Embora seja uma região com alguns dos vinhos mais cobiçados do mundo, como o lendário Romanée-Conti, a Borgonha ainda é pouco conhecida pelos consumidores brasileiros. Há uma barreira do preço, já que bons rótulos lá produzidos podem chegar ao país com valores acima dos quatro dígitos. Mas também a complexa divisão de apelações – são 84 distintas denominações de origem, distribuídas em 28 mil hectares, além de uma graduação de qualidade, que parte de um vinho mais simples e segue com Village, Premier Cru e, no topo da pirâmide, Grand Cru – não facilita a vida de quem quer se aventurar das expressões máximas da Pinot Noir e da Chardonnay elaboradas na Borgonha.
Agora, uma iniciativa com participação importante de investidores e importadores brasileiros que mudar esse cenário. Trata-se da Maison Arnaud Boué, iniciativa do viticultor que dá nome à vinícola com os investidores da 2Future e com a distribuidora Canal do Vinho, que passou a importar os rótulos diretamente da França.
Boué estudou em Montpellier, onde fica uma das principais universidades de enologia do mundo, e viajou à África do Sul e Nova Zelândia. Ao voltar para a França, trabalhou com importantes produtores da Borgonha antes de começar a fazer seus próprios vinhos. A Maison Arnaud Boué surgiu em 2018, com o apoio de investidores privados por meio de crowdfunding, e em 2021 entrou para o portfólio da 2Future.
Hoje, os vinhos de Boué são feitos principalmente com uvas compradas de produtores selecionados. “Buscamos sempre os mesmos parceiros para que seja possível acompanhar a evolução desses vinhos”, diz o enólogo. Isso permite que ele consiga produzir rótulos de importantes apelações, como um branco feito em Hautes-Côtes de Nuits, dois Premier Crus feitos em Nuits-Saint-Georges (em Les Saint-Georges e Les Chaboeufs, dois dos 41 climats, nome dado aos terroirs região) e um Grand Cru de Corton.
Todos os vinhos passam por barricas de carvalho, mas Boué não usa madeira nova. Os brancos passam 10 meses nos barris. Já os tintos fazem estágio de 16 meses, 12 deles na madeira e outros 6 em garrafa. Segundo o produtor, dessa forma é possível expressar de forma transparente as diferenças de cada terroir. Todos são produzidos de forma orgânica e biodinâmica.
Além dos rótulos com as apelações, que chegam aos Brasil por preços entre R$ 350 (no caso do Hautes-Cotes de Nuits branco) e R$ 1.599 (o Corton Grand Cru), há dois Borgonhas simples, um tinto e um branco, vendidos por R$ 250. Boué brinca que fazer um Corton ou um Nuits St.Georges bom é “fácil”. “Fazer um vinho de entrada muito bom é bem mais difícil, então tomo especial cuidado com isso”, afirma. É justamente com esses rótulos mais acessíveis que ele quer cativar o consumidor brasileiro.
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