Posted on

Gruta do Fado trilha novos caminhos na cozinha mediterrânea

O grande painel com imagens de Portugal no salão principal avisa onde mora a essência da casa, mas o momento é de novidades na Gruta do Fado e elas apontam para a Espanha e o Mediterrâneo. Nas mãos do chef Alexandre Henriques, o menu ganhou receitas a exemplo da suntuosa frigideira de frutos do mar (R$ 306,00, para dois), com peixe do dia, camarões, lula e polvo grelhados. 

+ Radar de sabores: feira de vinhos Primeira Taça e outras novidades 

Nas entradas, o carpaccio de filé-mignon (R$ 64,00) homenageia a versão do restaurante Canalha, em Lisboa, com aioli de mostarda de Dijon, alcaparras e batatas fritas crocantes. 

Compartilhe essa matéria via:

O rabo de toro (R$ 147,00) é outra novidade na ala dos principais, com a rabada marinada no vinho tinto e acompanhada por risoto de parmesão e agrião. Taças do tinto português Mármore (R$ 45,00, 150 mililitros) sugerem brindes na varanda agradável. 

Continua após a publicidade

Avenida das Américas, 3900, Barra (120 lugares). 12h/23h (dom. até 22h). @grutadofado.

 

Publicidade

Fonte:

Comer & Beber – VEJA RIO
Posted on

Gato Café renova cardápio com pizzas e doces em formato divertido

O Gato Café renovou seu cardápio de comidinhas criativas, todas na temática da casa. Entre as novidades, pizzas artesanais servidas em tábuas de madeira no formato dos bichanos (foto), como a miaurgherita (R$ 55,90), versão da marguerita, e ronrontella (R$ 49,00), de Nutella. O ronronzinho de banana (R$ 27,90) é um pão fofinho com canela, recheio da fruta caramelizada e queijo derretido. Já o waffle gatíneo (R$ 35,00) pode ser montado ao gosto do freguês, com caldas, frutas frescas, queijos e sorvete. Para beber, o catpuccino ganhou bordas confeitadas de doce de leite ou pistache (a partir de R$ 17,30). Inspirado nos cafés japoneses, o endereço tem uma salinha cheia de felinos de verdade, disponíveis para adoção.

Rua das Palmeiras, 26, Botafogo. 9h/19h (seg. a dom.). @gatocafeoficial.

Publicidade

Fonte:

Comer & Beber – VEJA RIO
Posted on

Caravana do Tejo 2025 chega ao Rio e percorrerá sete capitais brasileiras

Amigos, com orgulho apresento a Caravana do Tejo, em 2025 passará por sete capitais brasileiras: Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba e Vitória.

Em cada cidade, Copello realizará Master Classes com jantares harmonizados, abertos ao público e com ingressos à venda.

A temporada começa aqui 06no Rio de Janeiro, no dia 10 de junho, às 20 horas, na churrascaria Barra Gril (Barra). Os ingressos para o evento já estão disponíveis neste link: https://payfast.greenn.com.br/pre-checkout/117078 .

As próximas cidades, já com datas serão:

– Brasília – 2 de julho, no Don Francisco

– Florianópolis – 14 de agosto, no Rancho Açoriano

Continua após a publicidade

– Vitória-ES – 28 de agostos, na Gran Cave

 

A Caravana do Tejo é uma iniciativa da Comissão Vitivinícola Regional dos Vinhos do Tejo (CVRTEJO), realizada com sucesso há mais de 12 anos, com o objetivo de promover a qualidade dos vinhos da região.

No início de 2025, Copello esteve no Tejo, onde degustou vinhos de 14 produtores para selecionar os rótulos que participarão dos eventos.

Vinícolas participantes:

  1. Adega Coop Almeirim
  2. Adega do Cartaxo
  3. Casa Cadaval
  4. Casal da Coelheira
  5. Companhia das Lezírias
  6. Enoport
  7. Falua
  8. Fiuza
  9. Quinta da Alorna
  10. Quinta da Badula
  11. Quinta da Lapa
  12. Quinta da Ribeirinha
  13. Quinta do Casal Branco
  14. Quinta do Casal Monteiro
Continua após a publicidade

Sobre a Região dos Vinhos do Tejo

Localizada no centro de Portugal, a cerca de uma hora de Lisboa, a Região Vitivinícola do Tejo possui aproximadamente 12.500 hectares de vinhedos. A produção anual chega a cerca de 61 milhões de litros, com 30 milhões de litros certificados em 2023 — números que crescem ano a ano.

Sobre a CVRTEJO

A Comissão Vitivinícola Regional dos Vinhos do Tejo tem se destacado pelo investimento em educação vínica no Brasil. Seus vinhos conquistam prêmios nos principais mercados mundiais. A entidade foi pioneira em ações educativas no Brasil, formando milhares de profissionais e amantes do vinho.

Sobre Marcelo Copello

Reconhecido como um dos maiores especialistas em vinho do Brasil, Marcelo Copello possui mais de 35 anos de carreira. Foi eleito “o mais influente jornalista de vinhos do Brasil” pela revista Meininger’s Wine Business International. É publisher da Revista BACO Wine Report, curador do Rio Wine and Food Festival, colunista de Veja São Paulo, Veja Rio e da Rádio CBN. Embaixador do Le Cordon Bleu, Copello é autor de sete livros premiados em três idiomas e jurado em dezenas de concursos internacionais.

Ingressos para o evento no Rio de Janeiro

  • Data: 10 de junho
  • Hora: 20 horas
  • Local: Barra Grill, Min. Ivan Lins, 314 – Barra da Tijuca
  • Link para compra: https://payfast.greenn.com.br/pre-checkout/117078
  • Valor R$ 290 (1º lote), com rodizio completo, sobremesa, agua, café, 5 vinhos e a aula/palestra
Continua após a publicidade

Contato para Imprensa

Comissão Vitivinícola Regional dos Vinhos do Tejo Rua de Coruche 85, 2080-094 Almeirim, Portugal | NIF 508 379 679 T: +351 243 309 403 | M: +351 966 205 783 E-mail: p.mateiro@cvrtejo.pt Site: www.cvrtejo.pt

Publicidade

Fonte:

Comer & Beber – VEJA RIO
Posted on

Gastronomia (Bruno Calixto): a “Glória” de ter um novo francês em Ipanema

Salão com teto todo espelhado com frases em inglês
Salão com teto todo espelhado com frases em inglêsGuga Lessa/Divulgação

Trio libanês com homus tahine, babaganoush defumado e coalhada seca (R$ 58); nuggets de frango orgânico artesanalmente preparado em crosta dourada, servido com aiolis de wasabi, trufado, dijon com mel e gochujang (R$ 48) e pastrami de black angus defumado e braseado lentamente com especiarias e molho demi glace, escoltado por purê de baroa e saladinha de ervas (R$ 112). Qualquer semelhança com o Oriente Médio ou a Coreia não é mera coincidência. A proposta dos proprietários do novo francês de Ipanema, o Glória, é passear pelos sabores da França a partir do que contribuem os seus imigrantes — lição aprendida e bem executada pelo chef Ignácio Peixoto, que, em respeito ao sinônimo do nome da casa, é uma honra ver de volta ao salão.

Paredes com quadros com fotos de nomes da música,, como George Michael e Sade
<span class=”hidden”>–</span>Guga Lessa/Divulgação
Decoração do bar com inspiração francesa
Decoração do bar com inspiração francesaGuga Lessa/Divulgação

O carro-chefe, conta Peixoto, é o pastrami, que, de tão macio, é cortado à mesa na colher. A impressão digital é do ponto que um dia foi um grego do mesmo grupo, mas antes vêm as entradinhas. Uma delas merece a sua atenção: oeuf mayo (R$ 28), ovo cozido com maionese da casa e croutons. De mais francês ali, defende o chef, é a salada de folhas frescas, tomatinho e uva, amêndoas em lâminas, vinagrete de Dijon, pão tostado e queijo de cabra gratinado (R$ 58). O inusitado fica com os crocantes de abobrinha com toque de limão siciliano e flor de sal (R$ 32).

Continua após a publicidade

“Tem alma, tem charme, tem sinceridade”, diz o restaurateur Leo Rezende.

afsad
Costela que desmancha até com a colherGuga Lessa/Divulgação
Tartare de atum
Tartare de atumGuga Lessa/Divulgação
Continua após a publicidade

É chegada a hora de verificar os pratos principais. Rouba a cena o steak au poivre, mas que, na verdade, tem atum no lugar do corte bovino (R$ 88), selado com molho poivre, alho-poró frito e brócolis salteados. Para quem tem fôlego, ainda cabe indicar o magret selado com molho demi glace, purê de cenoura, cenourinhas glaceadas e farofa crocante de avelã (R$ 116).

“Respeita o clássico, celebra a mistura e traz modernidade”, aposta Ignácio Peixoto.

Tudo dá para compartilhar entre dois ou três, de acordo com o desenho que se deseja imprimir ao momento. Vale tudo no novo Glória; só não vale sair dali sem provar algum dos vinhos sugeridos pelo sommelier (e também gerente) Gustavo Campos, muito bem servidos  — uma turma de craques do salão cujos detalhes evocam Paris.

Continua após a publicidade

Rua Barão da Torre, 340, Ipanema. Segunda a quinta, 12h às 00h. Sexta e sábado, 12h às 1h. Domingo, 12h às 23h. @bistro_gloria  

tarja calixto
<span class=”hidden”>–</span>Arquivo pessoal/Reprodução
Publicidade

Fonte:

Comer & Beber – VEJA RIO
Posted on

Com saudade? Descubra onde comer McFish no Rio

Fora do cardápio oficial do McDonald’s desde 2019, segundo a empresa pela baixa demanda, o McFish voltou com tudo ano passado com o relançamento temporário. Mesmo com uma nova leva no início de 2025, muitos consumidores estão órfãos do sanduíche. Mas descobrimos um lugar no Rio que você pode comer sempre.

O fenômeno do retorno da receita com peixe foi motivada pela criação do perfil ‘Volta McFish’ no Instagram, com mais de 20 mil seguidores. Não surpreende que tenha tido alto engajamento nas redes sociais e segue até hoje como um assunto. Inclusive a sazonalidade da oferta faz com que ele esgote com frequência rapidamente nas lojas.

Mas a chef Monique Gabiatti parece ter percebido que o sucesso pode ser longevo e decidiu colocar no cardápio do Polvo Bar a sua versão. Nomeado de Méki Fish, a receita de tempura de peixe tem a maionese tártara, duplo cheddar e fritas de acompanhamento. Ainda vem servida em uma caixinha com o clássico formato do irmão famoso.

Criado em 1962 nos Estados Unidos, o McFish foi uma invenção para manter as vendas no período da quaresma. Apesar de ter desaparecido do cardápio nas lojas da rede de fast food no Brasil, permanece a disposição dos consumidores no país de origem e em outros pelo mundo.

Publicidade

Fonte:

Comer & Beber – VEJA RIO
Posted on

6 Vinhos Italianos Contemporâneos Que Contam as Histórias de Seus Terroirs

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

 

 

No cenário enológico italiano, observa-se um renascimento das uvas autóctones, hoje consideradas herdeiras de uma tradição importante e também protagonistas de uma renovação estilística voltada para o futuro. O consumidor contemporâneo, na Itália e no exterior, busca vinhos com originalidade, com uma história para contar e com um perfil gustativo cativante, fresco, cheio de energia. Nesse contexto, a acidez pronunciada e a facilidade de beber se tornaram palavras de ordem, elementos-chave para interpretar aquilo que muitos definem como o “novo caminho” do vinho italiano.

Aqui estão seis nomes que incorporam essa revolução, uma verdadeira síntese entre tradição e inovação: Curtomartino, Feudo Maccari, Borgo Paglianetto, Lungarotti, Joacquin e Maugeri. Cada um desses produtores narra um território, uma filosofia produtiva e um amor pelas uvas locais, sem abrir mão, no entanto, de uma marca moderna.

O novo curso do vinho italiano e o valor do autóctone

A cena vinícola italiana possui uma riqueza varietal única no mundo: existem centenas de castas autóctones, muitas vezes pouco conhecidas fora de suas regiões de origem. Nas últimas décadas, a enologia abriu-se progressivamente às grandes variedades internacionais — Merlot, Cabernet Sauvignon, Chardonnay — e por um certo tempo prevaleceu a ideia de que, para competir em nível global, era necessário se conformar a esses padrões internacionais.

Hoje, contudo, observa-se uma inversão dessa tendência. Os produtores mais vanguardistas (ou talvez mais inteligentemente ligados à tradição) estão redescobrindo variedades antigas, apostando nas peculiaridades que tornam seus vinhos únicos. Isso significa aprofundar as características dos terroirs de origem, experimentar técnicas de vinificação que preservem acidez e fragrância, e propor ao mercado rótulos reconhecíveis e autênticos.

Essa mudança de perspectiva levou a priorizar o frescor e a elegância em detrimento de vinhos hiperconcentrados e excessivamente marcados pela madeira. Fala-se de “acidez pronunciada” para indicar aqueles perfis gustativos verticais, capazes de se prolongar no palato e deixar a boca limpa e pronta para o próximo gole. É uma característica que torna os vinhos mais versáteis (inclusive no universo vegano, onde as tendências culinárias favorecem ingredientes vegetais frescos e saborosos) e que encontra ressonância entre um público jovem e atento à qualidade.

Curtomartino – Selce e Terracava

Curtomartino é um nome que vem ganhando espaço entre os apreciadores de vinhos contemporâneos da Puglia. A vinícola se concentra em produções cuidadosas e na valorização da denominação Gioia del Colle DOC, buscando o equilíbrio perfeito entre o potencial do território e a vontade de oferecer vinhos que surpreendam por seu caráter e fineza.

Selce

Selce nasce da ideia de valorizar um possível corte de variedades brancas autóctones e/ou tradicionalmente cultivadas na Puglia (Fiano pugliese, Bombino Bianco ou Malvasia Bianca). Os solos, ricos em pedras e minerais, são capazes de exaltar o frescor e a salinidade do vinho. No nariz, percebe-se notas de flores brancas, cítricos e um leve toque de vegetação mediterrânea. Na boca, a acidez vibrante oferece um gole ágil e dinâmico, com final talcado e seco. Selce reflete plenamente a tendência dos brancos puglieses contemporâneos, que visam unir generosidade aromática e facilidade de beber.

Em geral, Selce é encontrado nas prateleiras entre 15 e 20 euros, posicionando-se como uma escolha de valor para quem busca um branco de qualidade, longe de excessos de peso. Embora relativamente novo no mercado, Selce já chamou a atenção de quem acompanha os vinhos de vanguarda da Puglia. É um exemplo de como a região não se resume apenas a tintos importantes, mas também pode expressar brancos modernos e atraentes.

Terracava

Terracava representa, por sua vez, a alma tinta da Curtomartino. Na Puglia, as uvas principais são Nero di Troia, Primitivo ou um blend de variedades locais. Neste caso, Terracava é 100% Primitivo, com uma abordagem leve. O nome “Terracava” remete à natureza profunda e calcária dos solos, que conferem estrutura e mineralidade ao vinho.

No olfato, há notas de frutas vermelhas maduras, ameixa e cereja, além de toques especiados e balsâmicos. A acidez, embora presente, está harmonizada com a maciez da fruta, criando um gole suculento e envolvente. Os taninos são finos e bem integrados, sinal de um trabalho cuidadoso tanto na vinha quanto na adega. Terracava se posiciona um pouco acima do Selce, com preços entre 25 e 30 euros nas prateleiras.

É considerado um tinto importante da Puglia contemporânea, uma referência para quem deseja descobrir vinhos regionais com estilo internacional, mas bem enraizados na tradição autóctone. Cada vez mais reconhecido por entusiastas e críticos, Terracava reflete uma visão moderna do tinto pugliese: potente, mas não pesado, rico em nuances e com um estilo mais ágil, graças à acidez equilibrada.

Feudo Maccari – Family & Friends

Vamos à Sicília, onde o Feudo Maccari, na zona de Noto, construiu uma reputação importante, especialmente pela valorização das castas autóctones. O Grillo, antigo branco siciliano, é uma uva que, nos últimos anos, tem feito muito sucesso, sobretudo entre aqueles que amam brancos com personalidade e potencial evolutivo.

Family & Friends é um branco feito com uvas Grillo, cultivadas na parte sudeste da ilha, onde os solos calcários e o clima quente, mas ventilado, ajudam a concentrar os aromas mantendo um belo frescor. No nariz, percebe-se a riqueza do Grillo, com notas cítricas, ervas aromáticas e um leve fundo de fruta exótica. Na boca, a acidez marcante dá tensão e envolvência ao gole, com um final limpo que facilita a bebilidade. É um branco que pode satisfazer até os paladares mais exigentes, graças à sua complexidade aromática.

Nas prateleiras, varia entre 35 e 45 euros, às vezes mais, dependendo da disponibilidade. O posicionamento em uma faixa médio-alta é coerente com a filosofia do Feudo Maccari, que busca qualidade excelente e uma interpretação autoral do Grillo. Family & Friends é considerado um pequeno clássico contemporâneo entre os brancos sicilianos. A marca da uva autóctone e a tensão ácida típica da nova enologia da ilha fazem desse rótulo uma referência entre entusiastas e colecionadores.

Borgo Paglianetto – Vertis

Vertis 2022 é a expressão mais refinada da Borgo Paglianetto, vinícola orgânica fundada em 2008 em Matelica, que hoje cultiva 29 hectares divididos entre linha base, reserva e cuvée exclusivamente em tanques de aço inox, reservando o uso de madeira apenas para o Montepulciano.

Vertis nasce de vinhas de vinte anos com exposição sul, em solos argilo-calcários, com colheita tardia e rendimentos controlados. Após prensagem suave e longa permanência em aço inox (15 meses mais 4 na garrafa), o vinho ganha corpo e precisão sem sacrificar o frescor.

Na safra de 2022 — a décima quinta colheita comemorativa, com 20.000 garrafas ao preço de cerca de 20 euros — o perfil é luminoso e vibrante: cítricos, feno, notas especiadas no nariz; boca densa, com glicerina, equilibrada por uma acidez vertical e um final salino. Reconhecido com os prêmios Tre Bicchieri e Top Wine 2025, Vertis encarna com rigor e modernidade a vocação do Verdicchio di Matelica.

Lungarotti – Torre di Giano

Torre di Giano “62” é um exemplo concreto do caminho estilístico de alívio empreendido pela Lungarotti, joia do vinho da Úmbria, que aposta em brancos mais enxutos, lineares, capazes de se expandir no palato sem perder identidade. Tudo começa na vinha: os fileiras mais ventiladas da propriedade de Torgiano, em solos argilosos e pedregosos, foram selecionadas para um Trebbiano de nervo cítrico e um Grechetto que dá volume sem pesar. Uma colheita antecipada ajuda a preservar acidez e tensão.

Na vinícola, trabalha-se exclusivamente com o mosto flor e adota-se um amadurecimento sobre borras finas bem mais longo que no passado, em baixa temperatura e com bâtonnage apenas sugerido. O resultado é um vinho com substância, mas sem perder linearidade: o centro da boca é redondo, mas o gole se estende verticalmente, terminando com uma trilha ácido-salgada precisa e limpa.

A embalagem reforça o mesmo propósito: uma garrafa de vidro verde antigo remete aos primeiros engarrafamentos da Lungarotti dos anos 1960, enquanto o rótulo histórico com a menção “Úmbria” e o relevo da Fontana Maggiore de Perugia reforça o vínculo com as raízes.

Na taça, o Torre di Giano 62 une a classicidade da denominação a uma pegada moderna, entregando um branco de perfil sutil, mas profundo, fresco, coerente e hoje mais que nunca fiel à visão territorial que o originou há mais de sessenta anos, com um preço de prateleira em torno de 15 euros.

Joacquin – Vino della Stella

A Campânia, e em particular a área da Irpinia, é famosa por seus brancos de grande profundidade. O Fiano é uma das castas mais representativas, capaz de produzir vinhos longevos, com aromas florais e uma marcante veia mineral. A Joacquin, com seu Vino della Stella, consolidou-se como produtora de uma interpretação refinada e inovadora da denominação. Estamos no coração da Irpinia, em áreas colinares com solos calcários, argilosos e vulcânicos. O Fiano encontra aqui sua terra de eleição.

O Vino della Stella apresenta sensações de flores brancas, cítricos, amêndoa fresca e toques de pedra de isqueiro. O paladar é sustentado por uma acidez marcante, que torna o gole longo e persistente.

O preço nas prateleiras é de cerca de 40 euros, refletindo o cuidado na seleção das uvas e a produção de nicho. Reconhecido por especialistas como um Fiano de referência, o Vino della Stella representa o equilíbrio entre potência e elegância, graças a uma acidez que o torna um branco “do amanhã”. Isso também o torna particularmente apreciado por quem preza um consumo atento à saúde e ao meio ambiente, já que o Fiano campano costuma ser vinificado com atenção à sustentabilidade ecológica.

Maugeri – Frontebosco

No Etna, um dos territórios mais fascinantes para a viticultura graças ao solo vulcânico e à altitude que permite a obtenção de vinhos únicos, nasce um vinho extremamente elegante e intenso. Maugeri Frontebosco é um branco feito de Carricante, a casta símbolo da vertente oriental do Etna. O Carricante é uma uva autóctone do Etna que dá origem a vinhos de acentuado frescor e grande longevidade. Os solos vulcânicos, ricos em minerais, influenciam o perfil gustativo, conferindo um tom salino, esfumaçado e cítrico.

Frontebosco se apresenta com aromas de cítricos amarelos, flores de giesta e delicadas nuances defumadas, típicas do terroir etneano. Na boca, a acidez vibrante é protagonista, acompanhada por uma salinidade que torna o gole envolvente. O final é longo, com toques quase salobros. Com um custo de prateleira entre 40 e 45 euros, Frontebosco representa uma combinação interessante entre alta qualidade e custo relativamente acessível, se comparado a outros brancos etneanos de faixa mais elevada.

Cada vez mais considerado um vinho-manifesto do novo curso do Etna bianco, Frontebosco é apreciado por sua identidade definida, sua facilidade de beber e o caráter vulcânico que o torna reconhecível e cheio de personalidade.

Pontos fortes

A análise dos pontos fortes evidencia como o posicionamento estratégico de alguns rótulos vinícolas italianos — cada vez mais icônicos, focados na identidade territorial, na valorização das uvas autóctones, na acidez e no frescor, ideais também para o crescente mercado vegano — se distingue por alta qualidade produtiva e forte narrativa ligada ao território de origem.

Contudo, apresentam pontos fracos ligados ao preço relativamente alto, à disponibilidade limitada e ao risco de que a forte acidez se torne apenas uma moda passageira. As oportunidades estão no aumento da atenção global à autenticidade e à sustentabilidade, no crescimento do enoturismo e nas harmonizações com a cozinha vegana. Em contrapartida, as ameaças incluem a concorrência internacional com estilos semelhantes, os efeitos negativos das mudanças climáticas e eventuais crises econômicas que poderiam levar os consumidores a preferirem vinhos mais baratos.

A nova enologia italiana está redescobrindo a força das uvas autóctones e da acidez como fatores-chave para propor vinhos distintos, longevos e alinhados com os gostos do mercado atual. As realidades aqui apresentadas — Curtomartino com Selce e Terracava, Feudo Maccari com o Grillo Family & Friends, Joacquin com seu Fiano Vino della Stella, Maugeri com um Carricante de raça em Frontebosco — testemunham a variedade e a riqueza do patrimônio vitivinícola italiano.

Apesar dos preços em faixa média-alta, tais vinhos justificam o valor graças ao cuidado artesanal na produção, à atenção obsessiva com a qualidade e a uma filosofia orientada pelo respeito ao terroir.

São considerados icônicos porque representam de modo eficaz a síntese entre passado e futuro: de um lado, a tradição centenária que moldou as vinhas e as uvas; de outro, a busca por um estilo ágil, fresco e moderno. Os vinhos do amanhã são exemplos de como a Itália pode se renovar sem trair a si mesma, olhando para o futuro com um legado de cultura, história e sabores que nenhum outro país pode reivindicar com a mesma intensidade.

* Cristina Mercuri é colaboradora da Forbes Itália.

O post 6 Vinhos Italianos Contemporâneos Que Contam as Histórias de Seus Terroirs apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Fonte:

Notícias e Conteúdos sobre vinhos na Forbes Brasil
Posted on

Aos Pés dos Alpes, Alto Ádige Cresce Como Destino de Enoturismo na Itália

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

 

 

Alto Ádige é uma das menores regiões vinícolas da Itália e é bem menos conhecida e visitada do que as regiões da Toscana, Vêneto ou Piemonte. No entanto, a área vem se tornando cada vez mais popular entre os visitantes que buscam um ambiente mais tranquilo e menos movimentado para descobrir vinhos excepcionais.

As raízes complexas dos vinhos do Alto Ádige

Alto Ádige, também conhecido como Sudtirol, fica no norte da Itália, fazendo fronteira com a Suíça e a Áustria. Há indícios de que a viticultura na região existe há mais de 2.500 anos, tornando os vinhos parte essencial da formação da identidade do povo e do território.

Até 1918, essa área ao sul do Tirol fazia parte do Império Austro-Húngaro. Por isso, os vinhos, a culinária e as tradições locais refletem influências italianas e dos vizinhos suíços e austríacos.

Características alpino-mediterrâneas

A região conta com 4.800 viticultores, em sua maioria independentes, cujos vinhedos somam mais de 5.850 hectares. Tratando-se de propriedade e operação familiar, a maioria das vinícolas é pequena e colabora por meio de cooperativas para a produção e comercialização dos vinhos. Um segmento menor é formado por vinícolas privadas que usam suas próprias uvas ou as adquirem de terceiros.

A diversidade de clima e solos é ideal para o cultivo de mais de 20 variedades de uvas, o que contribui para a ampla gama de vinhos de alta qualidade produzidos no Alto Ádige. Localizada aos pés dos Alpes, a região se beneficia de correntes de ar mediterrâneas quentes, ao mesmo tempo em que é protegida dos ventos pelas Montanhas Dolomitas, no norte da Itália.

Muitos vinhedos estão em encostas íngremes, a altitudes que variam entre 200 e 1.000 metros, exigindo trabalho manual para o manejo das videiras e a colheita das uvas. O solo dessa área relativamente pequena é rico, com cerca de 150 tipos diferentes de rochas que variam de um lote para outro, adicionando complexidade aos vinhos.

Verões quentes, invernos amenos e a variação térmica entre dias quentes e noites frescas permitem uma maturação lenta das uvas.

Getty Images

Alto Ádige é conhecida por suas uvas tintas nativas, como Schiava e Lagrein

Foco absoluto na qualidade

O Consorzio Alto Adige Wines, criado em 2007, é uma associação responsável por promover e garantir a qualidade dos vinhos da região. A entidade, que representa 300 viticultores que produzem 14 variedades de vinho, sendo 65% brancos, impulsionou um movimento iniciado por produtores nos anos 1980, que passou a priorizar a qualidade e métodos sustentáveis de viticultura em vez da produção em massa.

Atualmente, 98% dos vinhos são produzidos sob a designação DOC (Denominação de Origem Controlada) Alto Adige. A associação também lidera o Projeto de Zoneamento UGA, uma iniciativa que destaca 86 áreas de vinhedos meticulosamente definidas, garantindo que cada variedade represente fielmente seu terroir.

Historicamente conhecida por suas uvas tintas nativas, como Schiava e Lagrein, a região também se destacou nas últimas décadas pela produção de vinhos brancos elegantes, com destaque para o Pinot Grigio, Pinot Bianco e o Pinot Nero, um de seus tintos emblemáticos.

Por causa do seu legado multicultural, os vinhos do Alto Ádige são geralmente rotulados em italiano e alemão. Por exemplo, Pino Bianco também é chamado de Weissburgunder, e Pinot Grigio pode aparecer como Ruländer ou Grauburgunder.

Enoturismo no Alto Ádige

A cadeia de montanhas Dolomitas, Patrimônio Mundial da UNESCO, atravessa o Alto Ádige, tornando a região imperdível para caminhantes e esquiadores. Mas ela também é um paraíso para os enoturistas.

A Estrada do Vinho do Alto Ádige, de 145 quilômetros de extensão, é uma das mais antigas da Itália e passa por 15 vilarejos vinícolas e 80 vinícolas associadas, cercados por montanhas impressionantes, vales pitorescos e lagos cristalinos.

Ao longo do trajeto, os entusiastas do vinho podem fazer visitas guiadas às adegas e participar de degustações dos vinhos locais.
Cada vilarejo e vinícola oferece oportunidades autênticas de interação com os moradores e de aprendizado sobre as tradições das pessoas que vivem e trabalham na região. Além do italiano e do alemão, muitos habitantes também falam inglês.

Getty Images

O projeto Wine & Bike Alto Adige Collection destaca a beleza natural da região enquanto ciclistas exploram seus vinhos.

Alguns exemplos de vinícolas ao longo da rota:

  • Kurtatsch Kellerei oferece uma excursão guiada de dia inteiro, com caminhada entre vinhedos para degustar vinhos Cru diretamente nos respectivos terroirs. A experiência inclui degustação de 12 vinhos nos locais de origem, lanche tradicional pela manhã e almoço com três pratos em um dos melhores restaurantes da vila de Kurtatsch;
  • A Tiefenenbrunner Castel Turmhof Winery leva o nome do belo castelo que está em sua propriedade. A vinícola possui uma loja de vinhos, oferece visitas guiadas e tem um bistrô onde os visitantes podem degustar taças acompanhadas de especialidades locais;
  • A Rottensteiner, uma vinícola familiar, oferece visitas às adegas e degustações mediante agendamento. Também possui uma loja de vinhos para vendas diretas;
  • Os visitantes podem degustar ou comprar vinhos na Kellerei St. Michael-Eppan, uma cooperativa que reúne 320 famílias produtoras de vinho. A enoteca moderna está aberta para degustação e compra;
  • A Cantina Tramin, cooperativa de 190 famílias fundada em 1896, é a casa dos famosos vinhos Gewurztraminer. As degustações ocorrem em uma bela sala ou no terraço com vista para o campo. A vinícola também organiza passeios guiados a pé pela pequena vila, com foco nos vinhos.

A Colterenzio a oferece também oferece visitas guiadas, degustações e recentemente inaugurou uma nova loja de vinhos.

Bolzano, a capital do Alto Ádige, é uma excelente base para os turistas. A cidade conta com bares de vinho, lojas especializadas e diversas vinícolas nas proximidades. Com um charmoso centro histórico, Bolzano oferece uma variedade de restaurantes e hotéis, dos mais acessíveis aos mais luxuosos.

Além disso, há opções únicas de hospedagem, como casas de hóspedes locais, hotéis e fazendas com hospedagem, que garantem uma estadia tranquila em toda a região.

As visitas podem ser programadas para coincidir com festivais locais, como o Vino in Festa, no final da primavera, em junho, entre outros eventos sazonais. Embora o Alto Ádige seja considerado um destino para todas as estações, muitos apreciadores de vinho preferem visitá-lo em setembro ou outubro, durante a colheita das uvas e para apreciar a folhagem outonal.

O Consorzio Alto Adige Wines lançou recentemente seu novo projeto de enoturismo, o Wine & Bike Alto Adige Collection, uma iniciativa que destaca a beleza natural da região enquanto ciclistas exploram seus vinhos. Em parceria com o aplicativo italiano Komoot, os visitantes podem escolher entre oito diferentes roteiros autoguiados com temas do Alto Ádige.

Degustar vinhos no Alto Ádige é uma experiência imersiva que combina rótulos excelentes com uma culinária de fusão distinta, em um cenário natural intocado.

* Irene S. Levine é colaboradora da Forbes EUA, onde escreve sobre viagens e estilo de vida.

O post Aos Pés dos Alpes, Alto Ádige Cresce Como Destino de Enoturismo na Itália apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Fonte:

Notícias e Conteúdos sobre vinhos na Forbes Brasil
Posted on

Jantar a quatro mãos no estrelado Oiselle e mais novidades gastronômicas

Oseille internacional

O chef Thomas Troisgros dá início no Oseille a um novo projeto dedicado ao intercâmbio entre cozinhas e profissionais da gastronomia. Para a estreia, nos dias 5 e 6 de junho, às 19h45, ele recebe o argentino Tomás Kalika, do Mishiguene, de Buenos Aires, para dois jantares em seu restaurante que acaba de ganhar uma estrela no Guia Michelin.

O jantar traz influências judaicas e terá entradas como gravlax com azedinha e ovas, preparado pelo chef brasileiro, assim como o vareniki de cavaquinha com ricota, molho de kefir e óleo de espinafre; e o gulab jamun (bolinho de chuva) com mel de abelha nativa, entre outros. Já Tomás Kalika prepara o peixe do dia ao molho marroquino de pimentas secas com cuscuz, além das lulas à moda de Tel Aviv com tahine, tinta de lula, anchova, panko e alho negro, entre outros. 

O jantar custa R$1.000,00 por pessoa (+ 13%), com opção de harmonização com vinhos por mais R$480,00. Reservas pelo tel.: (21) 3854-1819. Rua Joana Angélica, 155, 2º andar, Ipanema. @oseillerestaurante

+ Cogumelos brotam em deliciosas versões nos menus da cidade

Continua após a publicidade

Japão a quatro mãos no Shiso

O restaurante japonês Shiso, do hotel Grand Hyatt, recebe na quinta (5) a primeira edição do ano do Omakase a Quatro Mãos, projeto de jantares colaborativos realizados na casa. A experiência começa com um welcome drink a partir das 19h30, e segue com um menu de sete etapas servido às 20h30, harmonizado com saquês e elaborado a partir dos ingredientes mais frescos do dia. Os chefs Guilherme Campos e Celso Amano – premiado chef internacional do restaurante Sakaezushi, de Chiba, no Japão – assinam juntos o cardápio da noite, que contará ainda com uma sobremesa criada especialmente para a ocasião pela chef pâtissier Paula Peixoto. 

O jantar custa R$ 670,00 por pessoa. Vendas pelo link do Grand Hyatt. Av. Lucio Costa 9.600, Barra da Tijuca . @restauranteshiso

Lipe Borges
Shiso: chef Guilherme Campos comanda o bem conceituado japonês da Barra da TijucaLipe Borges/Divulgação
Continua após a publicidade

Compartilhe essa matéria via:

Feira do Podrão em Bangu

A 27ª edição da Feira Nacional do Podrão será realizada nos dias 6, 7 e 8 (sexta a domingo), no estacionamento do Bangu Shopping, na Zona Oeste. O evento anuncia iguarias típicas juninas, além das opções conhecidas do público a exemplo da Batata Frita de Marecha Hermes, do hambúrguer com 30 carnes, da coxinha de um quilo, e da torre de churros, entre outros. Haverá uma área caprichada de recreação para crianças, DJs e rodas de samba.

Rua Fonseca, 240, Bangu. Sexta, das 17h às 22h; sábado e domingo, das 14h às 22h. @feiradopodrão

Continua após a publicidade

Podrão: cachorro-quente tem mais de um metro de comprimento
Podrão: cachorro-quente tem mais de um metro de comprimento./Divulgação

+ Para receber VEJA Rio em casa, clique aqui

Publicidade

Fonte:

Comer & Beber – VEJA RIO
Posted on

Inteligência Artificial no Setor dos Vinhos

Apesar do termo Inteligência Artificial (IA) ter se tornado mais popular nos últimos anos, o início dos movimentos com ideias em desenvolver ferramentas, máquinas e programas capazes de auxiliar em algum aspecto a vida humana data meados do século XX, tendo a Conferência de Dartmouth “Dartmouth Summer Research Project on Artificial Intelligence” (1956) organizada pelo matemático John McCarthy, o evento histórico que é considerado como o marco de início ao desenvolvimento deste conceito ao qual na atualidade se tornou tão popular.

De lá para cá muito se avançou em pesquisas, desenvolvimentos e na criação de incontáveis produtos baseados neste conceito, chegando até de forma exponencial ter levado a verdadeiras disrupturas nos mais diversos setores como por exemplo das telecomunicações e nos transportes. No setor dos vinhos a IA também avançou bastante e surge sempre uma calorosa discursão entre as pessoas, uns a avaliando como verdadeira aliada, já outros a vendo pelo aspecto de grande ameaça. Neste texto irei abordar alguns pontos da cadeia do vinho em que a IA já é uma realidade e que por vezes as pessoas nem se dão conta, e ao final você leitor tirará as suas próprias conclusões para responder, se a IA é uma aliada ou uma ameaça ?

Viticultura High Tech

Na viticultura a IA está presente em diversas frentes e estas objetivando de modo geral maior capacidade produtiva e eficiência na utilização dos recursos. Grandes áreas de vinhedos pelo mundo tem se utilizado de diversos recursos tecnológicos para gerar produção de melhor qualidade na matéria-prima para atender ao estilo de vinho que se deseja produzir e o retorno do investimento realizado em compras de terras e demais investimentos imobilizados em estruturas e etc. Para tal os sensores de solo, clima e vinhedos tem sido fundamentais para detecção de necessidades específicas, esses sensores aliados a utilização de monitoramentos de drones por imagens tem a capacidade de monitorar parcela a parcela em tempo real, fornecendo dados importantes para tomadas de decisões pelos técnicos e/ou produtores de quando e onde exatamente agir, otimizando custos e buscando a qualidade das uvas. Um clássico exemplo de viticultura com alta tecnologia é o que acontece no deserto do Negev em Israel, onde a irrigação com altíssima precisão é usada para liberar cada gota de água e nutrientes de forma quase individualizada em cada planta de Vitis vinífera mediante a necessidade.

Em visita em tantos lados do mundo, algo que sempre ouvi em visitas aos produtores é o problema da falta de mão de obra, não só para as intervenções em tratamentos e podas durante o ano, mas sobretudo na época de vindimas. Em muitos países como Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e até em pátrias consideradas milenares na produção de uvas como a Espanha tem sido cada vez mais utilizado máquinas e equipamentos tecnológicos para colher as uvas. O uso de tratores com altíssima tecnologia senguem os comandos de dados gerados por programação e executam o trabalho, levando para a adega a matéria-prima colhida para ser vinificada. Já há também equipamentos modernos com peças adaptadas para fazer podas em grandes áreas otimizando o custo e o tempo para a execução da atividade de manejo nos vinhedos.

Outras ações que a IA já está sendo aplicada na viticultura são na análises de algoritmos com os dados dos sensores mencionados no início, que geram previsões “probabilidades” de melhor momento para colheita em determinada área ou parcela, objetivando o melhor rendimento das safras.

Vinificação com IA

Nas adegas modernas diversos mecanismos inteligentes tem sido cada vez mais utilizado, através de sistemas de prensas e lagares robóticos, equipamentos como tanques com softwares de monitoramento nos processos de fermentação, softwares que controlam a rastreabilidade com dados desde o local exato de produção da Vitis até a finalização do fechamento do lote engarrafado. Tanques de fermentação modernos apresentam controle de temperatura e até de nutrição das leveduras , proporcionando fermentações mais seguras, estáveis e com mais qualidade. Há também lançamentos atuais de robôs para monitorar e até manejar trabalhos dentro da adega como é o caso do robô Leonardo, lançado recentemente pela Lasi America.

Na parte da biotecnologia, leveduras específicas são isoladas e produzidas para determinados estilos de vinhos para acelerar e/ou melhor atuarem na fermentação. Algumas estirpes são até geneticamente modificadas para conferirem determinadas características de aromas ou paladares ao vinho e maior consistência ao lote produzido. Já em outras vertentes também há diversas análises e produtos sendo desenvolvidos por renomados cientistas para o setor dos vinhos com uso de equipamentos sofisticados com a IA presente através de software e outros detalhes tecnológicos que possibilitam a análise de princípios bio-ativos da natureza para o desenvolvimento de novos produtos enológicos.

No processo de produção de espumantes um dos avanços tecnológicos foi a introdução dos giropaletes no processo de remuage, processo que exige tempo, mão de obra especializada e que ainda há riscos de acidentes. As imensas maquinas que seguem comandos de software, acoplam diversos paletes em simultâneo possibilitando a diminuição de tempo nesta etapa da produção dos espumantes de forma extremamente significativa. Já são utilizados nos mais variados produtores por muitos lados do mundo.

Embalagens e Transportes com uso de IA

É uma realidade que novos tipos de embalagens modernas tem sido uma bandeira empregada para que o setor dos vinhos acompanhe a modernidade, não perdendo a essência do que é vinho “bebida milenar”, portanto mantendo a qualidade como se estivesse em uma garrafa. O peso no transporte e o inconveniente em determinados momentos da utilização de garrafas de vidros tem sido também apontados no mercado como um fator que tem distanciado o consumo de vinhos, sendo preferido pelos consumidores bebidas com facilidade na abertura, consumo e transporte. Produtores com um olhar atento ao mercado tem procurado desenvolver alternativas com a utilização de tecnologias, equipamentos de precisão na elaboração de embalagens que sejam mais apelativas como tetrapack, bag-in-box, brick, pouch, lata e até em taças individuais de plástico.

Dentro das adegas na atualidade tem sido empregados diversos sistemas de robótica para o transporte e embalagens. Além da linha de engarrafamento está toda sendo conduzida por softwares que trabalham isolados ou em toda a linha até a garrafa ser vedada, encapsulada e rotulada, após colocadas nas devidas caixas e por sensores que organizam-as em paletes, envelopando com o plástico de proteção os paletes para em seguida irem para o armazenamento nos armazéns ou seguirem viagem aos seus compradores. As empilhadeiras também são equipamentos da modernidade que cada vez mais vemos em todos os tamanhos de produtores.

Quando falamos em embalagens dentro do setor dos vinhos estamos nos referindo a inúmeras empresas que fornecem diversos insumos diferentes aos produtores. Garrafas de vidros, rolhas, lacres, caixas de madeira, caixas de papelão, empresas de designer e confecção de rótulos, outras empresas de embalagens diferentes como para latas, plásticos, tetrapacks e etc. Enfim dentro de cada tipo de empresa destas citadas há imenso emprego de IA nas mais variadas partes do processo de produção de cada item que entregam aos produtores.

Atualmente com o advento do uso de QRcode nas etiquetas, qualquer o vinho pode ser rastreado da produção ao destino final, através deles também os produtores podem fornecer informações valiosas aos consumidores através dos dados contidos ali, como a ficha técnica do produto, um vídeo de mensagem gravado pelo próprio produtor ou pela empresa de marketing contratada, uma sugestão de playlist de música para acompanhar o consumo ou até uma boa sugestão de prato com a receita para acompanhar a degustação daquele vinho que chegou na mão do consumidor. Uma infinidade de dados que só através do uso de IA podem ser distribuídos de forma tão rápida, precisa e na língua que o consumidor quiser ler ou assistir.

O monitoramento dos transportes das cargas dos vinhos e os seus mais variados insumos também tem sido extremamente utilizado IA através de chips, que possuem sensores capazes de fornecer dados em tempo real de tudo o que acontece e em que velocidade está se deslocando, e que podem estar inseridos nas cargas em si ou nos veículos de transportes.

Ciência nas Análises Sensoriais

Existem na atualidade laboratórios e até startups que tem trabalhado em desenvolver sensores de ponta para decodificar os aromas contidos no vinho. Em São Carlos no Brasil, pesquisadores desenvolveram nanosensores de celulose que fluorescem na presença de taninos, componente importante contido no vinho e que ajuda na definição, estrutura e sabor, neste caso sobretudo nos tintos. Tecnologias como essas também possibilitam mensurar de forma rápida os ácidos, álcool, açúcares e diversos compostos como os voláteis, sem a utilização dos agentes tradicionais utilizados até aqui. Com equipamentos modernos onde há a presença de IA é possível realizar análises químicas de última geração, ajudando aos enólogos a ajustarem seus blends, maximizando e minimizando alguma caraterística que desejam ressaltar no seu vinho.

Outro aspecto do emprego de IA nas análises sensoriais são utilizadas por big data, onde os dados de algoritmos mensuram e decodificam especificidades de gostos do consumidor e pode até apontar para alguma tendências. Também tem sido usado software de análises com os padrões de compra e até feedback nas redes digitais, contribuindo para entender as preferências dos perfis de vinhos por aromas, teor alcoólico ou até mesmo os estilos, possibilitando adaptar rótulos e vinhos a nichos específicos, tudo com base de modelos estatísticos.

Serviços de Vinho com Uso de IA

Máquinas, softwares e robôs já tem sido utilizado e estão em plena expansão nos mais diversos mercados de consumo de vinho. Na atualidade praticamente já estão em todos os principais países consumidores o emprego de máquinas abastecidas com vários tipos de vinho em simultâneo, programadas as suas temperaturas e quantidades que liberam doses de vinhos, podendo serem manuseadas pelos próprios consumidores com cartões com chips e depois no fim do consumo efetuam o pagamento do que degustaram, uma espécie de auto-serviço muito utilizados nos wine bares.

Os robôs sommeliers tem causado um verdadeiro ofurô entre os profissionais da área. A realidade é que já são muito utilizados na Ásia em diversos tipos de empresas e restaurantes, servindo bebidas variadas e também levando e trazendo pratos à mesa para os clientes. O que temos visto é um avanço na tecnologia, onde os comandos programados e os sensores modernos tem contribuído para outros patamares de serviços como a realização da condução da degustação propriamente dita, como o RobinoVino na Maria Concetto Winery no Napa Valley.

Os chatbots também tem sido cada vez mais aprimorados com respostas cada vez mais precisa a indicar o que melhor encaixa no que o consumidor o pede. Me recordo que em 2018 paguei o desenvolvimento de um chatbot chamado Baco para trabalhar 24 horas, 7 dias por semana para o site da minha empresa para possibilitar mesmo que de forma simples indicar os vinhos mais adequados para cada momento e que estavam dentro do nosso portfólio. Lembro que este custo foi bem elevado na época, e na atualidade se tornou bem mais acessível através dos avanços de IA. Foi uma estratégia interessante ter tido esta experiência, pois claro que ele só respondia o que estava alimentado de dados no sistema, mas na atualidade há a capacidade de compilar os mais diferentes dados de algoritmos e poder ser muito mais preciso. Talvez os sommeliers não consigam memorizar tantos dados em simultâneo como as máquinas fazem, sobretudo devido na atualidade tantos países diferentes produzirem vinhos e de tão variados estilos. Mas a sensibilidade e a emoção do contato humano são a diferença, e a habilidade dos grandes profissionais em saberem acompanhar o emprego da tecnologia para auxilia-los nos mais variados contextos tem que ser neste momento um norte importante.

Uma Reflexão Final Sobre IA

Durante toda a trajetória da espécie humana transitamos por novos momentos históricos, novas fases culturais e sociais, novos instrumentos sendo anexados ao cotidiano e até novas formas de pensar sobre os mais variados assuntos. Como iniciei este texto explicando que a IA já acompanha nossas vidas já há um bom tempo nos mais diversos aspectos e com o passar do tempo houveram diversas evoluções onde hoje de forma pedagógica podemos dividir em IA analítica, a que literalmente conta dados, e a IA criativa, ao qual avalia dados e cria cenários baseados na análise do algoritmo, um bom exemplo disto é a IA empregada pela Netflix e nos algoritmos das redes sociais, que indicam filmes e conteúdos conforme nossos próprios interesses, e a IA “aprendeu isso” conforme o nosso próprio comportamento de consumir determinado conteúdo. A Inteligência Artificial segue instruções programadas, o seu aprendizado ocorre por padrões nos dados, não tendo consciência, nem emoções como o padrão humano em sua vasta complexidade.

Muitas incertezas e inseguranças tem sido legitimamente levantadas e questionadas sobre a utilização de IAs, sobretudo em temas que envolvem os direitos individuais, éticos e etc. Posso até vir a mudar de opinião, mas na atualidade ao meu ver, mais perigoso não é a IA tomar decisões por conta própria ou substituir trabalhadores em tarefas braçais. O mais perigoso são os seres humanos por trás das IAs não tomarem boas decisões nos “seus comandos”, comprometendo o futuro da própria humanidade, e os mais variados profissionais do setor do vinho não buscarem se qualificar e se aprimorarem para sairem dos trabalhos braçais que uma maquina ou um robô pode fazer.

Em pleno século XXI ainda há produtores que utilizam o arado tracionado por animais como na época da Idade Média, claro que em pequeninas áreas de vinhedos, e não há problema nenhum nisso, mas será que o consumidor valoriza e paga a mais pela diferenciação deste produtor usar um arado ou invés de um equipamento da era moderna como um trator ? Vivemos nos tempos em que trabalhos como o da escravatura em terras agrícolas já fora abolidos. Esta última frase é uma reflexão indo muito além do idealismo de um tipo e estilo de filosofia X ou Y de produção de vinho, mas sim de quem é filha de um agricultor e sabe muito bem quanto custa lavrar a terra. Fica a reflexão deste detalhe.

Enfim a IA é uma ferramenta poderosa da era moderna, onde os seres humanos tem a possibilidade de automatizar tarefas repetitivas, insalubres e arriscadas, analisar grandes volumes de dados em simultâneo fornecendo melhores insights para quem tem inteligentes perguntas, proporcionando que as pessoas e os profissionais possam se concentrar em tarefas mais complexas e de fato criativas, fazendo um melhor uso dos seus tempos e dos recursos ao qual gerem dentro do setor dos vinhos.

Agora me diga você ao seu ver, a IA é uma aliada ou ameaça ao setor dos vinhos ?
Desejo boas reflexões e boas provas !

Fonte:

Mundo de Baco por Dayane Casal
Posted on

O pecado que pode transformar sua adega em um depósito de vinagres

Está lá no Evangelho de Lucas: “Ninguém que já bebeu vinho velho, quer o novo; porque diz: ‘O velho é bom’”. Como mostra a Bíblia, vem de tempos antiquíssimos a ideia de que é necessário guardar por um bom tempo uma garrafa antes de abri-la. Muita gente ainda segue à risca essa história. Não é raro hoje em dia topar com um casal que exibe orgulhoso o vinho comprado para tomar quando o recém-nascido completar 18 anos. O rótulo passa de mãos em mãos e volta para adega até a chegada da próxima visita, quando todo ritual começa novamente. Ocorre que, na grande maioria das vezes, é um erro enorme fazer esse tipo de coisa. Segundo escreveu certa vez o mundialmente respeitado crítico americano Robert Parker, a guarda longa “é um caro exercício de futilidade”. Pior do que isso: pode ser o caminho mais curto para arruinar o investimento feito em uma adega.

A crença de que vinho bom é vinho velho se justificava no passado, quando os processos de vinificação eram precários e era preciso de tempo na garrafa para amaciar taninos e o líquido tornar-se bebível. Os tempos são outros agora e é preciso muito cuidado ao manter uma guarda prolongada. “Todo vinho tem um ciclo: o amadurecimento, auge ou platô, quando entrega o máximo de seus aromas e sabores, e a decadência”, explica Julio Kunz, vice-presidente da Associação Brasileira de Sommeliers e mestre em vinhos franceses. Alguns vinhos têm ciclos mais longos ou mais curtos, isso depende de suas características, sendo que uma das mais importantes é a acidez. A maneira que são vinificados também influencia nesse ciclo. No caso dos Bordeaux, muitos têm Merlot e, por isso, com clássicas exceções, eles tendem a evoluir muito rápido. Como não envelhecem bem, é bom desconfiar de quem apresenta de forma orgulhosa uma adega com dezenas de Bordeaux dos anos 90. O líquido que está dentro das garrafas vindas da França já se tornou decrépito. Moral da história: não dá para generalizar, estocando na adega qualquer coisa por anos e anos, mesmo que seja um renomado Bordeaux.

vinho
Kunz: “Todo vinho tem um ciclo: amadurecimento, auge ou platô, quando entrega o máximo de seus aromas e sabores, e a decadência”Reprodução/VEJA

Sem medo de errar, pode-se dizer que mais 90% dos vinhos atualmente são produzidos para serem consumidos jovens ou em poucos anos.  “Brancos aromáticos, rosés leves e tintos frutados devem ser abertos em, no máximo, três anos”, diz o especialista. O famoso vinho francês Beaujolais Nouveau, por exemplo, que tradicionalmente é lançado toda terceira quinta-feira de novembro, deve ser consumido em até um ano. Ele é produzido por maceração carbônica, método em que as uvas são colocadas inteiras dentro do tanque fechado hermeticamente, no qual é inserido dióxido de carbono (CO2), o que faz a fermentação começar dentro dos bagos da fruta até que ela estoure e não precisa ser esmagada para a extração do mosto (suco) que dá origem ao vinho. O resultando é leve e frutado. Se for guardado por mais tempo, pode perder todas essas qualidades.

NÃO É PARA TODOS OS GOSTOS E BOLSOS

Em minha recente visita a cave da Valduga, no Vale dos Vinhedos, a sommelière que comandou a degustação nos contou de casos de pessoas que ligam na vinícola possessas, pois guardaram por mais de cinco anos um Naturelle, um tinto vinho suave. Quando abriram a garrafa, a bebida estava totalmente estragada. A culpa é do vinho? De forma alguma. “Vinho mal armazenado ou guardado para além do seu período de auge vai ter intensidade aromática baixa ou nada de fruta”, diz Kunz. Também podem aparecer notas desagradáveis de ervas, aromas oxidados como o de acetona ou vinagre, baixo taninos e zero acidez, o que chamamos de vinhos plano ou chato.

Isso não significa que o Brasil não produza vinhos com potencial de guarda. Há muitos exemplares com características que justificam o armazenamento, notadamente os da Serra Gaúcha, por serem ricos em acidez. Na Serra Gaúcha os cortes bordaleses envelhecem muito bem. Os brancos também podem envelhecer de maneira linda. Kunz me contou que, certa vez, degustou um Malvasia de Cândia, safra 1947, e o vinho estava delicioso, mesmo após oito décadas!

Continua após a publicidade

Vinho também não gosta de agitação, tremores, luz ou mudanças de temperatura, por isso a maneira de armazenar é muito importante. O ambiente precisa estar em torno de 15 graus, com umidade controlada. Nos casos em que o vinho aguenta e justifica uma guarda prolongada, é necessário um cuidado adicional. “De tempos em tempos, precisa conferir a rolha. A cada quinze anos, ela precisa ser trocada, como fazem as vinícolas mais tradicionais”, diz Kunz. O rearrolhamento ou “rattling” é uma serviço prestado por casas como Château Latife-Rothschild, PenfoldsBiondi-Santi, Château Latour e Cheval-Blanc. O armazenamento inadequado pode, no melhor dos casos, levar o vinho a amadurecer mais rápido e chegar antes do tempo ao seu auge. No pior dos cenários, a bebida se torna “imbebível”.

Quem gosta de vinho mais velhos e evoluído provavelmente sabe que eles não são tão vigorosos em frutas frescas ou não tem as mesmas características dos mais jovens. Com a evolução, eles desenvolvem aromas terciários, como o de frutas secas como figos e ameixas, além de especiarias como noz, canela, couro, tabaco e até cogumelos. A cor também deixa a paleta de vermelhos vibrantes e caminha para um tom mais castanho e âmbar. Há quem não goste de vinhos mais evoluídos, a colunista que vos fala pode garantir que raramente jovens bebedores ficaram inebriados por esses sabores e aromas. É é preciso treinar o paladar e (o bolso) para essas preciosidades.

Kunz, que costuma abrir em seu aniversário vinhos com a safra do ano do seu nascimento, conta que abrir garrafas velhas é sempre uma loteria. “No ano passado comprei dois Riesling na Alemanhã, um estava perfeito, eu havia feito a compra direto da vinícola. E o outro, comprei de um negociante que comprava vinhos velhos de famílias que estavam se desfazendo de suas adegas e não foi uma experiência boa. Estava com uma cor muito escura, totalmente oxidado e com aromas não preservados”, conta. O vinho podia estar mal armazenado. “Quanto mais você guarda um vinho, maior a chance de ter surpresas boas e ruins”, diz. Isso acontece porque os vinhos de mais qualidade costumam não ter tantos conservantes químicos e nem seguem receitas como um refrigerante de cola. São vivos e evoluem de formas diferentes, por isso conseguimos ver as vezes características muito distintas nas chamadas verticais (degustações de safras ao longo de um período) do mesmo vinho.

Para quem vai se aventurar com vinhos velhos e evoluídos, a receita é comprar de fontes confiáveis e certificar-se de que não houve nem haverá muita bagunça na receita daquela garrafa. Mesmo assim, tenha em mente que a alta gama do mundo dos vinhos não é uma ciência exata e é justamente isso que o torna tão interessante. Seguir à risca o conselho do Evangelho de Lucas pode ser o caminho mais curto para o pecado de transformar vinho em vinagre.

Continua após a publicidade

Confira a seguir uma tabela com o tempo adequado para o armazenamento de vários tipos de vinhos:

1 ano

Beaujolais Nouveau e demais produzidos por maceração carbônicas

2 a 3 anos

brancos aromáticos

rosé leves

Continua após a publicidade

tintos macios (menos tânicos) e frutados

5 a 10 anos

Chardonnay barricados (que envelheceram em barricas de carvalho)

Tintos robustos (cortes bordoleses, Cabernet Sauvignon chilenos, por exemplo)

10 a 15 anos

Vinhos da região Medoc (sub-região de Bordeaux), Pomerole e Souterns, por exemplo. Os italianos Barolos, feito da uva Nebbiolo, são famosos por seu extenso potencial de guarda.

Continua após a publicidade

Mais de 50 anos

Graças ao açúcar, vinhos fortificados ou doces como Sauternes, Jerez, Marsala e Porto podem ter mais de cem anos de guarda, com suas características preservada e com ganhos em complexidade.

Publicidade

Fonte:

Vinho – VEJA