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Regiões vinícolas menos conhecidas da Toscana

Os vinhos da Toscana são, certeiramente, os mais conhecidos da Itália, notadamente por conta dos Chianti, Brunelli e, mais ultimamente, os “Super Toscanos” de Bolgheri. Entretanto, a Toscana vai muito além destas sub-regiões que, muitas vezes, se afastam demais da tipicidade dos vinhos toscanos, o que pouco ou quase nada ocorre com outras sub-regiões. Só para constar, a Toscana possui 59 denominações de origem (ou sub-regiões), num total de 11 mil produtores certificados. 

Vale lembrar que a Toscana desde sempre foi famosa pelos seus vinhos. As colinas, as aldeias, a história, o clima, a conformação do solo e o território são conhecidos em todo o mundo por sua beleza de tirar o fôlego e por sua vocação secular para a produção de vinho. Este território, juntamente com todos os DOCG da Toscana, representam, de modo geral, uma garantia sobre a qualidade dos vinhos provenientes dessas terras generosas.

Afora os famosos, diversas sub-regiões menores, espalhadas entre colinas, vales e áreas costeiras, produzem vinhos de identidade própria, refletindo solos distintos, microclimas variados e tradições enológicas únicas. Entre elas, destacam-se Montepulciano, Morellino di Scansano, Maremma, San Gimignano, Pietraviva e Orcia.

Montepulciano (Vino Nobile di Montepulciano DOCG), localizada ao sudeste de Siena, é marcada por colinas a 250–600 metros de altitude, com solos argilosos e ricos em minerais. O clima é continental, mas suavizado por ventos provenientes do Lago Trasimeno. Sua casta principal é a  Sangiovese (localmente chamada Prugnolo Gentile). De lá vêm tintos elegantes, estruturados, com notas de ameixa, cereja madura, especiarias e taninos macios. São vinhos longevos e equilibrados, frequentemente comparados ao Brunello, porém mais acessíveis em juventude.

Morellino di Scansano (DOCG), está situada no sul da Toscana, próxima à costa da Maremma. Essa região possui clima mediterrâneo, com invernos amenos e verões ensolarados. Os solos são variados, misturando argila, areia e calcário. Sua uva principal, também, é a Sangiovese (chamado de Morellino localmente). Seus tintos são frutados, vibrantes e de corpo médio, com aromas de cereja fresca, framboesa e um leve toque de especiarias. Diferenciam-se dos demais vinhos toscanos por sua suavidade e por serem fáceis de beber.

Maremma Toscana (DOC), por sua vez, está localizada na costa sul da Toscana. A Maremma foi historicamente uma zona de pastoreio e terras pantanosas, hoje transformada em uma das áreas mais dinâmicas da viticultura regional. O clima mediterrâneo ensolarado, aliado a solos de origem vulcânica e calcária, favorece uma ampla variedade de castas. Lá há pluralidade de castas, como Sangiovese, Alicante, Vermentino, além de castas internacionais como Cabernet Sauvignon e Merlot. Entrega tintos modernos, intensos e concentrados, ao lado de brancos frescos e aromáticos, especialmente os de Vermentino, que expressam mineralidade e notas cítricas.

San Gimignano, famosa por suas torres medievais, é também reconhecida pela produção do primeiro vinho branco da Itália a receber status de DOCG. O terroir é formado por colinas calcárias e arenosas, com influência de ventos que refrescam o clima mediterrâneo. A uva dominante é a Vernaccia di San Gimignano. Seus brancos são secos, elegantes, minerais, com notas florais, cítricas e de amêndoas. Têm frescor vibrante e boa capacidade de envelhecimento, revelando complexidade com o tempo.

Pietraviva é uma pequena zona ao norte de Siena, ainda pouco conhecida internacionalmente, mas de crescente prestígio. O relevo é de colinas argilo-calcárias, com forte presença de fósseis marinhos, fator que confere mineralidade distinta aos vinhos. O clima é continental, com noites frescas que favorecem maturação lenta das uvas. As castas principais: Sangiovese, Merlot e Cabernet Sauvignon. Entrega tintos elegantes e complexos, mesclando fruta madura com notas minerais e especiadas, geralmente com estilo mais moderno, mas mantendo a identidade toscana.

Orcia (DOC) merece especial atenção; está localizada entre Montalcino e Montepulciano, no belo Vale d’Orcia, patrimônio da UNESCO. Esta sub-região possui solos variados, de argila a margas calcárias, e clima continental moderado por correntes mediterrâneas. As castas que lá imperam são Sangiovese, Trebbiano e Malvasia. Os tintos, dominados pelo Sangiovese, são expressivos, de médio corpo, com fruta vermelha fresca e taninos finos. Os brancos, mais raros, são leves, aromáticos e ideais para consumo jovem.

No mercado nacional é possível de se encontrar vários rótulos destas sub-regiões, que são atraentes pela qualidade e pelo preço. Sugiro, dentre eles o Vino Nobile di Montepulciano da Poliziano, o Morellino di Scansano La Mora da Cecchi, o Il Mio Galgo Rosso Toscano, o Poggio Alle Viole IGT Toscana Rosso, o Il Vino Del Mare Viognier Belvento, o Vernaccia di San Giumignano – Poderi del Paradiso e, finalmente, o excelente BEM DOC – Bianco – da Nittardi. São vinhos com tipicidade, acessíveis, gastronômicos, fáceis de beber e harmonizar. 

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Em resumo: essas sub-regiões toscanas menos conhecidas oferecem vinhos de grande autenticidade, cada qual refletindo sua geografia e tradição local. Do frescor mineral da Vernaccia di San Gimignano à intensidade frutada do Morellino di Scansano, passando pela sofisticação de Montepulciano e pela inovação da Maremma, a Toscana mostra que sua diversidade vai muito além dos nomes mais célebres, consolidando-se como um dos territórios vitivinícolas mais ricos do mundo. Salut!

Fonte:

vinho – Jovem Pan