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Quintal do Stuart

Mais novo integrante do nascente polo gastronômico da Rua Cachambi, o negócio de Rodrigo Stuart e sua família segue a linha da comida sem miséria, inaugurada há duas décadas pelo vizinho Cachambeer.

Num imenso e agradável quintal sombreado e pavimentado, os barris de chope comum são tratados com cuidado para que as tulipas de Heineken (R$ 9,99), Amstel (R$ 7,50) e Brahma (R$ 8,10) saiam à perfeição para a turma.

Entre um gole e outro, bolinhos de feijão-branco com camarão são uma boa dica (R$ 9,90 a unidade). Mas são as carnes na parrilla que matam fomes mais abastadas, como a fraldinha com queijo parmesão gratinado, escoltada de farofa de ovos e batata frita (R$ 125,00, para dois).

Nove opções de caipirinha (R$ 22,00) e cinco de gim-tônica (R$ 30,00) completam a festa no céu, ou melhor, no quintal.

Preços checados em novembro de 2022.

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Comer & Beber – VEJA RIO
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Os melhores vinhos da Sicília para acompanhar o final de “White Lotus”

Divulgação/HBO

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A 2ª temporada de “White Lotus” se passa em Taormina, na Sicília, no maior estilo dolce vita

Se você está em dia com a série sucesso da HBO “White Lotus” sabe que a segunda temporada, que chega ao fim hoje (11), se passa ao longo dos penhascos cênicos de Taormina, na Sicília.

No quinto episódio, vimos alguns dos personagens principais indo para os vinhedos vulcânicos da região para saborear o Etna Bianco – um estilo local de vinho branco feito predominantemente de Carricante. Um deles ainda alude especificamente a um rótulo popular, conhecido como Eruzione.

De fato, o Etna DOC (denominação de origem controlada), se apropriando do lado leste de seu vulcão homônimo, continua sendo uma das mais conhecidas da Itália. Mas ela representa apenas uma seção transversal pequena e relativamente estreita do que esta ilha maravilhosamente variada tem a oferecer.

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Para um sabor mais amplo, devemos voltar nossa atenção para a Sicília DOC, estabelecida em 2012 para consagrar a qualidade da produção em toda a região. Hoje, já inclui mais de 500 vinícolas e 23.400 hectares de uvas plantadas.

Além da incrível diversidade demonstrada em toda a paisagem, também há um valor incrível para ser apreciado aqui. Estamos falando de vinhos deliciosos com muita complexidade, todos com valores mais acessíveis.

Então, vamos dar uma olhada mais de perto no que a ilha faz de melhor, com algumas garrafas específicas para ter em casa para assistir a série favorita sobre hóspedes e funcionários de hotéis de luxo.

Nero D’Avola

Forbes USA

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Vinho Nero d’Avola

Você não pode falar sobre o vinho siciliano sem mencionar o Nero D’Avola – a uva vermelha mais plantada na ilha. Na garrafa, a uva expressa-se frequentemente com ameixas, alguma especiaria e taninos suaves. Exemplos elegantes são muito caros para serem listados. Mas a Siciliana, da Vinícola Di Giovanna, é um lugar sensato para começar sua exploração. É uma expressão fresca, sem carvalho (e orgânica) que realmente mostra a acessibilidade característica da categoria. Tudo isso por menos de US$ 15 a garrafa.

Quando estiver pronto para mergulhar mais fundo nas águas do Nero, adquira uma garrafa de Omnis da Funaro Winery. Ele bate mais pesado com notas de alcaçuz e pimenta preta, ideal para combinar com as proteínas mais robustas de um prato.

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Frappato

De casca fina e parente distante da Sangiovese, esta uva pode ter baixos rendimentos. É por isso que muitos produtores de vinho evitam trabalhar com ela. Mas como alguns produtores astutos estão provando, vale a pena espremer seu suco. Como um varietal indígena, combina muito especificamente com o terroir do sul da Itália e tem notas de morango e lavanda em seu perfil vibrante

A maior parte vem de Vittoria Frappato – um pequeno DOC no canto sudoeste da Sicília. Uma seleção de destaque daqui é a safra orgânica 2021 da Azienda Agricola COS. É leve e ligeiramente ácido, por isso muitos locais colocam na geladeira antes de servi-lo com tudo, desde lulas a salame. Uma ótima alternativa vermelha de clima quente para Pinot Noir ou Beaujolais. E esta oferta especialmente elegante custará apenas US$ 30.

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Zona rural perto da vila de Santa Domenica Vittoria, Nebrodi Park, Sicília

Grillo

Agora vamos falar de alguns vinhos brancos. Esta variedade de uva é mais conhecida por seu papel principal no famoso vinho fortificado da região, o Marsala. Mas é relativamente recente que apreciadores modernos começaram a reconhecer seus méritos como um vinho de mesa. Especialmente quando expresso graciosamente sob a curadoria de um enólogo talentoso.

Esse é claramente o caso da safra 2021 de Tenute Orestiadi. É fresco, mas encorpado, com o toque floral da flor de laranjeira no nariz e a profundidade da argila e ardósia no final. É robusto o suficiente para resistir a um par de anos de adega. E é cerca de US$ 10 a garrafa.

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Catarrato

Esta versátil uva branca foi plantada na Sicília por milhares de anos. No Etna DOC é tipicamente misturado com Carricante. Em toda a ilha, no entanto, os produtores sicilianos têm explorado todo o seu potencial cítrico como um varietal independente. Um ótimo exemplo pode ser encontrado na garrafa de US$ 22 da Feudo Montoni, que convida algumas interessantes notas de melão e toranja para a festa do paladar. Um complemento perfeito para qualquer frutos do mar mais leves em sua mesa – e comédias mais sombrias em sua TV.

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Bilionário setor vinícola dos EUA diz que enfrentará mudanças climáticas

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Cachos de uvas Cabernet Sauvignon crescendo no Napa Valley da Califórnia

A mudança climática representa uma ameaça significativa para toda a agricultura, mas tem um potencial particularmente perturbador para a indústria do vinho. Isso ocorre porque a qualidade do vinho está intimamente ligada ao clima e, por consequência, ao seu valor. Mesmo mudanças relativamente sutis no clima têm o potencial de perturbar a ordem existente no mercado de vinhos, principalmente no segmento premium.

A indústria vinícola de US$ 46 bilhões (R$ 240 bilhões na cotação atual) da Califórnia certamente está ameaçada pelas mudanças climáticas, mas tem mais potencial para se adaptar porque não é tão tradicional quanto as famosas regiões vinícolas da Europa. A indústria da Califórnia também deve se beneficiar de seu foco de longo prazo na sustentabilidade.

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Uma recente revisão de dados de safras em Napa e Bordeaux mostra que já existe uma tendência de temperaturas mais altas, mas que até agora isso poderia ajudar na qualidade do vinho em Bordeaux e ainda não atingiu níveis severamente prejudiciais em Napa. No entanto, os autores deste estudo concluem que estamos nos aproximando do “ponto de inflexão” e provavelmente veremos safras futuras sofrendo em qualidade por causa das temperaturas mais altas. A adaptação será a chave para o futuro. No curto prazo, algum grau de resiliência climática pode ser alcançado por meio de mudanças na gestão dos vinhedos, mas pode ser necessário tomar medidas mais radicais, como mudar as variedades de uva cultivadas ou misturar com uvas de locais mais diversos.

CAGETTY

CaGuetty

Vinhedos do Condado de Sonoma, na Califórnia

Mas qual a importância disso tudo? As uvas para vinho são uma indústria importante na Califórnia, envolvendo 250.000 hectares de vinhedos. Com base no Relatório Crush de 2021, os produtores receberam mais de US$ 3 bilhões (R$ 15 bilhões) por suas frutas e o Wine Institute informa que as vinícolas do estado enviaram 271,2 milhões de caixas com um valor de varejo estimado em US$ 45,6 bilhões (R$ 238 bilhões). O instituto também documentou o fato de que a indústria cria 325.000 empregos no estado e 786.000 no total. O turismo relacionado com o vinho também é um grande negócio. Por exemplo, em 2015 houve 24 milhões de visitas turísticas a regiões vinícolas.

Como as mudanças climáticas afetam os vinhedos e o vinho?

Há muitos impactos potenciais a serem considerados. A mudança climática, provavelmente, significará secas mais frequentes e severas, como a que a Califórnia está experimentando atualmente. A disponibilidade de água subterrânea ou superficial varia muito entre as regiões do estado, mas é possível que esse problema iniba qualquer plantio posterior e torne alguns vinhedos inoperáveis. Picos severos de temperatura podem levar a queimaduras solares e perda de rendimento/qualidade da fruta e esses eventos provavelmente se tornarão mais comuns.

A exposição à fumaça tem sido um problema nos últimos anos, quando incêndios florestais ocorreram nas colinas próximas aos vinhedos. É provável que os problemas de pragas se tornem mais desafiadores com o tempo, pois os insetos passam por mais ciclos de vida em condições mais quentes, assim como o patógeno fúngico, o oídio. Se os invernos ficarem mais quentes, a falta de dormência resultante pode levar a uma “brotação” desigual que alterará o rendimento posterior e a uniformidade da colheita.

Mas a maior ameaça relacionada com as alterações climáticas tem a ver com a qualidade do vinho. Em cada estação de crescimento há um estágio chamado “veraison” após o qual o teor de açúcar da uva aumenta, a acidez diminui e as características principais de cor, sabor e aroma se desenvolvem. Durante esse período crítico do amadurecimento à colheita, a qualidade do vinho envolve o que poderia ser chamado de fenômeno Goldilocks de vários níveis, no qual as vinhas precisam de condições “ideais” em termos de temperaturas moderadas, dias ensolarados, noites frescas ou manhãs de nevoeiro e leve estresse hídrico. Quanto mais próximo o ambiente de cultivo estiver do “certo” – maior será o valor das uvas e do vinho. Por exemplo, as uvas do relativamente ideal Napa Valley, na Califórnia, valem entre US$ 3.000 e US$ 8.000 por tonelada, enquanto as do Central Valley, muito mais quente, são vendidas por US$ 3-600/ton.

Em uma área de cultivo premium, os vinhos produzidos com a mesma variedade de uva cultivada no mesmo vinhedo, e produzidos pelo mesmo enólogo, podem diferir de valor em até vinte vezes em função das condições climáticas específicas em um determinado ano ou “safra” (Ashenfelter, 2010). As regiões que desfrutam consistentemente de condições mais “certas” são tradicionalmente definidas como “denominações”, como Bordeaux, Borgonha, Reingau, Toscana, Rioja na Europa ou Napa, Sonoma ou Central Coast na Califórnia.

Existe um conceito fundamental da indústria do vinho chamado “terroir” que é a combinação ideal da variedade de uva, do solo e do clima da área de cultivo – algo que é comprovado ao longo do tempo, altamente valorizado e depois nunca alterado. As alterações climáticas ameaçam o cerne destas tradições, mas isso não significa que uma região não possa continuar a fazer um bom vinho. Mas pode ser que tenha de ser outro. As variedades de uva diferem em termos de faixa de temperatura ideal e, portanto, uma opção de adaptação chave é mudar as variedades.

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Indústria faz uma imensa oferta de vinhos aos consumidores e quer continuar assim

A Califórnia e outras regiões de cultivo do novo mundo usam as mesmas variedades de uva que são cultivadas há séculos na Europa, mas eles têm a flexibilidade de usar qualquer uma que funcione bem em seu ambiente. Assim, os australianos foram capazes de criar seguidores para Shiraz (na verdade, Syrah) e os argentinos promoveram à fama a variedade menor de blending Bordeaux e Malbec. Mas mesmo que essas variedades tenham força, existe a possibilidade de mudança.

Por exemplo, embora o Napa Valley tenha construído sua reputação em torno do Cabernet Sauvignon, originário da região de Bordeaux, ele pode mudar para algo como Zinfandel para lidar com temperaturas mais altas. A maioria dos produtores europeus de uva não teria essas opções de acordo com as regras e leis atuais. Os produtores australianos e sul-americanos também compartilham a opção um tanto aberta da Califórnia de mudar a variedade.

A outra maneira pela qual a indústria do vinho pode se adaptar está nas mãos do enólogo. Uma forma de obter um vinho com uma mistura desejável de componentes é misturar uvas ou vinhos acabados de diferentes áreas de cultivo e/ou de diferentes castas. Essa foi a estratégia empregada pela vinícola Bronco para fazer o que veio a ser conhecido como “Two Buck Chuck” – um vinho de mesa razoavelmente bom para o dia-a-dia vendido na rede de mercearias Trader Joe’s, sob o rótulo Charles Shaw, originalmente por US$ 1,99/garrafa (agora é vendido por US$ 3). Qualquer tipo de mistura multi geográfica seria um anátema para a maior parte da indústria europeia mas, na Califórnia, um vinho com um rótulo de variedade específico só precisa conter 75% desse tipo de uva, e os 25% restantes podem ser usados ​​para misturar em outras variedades para lidar com vários desafios de qualidade.

A indústria da uva para vinho da Califórnia está caminhando para este futuro tênue, com uma preparação significativa como parte de seu foco na sustentabilidade. A CAWG (California Association of Winegrape Growers) e o Wine Institute lançaram a organização sem fins lucrativos California Sustainable Winegrowing Alliance, em 2003, e desde 2010 oferecem uma certificação de terceiros. Os participantes medem coisas como o uso de água e nitrogênio em vinhedos, e uso de energia, água e emissões de gases de efeito estufa da vinícola. No total, são consideradas 71 práticas específicas, 30 das quais são “hot spots” climáticos. O foco na eficiência do uso da água é uma das formas pelas quais a indústria já vem se preparando para as mudanças climáticas.

A literatura científica e econômica está repleta de estudos sobre mudanças climáticas e uva/vinho. Muitos dos membros do corpo docente da University of California, Davis, nos departamentos de Viticultura e Enologia e Economia, fazem pesquisas sobre esse tópico.

O resultado final é que a indústria vinícola da Califórnia provavelmente sobreviverá, assumindo algum grau de ação climática global para evitar mudanças catastróficas. Pode haver mudanças em termos de, exatamente, o que é produzido em cada sub-região, mas os amantes do vinho continuarão a ter opções premium e acessíveis. Irá a indústria europeia do vinho adaptar-se? Isso continua em aberto.

* Steven Savage é colaborador da Forbes EUA, biólogo pela Universidade de Stanford e doutor pela Universidade da Califórnia, em Davis.

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Concha y Toro aposta em vinhos premium para crescer

Divulgação/Concha y Toro

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Vinhedo da denominação de origem Puente Alto da Concha y Toro, no Chile

O Reservado, de preço em torno de R$ 40, continua a ser o vinho da Concha y Toro mais vendido no Brasil, com 18 milhões de garrafas ao ano. Mas a empresa chilena – maior exportadora de vinhos da América Latina e terceira maior produtora do mundo em volume – agora aposta mesmo é no potencial brasileiro para o consumo de rótulos premium, a partir de R$ 150.

O plano de levar o país do quarto para o primeiro lugar no segmento faz parte de uma guinada da companhia em direção aos produtos de alto valor agregado. Essa estratégia, por sua vez, acompanha um movimento maior de mercado. “Houve uma mudança radical no consumidor, que hoje tende a comprar vinhos de preço mais alto”, diz a vice-presidente de Imagem Corporativa da holding Concha y Toro, Isabel Guilisasti.

Ela esteve recentemente em São Paulo para lançar duas safras da denominação de origem Puente Alto, conhecida pela excelência em cabernet sauvignon: Don Melchor 2019 (R$ 1.350) e Marques de Casa Concha Heritage 2020 (R$ 619).

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Segundo Isabel, a recente transformação do cenário da indústria vinícola tem a ver com o aumento do consumo da bebida em casa em períodos de lockdown. No conforto do lar, as pessoas se permitiram experimentar produtos de qualidade mais elevada – o que, na opinião da vice-presidente, é um caminho de difícil volta. “Creio que o mundo se premiunizou durante a pandemia”, diz. “Em 2021, o fechamento de ano da companhia foi excepcional, e teve a ver com isso.”

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Don Melchor 2019 e Marques de Casa Concha Heritage 2020, rótulos premium lançados este ano no Brasil

Em números: as vendas do portfólio premium representavam 36% do faturamento em 2017 e passaram para 49,2% em 2021; em volume, foram de 23% para 32,9% no mesmo período. Já o faturamento da holding chegou a US$ 1,09 bilhões em 2021, 50% acima do pré-pandemia. Sediado em Santiago, hoje o grupo possui 12.313 hectares de vinhedos no Chile, na Argentina e nos Estados Unidos e é formado pelas vinícolas Concha y Toro, Don Melchor, Cono Sur, Viña Maipo, Bonterra Organic Estates (ex-Fetzer, dos Estados Unidos) e Trivento (Argentina) e pela joint venture Almaviva (50% Concha y Toro, 50% Baron Philippe de Rothschild).

Em sua passagem por São Paulo, Isabel conversou com a Forbes sobre o desafio de manter o padrão de consumo conquistado nos últimos anos. Também comentou sobre compromissos de sustentabilidade assumidos pela empresa, que anunciou a meta de reduzir suas emissões totais de CO2 em 35% até 2025 (em comparação com 2017) e zerá-las até 2050.

Falou ainda sobre gestão familiar e contribuições da sua geração ao negócio (ela é filha de Eduardo Guilisasti, que na década de 1950 tornou-se presidente e principal acionista Viña Concha y Toro, e irmã do atual CEO da empresa). Confira:

Como é trabalhar em um negócio em que sua família atua há décadas?

Estamos vinculados ao mundo do vinho toda a minha vida. Estudei arte e, em algum momento, me baixou essa curiosidade pelo vinho, por tudo que meu pai havia feito e no que se estava trabalhando. Era um tema recorrente em nossa família. Então estudei marketing e, há 25 anos, comecei a trabalhar em Cono Sur.

Em 2000 assumi o marketing de Concha y Toro, dos vinhos finos, de alta gama, e no ano de 2020 assumi como VP de vinho fino não só de Concha y Toro, mas também das outras filiais. Somos sete irmãos, e todos temos profissões diferentes, então não competimos.

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Isabel Guilisasti, vice-presidente de Imagem Corporativa da holding Concha y Toro

Um irmão, agrônomo, morreu em 2014. Eduardo é engenheiro e está a cargo da gerência geral da Viña Concha y Toro e de todas as filiais. Rafael trabalha em Emiliana, que é uma vinícola diferente, orientada 100% para a agricultura orgânica. Pablo trabalha na frutícola (Greenvic). Eu estou no mundo do marketing. E minhas duas irmãs (Sara e Josefina), uma trabalha na área da fundação de nosso pai e a mais nova estuda arte. Nos complementamos, não temos grandes diferenças e todos empurramos a companhia, temos paixão, iniciativa, conversamos muito e respeitamos a opinião do outro.

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O que a sua geração implementou de mudanças e o que conservou?

Com meu pai, o maior impulso na empresa esteve relacionado ao fato de que ele acreditava que o Chile tinha condições inigualáveis para produzir vinhos e distribuir globalmente. Sua trajetória esteve focada em comprar mais hectares e consolidar-se como uma vinícola capaz de produzir um volume maior para abastecer outros mercados. Somos um país pequeno, com consumo interno pequeno, portanto tínhamos que nos abrir para o mundo – é diferente quando se é produtor de vinho na Argentina, na Califórnia, em outros países em que o mercado é mais forte.

Meu irmão, Eduardo, quando assume a gerência geral, tem uma vocação bastante global e de exportação. Vem uma etapa de consolidação de Concha y Toro no mercado externo. Esse é seu grande aporte. Hoje estamos presentes em mais de 130 países e temos escritórios comerciais no Reino Unido, no Canadá, no México, no Brasil, em Cingapura, nos países nórdicos, nos Estados Unidos (13 ao todo).

Do ponto de vista de marketing, estamos focados em ter um portfólio de marcas mais limitado e desenvolver diferentes experiências através delas, colocando o consumidor como eixo central. Muitas vinícolas (e nós também, anos atrás) têm uma estratégia de produzir vinhos e marcas a partir de um olhar como empresa produtiva mais do que como empresa orientada ao consumidor. Eu diria que essa é a grande mudança na nossa geração: o consumidor assumiu um papel muito relevante na estratégia da companhia.

Quando mudou o portfólio de vinhos, o que se buscou?

Essa grande mudança na definição do nosso portfólio foi desenvolvida cinco anos atrás, em 2017, quando definimos uma forte orientação ao consumidor e o desenvolvimento de marcas premium. Pegamos todas as marcas de Casillero del Diablo para cima como as mais relevantes para focarmos. Assim começa o que definimos como premiunização da companhia. Não deixamos de lado as outras, porque seguem sendo produzidos vinhos como Reservado, mas nosso foco se concentra nos vinhos mais premium.

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Casarão de Don Melchor

E como evoluiu e ssa premiunização? Como era cinco anos atrás e como está agora o faturamento das marcas premium da Concha y Toro?

Ela tem sido bastante bem-sucedida em termos de revenue da companhia. Em 2017, o portfólio de vinhos premium representava 36%; em 2021, foi para 49,2%. Em termos de volume, foi de 23% para 32.9%. Isso tem a ver não só com desafios da empresa. Acompanhamos o consumidor. Hoje em dia, ele tende a comprar vinhos de preço mais alto.

A pandemia, apesar de ter sido nefasta, ajudou os vinhos premium. Houve muito consumo doméstico, e isso foi uma mudança radical. Porque, quando se vai a restaurantes, eles colocam uma margem no preço. Em casa, o consumidor teve acesso a vinhos de alta qualidade por um preço mais baixo. E, quando o paladar se acostuma, é difícil voltar atrás. Acontece com todas as coisas. Creio que o mundo se premiunizou durante a pandemia.

Como se comportou o mercado brasileiro em relação à premiunização e ao consumo doméstico?

Esse mesmo fenômeno aconteceu no Brasil. No evento de lançamento da denominação de origem Puente Alto (em agosto, em São Paulo), tivemos a oportunidade de conversar com gente da indústria que tem lojas de vinho e há essa mesma opinião de que, durante a pandemia, cresceu o consumo de vinhos e cresceu o consumo de vinhos premium. Agora, no ano 2022, quando se abrem as portas e as pessoas se atrevem a sair mais, outros tipos de consumo, de festa, de cerveja, também crescem fortemente. Temos o desafio de manter nos próximos anos o que conquistamos.

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Há uma relação entre investir em sustentabilidade e premiunização? O consumidor também busca um vinho que tenha sustentabilidade entre seus valores?

Temos um programa de sustentabilidade desde 2012. Nos concentramos em manejo de água, de resíduos, de florestas nativas e também na conservação. Do ponto de vista agrícola, temos plano de trabalhar práticas regenerativas no que se refere à fauna e ao solo. Fomos certificados como Empresa B, o que significa que temos compromisso com o meio ambiente e também com o social. Em 2014, criamos um centro de investigações e inovação da companhia, dedicado a pensar a vinícola do futuro. Há, por exemplo, um plano piloto de como reduzir a maior quantidade de água através de implementações de irrigação.

Outro pilar importante é que temos um patrimônio histórico nos vinhedos e nos preocupamos em conservá-lo e protegê-lo: os cabernet sauvignon pré-filoxera (praga que devastou plantações no século 19). Ainda temos esse material genético, o reproduzimos e o compartilhamos. Tudo o que herdamos como patrimônio, conservamos e buscamos projetar ao futuro. A nível de consumidor, ele cada vez mais busca empresas que tenham um propósito muito claro. E nisso é importante a coerência. Ou o consumidor te castiga.

Reportagem publicada na edição 100, lançada em agosto de 2022.

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Brasil realiza a maior degustação simultânea de vinhos do mundo

Paladar apurado: as 16 amostras foram selecionadas entre 533 vinhos de 70 vinícolas brasileiras

A sincronia é tão precisa que parece um balé muito bem ensaiado. Para que mais de 1.600 apreciadores experimentem o vinho ao mesmo tempo, 120 estudantes de Viticultura e Enologia, de três institutos do sul do país, circulam com garrafas entre as mesas com a fluidez de quem está no palco. Todos carregam no semblante o orgulho de participar da Avaliação Nacional de Vinhos, em Bento Gonçalves (RS), que chega à efeméride da 30ª edição como a maior degustação simultânea de vinhos do mundo.

A novidade deste ano é que, além das 600 pessoas no Pavilhão E do Parque de Eventos da cidade na Serra Gaúcha, cerca de 900 participantes estarão em seus lares; e 134 formadores de opinião (entre jornalistas e influenciadores), de seis cidades – Brasília (DF), Florianópolis (SC), Londrina (PR), Petrolina (PE), Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP) –, estarão reunidos em praças locais, para acompanhar ao vivo, hoje, a partir das 17h, transmissão aberta feita pelo canal de Youtube da Associação Brasileira de Enologia (ABE).

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As 16 amostras provadas neste sábado foram selecionadas entre 533 de 70 vinícolas de cinco Estados (Rio Grande do Sul, Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina), em um trabalho de análise que contou com a participação de 90 enólogos em degustações feitas às cegas, seguindo as normas internacionais impostas pela OIV (International Organisation of Vine and Wine). Trata-se da maior avaliação da história do evento.

A seleção é dividida em seis categorias de vinho: base espumante (3 amostras); branco não aromático (2); branco aromático (2); rosé seco (1); tinto jovem (1) e tinto seco (7).

O cálculo de 900 participantes que estarão em casa provando as amostras está calcado na venda do kit (R$ 790, com frete) de três taças e 16 garrafas de 187 ml. Foram enviados kits para 18 Estados do Brasil, além do Distrito Federal.

Todos os participantes, sejam os presenciais, seja quem comprou o kit, vão receber o livro “Avaliação Nacional de Vinhos – 30 anos”, assinado por Irineu Guarnier Filho, uma obra que condensa as principais histórias e os personagens mais marcantes em três décadas de evento. O livro também traz o resultado de todas as avaliações e os homenageados pelos troféus mais cobiçados do setor.

Volta do presencial

“Esta é a Avaliação do reencontro”, resume o enólogo André Gasperin, presidente da ABE. “Chegou a hora de reviver presencialmente o maior momento do vinho brasileiro, sem deixar de lado nossos revolucionários kits e a transmissão do evento on-line. Estreando neste formato híbrido, vamos levar o vinho brasileiro para uma dimensão nunca antes alcançada.”

O kit citado por André nasceu durante a pandemia, quando o evento aconteceu apenas de forma on-line e exigiu grande esforço de logística.

Painel de avaliação

Há um painel de 16 comentaristas (sete mulheres) no evento presencial: um para cada amostra. Entre os nomes, o enólogo uruguaio Alejandro Cardozo, a chilena Elba Hormazabal e a chef brasileira Flávia Quaresma.

O auge do evento acontece no final, quando são reveladas as vinícolas responsáveis por cada amostra – até então, ninguém sabe de onde os vinhos são. Entre as 16 aclamadas não há distinção, nem ranking – todas são vencedoras, todas estão no grupo do que há de mais representativo da safra 2022 em diferentes regiões do Brasil.

>> Inscreva-se ou indique alguém para a seleção Under 30 de 2022

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Norte da África proporciona vinhos de alta qualidade; conheça os principais

Do continente africano, o país famoso por seus vinhos é a África do Sul, onde a produção já é conhecida desde o século XVII, sendo que a região de Constantia é a que oferece os melhores produtos. Tais vinhos, por sinal, são facilmente encontrados aqui no Brasil e a preços bem convidativos. Entretanto, não é só na África do Sul que há produção relevante de vinhos, sendo verdade que Marrocos, Argélia, Tunísia e Egito são países produtores que merecem atenção. Nestes países, mais que os obstáculos climáticos, encontramos a falta de incentivo à produção por causa dos dogmas da religião muçulmana, que não incentiva (proibindo mesmo) o consumo de bebidas alcoólicas, o que aqui destaco sem qualquer caráter de crítica, mas como puro dado. 

Os três primeiros países citados – Marrocos, Argélia e Tunísia – têm possibilidades climáticas e solos que possibilitam a boa produção de vinhos. A Cordilheira do Atlas alcança os três países e dá condições para a boa produção de vinhos ao trio. Desde a época da colonização africana se tem notícias de produção de vinhos nestes países, sendo que as uvas predominantes são Carignan, Cinsault, Grenache e Chardonnay. A Argélia chegou a ser o quinto maior produtor de vinhos no mundo em quantidade. Entretanto, com a Guerra Civil que se verificou no país de 1.994 até 2.002, a maioria dos seus vinhedos, com produção economicamente relevantes, foi dizimada. A Tunísia, até o limiar do Século XXI tinha toda a sua produção em mãos estatais e, mesmo assim, oferecia ao mercado bons produtos, especialmente tintos bem gastronômicos. O Marrocos, por seu turno, hoje é o líder na produção de vinhos do norte da África, uma vez que aceitou investimentos estrangeiros e modernização de seus métodos produtivos, com vistas ao mercado internacional, sempre crescente. Os principais vinhedos do Marrocos estão na região de Meknès, entre os picos do Médio Atlas e a Costa Atlântica. De lá saem tintos encorpados, bem gastronômicos, contudo, com taninos bem rústicos, são vinhos que valem a pena ser conhecidos. 

Já o Egito tem uma tradição vinífera que vem da época dos faraós e que, infelizmente sofreu um grande hiato por causa do desinteresse religioso e econômico por seus vinhos. Como afirmou Paulo Queiróz, provavelmente foram os egípicios os primeiros a criar um comércio de vinho há mais de 2.000 anos antes de Cristo. Há registros detalhados da produção e transporte de vinho em pinturas na tumba de Nakht (1.500 A.C.). Segundo o jornal Britânico Telegraph, cientistas espanhóis descobriram que o rei Tutankhamun tinha em sua tumba jarros de vinho tinto que o esperavam no pós-morte. O vinho era produzido apenas para os nobres, ou para a corte do Faraó. O povo bebia cerveja. Hoje em dia, próximo ao Cairo, em clima deserto, se produz vinhos, sendo que a casta Granache, para tintos, e a branca Viognier por lá predominam. Tive a oportunidade de provar um vinho branco egípcio, Viognier, absolutamente interessante. Por aqui, com alguma procura, encontramos os vinhos marroquinos, como, por exemplo os da Domaine des Ouled Thaleb e da Domaine de Sahari. Vale a procura pela curiosidade e cultura. Salut!  

Fonte:

vinho – Jovem Pan
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Com acidez elevada e taninos marcantes, Sangiovese é a joia mais proeminente da Toscana; conheça

Sangiovese. Em tradução livre, do latim, seria Sangue de Júpiter (Sang di Giove) e a referência não é italiana, mas grega. Mais precisamente de Creta, onde diz a mitologia que toda vez que o sangue de Zeus, correspondente grego, ferve, dos vulcões da mágica ilha são expelidas chamas. A verdade é que esta uva é milenar da Toscana e alguns afirmam, mais por conta da etimologia, que foi para lá levada por alguns Etruscos que passaram por Creta há mais de um mil anos antes de Cristo. Entretanto, é inegável que a Sangiovese é a joia mais proeminente da Toscana. Muitos creem que foi em Montalcino, na Provincia de Siena, onde primeiro se vinificou esta uva, o que pode explicar que, até hoje, os melhores exemplares de vinhos desta casta veem de lá, a exemplo do Brunello di Montalcino. A casta está presente por diversas comunas italianas e, hoje, é cultivada em vários locais do Novo Mundo, inclusive no Brasil. Por ter uma característica marcante, ela consegue imprimir aos vinhos, independentemente da região onde são produzidos, traços comuns. Seus vinhos costumam apresentar alto grau de acidez, com potencial gastronômico imenso. Seus taninos são marcantes e, muitas vezes, o enólogo opta por domá-los com pequenos cortes de castas mais macias, a exemplo da Canaiolo ou da francesa Cabernet Sauvignon. Este último corte (Sangiovese / Cabernet Sauvignon), acredita-se, deu origem aos vinhos chamados de “SuperToscanos”, produzidos em Marema.

A verdade é que a Sangiovese não é uma uva de fácil cultivo. É delicada e exige muito cuidado no campo. Como a Pinot Noir, ela não se adapta à qualquer região, assim exige bons vinhateiros e cuidados no cultivo, colheita e guarda. Também recebe outras denominações, não tão conhecidas, como Morellino em Montalcino; Brunello, Prugnolo ou Prugnolo Gentile em Montepulciano; Nielluccio na ilha de Córsega, na França, e Toustain, na Argélia. Mas é por Sangiovese que o mundo todo a conhece e chama. Como destaquei acima são marcas da variedade acidez elevada, taninos firmes e equilibrados, final de boca elegante e persistente. Os sabores e aromas mais facilmente encontrados são cerejas, ameixas e morangos, com um leve toque de ervas, como sálvia, alecrim e manjericão. São, normalmente, vinhos de guarda, a exceção dos Chiantis mais simples, que, recomendo, sejam consumidos novos e refrescados. Pratos gordurosos vão muito bem com vinhos desta uva e os molhos de tomate têm nela uma possibilidade de harmonização bem especial. Queijos gordos e embutidos também casam bem com vinhos da Sangiovese, de modo geral.

Para melhor conhecer a uva, sugiro que procurem vinhos de regiões diferentes, a começar por Montalcino, de onde indico o excepcional, Expressione Brunello di Montalcino do Castelo
Tricerchi e o Brunello di Montalcino Il Poggione, um clássico e de tipicidade marcante. Mais simples, da Toscana, o Prestige Sangiovese Uggiano é uma boa pedida assim como o Villa
Gracchio Chianti do Angelo Rocca & Figli. Da California, merece todo destaque o Stolpman Vineyards Love You Bunches Sangiovese e da Argentina o Faro Sangiovese. Por aqui, temos vinhos da Sangiovese bem bacanas e que prestigiar seria uma boa experiência, por exemplo o Atelier Tormentas Vermelho, um Sangiovese de autor, elaborado pelas habilidosas mãos do enólogo Marco Danielle, referência internacional na produção de vinhos artesanais. O Zanotto é um Sangiovese elaborado pela Vinícola Campestre, localizada em Vacaria, Campos de Cima da Serra do Rio Grande do Sul e que guarda uma tipicidade muito boa e, dos nacionais, não poderia deixar de mencionar o Valmarino V3 Corte 1, que leva Cabernet Sauvignon, Merlot e Sangiovese. Salut!

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vinho – Jovem Pan
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Uvas não tão conhecidas do Piemonte oferecem vinhos de alta qualidade; saiba quais são

Das regiões viníferas italianas, a mais prestigiada no mundo é, como segurança, o Piemonte. E este fato se deve, especialmente, à fama dos Barolos e Barbarescos pelo mundo. Ambos vêm da casta Nebbiolo e guardam características próprias um ou outro. Ocorre que o Piemonte não é só “Nebbiolo”, há muitas outras uvas viníferas que nos oferecem vinhos de altíssima qualidade e versatilidade ímpares. Vale destacar que o Piemontês é bairrista (o que é bom para o viticultor), e as castas estrangeiras não são ou são pouco bem-vindas por lá. Assim, é muito difícil encontrar um “Cabernet Sauvignon” piemontês (eu, particularmente, desconheço).  Tal característica de regionalismo outorga ao vinho piemontês uma tipicidade única, o que sempre louvo, por significar homem-terra-clima-técnicas em harmonia no vinho. Voltando às castas pouco conhecidas, destaco a primeira delas como a mais conhecida das pouco conhecidas, a branca “Cortese”, que é famosa pela notável acidez que apresenta e excelente capacidade de manter o frescor, ela é cultivada, principalmente, na parte sudeste do Piemonte e há centenas de anos, existindo menções a essa variedade até mesmo em documentos do século XVII. Os vinhos mais tradicionais elaborados com a uva Cortese são os Gavi e deles sugiro que conheçam Gavi DOCG Ca’Bianca e o Fontanafredda Gavi Del Comune Di Gavi, cuja acidez e frescor são marcantes, e ostras, mariscos ou o vôngole aplaudem quando juntos. 

A “Freisa”, por seu turno, é uma casta tinta e que, curiosamente, andou por aqui em meados do século XX, quando a Granja União cultivou esta uva e a vinificou na região de Caxias do Sul (RS).   Piemontesa de origem, nos dá vinhos tintos com bom corpo e sabores frutados. Com a presença de bons taninos e marcante acidez, o vinho Freisa é capaz de envelhecer bastante. Segundo o Mestre Amarante, no século XIX a uva Freisa foi amplamente cultivada nos vinhedos da região do Piemonte, quando era a variedade mais plantada na província de Torino. Sua elevada resistência tornou-a extremamente popular, especialmente após a grande praga filoxera que assolou os vinhedos da Europa. Por aqui, raro que é o vinho da casta Freisa, sugiro que procurem o Borgogno Langhe Freisa DOC 2016 e o Giacomo Borgogno Freisa, ambos com ótimos taninos, bom corpo, acidez que os torna ícones gastronômicos e longevos. São vinhos que vão muito bem com uma Carne Cruda ou mesmo com um Vitelo Tonnato. 

Por fim, a “Brachetto” é uma uva tinta que dá origem a ótimos tintos e a espumantes espetaculares sendo originária das colinas de Monferrato, na Itália. Considerada uma uva de baixos rendimentos, a uva Brachetto possui cachos robustos que apresentam muitos bagos, de pele fina porém firme, com coloração escura e profunda, e elevado teor de açúcar natural. Os espumantes tintos desta uva, ao meu ver, disputam espaço com o lusitano Murganheira, sendo, em muitas ocasiões, mais apropriado para harmonizações com pratos gordos. E o espumante da Brachetto que vou sugerir é o Ca´Del Profeta Brachetto Momentum, ótimo acompanhante de uma torta de chocolate meio-amargo, e o tinto é o Batasiolo Brachetto, que frutado e de baixo teor alcoólico, segue bem com sobremesas a base de frutas ou mesmo com uma fruta mais ácida como o Kiwi. Saber e conhecer estas uvas e seus vinhos é se distanciar um pouco do marketing sufocante que está no entorno do vinho e permitir-se ousar, provar, descobrir. Salut!

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vinho – Jovem Pan
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Feijoada, sanduíches e salgadinhos: Harmonizações inusitadas com vinhos

O vinho, afora sua nobreza espiritual, é uma bebida versátil e tal versatilidade se traduz bem no que se chama de “potencial gastronômico”, ou seja, na capacidade da bebida de bem acompanhar um alimento. Em que pese os limites do gosto ou a ausência de limites que o gosto nos possibilita, certos alimentos, a uma primeira vista, não parecem combinar bem com o vinho. Nestas ocasiões tendemos a correr para bebidas, ditas, mais populares e fáceis, por exemplo a cerveja; ledo engano, sempre é possível eleger um vinho para acompanhar o alimento. 

As tais regras da alta gastronomia já vêm, quase, prontas. É na, falada, “baixa gastronomia” que encontramos os maiores problemas. O filme Sideways: entre umas e outras (de 2004 e aqui recomendado), creio, foi o primeiro a trazer à baila esta discussão sobre harmonização e baixa gastronomia, quando, no final, Mr. Miles (personagem interpretada por Paul Giamatti), trucida um gordo cheeseburger com um Château Cheval Blanc 1961. Certa vez, inspirado no filme, fiz algo parecido: abri um Barbaresco do Michele Chiarlo com um sanduíche de salame e manteiga. Juro que a combinação saiu boa, especialmente por conta da acidez do vinho, contrastada com a gordura do embutido. 

Ocorre que tais combinações são, absolutamente, possíveis. A nossa feijoada, controvérsia universal quanto a harmonização, ao meu ver, vai muito bem com um vinho rose jovem e bem refrescado, sem madeira – por exemplo um Miolo Seleção Cabernet Sauvignon & Tempranillo Rosé ou o português Mateus Rosé. Ao meu ver, o que não combina com feijoada é cerveja! Uma barriga de porco “pururuca” (serve para o torresmo), se não for acompanhada de uma boa cachaça, segue bem com uma Cava (espumante espanhol da Cataluña), por exemplo uma Gramona ou mesmo uma Codorniu Clasico Brut

O nosso famoso “Comercial” (arroz, feijão, contrafilé e salada) pode ser, tranquilamente, acompanhado de um vinho tinto da uva Malbec, sempre sem madeira; isso desde o  Punta Negra Wines of Belhara Malbec, até o Achaval Ferrer Malbec. O “Tutu a Mineira” ou o “Virado a Paulista” (que são diferentes entre si), se fazem acompanhar muito bem de um Pinot Noir mais simples, por exemplo o espanhol Ponderado Pinot Noir ou o brasileiro Don Guerino Reserva Pinot Noir. As tortas salgadas têm lugar de destaque na culinária nacional; a torta de palmito, a de frango ou mesmo as tortas regionais – como o Empadão Goiano – vão muito bem com vinhos brancos da uva Chardonnay, inclusive com um Petit Chablis. Sugiro que provem uma bela torta com o an Bouchard, Petit Chablis Aoc ou com um excelente Chardonnay daqui do Brasil, o  Casa Venturini Reserva, Vinícola Casa Venturini Chardonnay. 

Os embutidos mais condimentados, de forma geral, vão bem com tintos de boa acidez e frescos. O tal sanduba de salame sugere um Barbera jovem ou um Tannat de entrada; o Don Pascual Reservado Tannat é uma boa pedida e o italiano Colli Piacentini Barbera outra. Os tais quitutes e salgadinhos são um caso à parte e aí prefiro optar por um espumante branco e bem seco, mais simples. O argentino Norton Extra Brut é uma eleição bem possível, assim como o nacional Victoria Geisse Extra Brut. Agora, quando pairar dúvidas, não hesite: opte pelo Champagne, ao meu ver a bebida universal, que vai bem com pão com manteiga na chapa, strogonoff de frango, ostras frescas, feijão branco caldento ou bolinhos de bacalhau. Com certeza o Champagne é uma unanimidade no universo das harmonizações, dado a sua acidez e capacidade de adaptação a qualquer situação de vida. Lembro que champagne é francês, o resto é espumante, com o devido respeito. Salut! 

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vinho – Jovem Pan
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Vinhos: as vantagens do modelo bag-in-box, que ganha espaço no Brasil

Conchego Tempranillo –Evino/.

vinho

As garrafas de vidro oferecem notórios benefícios para o armazenamento de vinhos. A depender da cor, elas protegem o líquido da indesejável radiação ultravioleta. Também são aliadas do processo de envelhecimento, especialmente se estiverem associadas a rolhas de boa qualidade. O formato costuma ser um indicativo do tipo, das castas de uva e da região em que o rótulo foi produzido. Não à toa, o engarrafamento em peças de vidro é o método preferido dos vinicultores e até hoje consagrado no consumo cotidiano. Mas persiste um fator que incomoda especialistas: sabe-se que, depois de abertas, as garrafas não mantêm as propriedades originais da bebida — isso explica a perda de sabor no dia seguinte e dá certa razão a quem argumenta que é preciso tomar tudo de uma só vez. Para driblar a dificuldade, outra configuração vem ganhando espaço na mesa e na adega de enólogos e consumidores em geral — o vinho em caixa.

Conhecida como bag-in-box, consiste em uma embalagem de plástico com várias camadas metalizadas, acomodada dentro de uma caixa de papelão que comporta, em geral, 3 litros. Uma pequena torneira é usada para servir o vinho, e o processo de acionamento faz com que o saco plástico continue selado a vácuo. Segundo produtores, a técnica proporciona maior durabilidade ao conteúdo. Eles asseguram que a bebida mantém a qualidade da primeira à última taça por pelo menos trinta dias. E há ainda uma vantagem ambiental, o que agrada a gregos e troianos nestes tempos de debate climático a toda. De acordo com levantamento da California Sustainable Winegrowing Alliance (CSWA), entidade americana de viticultores, a pegada de carbono de uma dessas caixas de 3 litros é 85% menor do que em uma única garrafa de 750 mililitros.

Don Jorge Geisse –FamÍlia Geisse/.

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Embora tais caixas não sejam propriamente uma novidade — sua primeira versão nasceu no longínquo 1965 —, só agora elas caíram nas graças dos fãs de tintos e afins, antes mais céticos em relação à inovação. O formato bag-in-box vem ingressando na cultura etílica de diversos países. Um estudo da consultoria Market Research constatou que quase metade (44%) dos vinhos vendidos em supermercados franceses já está alojada nessas embalagens. De acordo com outra pesquisa, conduzida pela agência Wine Intelligence entre 2020 e 2021, 3,7 milhões de pessoas no Reino Unido e na França passaram a comprar as caixas. Chile, Argentina e sobretudo Estados Unidos também indicam um crescimento expressivo delas. No Brasil, embora faltem dados confiáveis, analistas estimam que esse tipo de invólucro responda por 3% das vendas totais — há poucos anos, não chegava a 0,5%.

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Fabenne Moscato Giallo –Fabenne todo dia/.

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O consumo é impulsionado pelo leque de opções que chegam às lojas ou estão disponíveis pela internet. Em 2022, vinícolas como a Miolo passaram a oferecer uma gama de versões no sistema bag-in-box. Recentemente, o e-commerce Evino estreou sua marca própria Conchego com três variedades — um tempranillo tinto, um branco feito com a casta airén e um terceiro, rosé —, todas produzidas na Espanha e vendidas pelo aplicativo.

Terranova Chenin Blanc –./Divulgação

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Uma boa medida do aumento da popularidade das caixas é a entrada de startups no negócio. A paulista Fabenne criou um portfólio com quatro tintos, dois brancos e um rosé no modelo bag-­in-box. “É o que chamamos de vinho de geladeira, para ter à mão quando se quiser uma tacinha”, diz Arthur Garutti, fundador da empresa. “Não brigamos com o modelo tradicional, somos complementares.” Em geral, o vinho armazenado nesse formato é mais simples, e os produtores oferecem seus rótulos de entrada — como o português Alandra, do Grupo Esporão — a preços na maioria das vezes mais baixos. Para um número cada vez maior de consumidores, isso já é suficiente.

Publicado em VEJA de 30 de novembro de 2022, edição nº 2817

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Fonte:

Vinho – VEJA