pela Mestiço e feita com chá preto. Impecável em concepção, sabor, sustentabilidade e apresentação, Juliana foi coroada a rainha do dia.
Que grande honra fazer parte desse momento. E viva o chá!
JURADOS TÉCNICOS:
Luciana Francini – Qualy Ervas
Tania Rampi – Tea Road
Fernanda Rivas – Condessa Rivas Fine Teas & Chá Pra Quê
Raquel Magalhães – Raquel Magalhães
JURADOS COMERCIAIS:
Benicio Coura – ChaDō
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Cleo Reis – Vencedora como Melhor Sommelier de Chás do Brasil
Carla Saueressig – Academia de Chá e Mate
Mariana Schvartsman – Talchá
Claudia Sant’Anna – Espírito do Chá
Gabriela Godoy – franqueada carioca TeaShop
Rafaela Nascimento – Chá e Café da Rafa
JURADOS CLIENTES:
Marcelo Correa – CEO da Leão
Jessica Sanchez – Mixologista e Profa. de Destilados
Fernanda Benitez – Chef e Boulanger
Renata Izaal – O Globo
Robert Marc Urech – Diretor ABS Rio
E eu…
EMPRESAS ASSOCIADAS ABCHA QUE APOIARAM O CONCURSO:
A 2ª edição do Festival Gastronômico Delícias do Vale do Café vai de 19 a 28 de maio, e o público que visitar a região fluminense poderá degustar pratos criados a preços fixos, em mais de 80 estabelecimentos participantes, entre cafeterias, restaurantes e fazendas históricas. Os pratos custarão R$ 32,00 (entradas, sanduíches e sobremesas), R$ 48,00 (petiscos), e pratos principais de R$ 65 a R$ 80.
Nascida em Valença, a sambista Clementina de Jesus será homenageada por alguns dos estabelecimentos participantes do festival. Em Vassouras, a Cozinha da Camilla está com a sobremesa Ode à Quelé, composta de quatro camadas: financier, ganache de pistache, mousse de morango e cheesecake de baunilha, finalizado com glaçagem de morango e buttercream de baunilha.
Presente em dois fins de semana (de 19 a 21/05 e 26 a 28/05), a ação Delícias na Praça é uma iniciativa realizada alternadamente na Praça da Matriz, em Conservatória, distrito de Valença, e na Estação Ferroviária de Vassouras. No espaço, haverá exposição e venda de produtos regionais, artesanato e apresentações musicais gratuitas.
Também estão programadas oficinas gratuitas com a chef e consultora Rô Gouvêa, além de outros chefs convidados, no Jardim Ecológico Uaná Etê. A programação completa está no site. www.deliciasdovaledocafe.com.br.
O Festival Delícias do Café abraça os municípios de Valença, Vassouras, Barra do Piraí, Piraí, Mendes, Engenheiro Paulo de Frontin, Miguel Pereira, Paty do Alferes, Paraíba do Sul e Rio Claro, além dos distritos Ipiabas e Conservatória.
Os ingleses por longos períodos da história foram e continuam a ser um dos principais consumidores de produtos de qualidade. No mercado dos vinhos tiveram uma participação ainda mais importante pois em determinadas épocas históricas, praticamente determinavam aos mais diversos produtores de vinhos mundiais como “deveriam funcionar o mercado” observando pelos aspectos de estilo, preço e até distribuição. A exemplo dos vinhos franceses bordaleses, os espanhóis de Jerez e até os vinhos portugueses do Porto e da Madeira, já que eles eram os mais importantes e prestigiosos mercados a quem se destinavam os vinhos internacionais.
Na atualidade estamos testemunhando muitas mudanças que vem acontecendo tanto no mercado de consumo, assim como nos mercados de produção dos vinhos, e uma das boas novas é o surgimento de belíssimos vinhos espumantes produzidos na própria Inglaterra, que vem mostrando enorme qualidade e potencial num mercado onde quem dominava absolutamente “em termos de volume e qualidade” eram os tradicionais Champagnes, sendo esses os mais referenciados e comparados por quem produz este estilo de vinho ao redor do mundo.
Breve História sobre as Vinhas e Vinhos Ingleses
Os romanos introduziram o cultivo das vinhas na Grã-Bretanha, mas segundo o Prof. Emérito e Pesquisador de Geologia da Imperial College London, Richard Selley, que publicou o livro “The Winelands of Britain” relata que foram encontradas evidências que já se produziam vinho nessas terras desde a era do ferro e que os celtas ingleses utilizavam essa prática antes da chegada dos romanos. Essa evidência foi constatada com a descoberta de “vasos” em escavações, que eram utilizados pelos celtas e também em relatos registrados pelo senador e historiador romano Tácito (56-117 DC) que descreveu como os celtas ingleses eram realmente bárbaros quando bebiam vinho e em seus momentos de brindes.
Os normandos continuaram a produção e no livro Domesday Book relata que haviam 40 produtores de vinhos, a grande maioria dos vinhos eram utilizados como figura sagra na eucaristia. Acredita-se que o declínio da produção dos vinhedos da Inglaterra se deu com o impacto do período da grande praga da Peste Negra (1348 e 1350), pois a doença matou cerca de 30 a 40% de toda a população inglesa, as mortes podem ter chegado a 2 milhões de pessoas e em algumas áreas rurais da época morreram cerca de 80 a 90% de toda a população local.
Já na Idade Média a Inglaterra foi o principal importador dos vinhos franceses de Bordeaux “os famosos Clarets”, o Jerez da Espanha e os Porto e Madeira de Portugal. No século XVIII uma determinação do Methuen Treaty impôs altas taxas ao vinho francês e automaticamente diminuiu o consumo deste e se elevou o consumo de vinhos fortificados devido terem uma durabilidade muito maior nas viagens até a Inglaterra. No fim do século XIX quando os vinhedos começaram a serem reconstruídos após a grande praga da filoxera o Lord Palmerston determinou a redução dos impostos dos vinhos estrangeiros e estes tornaram-se muito mais competitivos frente aos poucos vinhos ingleses sem tanta qualidade que eram produzidos na época.
No século XX após o fim da Primeira Guerra Mundial, houve a necessidade de produção várias culturas para o abastecimento de alimentos e o vinho também foi incentivado, inclusive para produção de vinho caseiro, muitos foram os produtores também que começaram a plantarem vinhedos comerciais em outras áreas. A partir da década de 70 os vinhedos foram implantados em áreas como Hampshire, Sussex, Suffolk, Berkshire e Cambridgeshire. Uma interessante observação é que nesse período os ingleses produziam vinhos sob influência alemã, onde prevaleciam vinhos brancos doces e frutados, a referência de comparação da época era o famoso vinho alemão da garrafa azul, o Liebfrauenmilch. Foi por volta do ano de 1988 que foram introduzidas as primeiras cepas de Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier que resultariam nesses maravilhosos vinhos espumantes que estamos tendo o prazer de degustar na atualidade.
Mudanças Climáticas e as Características do Solo para Produção Inglesa de Vinhas
Sem entrar no contexto da discursão das reais causas das atuais mudanças climáticas que estamos vendo no planeta, algo certo é que elas são reais e tem favorecido positivamente determinadas latitudes do globo na produção da Vitis vinífera e de vinhos, como por exemplo o Reino Unido. O gráfico abaixo demostrado pelo Prof. Richard Selley em sua entrevista ao documentário New vineyards of the world, retrata que as alterações nas temperaturas que houveram no Reino Unido tendem a ser cíclicas, mas há a necessidade de mais estudos para confirmação deste ponto de vista.
Na região Sul da Inglaterra, local cravado fora do que se conhecia das áreas para melhor produção das Vitis, tem se concentrado diversos produtores inclusive vários ligados as mais famosas marcas e casas de Champagne francesas, e receberam em 2022 pelo Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais (DEFRA) do Reino Unido, o reconhecimento do status do vinho de Sussex como uma Denominação de Origem Protegida (PDO), a primeira desta pátria. Abaixo algumas localizações geográficas de alguns produtores ingleses evidenciando a maior concentração deles nesta parte do país.
Os solos ingleses do sul e sudeste são semelhantes aos solos da região Champagne, acredita-se até que eram interligados antes das separações das terras e dos continentes há milhões de anos atrás. Na verdade de modo geral são semelhantes, mas há algumas pequenas diferenças entre as áreas onde hoje se produzem videiras destinadas a produção de vinhos. No sudoeste da Inglaterra há a presença de ricos minerais e restos de microorganismos marinhos, evidenciando solos do período do cretáceo com riqueza de calcário. Há também a presença do solo chamado “Greensand” uma espécie de areia cinza que quando envelhece fica na cor branca e bege. Esse tipo de solo prevalece em especial na área “South Downs” nas regiões de Sussex e Kent.
Início da Implantação da Produção Vínica Inglesa
O Sr. Adrian White da Debbie’s Wine Estate (1984) fundador e proprietário do local onde antes era uma fazenda de suínos e gado e não estava tendo lucro, então ele inquieto com seu prejuízo começou a procurar alternativas para o uso da sua área, e após uma conversa com um amigo o Prof. Richard Salley que lhe disse que o solo das suas terras eram ideais para a produção de vinhedos devido a semelhança com os solos da região Champagne, e a partir disso decidiu plantar em 1986 as primeiras videiras.
Crédito de imagem : Denbies
Na época os vinhos ingleses não haviam tradição de produção industrial e os poucos produtos que tinham, eram considerados de baixa qualidade, fator para um enorme desafio ao Sr. White na época. Sendo o pioneiro, no início decidiu plantar inúmeras castas para tentar estudar o que melhor se adaptava nas condições de clima e solo da região onde ele se encontra e hoje é maior evidencia do que as mudanças climáticas permitiram subir a produção e a reputação dos vinhos ingleses, pois o produtor tem se destacado como um dos melhores do país.
A propriedade continua com a família e é dirigida pelo filho do fundador, o Sr. Christopher White. Sob sua coordenação já há 20 anos a empresa se tornou um dos maiores e mais prestigiosos produtores da Inglaterra. Hoje possuem 265 Ha de vinhas plantadas e apresentam uma capacidade de produção de 1 milhão de garrafas por ano. Os vinhedos da empresa estão localizados no norte de Downs, em Dorking, implantados em solo de giz, num vale protegido e com encostas voltados ao sul. A área total da propriedade hoje é 650 Ha, que inclui muitas área verdes, conforme visualização da imagem abaixo de um esquema de mapa da área.
Os Vinhos Ingleses na Atualidade
Estima-se que na atualidade a área plantada de vinhos no Reino Unido seja de 3.800 Ha, ainda pouco significativa comparada a outros países vitivinícolas, apresentam 879 vinhedos e 195 produtores. Os vinhos mais produzidos são os espumantes “Sparkling Wines” com a fatia de 70% da produção, seguidos pelos tranquilos brancos com 20% e os tintos e rosés com 10%.
Nos últimos dados publicados pela Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) em 2021, o Reino Unido apresentou-se como o terceiro maior importador de vinhos do mundo, o quinto maior consumidor, o vigésimo quinto maior exportador e o quinquagésimo sexto maior produtor.
Podemos dividir em dois grupos as principais cepas produzidas na Inglaterra, as que são destinadas a produzirem vinhos PDO (Protected Designation of Origin) e as que são utilizadas e permitidas para os vinhos PGI (protected Geographical Indication). Para os Sparkling Wines (PDO (Protected Designation of Origin)) a Chardonnay, Pinot Noir e a Pinot Meunier dominam, mas também podem contar com pequenas proporções das castas Pinot Gris, Pinot Blanc e Pinot Noir Precoce. Já os outros vinhos PGI ou IGP podem serem produzidos com inúmeras variedades como a uva Bacchus que é um cruzamento da Sivaner com a Riesling, a Seyval Blanc, a Muller-Thurgau que é um cruzamento da Mating Riesling com a Madeleine Royale, a Pinot Noir, a Dornfelder dentre outras.
Em junho de 2022 o Department for Environment Food & Rural Affairs (DEFRA) da Inglaterra concedeu o status da primeira Denominação de Origem Controlada em inglês PDO (Protected Designation of Origin) que é Sussex, região com relações muito semelhantes de solo e clima com a região da Champagne. Várias normas são impostas para receber o selo desta denominação objetivando alcançar níveis qualitativos constantes desta área que já mostrou-se capaz de competir de igual a igual aos grandes Champagnes franceses.
Da mesma forma que assistimos recente a Coroação do rei Charles III, também estamos assistindo o despontar de um pátria vinhateira que tem realizado um trabalho brilhante na produção de vinhos com muita excelência. Nós consumidores e amantes de grandes vinhos só esperamos que os ingleses continuem a se empenharem em produzirem excelentes vinhos para estarem presentes em nossas taças. Desejo ainda mais sucesso aos produtores ingleses e saúde a você leitor para continuar degustando a deliciosa bebida de Baco. Saudações Báquicas a todos !
Crédito de Imagem da capa do artigo: Getty Images (bbc.co.uk)
Os vinhos mais famosos da região francesa de Bordeaux, de onde vem as garrafas mais caras do mundo e, reconheça-se, os melhores e mais bem feitos tintos, são, sem a menor dúvida, aqueles que receberam a classificação de 1855, quando Napoleão III, imperador da França, decidiu fazer uma Exposição Universal em Paris, uma espécie de feira mundial, e queria que todos os vinhos do país fossem representados. Ele convidou a Câmara de Comércio de Bordeaux (hoje o Conseil Interprofessionnel du Vin de Bordeaux é um conselho francês desenvolvido para regulamentar os preços, evitando a desvalorização e a grande divergência de valores praticados entre os negociantes) para organizar uma exposição. Os membros da câmara reconheciam um ninho de vespas quando viam um, e entenderam necessária a sistematização de classificação dos vinhos de Bordeaux para atender aos objetivos da grande feira. Resolveram, de acordo com seus registros, apresentar “todos os crus classés”, mas pediram ao Syndicat of Courtiers uma organização de comerciantes que elaborasse uma lista exata e completa de todos os tintos vinhos da Gironda que especifica a que classe pertencem.
Os cortesãos mal pararam para pensar; duas semanas depois, entregaram a famosa lista. Incluía 58 castelos (chateau): quatro primeiros classificados, 12 segundos, 14 terceiros, 11 quartos e 17 quintos. Eles esperavam polêmica. “Vocês sabem tão bem quanto nós, senhores, que esta classificação é uma tarefa delicada e destinada a levantar questões; lembrem-se que não tentamos criar um ranking oficial, mas apenas oferecer-lhe um esboço extraído das melhores fontes.” Claro que ficaram de fora os tais “vinhos dos negociantes” (ou “négociant”, em francês), que são de extrema importância e oferecem joias engarrafadas. Injustamente deixadas de lado, são, de verdade, os grandes responsáveis pela disseminação da fama e do nome dos “Vinhos de Bordeaux” pelo mundo afora.
Reitero: são os negociantes de suma importância no mercado do mundo do vinho. Eles costumam trabalhar sozinhos, um cargo de confiança que passa de pai para filho, mas também existem empresas específicas que cumprem esse papel. Importante destacar que, para identificar se o vinho, nesse caso elaborado na França, foi engarrafado por um negociante, basta ficar atento às informações em francês “Négociant” ou “Mis en la Bouteille par” estampadas no contrarrótulo ou no rodapé do rótulo frontal. Segundo a revista eletrônica Wine, somente em Bordeaux existem cerca de 300 negociantes (individuais e empresas) atuando em 170 diferentes países — e cerca de 60% de toda a produção de Bordeaux são engarrafados e distribuídos pelos “négociants”.
A verdade é que há muitos pequenos viticultores em Bordeaux que produzem vinhos de qualidade esmerada. Entretanto, não possuem capacidade financeira para engarrafar seus produtos e muito menos para colocá-los no disputadíssimo mercado internacional. Os vinhos dos negociantes podem trazer surpresas incríveis, seja na qualidade, seja na longevidade. Eu mesmo já bebi vinhos de Bordeaux de negociantes que, com mais de 50 anos de idade, estavam excepcionais se comparando aos do topo da clássica classificação de 1.855. Salut!
A novidade é “das arábias” e ocupará um imóvel de quatro andares na Rua Vinícius de Moraes, em Ipanema. A Casa Mohamed tem inauguração programada para setembro, nova empreitada com foco nos clássicos culinários do Oriente Médio, dos donos da rede Pura Brasa e do Brasa Mohamed.
Segundo o empresário Iahia Mohamed, que comandou o Bar do Elias, na Rua Aníbal de Mendonça, o bairro de Ipanema voltará a contar com os grandes sucessos das vitrines árabes da família, com pão pita assado na hora em forno que servirá também à uma “esfiharia” local.
Os serviços no bufê e à la carte vão conviver entre dois ambientes, com um salão mais reservado no segundo piso, propício também a eventos. O balcão de antepastos será um dos destaques e terá itens como berinjelas, chanclishe (queijo árabe), pastas árabes e polvo à vinagrete, azeitonas e camarões, tudo regado a chope Brahma e drinques inspirados no contexto do cardápio. A varanda será interligada ao vizinho Pura Brasa.
Acabam de chegar ao shopping Rio Sul, em Botafogo, uma cafeteria e um restaurante de sucesso na cidade. O Café Cultura está localizada no 3º piso e traz a variedade de itens que é marca da casa nas outras três lojas (VillageMall, Copacabana e Shopping Tijuca). E o oriental Cantón ganha sua primeira filial no G3, mantendo a premiada matriz de Copacabana.
Com sofás em pequeno ambiente que cria aconchego no agito do shopping, o Café Cultura trabalha com cafés especiais, grãos de origem 100% arábica e de torrefação própria. Para comer há pedidas como os paninis, sanduíches abertos feitos com pão de fermentação natural, em versões como o parma (R$ 38,00), feito com presunto parma, mussarela de búfala, tomate, azeite e manjericão.
O Cantón, do chef peruano Marco Espinoza, inaugura a nova unidade da casa de comida “chifa”, uma fusão da cozinha peruana com a chinesa. O espaço terá capacidade para 40 lugares e vai oferecer os clássicos do menu, como as “chaufas”, receitas à base de arroz frito em versões variadas.
O Comida di Buteco chega ao último fim de semana e a hora é essa para quem ainda não fez sua “caravana”. Há petiscos concorrentes em todas as regiões da cidade, lembrando que as receitas foram criadas com exclusividade para o concurso e têm como tema as especiarias. O evento vai até domingo (7), e todos os tira-gostos envolvidos têm o valor fixo de R$ 30,00.
Na Zona Sul, o Mortadella’s (Rua Senador Vergueiro, 44-A, Flamengo. Tel.: 3253-5442) vem fazendo sucesso com o petisco Afogando o Nhoque, uma espécie de fondue de nhoques fritos. Num aparelho especial, são 24 nhoques de massa de batata, ladeados por uma tigela aquecida com ragu de carne assada, caprichada no louro, na salsa e na cebolinha, pimentas calabresa e do reino, e com um toque final de páprica e tomilho.
Na Zona Norte, uma boa dica é o Zinho Bier (Rua São Luiz Gonzaga, 2330, Benfica. Tel.: 3556-8310), onde o petisco Junto e Misturado traz a costela no bafo desfiada e temperada à base de ervas e especiarias, com creme de abóbora e queijo de coalho gratinado. Acompanha torradinhas com azeite e alecrim.
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No Centro, o Bar Sambódromo (Avenida Salvador de Sá, 77, Cidade Nova. Tel.: 2293-6703) inovou no petisco Na Boca do Polvo, que traz polvo salteado com tomates defumados e confitados, finalizado com caviar de salsinha, farelo de bacon e chimichurri. Tudo acompanhado de crocantes de arroz.
Já na Zona Oeste, o Empório Santa Oliva (Avenida Tenente-Coronel Muniz de Aragão, 26, Jacarepaguá, Anil. tel.: 3988-8489) apostou nas Coxinhas do Rei: tulipas de frango envoltas no bacon, com batata ralada no panko e parmesão. Acompanha molho picante de aroeira.
Na Baixada Fluminense, o Buteco do Portuga (Rua Coronel Francisco Soares, 1351, Nova Iguaçu. Tel.: 97018-9227), que já foi campeão, traz o petisco Nosso Presente é Você, um creme de bacalhau, servido com batatas chips.
E as comunidades também tem vez. No Bar do David (Ladeira Ari Barroso, 66, Chapéu Mangueira, Leme. Tel.: 96483-1046), tricampeão do Comida di Buteco, o petisco Made in Favela é uma trouxinha de mortadela com queijo, orégano, cebola, nozes e manjericão.
Um estudo feito pela Universidade de Tel Aviv e de Haifa, em Israel, encontrou antigas sementes de uvas locais em sítios arqueológicos do Deserto de Neguev. As variedades revelam a tradição vinícola da região. Descobriu-se uma semente quase idêntica geneticamente à variedade Syriki, que hoje é usada em vinhos de alta qualidade feitos na Grécia e no Líbano, enquanto outra semente pode ser considerada uma parente próxima de uma variedade de uvas brancas chamada Be’er, que ainda cresce em vinhedos desertos de Palmachim, em Tel Aviv.
As escavações no Neguev ajudaram a revelar uma proeminente indústria do vinho entre os impérios bizantino e árabe (por volta de 900 d.C). Além das sementes de uva, os arqueólogos encontraram grandes jarros, onde o vinho era exportado para Europa e as sementes de uvas permaneceram por milhares de anos. Esse comércio foi sendo paulatinamente desmontado após a conquista muçulmana, no século VII, pois a tradição islâmica proíbe o consumo de bebidas alcóolicas. A cultura vinícola da região, no entanto, foi sendo recuperada a partir de 1980. O comércio atual, porém, depende diretamente de variedades de sementes importadas da Europa.
As espécies milenares foram encontradas em diferentes estágios de conservação. Em 11 amostras, a qualidade do DNA recolhido não permite conclusões definitivas sobre as espécies. Três amostras trouxeram resultados promissores e puderam ser identificadas como pertencentes a variedades locais. As duas amostras com material genético mais preservado entre as espécies encontradas datam do século IX, e são ancestrais de espécies que ainda existem na região.
A descoberta traz a semente Syriki, uma variedade comum no Oriente Médio e com longa história de cultivo no sul do Levante e em Creta, até hoje usada na produção de vinhos. Acredita-se que o local de origem dessas sementes seja a região de Nahal Sorek, um riacho de colinas na região da Judéia. Os pesquisadores suspeitam que essa variedade foi mencionada na Bíblia, no livro de Gênesis, na ocasião da bênção de Jacó a seu filho Judá e no livro de Números, onde um cacho de uvas trazido pelos enviados de Moisés, também pode ser um exemplar ancestral da espécie encontrada.
A semente da variedade Be’er, por sua vez, ainda cresce no sul de Tel Aviv, próxima ao Mar Mediterrâneo, em remanescentes de vinhedos abandonados em meados do século XX. Pela primeira vez, pesquisadores foram capazes de usar o material genético de uma espécie de uva para determinar sua cor. Descobriu-se ser uma uva branca, o exemplar mais antigo dessa variedade já identificado. A uva Be’er é uma variedade local única, endêmica de Israel, e usada ainda para fazer um vinho branco próprio da região.
Curiosamente, essas pequeninas sementes possibilitam a reconstrução histórica da indústria vinícola em parte do Oriente Médio, que vem desde o período bizantino, há mais de mil anos, e perdura até os dias de hoje. As descobertas podem se tornar significativas na produção local moderna. Isso porque na crescente indústria israelense, as bebidas são produzidas a partir de uvas estrangeiras, que não são completamente adaptadas às especificidades da região. A descoberta de variedades locais propícias para a produção de vinho abre novos caminhos para restaurar e melhorar antigas variedades e para a criação de espécies de uvas mais adequadas para condições climáticas desafiadoras, como altas temperaturas e pouca chuva.
Produtores artesanais, pequenas vinícolas familiares e novidades estão na programação do Vinho na Vila, que ocorre nos dias 6 e 7 de maio, sábado e domingo, das 11h às 22h, no Jockey Club do Rio.
Além da feira de expositores, onde os visitantes provam em sessões de três horas de degustação os rótulos das vinícolas participantes, haverá uma programação especial de música ao vivo. Quem quiser poderá ir apenas para o show da cantora e compositora carioca Jullie Nóbrega, a partir das 14h.
Ingressos limitados e vendidos exclusivamente pelo site do Ingresse.com, a partir de R$ 120,00 com acesso à degustação de mais de 150 rótulos, feirinha gastronômica, master class de Sílvia Mascella Rosa e show.