Na Itália há um ditado corrente que é muito conhecido por aqui: “se non è vero è ben trovato”, que, em tradução livre, diz que se não é verdade é bem contado. E, nessa esteira, vou discorrer sobre alguns fatos no que tocam os vinhos italianos. Na Toscana, terra de Dante Alighieri, que foi um dos mais importantes escritores humanistas do renascimento literário e é considerado o maior escritor de língua italiana, há muitas histórias sobre vinhos envolvendo, por exemplo, o Chianti, vinho toscano com registros de produção de vinho em sua região atual desde 900 a.C. e cujo nome de “Chianti” data 1398 d.C a partir de registros de comércio da época (site: Eataly). A primeira história é quanto a denominação de origem “Chinati Clássico” que, segundo uma lenda, no século XII, quando duas cidades, Florença e Siena, disputavam territórios na região. Como forma de demarcar o territórios de uma vez e cessar os conflitos, foi decidido que dois cavaleiros partiriam de cada cidade em direção a outra em linha reta, o ponto de encontro de ambos marcaria as fronteiras entre as cidades. Como saberiam a hora certa de partir? O cantar do Galo. Siena escolheu um galo branco, bem alimentado e saudável para a ocasião. Florença, escolheu o oposto, um galo negro, mal nutrido, raquítico e com fome. Na noite anterior à marcha dos cavaleiros, o galo de Siena recebeu um banquete, para que pudesse descansar tranquilamente, já o galo negro de Florença, não foi alimentado.
Antes do sol raiar, o galo negro de Florença despertou e começou a cacarejar, marcando a partida do cavaleiro da cidade. Enquanto isso, o galo de Siena aproveitava uma noite tranquila de sono. Quando o galo branco decidiu cantar, já era tarde, apesar do cavaleiro de Siena partir com pressa, os cavaleiros se encontraram a apenas 12km dos muros de Siena, definindo grandes ganhos territoriais para Florença. E o Gallo Nero? Se tornou símbolo da região que se tornaria centro da produção Chianti Classico. Outra história envolvendo o Chianti é quanto a sua garrafa envolta em palha que, segundo muitos, com os quais eu não concordo, são indicativas de vinhos de má qualidade. A garrafa clássica do Chianti leva o nome de “fiaschi” e, originalmente, não era revertida de palha e tinham um fundo arredondado. Ocorre que, nos séculos XVII e XVIII os vinhos de Chianti eram comercializados e transportados em navios. Já engarrafados e no porão das embarcações, as garrafas batiam umas nas outras e muitas se quebravam; tal fato era objeto de comentários por toda a Toscana e usou-se falar que quando algo não dava certo que havia sido um fiasco. Os produtores foram instados a darem uma solução para o problema das quebras, sob pena de não venderem mais em outros mercados, daí decidiram colocar uma estrutura de palha no entorno da garrafa, impedindo assim, que as garrafas batessem uma na outra, e quebrassem. Tais garrafas “de palha” perduram até hoje, a despeito da a grande maioria ser envazado em garrafas com o formato “Bordeaux”. Aproveito para afastar o mito que os vinhos Chianti de palhinha são de má qualidade; podem ser simples, mas longe de significarem má qualidade. Salut!
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