Na garagem de um casarão em frente ao Largo do Curvelo, em Santa Teresa, a Zola Zita Bakery acaba de abrir as portas como uma extensão da pizzaria que funciona ali desde 2023. À frente da produção está o padeiro Augusto Igrejas, responsável pelos pães sourdough (R$ 14,00) e pretzels salgados (R$ 8,00), preparados com uma receita alemã. A torrada com abacate, tomate e ovo (R$ 28,00) e o sanduíche de salame com queijo maçaricado (R$ 25,00) são boas sugestões. Já o café com grãos do Caparaó (MG) é torrado ali mesmo e vai do expresso (R$ 8,00) ao iced coffee (R$ 14,00).
Rua Almirante Alexandrino, 5 (50 lugares). 8h/15h (sáb. e dom. até 16h). @zolazitario.
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De alma familiar e mobiliário colorido, o Kali Café & Bistrô vem conquistando a clientela do Leme. Tocado por três irmãos e uma cunhada confeiteira, o endereço serve brunch de segunda a sábado, incluindo opções como o combo breakfast (R$ 54,00), com baguete, ovos, bacon, panquecas americanas e caldas caseiras. O sanduíche de camarão, cream cheese e bacon (R$ 53,00) e a versão do croque monsieur com pastrami e brioche (R$ 46,00) são outras boas escolhas. Para adoçar, vale provar a torta de limão (R$ 22,00), a banoffe (R$ 19,00) e o red mix (R$ 25,00), que combina cream cheese, chocolate branco e geleia de morango.
Rua Gustavo Sampaio, 662 (40 lugares). Todos os dias, 8h/19h. @kalicafebistro.
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Inspirado pelos países onde morou — entre europa e estados Unidos —, o empresário ítalo-brasileiro Bernard Barzi inaugurou o Rocco em uma casa de dois andares em Ipanema. A cozinha contemporânea é comandada pelo jovem chef mateus de aquino (ex-mee, elena e oro), enquanto o sushibar está sob a batuta de luiz araújo, com mais de duas décadas no sushi leblon.
Entre as entradas, chama atenção o tataki vegetariano (R$ 55,00), feito com melancia grelhada, sour cream e farelo de harumaki, na folha de radicchio. Como principal, o peixe branco (foto) é servido com purê de castanha-de-caju, farofa de nozes e beurre blanc, emulsão amanteigada e picante (R$ 140,00).
Na carta de coquetéis do mixologista uruguaio Walter garin, destaque para o fresh pear (R$ 45,00), que mistura gim, martini dry, xarope de pêra e menta, limão-siciliano e soda de limão com baunilha. ao longo da noite, DJs animam o espaço, que em breve contará com rooftop e charcutaria.
Criado há uma década pela chef Paola Carosella, o paulistano La Guapa celebra um ano da sua chegada ao Rio com uma promoção especial: até 15 de julho, na compra de uma empanada ou combo, o cliente leva outra por apenas um real. Entre as mais pedidas, estão a salteña, com carne, ovo caipira, batata e azeitonas; a porteña, que combina dois queijos, tomate assado e manjericão fresco; e a pucacapa, de cebola caramelizada levemente apimentada e queijo derretido. Destaque também para a vegana, com massa de flocos de quinoa e azeite de oliva extravirgem, recheio de brócolis fresco, abóbora, abobrinha e noz-pecã. Todas custam R$ 11,99.
Rua Miguel Lemos 67, Copacabana (24 lugares). 10h/22h (sáb. e dom., a partir de 12h). @laguapasp.
Recém-chegado de Turim, na Itália, onde participou da premiação The World’s 50 Best Restaurants e viu o Lasai ser considerado o 28º melhor restaurante do planeta — e o mais bem posicionado no Brasil —, o chef carioca Rafa Costa e Silva tratou de subir a Serra para acertar os detalhes finais da Bonaccia Osteria, que abre as portas no dia 26, no complexo da Casa Marambaia, em Petrópolis. Bonaccia significa “calma” em italiano, assim como Lasai quer dizer o mesmo em euskera, idioma basco. “A comida vai entrar no clima de paz que o hotel proporciona. Vou servir pratos esteticamente bonitos, para serem saboreados com tranquilidade”, explica o chef.
Rafa Costa e Silva: chef carioca inaugura a Bonaccia Osteria no dia 26 de julho./Divulgação
Reformado, o ambiente rústico e elegante ganhou tijolos aparentes e fotos dos avós italianos de Costa e Silva, homenageados também no visual dos garçons, que vão vestir coletes e boinas como o nonno do cozinheiro. No menu, massas frescas e secas, embutidos, pães e molhos confeccionados ali mesmo, na fábrica artesanal construída na propriedade, além de carnes na brasa. “Tenho uma equipe de confiança que comandará a casa enquanto divido meu tempo entre o Rio e Corrêas”, assegura Costa e Silva.
Bonaccia: ambiente rústico e elegante ganhou tijolos aparentes e fotos dos avós italianos de Costa e Silva./Divulgação
As novidades nas paisagens exuberantes da Região Serrana não se restringem à gastronomia. A vitivinicultura local passa por uma fase de transformação, marcada pela criação do primeiro roteiro estruturado em mais de trinta vinícolas só no Centro-Sul fluminense, iniciativa comandada pelo Sebrae. Em Paraíba do Sul, a TerraBenta acaba de dar início à sua primeira vindima com orientação do enólogo argentino Adolfo Lona, referência em espumantes no Brasil. “Eu não sabia que o estado do Rio tinha regiões de altitude e boa amplitude térmica, características que favorecem a produção de qualidade”, destaca o enólogo, que em 2024 vendeu mais de 25 000 garrafas de espumante no estado, para clientes como Chez Claude, Guimas e Casa 201.
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Adolfo Lona: enólogo argentino se surpreendeu com as características da Serra./Divulgação
Na TerraBenta, o plantio começou em 2022, com 20 000 mudas em cinco hectares. A safra inaugural inclui tempranillo, malbec e marselan. As brancas, incluindo sauvignon blanc e chardonnay, têm a primeira colheita prevista para 2026: “Estamos entusiasmados com o potencial dessa terra”, diz Marcia Marinho, que lidera a empreitada ao lado do marido, Renato Manso. A visitação começa no ano que vem.
TerraBenta: safra inaugural inclui tempranillo, malbec e marselanFrederico de Souza Filico/Divulgação
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Iniciativas públicas e parcerias com o terceiro setor também reconfiguram os cenários na Serra. Em abril, a Embratur anunciou Areal como sede do polo centro-sul do Novas Rotas, projeto que busca atrair turistas internacionais. “Existe um movimento para fortalecer o setor e gerar oportunidades. Estamos criando, por exemplo, a Universidade do Vinho, em Areal, com cursos de enologia, sommelier e hospitalidade”, detalha Ideraldo Luiz Evangelista Machado, presidente da Aviva, associação de vitivinicultores fluminenses.
Maturano: fundada em 2022, empresa de Teresópolis combina tecnologia, terroir e mão de obra da região./Divulgação
Enquanto isso, a Maturano, em Teresópolis, comemora a segunda colheita e os primeiros rótulos — um branco e um rosé, da safra de 2024. Fundada em 2022, a empresa combina tecnologia, terroir (condições climáticas e geográficas do local) e mão de obra da região. A meta é chegar a 320 000 garrafas até 2032. O plano inclui hotel, wine bar, restaurante e o cultivo da rara uva italiana maturano, em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro Rio). “Teremos um legado centenário. Isso é uma raridade”, destaca a sócia, Manuela Maturano. A um par de horas de distância da capital, está uma viagem riquíssima de sabores.
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Alta tecnologia: laboratório de viticultura de Areal vai dar suporte técnico e científico às vinícolas./Divulgação
Areal ganha laboratório para aprimorar o cultivo de uvas
Em março, o governo do estado anunciou a construção do Laboratório de Viticultura de Areal, fruto de parceria entre a Pesagro-Rio, a Secretaria de Estado de Agricultura e a prefeitura. O espaço pretende oferecer suporte técnico e científico às vinícolas, com análises de solo, uvas e vinhos, além do desenvolvimento de técnicas de cultivo e aprimoramento de variedades para o clima serrano. O objetivo é impulsionar a produção de rótulos de excelência, fortalecendo o enoturismo. A unidade será instalada em uma área municipal, cedida para a Pesagro-Rio, com cerca de 135 metros quadrados, divididos entre dois laboratórios, que terão capacidade para analisar até 1 000 amostras por ano, incluindo testes físico-químicos e microbiológicos. A estrutura também será usada para cursos e workshops voltados a produtores e técnicos, reforçando o compromisso com a inovação no campo e o turismo rural. Haverá, também, espaço para degustação da bebida. Tim-tim!
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No Parla! Trattoria (Rua Aires Saldanha, 98, Copacabana), o brownie com chantilly e sorvete (R$ 35,90) chega sob cúpula de chocolate — a mágica acontece quando a calda quente é despejada por cima, derretendo a cobertura e revelando o doce ali escondido.
A torta fondant (R$ 58,00) rouba a cena no Masi, localizado no rooftop do Hotel Nacional (Avenida Niemeyer, 796, São Conrado), com bela vista. Feita com insumo belga, vem com sorvete, confit de morango e um creme para arrematar.
Masi: torta fondant com sorvete, confit de morango e creme.Rafa Pinheiro/Divulgação
O fondant 70% cacau (R$ 39,00) é um dos novos destaques do cardápio do Pato com Laranja (Avenida do Pepê, 780, Barra), elaborado pela chef Andrea Tinoco. Vem acompanhado de sorvete de calda de caramelo com flor de sal.
Pato com Laranja: fondant 70% cacau acompanhado de sorvete de calda de caramelo com flor de sal.Tomás Rangel/Divulgação
No menu renovado do vegano do Teva (Avenida Henrique Dumont, 110B, Ipanema), o brownie amazônico (R$ 48,00) é tentador: leva gotas de chocolate, sorvete de coco com cumaru, farofa de castanha de baru e amêndoas de cacau caramelizadas com especiarias.
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Teva: brownie<br />amazônico leva gotas de chocolate, sorvete de coco com cumaru, farofa de castanha de baru e amêndoas de cacau aramelizadas com especiarias.Teva/Divulgação
Criação do chef Itamar Araújo, do asiático Elena (Rua Pacheco Leão, 758, Jardim Botânico), o suflê (R$ 58,00) é preparado na hora e servido ainda morno, após vinte minutos de forno, com gelado de baunilha. Uma loucura de bom!
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Elena: suflê com gelado de baunilha.Tomás Rangel/Divulgação
Apresentada em um bowl gigante e servida direto na mesa, a musse do Baleia Rio’s (Avenida Infante Dom Henrique, s/nº, Flamengo), mediterrâneo com bela vista para a Baía de Guanabara, mistura três tipos que derretem na boa: ao leite, branco e meio amargo (R$ 48,00).
Baleia Rio’s: musse de chocolateao leite, branco e meio amargo.Fernanda Brito/Divulgação
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O inverno vai alto e é chegada a hora de abordar um dos temas campeões de audiência no universo do vinho, o indefectível “queijos e vinhos”. Mas como sair da caixa em um tema já tão escrutinado? Minha sugestão é explorar a crescente qualidade dos queijos brasileiros, que já colecionam inúmeros reconhecimentos internacionais, e também as alternativas veganas, que ganham mais adeptos a cada dia.
Comecemos com um dos mais emblemáticos do Brasil, o queijo da Serra da Canastra, em Minas Gerais. Existem variações de tempo de maturação deste queijo, que vão desde versões mais jovens (20 a 40 dias) até queijos mais curados (1 ano ou mais), com sabores mais intensos e complexos. Para estes uma sugestão de harmonização seria com um a robustez do Cabernet Sauvignon, com seus taninos firmes e notas de frutas negras. A acidez do vinho ajuda a cortar a gordura do queijo, enquanto os taninos equilibram sua intensidade, criando uma harmonia perfeita.
Nosso queijo coalho, muito popular no Nordeste, é levemente salgado e ideal para grelhar, apresentando uma textura firme que não derrete completamente. Para este petisco, muitas vezes servido em praias ou piscinas, que tal um vinho branco? A acidez e as notas frutadas de um chardonnay, frequentemente com um toque amanteigado, equilibram a salinidade e a textura do queijo coalho.
O queijo Serrano, produzido no Sul do Brasil, especialmente na Serra Catarinense, é um queijo de massa semi-dura, com sabor ligeiramente ácido e picante. Um malbec, encorpado e com seus taninos aveludados pode complementar a acidez e o sabor marcante do queijo Serrano, especialmente em suas versões mais curadas.
O Minas Frescal, presente no nosso dia a dia também pode ficar delicioso com vinho. Para este, minha escolha seria um sauvignon blanc, com sua acidez alta e notas cítricas e herbáceas, que contrastam com a leveza e o frescor do Minas Frescal.
O Queijo Colonial, tradicional do Sul do Brasil, tem textura firme, certa rusticidade e sabor pronunciado, em especial se for maturado. Para este indico um tannat de boa estrutura de taninos.
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Para o premiado Cuesta Azul, produzido em Pardinho, São Paulo, minha escolha seria um vinho de sobremesa, como um Sauternes. Sua doçura e acidez contrastam com o sabor pungente e a cremosidade do Cuesta Azul.
O Queijo Tulha, de São Paulo, mais duro e envelhecido, complexo e com notas que lembram frutas secas e caramelo, pede um tinto com bom volume de boca, como um syrah do novo mundo, com suas notas especiarias picantes.
Para o mineiro Azul do Bosque, intenso e cremoso, a sugestão é um Vinho do
Porto. A doçura e a riqueza do Porto contrastam com a intensidade e o salgado queijo.
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Dentre os queijos tradicionais brasileiros, posso sugerir ainda algumas combinações, como queijo Prato com merlot, Catupiry com riesling alemão, ou Requeijão de Corte com pinot grigio do Friuli
Para finalizar, em um queijos e vinhos realmente atualizado, podemos incluir opções veganas. Que tal um queijo de castanha-de-caju ou de amêndoas com um vinho rosé? Ou ainda um queijo de soja (tofu) ou queijo de coco, com um gewuztraminer? Quem sabe um queijo de batata ou de mandioca com um Beaujolais ou gamay?
1. No Jurubeba(Rua Real Grandeza, 196, Botafogo), do chef Elia Schramm, um dos destaques é a de curau de milho (R$ 15,00, 150 mililitros), pegando embalo nas festas julinas.
Jurema: a batida no sabor pingado leva cachaça, aguardente sabor de coco, cupuaçu e licor de café./Divulgação
2. Sucesso no burburinho entre Glória e Lapa, o Jurema(Rua Morais e Vale, 47) mistura paixões nacionais no pingado (R$ 20,00, 330 mililitros), feito com cachaça, aguardente sabor de coco, cupuaçu e licor de café.
Gal Bar do Mar: a batida de cocada ganha um toque de cumaru, especiaria conhecida como baunilha brasileira./Divulgação
3. Refúgio na Urca ancorado na gastronomia litorânea, o Gal Bar do Mar (Avenida Portugal, 96) coloca um toque de cumaru, especiaria conhecida como baunilha brasileira, na batidinha de cocada (R$ 20,00, 200 mililitros).
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Chanchada: a casa tem batidas de sabores como maracujá com rapadura, coco queimado e café pingado./Divulgação
4. Com clima de boteco das antigas, o Chanchada(Rua General Polidoro, 164 B, Botafogo) esbanja brasilidade em opções como maracujá com rapadura, coco queimado e café pingado — todas com 190 mililitros por R$ 16,00
Os Imortais: a batida de paçoca é sucesso por láTomas Rangel/Divulgação
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5. A cremosa versão de paçoca (R$ 16,50, 200 mililitros) do bar Os Imortais (Rua Ronald de Carvalho, 147 e 154, Copacabana) é a mais pedida da casa que ajudou a revitalizar a Praça do Lido na última década.
Dida Bar e Restaurante: batida de coco com gengibre é a preferida dos clientes./Divulgação
6. Inspirado na herança africana, o Dida Bar e Restaurante(Rua Barão de Iguatemi, 379, Praça da Bandeira) mescla ingredientes tradicionais com um pouco de ousadia: a de coco e gengibre (R$ 15,00, 150 mililitros) virou a queridinha da clientela.
Na rede com várias unidades pelo Rio, o pastel ganha recheio de carne de polvo e crocante de bacon defumado (R$ 20,00). Já o mané dog (R$ 40,00) troca a salsicha do cachorro-quente por linguiça artesanal, e vem com cheddar cremoso e farofa de bacon por cima, acompanhado por batata crinkle ou chips da casa.
Para dividir, o prato só frutos (R$ 94,00) reúne polvo e camarões salteados na manteiga com pimentões vermelhos e amarelos, finalizados com molho beurre blanc — emulsão francesa à base de manteiga — e pão francês para aproveitar até a última gota.
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Rua Djalma Ulrich, 49, Copacabana. 12h/0h (sex. e sáb., até 1h). Mais onze unidades. @boteco.mane.
Não é preciso estar ao volante de um carro 4×4 para alcançar o cume do Pico Agudo, em Santo Antônio do Pinhal. Mas a tração nas quatro rodas dá segurança para quem quer subir seus 1.634 metros. A subida é íngreme, sem pavimentação, e a pista é estreita para que dois carros passem lado a lado. Mas o esforço vale a pena. No alto, o mirante oferece uma vista deslumbrante da Serra da Mantiqueira, com sua cadeia de montanhas e vales verdes. O local é usado por praticantes de voo livre justamente pela localização, que permite trajetos longos até a área de pouso. Mais do que um dos mais belos cenários do sudeste brasileiro, no entanto, o local serve de inspiração para a criação de uma carta de vinhos que traduz a influência da geografia na elaboração de grandes rótulos.
As sommelières Daniela Bravin e Cassia Campos, conhecidas por estarem à frente da Sede 261, um dos principais redutos dos enófilos em São Paulo, eleito “Melhor Bar de Vinhos” pelo “Comer & Beber” da revista Veja São Paulo, assinam a seleção da Pousada do Cedro, um dos destinos de luxo na vibrante cena turística da região. Pela proximidade com a capital paulista, a cidade tem atraído um número crescente de turistas interessados em passar o final de semana longe da cidade, em um refúgio natural, mas com infraestrutura e opções enogastronômicas.
A carta começa com cinco vinhos, todos da Serra da Mantiqueira, mas produzidos em diferentes estados. “A cadeia montanhosa desponta como uma região promissora para a produção de vinhos finos, sobretudo por suas altitudes elevadas, acima de mil metros, que proporcionam uma amplitude térmica significativa”, diz a carta. Há um espumante da Villa Santa Maria, feito em São Bento do Sapucaí, cidade próxima de Campos do Jordão conhecida pelo projeto enoturístico. Há um Sauvignon Blanc da vinícola Três Batalhas, de Águas da Prata, em São Paulo. Um rosé, elaborado pela vinícola boutique Essenza, de Maria da Fé, em Minas Gerais, com uvas syrah. E há dois tintos: um Pinot Noir da Entre Vilas, também de São Bento do Sapucaí, e um syrah da Casa Geraldo, de Andrada, em Minas Gerais. A ideia é que esses rótulos sejam rotativos e mostrem a diversidade da produção local.
Para além dos vinhos da Serra da Mantiqueira, no entanto, a carta discute a influência da geografia na produção vitivinícola pelo mundo. Há, por exemplo, uma seção de vinhos de altitude, que mostram aromas de frutas frescas e têm taninos marcantes, com representantes de Beira Interior, em Portugal, Salta e Mendoza, na Argentina, Ribeira del Duero, na Espanha, e Vale de Elqui, no Chile. A produção fica entre 640 metros a 1700 metros de altitude. Outra categoria destaca os vinhos de vales e planícies, com aromas intensos, estrutura e textura em boca. Aqui, entram rótulos de Marlborough, na Nova Zelândia, Casablanca, no Chile, Languedoc e Côtes du Rhône, na França, e Friuli e Toscana, na Itália. Para fechar, quatro regiões clássicas do mundo do vinho: Champagne, Borgonha e Bordeaux, na França, e Piemonte, na Itália (terra do Barolo).
Daniela Bravin e Cassia Campos, sommelières responsáveis pelas cartas da Pousada do Cedro e de outros restaurantesDivulgação/Divulgação
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A importância da carta não diz respeito apenas aos vinhos escolhidos e à relevância da região como destino enoturístico, mas especialmente pelo nome das sommelières envolvidas, duas das maiores profissionais do mercado brasileiro. Para Bravin e Campos, a criação de uma carta de vinhos é uma maneira de agregar valor à experiência e preencher uma lacuna em um mercado em que nem todos os estabelecimentos contam com um sommelier próprio. Hoje, além da carta da Pousada do Cedro, as duas assinam a seleção de rótulos da Baianeira, do Abaru e do Notiê, ambas as casas sob o comando do chef Onildo Rocha, do mexicano Metzi, do novo Z Deli, e do Sororoca, além de iniciativas pontuais com outros locais badalados, como o Aiô, focado na gastronomia de Taiwan, e a seleção especial do Martin Fierro, argentino que neste ano completa 45 anos.
Mas como a dupla elabora a carta de um restaurante? “Todas têm um conceito. E nenhum vinho se repete”, conta Cassia Campos. O processo começa com o repertório, construído ao longo de mais de 10 anos de atuação. Além das degustações frequentes, que fazem com que as profissionais tenham contato com as novidades que chegam ao país, o trabalho à frente da sede 261, onde oferecem “um mar de vinhos” em taça, deu um grande repertório com que elas podem trabalhar.
No caso da Pousada do Cedro, a interpretação da geografia local e da influência da altitude dos vinhos mostra um entendimento profundo dos produtos, e como eles dialogam entre si e com as refeições servidas no local. No caso dos restaurantes, elas contam que a carta começa sempre “na cozinha“, ou seja, os rótulos oferecidos precisam estar relacionados à comida que é servida.
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Cada carta é única. No Metzi, selecionaram clássicos complexos, repletos de camadas. No Sororoca, escolheram rótulos que evocam a sensação de salinidade e textura em boca como forma de representar o Sol, o sal e a areia. Na carta que fizeram para o Corrutela, em 2018, criaram uma divisão entre os solos tradicionais do mundo do vinho: granítico, calcário, argiloso e vulcânico – algo muito à frente do tempo.
Pousada do Cedro, em Santo Antônio do Pinhal: quando a geografia e a paisagem influenciam a escolha dos vinhosAndré Sollitto/VEJA
Há outro critério fundamental. “Cada vinho que escolhemos tinha que ter um senso de lugar”, ou seja, tem que identificar a região onde foi produzido, como na Serra da Mantiqueira, diz Bravin. “Mas ele precisa ter tipicidade”. Se um cliente pede um syrah de Minas Gerais, espera encontrar características únicas, exclusivas daquele terroir, mas também alguns elementos comuns àquela variedade de uva.
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Essa percepção foi desenvolvida ao longo de anos trabalhando na área. Cassia Campos se apaixonou pelo vinho quando cursava a pós-graduação em Food Design na Europa. Desde então, passou a estudar, tornou-se certificada como Spanish Wine Specialist em 2020, foi gerente e sommelière do Grupo Chez, até que se desligou para se dedicar ao projeto Sommelier Itinerante, de Bravin. Daniela já trabalhou com vários chefs importantes, como Benny Novak, Paola Carossela, Jefferson Rueda e vários outros. Abriu o próprio restaurante, Bravin, que funcionou até 2015. Com o projeto Sommelier Itinerante, levava vinho para eventos fora do circuito. Juntas, colecionam premiações de Melhor Sommelier de publicações especializadas.
Para elas, a criação de uma carta de vinhos é um processo artístico. “Tem um lado artístico. É uma forma de dar vazão à minha criatividade, sem criar raízes”, conta Bravin. “É também uma forma de voltar com o Sommelier Itinerante”. Em tempos de inteligência artificial, em que as pessoas recorrem ao ChatGPT para pedir indicações de harmonizações e até profissionais do setor usam a ferramenta para ajudar a vender vinhos, Daniela Bravin e Cassia Campos mostram o valor do conhecimento e da sensibilidade humana.