Posted on

Vinhos: dez novidades da ProWine que estão chegando ao mercado do país

Foi uma semana intensa para o setor de vinhos. Durante os dias 1 e 3 de outubro fomos abduzidos para os pavilhões do Expo Center Norte, onde 15 000 visitantes circularam para conhecer 1402 marcas, provenientes de 34 países. A ProWine, versão brasileira da feira de origem alemã, consolidou-se como a maior das Américas. O crescimento brutal do evento demostra certamente um maior interesse dos brasileiros por vinhos e a clara percepção internacional a respeito da importância do nosso mercado.

Nos corredores foi possível notar que os brancos ganharam um bom espaço, inclusive tomando uma pequena fatia dos tintos, não se sabe se pelas ondas de calor ou pelo amadurecimento dos bebedores. Em termos mais gerais, os vinhos na faixa de 300 reais encontram-se hoje no topo das preferências dos consumidores, que descobrem cada vez mais que é possível encontrar ótimos produtos por esse valor.

A criatividade dos produtores deu lugar há algumas formulações diferentonas, a exemplo dos vinhos fermentados em barricas de uísque. Na onda do K-Pop, a ProWine abriu espaço para estandes de Soju, popular destilado coreano feito à base de maçã (eu experimentei e meu conselho é o seguinte: beba com moderação, pois o negócio é forte).

Curiosidades à parte, uma das coisas que mais chamaram atenção no evento foi o lançamento mundial de uma nova safra Pêra Manca, vinho português super premium que tem no Brasil um dos seus principais mercados. O evento marcou também a consolidação do Brasil como produtor de grandes vinhos, de terroirs surpreendentes como o da Chapada Diamantina, na Bahia.

Abaixo, uma seleção da AL VINO com dez novidades apresentadas na ProWine 2024 que, em breve, estarão disponíveis no nosso mercado:

1. Colheita de 4 estações

Continua após a publicidade

Uma edição de 1270 garrafas Magnum (1,5l), imponentes e numeradas, foi a surpresa que trouxeram à feira as sócias Andreia Gentilini e Juciane Casagrande Doro com seu Amitié Colheitas – Gran Corte de 4 Estações. Da colheita de verão da Campanha Gaúcha e da Serra Gaúcha vieram o Tannat e o Cabernet Franc, a colheita de outono no Planalto Catarinense trouxe Merlot, Malbec, Cabernet Sauvignon e Montepulciano ao blend. Para dar fruta e corpo, a uva Syrah colhida no inverno da Serra da Mantiqueira e, por fim, com a colheita de primavera do Vale do São Francisco (PE) o Tempranillo rosé. Para afinar todo esse blend, o rótulo passa seis meses por barricas de segundo uso e o resultado é um vinho extremamente elegante, de corpo médio e que merece ser conhecido. R$ 320

vinho
Amitié: produto premium das Serras GaúchasMarianne Piemonte/VEJA

2. Velho mundo com atitude de novo

É assim que o grande produtor de Languedoc-Roussillon define seu Arrogant Frog Orange, um laranja orgânico feito com as uvas Grenache Blanc, Macabeo e Grenache Gris, embalado numa garrafa com um rótulo irreverente. Esse tipo de vinificação de uvas brancas que permanecem em contato com as cascas para ganhar cor e complexidade é muito antiga, mas tem ganhado novos apreciadores. Eu costumo entender os laranjas como tintos leves na hora de harmonizar, mas este me surpreendeu pelo frescor e acidez que permite ser tomado na piscina. R$ 160

vinho
Arrogant Frog Orange: laranja orgânico feito com as uvas Grenache Blanc, Macabeo e Grenache GrisMarianne Piemonte/VEJA

3. Sidra brasileira com estilo francês

Esqueça aquele líquido super comercial da garrafa verde. Este fermentado de maçã muito consumido em países como França, Espanha, Suíça e Áustria ganhou um representante à altura aqui no Brasil, a Sidre, Sidra Dry Natural (RAR). Feita em Vacaria, no Rio Grande do Sul, pelo terceiro maior produtor de maçã brasileira e segundo maior exportador da fruta, a sidra RAR teve os dedos mágicos do mago das leveduras, o enólogo uruguaio Alejandro Cardozo, que presta consultoria para boa parte dos vencedores do Guia dos Descochardos. Ela é leve, fresca, zero açúcar, apenas 6% de álcool, uma delícia para iniciar um jantar, para receber amigos, para piscina… O valor dela é R9.

Continua após a publicidade

sidra
A RAR: sidra com qualidade só encontrada na EuropaMarianne Piemonte/VEJA

4. Espumante à moda do chef

O Erick Jacquin Brut – Casa Perini (Brasil) é um espumante 100% Chardonnay, produzido pela tradicional casa de Farroupilha (RS). Ele passa por 4 meses em contato com as borras após a segunda fermentação, o que faz dele um espumante do estilo Charmat longo. O chef  participou ativamente da elaboração do produto, fazendo provas e sugerindo alterações que garantiram o sotaque francês ao espumante. É cremoso, gastronômico e bastante fresco. R$ 99

vinho
O espumante do chef: 100% ChadornnayDivulgação/VEJA

5. Dez anos de cave antes da comercialização

Durante a ProWine, o único Master of Wine que fala português no mundo, Dirceu Viana, fez uma seleção de vinhos que demostrassem as diferenças de produção das regiões de Portugal. Impossível passar pelo Raríssimo Baga Tinto 2011 – Casa dos Amados (Portugal) e fingir naturalidade. Confesso que me levantei e aplaudi o enólogo Osvaldo Amado, que estava na sala. Um dos portugueses mais premiados em concursos internacionais, Amado atualmente dedica-se à criação apenas de seus vinhos.
Raríssimo tem apenas um ou duas produções por década,  a produção depende da qualidade da safra. É um 100% Baga, que passa 24 meses por barricas de carvalho de segundo uso e espera DEZ ANOS (!!!) na cave antes de ser comercializado. Tem um tanino que lembra Nebbiolo, mas muita cor e um absurdo sabor de fruta. O valor acompanha a preciosidade, R$ 1700, mas se eu fosse consumidor de grandes ícones de renome mundial, eu correria para garantir uma caixa dele para a minha adega.

vinho
Bairrada: um dos portugueses mais premiados em eventos internacionaisReprodução/VEJA

6. Perrum, Rabo de Ovelha e Manteúda

Continua após a publicidade

Já ouviu falar nas uvas acima? Pois são espécies muito antigas da região do Alentejo que compões o blend de Fresh From Amphora 2022 – Herdade Rocim (Portugal). Fermentado em talhas, aqueles vasos de barro, passaram a ser engarrafados para venda apenas em 2010. Antes disso, as famílias da região iam com seus vasilhames buscar o vinho para o consumo próprio. Hoje há até o Ânfora Wine Day, em 16 de novembro, dia em que as talhas são abertas para o envase dos vinhos. Boa parte da produção é comprada por mercados como Nova York e Califórnia. Mas, para nossa sorte, o litrão  (sim, a garrafa tem 1 litro) desse branco extremamente fresco e perfumado chegou ao mercado brasileiro por R$ 298.

vinho
O Fresh From Amphora 2022 : preciosidade do AlentejoMarianne Piemonte/VEJA

7. Beaujolais branco?

Existe e é bastante raro, pois 99% de toda produção de Beaujolais é direcionada para o famoso tinto feito com a uva Gamay. Apenas  1% é destinado ao Chardonnay. O resultado é um branco cremoso e mineral, com ótima acidez e zero passagem por madeira. Eu poderia tomar sempre nos brunchs de domingo, se fosse nascida na França e morasse em um castelo. O Chateau de Chatelard – Beaujolais Blanc – Cuvée Secrete de Chardonnay (França), custa R$ 220.

vinho
O Beaujolais Blanc: cremoso e mineralMarianne Piemonte/VEJA

8. Vinha à beira mar

A região de Lisboa ganhou um lugar de destaque este ano na feira, com seus vinhedos que recebem a brisa do Atlântico e prometem mais frescor, leveza e mineralidade aos vinhos. Um rosé que me chamou atenção foi 3.000 Rosas, Casal Sta Maria (R0), das uvas Pinot Noir, Touriga Nacional e Syrah o vinho passa seis meses por barricas de segundo uso, além do processo de bâttonage, no qual o mosto em contato com as cascas é revirado na barrica com um bastão. Tem corpo, mas tem frescor. No final, um tiquinho de sal. O enólogo Jorge Rosa Santos estava em outro setor da feira com um alentajano digno de nota, o Implicit. Em sua matemática, há na composição ¼ de Alicante Bouchet, 1/5 de Touriga Naciona, 1/3 de Aragonez e 1/6 de Trincadeira, além de 1/20 de prensas. Só provando para desvendar essa equação.

Continua após a publicidade

vinho
O 3000 Rosas: diretamente da região de LisboaMarianne Piemonte/VEJA

9. Herança dos monges de Compostela na Serra da Estrela

Jaen, da Casa Américo (Portugal), é produzido com esta cepa que chegou ao norte de Portugal trazida pelos monges de Compostela, na Espanha, onde ela recebe o nome de Mecia. Por um tempo, a uva foi ignorada e até arrancada, mas tem reconquistado seu espaço pelo tinto delicado, com taninos muito redondos e ótima acidez. Para que seja percebido todo seu esplendor (e que nenhum monge revire na tumba), zero passagem por madeira. R$ 210

vinho
Jaen: pelo caminho de CompostelaMarianne Piemonte/VEJA

10. Irreverência etílica

Vem do Tejo, de uma turma de jovens na casa dos 30, o vinho que teve um dos estandes mais movimentados: o  Que se Foda, originado de um blend de Merlot, Shiraz e Petir Verdot, que tem sido feita a versão “Herbert Richers”, como eles dizem, aqui em Flores da Cunha (RS), pela vinícola Luiz Argenta. Custa R$ 153 e achei difícil degusta-lo na feira, porque tem bastante corpo e precisava ser decantado. Já o clarete, um vinho com a personalidade do rosé um pouco mais potente, chamado Cadelão, tem ótima fruta, frescor e acidez capaz de deixar a garrafa pequena. Custa R$ 189. O termo “Apanhei uma Cadela” ou Cadelão, dois rótulos da casa, quer dizer ressaca, em bom português de Portugal.

vinho
Que se Foda: jovens do Tejo chutaram o pau da barracaMarianne Piemonte/VEJA

 

Publicidade

Fonte:

Vinho – VEJA
Posted on

Belê, Liga dos Botecos e Spaghettilândia fecham as portas

Enquanto vive-se um período de muitas aberturas e novidades entre bares e restaurantes na cidade, os últimos dias têm sido de fechamentos de estabelecimentos distintos, em diferentes regiões do Rio

No Jardim Botânico, o Belê pretende abrir pela última vez nesse sábado (5) para uma “saideira” na casa de três andares, conhecida no Jardim Botânico, de esquina com as ruas Lopes Quintas e Visconde de Carandaí. O ponto tem se mostrado difícil para os negócios desde o fechamento do Lorenzo Bistrô, em 2019. De 2022 para cá, já estiveram por lá o Malkah, o Gabriela Gourmet e o Belê, dos mesmos donos. O último apostava em comida regional brasileira com novas roupagens.

+ Breakfast Weekend chega ao Rio com café da manhã a partir de R$ 34,90

A cena dos bares também sofreu perda sentida pelos clientes, que foram pegos de surpresa com a notícia, na segunda (30), de que a Liga dos Botecos estava fechando as portas depois de 6 anos de atividades. Uma nota no Instagram informou que “os bares que se juntaram nessa Liga querida continuam funcionando em seus locais originais, e quem ficar com saudades vem de delivery pra aproveitar nossos pratos em sua casa”. A Liga foi uma união de Botero, Bar do Momo, Cachambeer e Bar da Frente, com seus pratos e petiscos no endereço, agora fechado, da Rua Álvaro Ramos, 170.

Compartilhe essa matéria via:

Na Cinelândia, um clássico de quase 80 anos também não resistiu, infelizmente, e fechou as portas levando uma parte da história do Centro. Citada na letra de samba Ladrão de Galinha, do compositor Nei Lopes, e frequentada, nos áureos tempos, por figuras como o poeta Ferreira Gullar e o sambista João Nogueira, a Spaghettilândia encerrou as atividades na Rua Álvaro Alvim, e uma placa na porta anuncia: “Vende-se”. Eram famosos os pratos enormes de massas variadas, assim como os bifes à milanesa e a figura generosa do dono, Seu Serafim.

Outro que encerou sem alarde as atividades foi o ponto do restaurante Itacoa, no Rio Design Leblon. A casa criada pelo chef Rafa Gomes, que também funciona em Paris, o endereço onde tudo começou, continua em atividade na matriz carioca do Shoping Village Mall. Paulo Pacheco, presidente do grupo BFW, dono do restaurante, afirma: “Foi um fechamento estratégico, já que o shopping irá passar por uma obra significativa. Resolvemos nos antecipar para que esse momento seja feito com tranquilidade, e nada impede que após a reformulação nós possamos ocupar um outro espaço no local”.

Publicidade

Fonte:

Comer & Beber – VEJA RIO
Posted on

Península de Setúbal, paraíso dos vinhos de mar de montanha

Nenhuma outra região de Portugal é tão rica e variada em termos geográficos, com planícies, serras e encostas, rios (como o Sado e o Tejo) e o oceano Atlântico.

 

Localizada logo ao sul de Lisboa, a cerca de 50 km da capital portuguesa, ou cerca de 45 minutos de carro, a Península de Setúbal é uma das regiões vinícolas mais antigas, não só de Portugal, mas de toda a Península Ibérica. Aqui foram plantadas as primeiras vinhas em 2000 a.C. Engana-se, contudo, quem achar que a Península de Setúbal (PS) parou no tempo. É de lá que hoje saem alguns dos melhores e mais modernos vinhos de Portugal, tintos, brancos, rosados e, a “cereja do bolo”, o néctar Moscatel de Setúbal.

 

A península é dividida em 13 concelhos (assim mesmo, com “c”), mas seus quase oito mil hectares de vinhedos concentram-se em três deles, Setúbal, Palmela e Montijo. Os vinhos de IG (Indicação Geográfica) Península de Setúbal podem ser produzidos em todo o distrito de Setúbal e são tintos, brancos rosados e espumantes, enquanto a DO Setúbal, regulamentada em 1908 abrange os concelhos de Setúbal, Palmela, Sesimbra e Montijo e é exclusiva para produção de vinhos generosos (Moscatel de Setúbal).

 

Os tintos brilham na DO Palmela, regulamentada em 1989, que abrange os mesmos concelhos da DO Setúbal – são os tintos mais tradicionais da região, com mínimo de 67% da variedade Castelão. A Castelão é uma das uvas mais plantadas de Portugal, e é daqui, de Palmela, que saem os melhores exemplares desta casta no mundo. Aqui, indicaria que na DO Palmela, apesar do tinto ser mais conhecido, também produz outros tipo de vinho.

 

A produção total de vinhos na região ronda os 50 milhões de litros, colocando a PS como a 6ª maior região de Portugal em volume. Em 2023 foram certificados com D.O. Setubal e D.O. Palmela, um total de 5,8 milhão de litros, e com IGP Península de Setúbal, mais de 35 milhões de litros. Neste ano a PS exportou para o Brasil quase 1,3 milhão de litros de vinho.

 

Os solos variam bastante, com argilo-calcários nas zonas mais altas (100-500 metros, onde o clima é mais ameno) – zona ideal para os moscatéis; e solos arenosos nas planícies mais cálidas, zona ideal para os tintos mais encorpados, da uva Castelão. Esta casta, antes conhecida como Periquita, domina, de longe, os plantios de tintas na região, com cerca de 43% dos vinhedos, seguida de Syrah, Alicante Bouschet,  Aragonez, Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon. Nas brancas, como esperado, o domínio é da Fernão Pires, seguinda da Moscatel de Setúbal e Arinto.

Continua após a publicidade

O enoturismo na Península de Setúbal oferece uma experiência única para os amantes do vinho, combinando a rica tradição vinícola da região com paisagens deslumbrantes e uma herança cultural fascinante. Algumas visitas são obrigatórias, como a Quinta da Bacalhôa, as caves da José Maria da Fonseca, o Castelo de Palmela, o Parque Nacional da Arrábida, o mercado do Livramento, sem esquecer das praias da região e um passeio de barco pelo estuário do rio Sado, onde com sorte podem-se ver golfinhos.

 

Estive recentemente na região onde provei quase 200 vinhos. Selecionei alguns que destaco à seguir.

 

VINHOS DE DESTAQUE

BRANCOS

Adega de Pegões Colheita Seleccionada branco 2022, Adega de Pegões

Continua após a publicidade

Arinto, Antão Vaz, Verdeho e Chardonnay, com 4 meses em barrica. Aroma de bom ataque, com muita fruta, abacaxi, pêssego, madeira integrada, amanteigados, especiarias, baunilha. Paladar de bom corpo, acidez muito boa a integrada à madeira, textura macia, longo, elegante e equilibrado

NOTA: 91 pontos

 

António Saramago Chardonnay 2019

Chardonnay 100%, fermentado em barricas. Aroma que remete à Borgonha, com finos tostados, amanteigados, fruta madura sem deixar de ter frescor, abacaxi, pêssego em calda. Paladar de bom corpo, 13,5% de álcool, ótima acidez, muito bem proporcionado, refinado.

Continua após a publicidade

NOTA: 93 pontos

 

Herdade do Portocarro Partage Sercial 2019

100% Sercial. Aroma intenso e tropical, com notas de manga, maçã verde, baunilha, fundo mineral. Paladar encorpado, com bastante textura, alguma doçura, contrabalanceada com acidez alta, uma ponta de taninos, apenas 12% de álcool, toque de amargor agradável no fim de boca. Diferente, impactante, excelente.

NOTA: 94 pontos

 

 

ROSÉ

Continua após a publicidade

Herdade da Comporta rosé 2022,

Castelão, Syrah, Touriga Nacional. Aroma elegante e delicado, floral e frutado, notas de cereja, violetas. Paladar leve e macio, com bastante textura, longo. Um rosé com personalidade e finesse.

NOTA: 92 pontos

 

 

 

TINTOS

Continua após a publicidade

Palmela Grande Reserva 2017, Adega de Palmela

70% Castelão, Syrah, Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon, com passagem por madeira. Aroma intenso e complexo, com bastante madeira bem casada com fruta bem madura, muitas especiarias, cereja preta, baunilha, tostados, defumados, cravo, alcaçuz. Paladar encorpado, boa extração, boa estrutura de taninos doces, acidez equilibrada. Conjunto complexo, elegante e expressivo.

NOTA: 92 pontos

 

ASF Reserva 2019, Fernão Pó

70% Tannat, 30% Touriga Nacional. Aroma elegante, com fruta bem definida, nota de morango, ameixa, madeira muito discreta, com tostados finos e baunilha. Paladar de bom corpo, taninos doces de bom volume e estrutura e boa acidez, 14,5% de álcool, equilibrado, com algum finesse e potencial para uns 10 anos de guarda ao menos.

NOTA: 92 pontos

 

Periquita Superior 2017, José Maria da Fonseca

Aroma expressivo, onde madeira e fruta estão juntas, com tostados, amora, ameixa, cacau amargo. Paladar encorpado, boa estrutura de taninos presentes, acidez muito boa, longo e gastronômico. NOTA: 93 pontos

 

Herdade da Arcebispa Grande Escolha Syrah 2019

100% Syrah. Aroma de fruta madura bem delineada, balsâmicos, madeira bem presente mas bem integrada. Paladar encorpado 15% de álcool, muitos taninos, finos e doces, textura macia, acidez equilibrada, com boa complexidade profundidade e finesse

NOTA: 94 pontos

 

Herdade Espirra Palmela Reserva 2018

Castelão de vinhas velhas. Aroma com um pouco mais de carvalho novo, além das frutas maduras, vermelhas e negras, defumados, cedro, algo de trufa negra. Paladar encorpado, boa estrutura de taninos da fruta e sente-se os taninos da madeira, com boa acidez, 13,5% de álcool, longo, ainda longe de seu apogeu.

NOTA: 94 pontos

 

Coleção de Família 2019, Quinta do Piloto

Castelão de vinhas velhas. Aroma elegante, complexo, bastante madeira, mas muito integrada, nota de resinas, alcatrão, especiarias, cedro, geleias. Paladar com extração, firme nos taninos e acidez, 14% de álcool, vai evoluir muito. Grande Castelão.

NOTA: 94 pontos

 

Trois Castelão 2016

Fermentado em ânforas de concreto e estagiado em barricas. Aroma com fruta fresca na frente, algo mineral, madeira coadjuvante, chocolate, tabaco, balsâmicos. Paladar de boa estrutura, de acidez ainda bem presente, taninos finos, ainda muito jovem, tem acidez para crescer muito ainda. Tem estrutura e finesse.

NOTA: 95 pontos

 

Leo d’Honor 2015, Ermelinda Freitas

100% Castelão com 60 anos. Aroma complexo e elegante, rico e expressivo, com frutas negras e vermelhas, cereja madura, amoras, muita especiaria, nota de terra, bosque húmido, balsâmicos. Paladar encorpado, firme estrutura de taninos finos ainda presentes, boa acidez, tem camadas de sabor, profundidade. Um grande Castelão.

NOTA: 95 pontos

 

Quinta da Bacalhôa Centenarium 2015

Cabernet Sauvignon, Merlot, Petit Verdot. Aroma complexo, com bastante madeira, frutas bem maduras, couro, bosque húmido, musgo, ameixas, cassis, madeira com muito finesse, tosta fina. Paladar encorpado, com madeira aparecendo no palato, taninos de bom volume, com finesse e volume, acidez, construído para longa guarda.

NOTA: 95 pontos

 

Pegos Claros Palmela Grande Escolha 2017

100% Castelão, vinhas de 100 anos. Aroma com fruta doce, cereja preta, passas, terra. Paladar de bom corpo, macio, aveludados, taninos finos, acidez equilibrada, pronto e expressivo, e por seu equilíbrio diria que com ótimo potencial de guarda. Elegante e delicioso, com finesse

NOTA: 96 pontos

 

 

MOSCATÉIS

Moscatel  de Setúbal 30 anos, Venâncio da Costa Lima

Aroma rico, complexo, geleia de laranja, tâmaras, flores maceradas, balsâmicos. Paladar doce e ainda mantendo um belo frescor, muito longo, grande densidade.

NOTA: 95 pontos

 

Moscatel de Setúbal 20 anos, Sociedade Vinícola de Palmela

Aroma bastante terciário, notas de frutas secas, notas medicinais, iodo, geleias, mel. Paladar doces, ainda com ótimo frescor, complexo e com camadas, excepcional.

NOTA: 96 pontos

 

Excelent Moscatel de Setúbal Single Cask, Horácio Simões

Feito com uma única barrica da safra 1979. Cor âmbar mais escuro. Aroma delicado, não tão exuberante, mas muito elegante e com complexidade. Paladar doce mas com uma acidez excelente, um vinho completo.

NOTA: 97 pontos

 

Quadraginta Moscatel de Setúbal 1998, José Maria da Fonseca

Fortificado com 50% Armagnac e 50% Cognac. Cor âmbar ainda com matizes rubi e verdeais! Aroma que invade as papilas, com incrível combinação de frescor e complexidade, nota-se o Armagnac-Cognac, absolutamente integrados, aroma muito elegantes, muito finos, de compota, frutos secos, mel, frutas cristalizadas. Paladar doce, acidez refrescante, denso, gruda na boca. Impressiona pelo finesse e acabamento impecável.

NOTA: 100 pontos

 

Publicidade

Fonte:

Comer & Beber – VEJA RIO
Posted on

Breakfast Weekend chega ao Rio com café da manhã a partir de R$ 34,90

O Breakfast Weekend estreia no Rio e o nome já diz tudo: mais de 25 estabelecimentos oferecendo opções de cafés em bufês e combos com descontos. O evento, que ocorre em São Paulo desde 2021, oferece experiências com preços em diferentes níveis: R$ 34,90, R$ 44,90, R$ 54,90, R$ 84,90 e R$ 129,90.

+ Vai encarar o ‘sober october’? 7 drinques sem álcool para provar no Rio

Participam da primeira edição na cidade do Rio os hotéis Grand Mercure Rio Copacabana; Santa Teresa MGallery; Regina; Intercity Porto Maravilha; Novotel Rio Barra da Tijuca; Riale Imperial Flamengo; Selina Lapa; e Venit + Mio Barra, entre outros. E lugares como Metiers Café; La Bicyclette; Coffeetown Barra Shopping; Padelli Panetteria; e Esquina du Café.

Compartilhe essa matéria via:

Aqueles que servem cafés da manhã com sistema de bufê vão destacar uma de suas especialidades para o festival. Os demais oferecerão ao menos dois menus fixos, para uma ou mais faixas de preço.

Continua após a publicidade

O evento vai até o dia 27 de outubro, e outras informações podem ser consultadas no site: https://www.breakfastweekend.com.br.

BAIXE O APP COMER & BEBER E ESCOLHA UM ESTABELECIMENTO:

IOS: https://abr.ai/comerebeber-ios
ANDROID: https://abr.ai/comerebeber-android

Publicidade

Fonte:

Comer & Beber – VEJA RIO
Posted on

Vai encarar o ‘sober october’? 7 drinques sem álcool para provar no Rio

Está todo mundo preparado para passar o mês de outubro sem beber? É a ideia do Outubro Sóbrio, movimento que surgiu em organizações de Austrália, EUA e Reino Unido com o objetivo de gerar benefícios à saúde, ajudar pessoas com alcoolismo e arrecadar doações para instituições filantrópicas. De quebra, vem a ideia de preparar o corpo para as festas de fim de ano.

+ Quem é o único pizzaiolo do Rio na lista dos 100 melhores do mundo

Para quem não abre mão de bebidas como cervejas e drinques, é a hora de lembrar que existem boas versões sem álcool em ambos os casos, e hoje é difícil encontrar uma carta na cidade que não acene com opções de mocktails, os coquetéis feitos sem bebidas alcoólicas.

Compartilhe essa matéria via:

Áriz

Tomás Vélez
Áriz: frutas vermelhas, tônica, gengibre e manjericãoTomás Vélez/Divulgação

No Áriz, do Leblon, entre as opções do mixologista Pretinho Cereja para a casa, há sugestões como o Ariza (R$ 25,00), feito com frutas vermelhas, tônica, gengibre e manjericão. A casa ainda oferece o Viva a Vida (R$ 25,00), preparado com Monin Tangerina, limão, tônica e espuma de gengibre. Rua Dias Ferreira, 50, Leblon, tel.: 96458-0593.

Cantina da Praça

A nova carta da Cantina da Praça, assinada pelo mixologista Roberto Torres, também retira o álccol de pedidas como o Benvenuto (R$ 22,00), que é gaseificado e leva limão siciliano, mel com camomila e baunilha. Rua Jangadeiros, 28, Ipanema, tel.: 3258-9540.

Continua após a publicidade

Liz Cocktail & Co

Liz: drinque da casa leva cerveja Heineken zero
Liz: drinque da casa leva cerveja Heineken zero./Divulgação

O premiado Liz Cocktail & Co, por sua vez, oferece opções a exemplo do Like a Real Virgin (R$ 21,00), feito com Ginger Ale, shrub de morango, abacaxi e laranja. Há ainda o Below Zero (R$ 21,00), com cerveja Heineken zero, abacaxi, limão taiti e hortelã. Rua Dias Ferreira, 679-A, Leblon, tel.: 98224-3611.

Xepa Bar

Xepa: variadas composições sem álcool na carta
Xepa: variadas composições sem álcool na carta./Divulgação

Em Botafogo, o Xepa Bar tem série de sete mocktails à escolha, em casos como o Ma Mo, de soda artesanal com infusão de maracujá e morango (R$ 14,00), e o Mela Bau, feito de soda artesanal com infusão de melancia e baunilha (R$ 14,00). Rua Arnaldo Quintela, 87, Botafogo, tel.: 99869-4769.

Hatch

.
Hatch: mix de limões, xarope de gengibre e chá de hibisco./Divulgação

No japonês Hatch, do Botafogo Praia Shopping, o Tropical Hatch é feito com mix de limões, xarope de gengibre e chá de hibisco (R$ 25,00). Praia de Botafogo, 400, 5º piso.

Babbo Osteria

Rodrigo Azevedo
Babbo Osteria: o Olivia traz soda artesanal e floresRodrigo Azevedo/Divulgação

Na carta de drinques de Paula Diniz, chefe de bar da Babbo Osteria, há uma seleção de receitas sem álcool a exemplo do Olivia (R$ 25,00), que leva soda artesanal de morango e flores; e do Tiki Mate (R$ 17,00), mate da casa com suco de abacaxi e xarope de especiarias. Rua Barão da Torre, 632, Ipanema.

Continua após a publicidade

Nosso

Tales Hidequi
Nosso: tônica, hortelã e sicilianoTales Hidequi/Divulgação

Já o Nosso, em Ipanema, serve um coquetel sem álcool feito com água tônica, hortelã e limão siciliano. É o Westside (R$ 22,00), criação do chefe de bar Daniel Estevan. É bom lembrar que os drinques clássicos da casa podem também ser feitos sem álcool, se o cliente assim desejar. Rua Maria Quitéria, 91, Ipanema.

BAIXE O APP COMER & BEBER E ESCOLHA UM ESTABELECIMENTO:

Continua após a publicidade

IOS: https://abr.ai/comerebeber-ios
ANDROID: https://abr.ai/comerebeber-android

Publicidade

Fonte:

Comer & Beber – VEJA RIO
Posted on

Quem é o único pizzaiolo do Rio na lista dos 100 melhores do mundo

O chef Pedro Siqueira, da Ella Pizzaria, é o 79º colocado no ranking The Best Pizza Top100, divulgado na segunda (30), em Milão, na Itália. A lista traz os melhores pizzaiolos do mundo a cada ano, como braço da The Best Chef Awards, organização que ranqueia os 100 melhores chefs. Único representante do Rio a figurar na lista dos 100, Pedro está à frente da pizzaria que lhe valeu a condecoração, no Jardim Botânico, e da Massa Trattoria, no Leblon.

+ Dia Internacional do Café: 5 lugares no Rio para apreciar bons grãos

Três outros brasileiros aparecem no ranking de 2024: Fellipe Zanuto (42º), que está à frente de A Pizza da Mooca, em São Paulo; Matheus Ramos (56ª), que nasceu no Rio e comanda o paulistano QT Pizza Bar; e Dani Branca (72º), pizzaiolo da Soffio Pizzeria, também da capital paulista.

Compartilhe essa matéria via:

A Ella Pizzaria foi uma das primeiras no Rio a reunir boa coquetelaria a pizzas de estilo napolitano e bordas altas, em ambiente aconchegante de frente para o Jardim Botânico, na Rua Pacheco Leão. Entre as redondas individuais, a margherita 2.0 leva molho de tomate, scamorza de búfala, tomate cereja, manjericão e grana padano (R$ 67,00).

O prêmio Best Chef Awards foi criado pelo casal formado pela neurocientista polonesa Joanna Slusarczyk, e o gastrônomo italiano Cristian Gadau, que reuniram comunidade on line para votar em suas listas pela internet.

+ Para receber VEJA RIO em casa, clique aqui

Continua após a publicidade

A votação final do The Best Pizza Awards conta com votos dos próprios integrantes da lista e de um grupo de profissionais da área. Os votos ocorrem em pesquisa na internet, onde cada pessoa pode escolher 10 chefs de uma lista pré-selecionada, e dar pontos de 10 a 100. Os chefs não podem votar em si mesmos.

BAIXE O APP COMER & BEBER E ESCOLHA UM ESTABELECIMENTO:

IOS: https://abr.ai/comerebeber-ios
ANDROID: https://abr.ai/comerebeber-android

Continua após a publicidade

Publicidade

Fonte:

Comer & Beber – VEJA RIO
Posted on

Dia Internacional do Café: 5 lugares no Rio para apreciar bons grãos

Cirandaia

O Cirandaia é um lugar para se relaxar, seja no balcão dos baristas ou no charmoso mezanino, onde os grãos variados vão às mesas em potinhos para os clientes conhecerem seus aromas e descrições. São moídos e preparados em métodos como o Chemex (R$ 14,00, 200 mililitros; R$ 25,00, 400 mililitros). O café está também mesclado ao chocolate na ganache do imperdível bolo de cenoura (R$ 16,90), entre sanduíches e quitutes caseiros doces e salgados. Rua Voluntários da Pátria, 416, Botafogo, tel.: 3798-8376.

Cirandaia: café com bolo à perfeição em Botafogo
Cirandaia: café com bolo à perfeição em BotafogoInstagram/Reprodução

+ Flores no prato: a primavera inspira cardápios em restaurantes da cidade

Continua após a publicidade

So_Lo

Uma seleção irresistível de bons produtos brasileiros artesanais, vegetais orgânicos, cafés especiais e cozinha caprichada faz do So_Lo uma experiência justamente aplaudida. Trabalhando com grãos da Serra da Mantiqueira, selecionados e torrados pela Tocaya, a casa tem expressos e coados no Hario V60 (R$ 18,00), e bebidas como o iced coffee com limão, mel e expresso (R$ 24,00). O waffle com caramelo salgado (R$ 28,00) acompanha todos à perfeição. Rua Garcia d’Avila, 147, Ipanema. Rua Ataulfo de Paiva 1120, Leblon. WhatsApp: (21) 99380-8621.

So_Lo: café especiais e delícias como o waffle com caramelo salgado
So_Lo: café especiais e delícias como o waffle com caramelo salgadoInstagram/Reprodução
Compartilhe essa matéria via:

Artesanos Bakery

Ao lado da vasta panificação e cafés da manhã completos (as pizzas chegam de noite), a Artesanos faz bonito também no café: Ricardo e Mariana, os donos da casa, participaram da colheita dos grãos na Serra do Caparaó, produzidos pela Família Protázio, e servem bebidas tentadoras como o capuccino de doce de leite (R$ 17,00), que pode e deve acompanhar o ótimo croissant da casa (R$ 12,00). Rua São João Batista, 26, Botafogo. WhatsApp (21) 99467-1111. Avenida Genaro de Carvalho, 1435, Recreio. WhatsApp: (21) 96691-0169.

Continua após a publicidade

Café ao Leu: um pequeno templo dedicado à bebida
Café ao Leu: um pequeno templo dedicado à bebidaInstagram/Reprodução

Café ao Leu

Dedicado de forma integral ao café de alta qualidade, a pequenina loja de Copacabana oferece uma vasta seleção de grãos sob a curadoria de Leonardo Gonçalves, que também planta, colhe, torra e serve seu café. O filtrado da casa tem tamanhos G (R$ 10,00) e P (R$ 7,00), e há diferentes grãos a cada dia para a escolha em métodos como Hario V 60 e Aeropress (ambos a R$ 20,00). Estão também disponíveis para levar, como o blend Melhor Que Chocolate, de grãos mineiros do Caparaó (R$ 42,00, 250 g). Rua Almirante Gonçalves, 50, Copacabana. WhatsApp: (21) 99886-9833.

Continua após a publicidade

Coffee Five

O balcão no Centro que tem na direção o barista e professor de café, Emerson Nascimento, é também torrefação e uma referência na cidade. O cardápio de bebidas à base de café é grande, incluindo seção de drinques alcoólicos e outras como o choccoccino, feita com cacau 50%, café e leite vaporizado (R$ 19,00). O iced latte leva café, gelo e leite gelado (R$ 16,00). Rua da Quitanda, 86, Centro.

Coffee Five: choccoccino está na lista das bebidas com café
Coffee Five: choccoccino está na lista das bebidas com caféInstagram/Reprodução

BAIXE O APP COMER & BEBER E ESCOLHA UM ESTABELECIMENTO:

IOS: https://abr.ai/comerebeber-ios
ANDROID: https://abr.ai/comerebeber-android

Publicidade

Fonte:

Comer & Beber – VEJA RIO
Posted on

Além de Carmenere e Cabernet Sauvignon: conheça o grande Syrah feito no Chile

No mundo do vinho, alguns países são associados à produção de algumas uvas. No Chile, os principais rótulos são feitos com Cabernet Sauvignon, muitos deles à exemplo dos grandes vinhos de Bordeaux, na França. Há também uma importante produção de Carmenère, uva muito querida pelos consumidores brasileiros. Mas há muito mais, é claro. Prova disso é Pangea, da vinícola Ventisquero, feito exclusivamente com a também francesa Syrah, que acaba de completar 20 anos da primeira safra lançada.

Em visita ao Brasil, o enólogo-chefe da Ventisquero, Felipe Tosso, conta que Pangea nasceu da vontade do fundador, Gonzalo Vial Vial (1930-2024), ou Don Gonza, como era chamado, de explorar regiões e vinhedos fora do óbvio. Com a consultoria de Aurélio Montes, da Viña Montes, comprou propriedades em Apalta, de onde vem o Pangea. Hoje, produz em outras regiões extremas, como o Atacama.

Parte do apelo de Pangea vem da região. Apalta fica no Vale de Colchagua, banhada pelo rio Tinguiririca, perto da Cordilheira dos Andes. É um local de vinhedos muito antigos, alguns plantados em 1865. As vinhas usadas no rótulo da Ventisquero, no entanto, são bem mais recentes, de 1999. Para elaborar o vinho, Tosso contou com a ajuda do enólogo australiano John Duval, especialista na uva Syrah – ou Shiraz, como é chamada por lá – que trabalhou durante anos com o ícone Penfolds e hoje tem um projeto pessoal. “Os primeiros anos foram difíceis. A colheita, a poda… Não tínhamos tanto conhecimento como temos agora”, diz Tosso. Os 10 hectares de vinhedos estão localizados a 1.300 metros de altitude, o que dificulta o trabalho.

A primeira safra foi em 2004. A produção foi pequena, de apenas oito mil garrafas, que chegaram ao mercado em 2006. Hoje, restam poucos exemplares, guardados pela família. Mas há mais exemplares da 2005, a primeira que Duval queria lançar oficialmente por considerar que estava mais “pronta”. Degustado hoje, o vinho mostra sinais de evolução, com notas de couro, mas ainda está muito vivo, com muita fruta, boa acidez e uma textura muito elegante.

Continua após a publicidade

Nos primeiros 15 anos, o método de produção não sofreu grandes mudanças. No início, usavam barricas de carvalho francês novas, e o vinho passava até 22 meses nelas, além de outros 12 meses em garrafa. “Naquela época também chovia mais, e as parreiras eram mais jovens”, diz Tosso. Com o tempo, o vinho passou por algumas mudanças no processo de vinificação, com a adoção de técnicas mais modernas. Hoje, passa por barricas maiores, os chamados foudres. “É impossível não mudar”, afirma Tosso. “Mas há um caráter linear em Pangea”.

Ventisquero
Felipe Tosso, enólogo-chefe da vinícola e responsável pelo Pangea –Ventisquero/Reprodução

Com o tempo, Tosso e seu time também passaram a conhecer mais o próprio vinhedo. O especialista chileno em terroir Pedro Parra foi chamado para analisar o solo. E descobriu-se que há três extratos diferentes. Um deles, de granito com argila avermelhada, nem sempre é ideal para a produção de Pangea, mas nos anos mais secos fornece mais água. Outro extrato é composto por depósitos minerais como quarto e ferro típico dos solos de Apalta. “É um solo pobre, com muita pedra”. E outro, mais “normal”, com argila e granito. Em 2018, a região passou a contar com uma D.O. (Denominação de Origem). Mas Tosso conta que as safras são muito diferentes. “Em anos quentes, a colheita pode acontecer até um mês antes, para garantir o frescor”, diz.

A degustação de safras distintas, como 2008, em que a produção foi um pouco mais baixa e a Syrah ficou mais concentrada, ou 2011, um ano frio em que o frescor é perceptível no vinho, deixa claro o potencial da casta na região. “Há muitos rótulos feitos com Cabernet Sauvignon porque se trata de um porto seguro”, afirma Tosso. “A Syrah me encanta porque tem muita fruta, taninos mais finos e uma acidez menos marcada”, diz. A Ventisquero é a principal produtora de Syrah na região, mas outros viticultores também decidiram seguir o exemplo e apostar além do onipresente Cabernet Sauvignon.

Publicidade

Fonte:

Vinho – VEJA
Posted on

Como a Filosofia Orgânica, a Ciência e Viticultura de Precisão Estão Mudando o Mercado

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

Getty Images

Getty Images

As vinícolas de Mendoza, na Argentina, sofrem com a pouca ocorrência chuva e dependem da água das montanhas dos Andes

À medida que a sustentabilidade passa de um ponto de discussão para um foco central em todas as indústrias, os produtores de vinho enfrentam um momento crucial em que a tradição se cruza com a inovação. No último ano, a Argentina, um dos principais produtores de vinho das Américas, tem visto um aumento crescente no número de vinícolas certificadas em sustentabilidade, com o apoio da Wines of Argentina (WofA).

O país experimentou um crescimento significativo em seu mercado de vinho nos últimos anos, conforme relatado pela Statista. Em 2024, espera-se que o mercado de vinho da Argentina gere US$ 2,83 bilhões (R$ 15,6 bilhões na cotação atual) em receita doméstica e US$ 2,17 bilhões (R$11,9 bilhões) em vendas externas. O mercado deve crescer 7,88% entre 2024 e 2029, adicionando um volume de US$ 4,13 bilhões (R$ 22,6 bilhões) até 2029.

Leia também

Um exemplo desse movimento é o Grupo Avinea, um dos principais produtores de vinho da Argentina, que tem dado passos significativos em direção à sustentabilidade. À medida que a indústria enfrenta os desafios das mudanças climáticas e da gestão de recursos, a liderança da companhia se destaca por seu compromisso com a viticultura orgânica e a administração ambiental.

Um dos pilares dos esforços de sustentabilidade do grupo é a produção orgânica. “Para nós, a produção orgânica está alinhada com nossa filosofia de vinificação, que é centrada na produção de vinhos que refletem a pureza da fruta e o terroir único de cada local”, diz Andrés Valero, chefe de sustentabilidade do Grupo Avinea, à Forbes. “Embora as condições climáticas favoráveis, como chuvas limitadas e luz solar intensa, contribuam para a saúde das plantas, elas sozinhas não são suficientes para garantir uma viticultura orgânica bem-sucedida”.

De acordo com o executivo, “é essencial explorar e mapear o perfil do solo e selecionar cuidadosamente a estrutura de plantio apropriada, incluindo porta-enxertos e videiras, para uma viticultura de precisão. Esse conhecimento, combinado com práticas agroecológicas e estudos de biodiversidade, nos permite produzir vinhos em harmonia com o meio ambiente”.

Juan Pablo Murgia, enólogo chefe do Grupo Avinea, destaca a importância crítica de entender o perfil do solo e selecionar estruturas de plantio apropriadas para alcançar uma viticultura orgânica bem-sucedida. Essa abordagem, combinada com práticas agroecológicas e estudos de biodiversidade, possibilita que os vinhedos prosperem em harmonia com o meio ambiente.

Getty Images

Getty Images

No último ano, a Argentina tem visto um aumento crescente no número de vinícolas certificadas em sustentabilidade

“A junção da filosofia orgânica com a ciência e a viticultura de precisão detalhada realça o perfil dos vinhos por meio das forças naturais do terroir. Essa forma permite a aplicação a cada vinhedo sob o conceito de parcialização e micro-terroir, respeitando a identidade de cada pedaço de solo, sua heterogeneidade, diversidade e impacto em cada pequena área do vinhedo”, diz Murgia.

O Grupo Avinea também implementou práticas rigorosas na gestão da água para garantir a sustentabilidade. Em Mendoza, região que recebe pouca chuva e depende fortemente da água das montanhas dos Andes, a empresa instalou sistemas de irrigação por gotejamento e estações meteorológicas para otimizar o uso da água.

“A água é crucial para o desenvolvimento de qualquer projeto agrícola e industrial”, afirma Valero, enfatizando a importância de planos de irrigação personalizados e do reaproveitamento da água na vinícola para conservar recursos. “Dentro da vinícola, a maior parte do uso da água é para saneamento. Monitoramos o consumo diário de água e reutilizamos soluções de limpeza até cinco vezes. Após o uso, todo o efluente é recondicionado em nossa estação de tratamento de água e utilizado para irrigar cinco hectares de cultivos”.

Siga a Forbes no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida

A eficiência energética é igualmente crucial nas operações do Grupo Avinea. A empresa tem se destacado na medição do consumo de eletricidade em tempo real e na implementação de planos de eficiência em suas operações. Essas iniciativas não só reduzem a pegada ambiental, mas também aumentam a eficiência geral da produção.

O Grupo Avinea também membro fundador do Sustainable Wine Roundtable (SWR), uma colaboração global com o objetivo de promover a sustentabilidade em todo o setor de vinho. Valero enfatiza a importância da cooperação para alcançar o desenvolvimento sustentável.

“Foi essencial criar uma plataforma para compartilhar melhores práticas e estabelecer políticas e padrões que pudessem ser universalmente adotados por produtores de vinho, distribuidores, importadores e vendedores”, diz ele. “Em um curto espaço de tempo, o SWR ajudou a abordar questões como o peso das garrafas, apresentando um roteiro claro e estabelecendo benchmarks de sustentabilidade para a indústria. Notavelmente, o trabalho realizado nesse sentido influenciou o aprimoramento do protocolo de sustentabilidade para o desenvolvimento da indústria vinícola argentina”.

Um dos objetivos mais ambiciosos da Bodega Argento, maior produtora de vinho orgânico da Argentina e uma das marcas sob o grupo Grupo Avinea, é sua busca para se tornar uma vinícola zero resíduo. A vinícola atualmente reutiliza ou recicla 97% de seus resíduos, com a meta de aumentar esse número para 99% dentro de cinco anos.

A empresa também está explorando materiais de resíduos alternativos que tenham impactos sociais positivos e colaborando com organizações para melhorar seus fluxos de reciclagem. “Adotar práticas sustentáveis na vinificação é tanto uma escolha responsável quanto uma vantagem estratégica”, afirma Valero. “Para os produtores de vinho na Argentina e no mundo que buscam aprimorar seus esforços de sustentabilidade, a transição não acontece da noite para o dia. Muitos provavelmente já incorporaram algumas práticas sustentáveis sem reconhecê-las como tal”.

Por meio dessas iniciativas, o Grupo Avinea assume a posição de líder em viticultura sustentável e visa estabelecer um padrão para a indústria global da bebida.

“É crucial mapear ou avaliar quais questões de sustentabilidade são essenciais para a região e identificar as forças existentes”, diz Valero. “Referenciar protocolos estabelecidos para a área pode ajudar a identificar quais práticas são mais acessíveis. Em outras palavras, você pode começar pequeno, mas com um objetivo claro em mente”.

* Rachel King é colaboradora da Forbes EUA. Escrever sobre produtos de luxo, vinhos, viagens e tecnologia. Também é colaboradora da Observer, Robb Report, Fortune, Fast Company, Insider, CNET e CBS News.

Escolhas do editor

O post Como a Filosofia Orgânica, a Ciência e Viticultura de Precisão Estão Mudando o Mercado apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Fonte:

Conteúdos e Notícias sobre vinhos na Forbes Brasil
Posted on

Economia, sustentabilidade e aproveitamento de recursos: vinho e azeite se misturam, sim

A natureza nos brinda com exemplos de simbiose únicos, alguns, inclusive, fazem-se refletir em harmonizações gastronômicas excepcionais. Neste diapasão, encontramos a perfeita harmonia entre o vinho e o azeite, que começa desde o cultivo e segue até a mesa. Produzir vinho e azeite na mesma terra é uma prática antiga em várias regiões do Mediterrâneo, onde o clima e o solo favorecem o cultivo da videira e da oliveira. Essas culturas complementares têm sido mantidas ao longo dos séculos, especialmente em Portugal, Itália, Grécia e Líbano, criando tradições ricas e uma abordagem sustentável para o uso da terra.

Há muitas vantagens de produzir o vinho e o azeite na mesma terra. O aproveitamento de recursos naturais propicia que tanto as videiras quanto as oliveiras prosperem em solos semelhantes, frequentemente áridos e com baixa fertilidade, característicos do Mediterrâneo. O cultivo conjunto permite otimizar o uso da água e dos nutrientes do solo, especialmente em terrenos com pouca água. Sob o ponto de vista econômico, a produção de dois itens de alto valor agregado numa mesma propriedade pode reduzir riscos financeiros, uma vez que as oscilações de mercado de um produto podem ser compensadas pelo outro.

Por seu turno, a combinação das culturas pode contribuir para uma gestão ambiental mais sustentável, reduzindo a erosão do solo e promovendo a biodiversidade. Além disso, as práticas de cultivo sustentável, como a produção orgânica, tendem a ser mais fáceis de implementar quando essas culturas coexistem. Cabe destacar que vinícolas, que também produzem azeite, podem oferecer uma experiência mais completa aos turistas, com degustações de ambos os produtos e visitas guiadas que mostram o processo de produção de vinho e azeite. Importante advertir que se não houver uma gestão cuidadosa, a oliveira e a videira podem competir por água e nutrientes, o que pode afetar negativamente o rendimento de ambas as culturas; também o tempo de colheita e processamento de uvas e azeitonas pode sobrepor-se, exigindo uma logística complexa e maior mão de obra durante certos períodos do ano.

Como declinei acima, regiões antigas sempre adotaram tal prática de cultura paralela e comum. Portugal é um dos maiores produtores de azeite e vinho do mundo, com regiões que combinam essas produções há séculos. Um exemplo é a “Herdade do Esporão”, no Alentejo, que é uma das propriedades mais conhecidas que produz tanto vinhos de renome como azeites de alta qualidade. O clima quente e seco do Alentejo favorece a coabitação dessas culturas. A Quinta do Crasto, no Douro, produz vinhos de excelência, como o Porto, e também azeites premium.

A Itália é o maior produtor mundial de azeite e um dos líderes em vinhos finos, sendo que o “Castello di Ama”** (Toscana), situada na famosa região de Chianti, também cultiva oliveiras e produz azeite virgem extra, combinando a tradição do vinho com a excelência em azeites. A “Frescobaldi”, também na Toscana, é  uma das mais antigas e renomadas vinícolas italianas, que também tem tradição na produção de azeite de oliva. O vinho e o azeite são parte integral da cultura grega desde a antiguidade, e muitas regiões ainda produzem ambos os produtos, como ocorre em Santorini na “Domaine Sigalas” que é conhecida pelos seus vinhos brancos, especialmente de Assyrtiko, a vinícola também produz azeite extra virgem na bela ilha vulcânica do Mediterrâneo; já de Nemea, temos a “Gaia Wines”, que é outra vinícola que combina produção de vinho e azeite, aproveitando o microclima grego.

Por fim, o  Líbano, que  é famoso pelo seu vinho milenar, mas também tem uma forte tradição de cultivo de oliveiras. O “Château Ksara”, do Vale do Bekaa e berço da agricultura libanesa, é uma das vinícolas mais antiga do Líbano e produz vinhos há mais de 150 anos, bem como azeite, aproveitando o clima mediterrâneo do Vale do Bekaa. De Batroun veem os vinhos da  “Ixsir”. Esta vinícola relativamente nova é conhecida pela produção de vinhos de alta qualidade e também cultiva oliveiras, produzindo azeites finos em suas propriedades. A “Ishtar”, que é uma vinícola boutique, a primeira fundada no Norte do Líbano (Bekka fica no sul do país), em Darbechtar, região de Koura, produz vinhos e azeites no mesmo solo e com práticas sustentáveis em ambas as culturas. O nome Ishtar é em homenagem à Deusa do amor, beleza e desejo. A vinícola é comprometida em fazer os melhores vinhos orgânicos do Líbano.

Todos os produtores acima citados estão presentes no mercado nacional e valem ser conhecidos, sendo que estes exemplos mostram como a combinação de vinhas e oliveiras pode ser bem-sucedida em diferentes regiões, cada uma com suas particularidades e desafios. O uso inteligente da terra e a busca por qualidade em ambos os produtos têm gerado excelentes resultados tanto para os produtores quanto para os consumidores. Salut!!!

Fonte:

vinho – Jovem Pan