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Moscatel é vinho ‘de sobremesa’ que cai bem com cocada e com sorvete

A uva Moscatel, presente em toda a Ibéria, encontra o solo que, ao meu ver, nos entrega os melhores vinhos moscatéis que podemos encontrar, na Península de Setúbal, em Portugal. Setúbal é uma DOC (denominação de origem controlada), de onde vêm dois tipos de vinhos, o Moscatel de Setúbal e o Moscatel Roxo, este um pouco mais raro. Como disse Amarante, com várias subvariedades, a família de uva Muscat é bem viajada, podendo encontrar uvas em diversos países ao redor do mundo. A Muscat de Alexandria foi uma das primeiras variedades da família e originou-se ao redor da cidade de Alexandria, na borda do rio Nilo, no Egito.

A Moscatel de Setúbal (ou simplesmente Moscatel) tem origem nesta casta mítica egípcia. Pelo Velho Mundo, encontramos Moscatel dando origem a vinhos nas mais diversas localidades, por exemplo em Pantelleria, na Sicília; Setúbal, em Portugal; e em Málaga, na Espanha. Estas regiões produzem vinhos doces com a Muscat of Alexandria. No Novo Mundo, encontramos vinhos fortificados de ótima qualidade na Argentina, Rutherglen, na Austrália e no Brasil e, por aqui, há espumantes da casta Moscatel que vão muito bem com doces e frutas, pelo seu dulçor e acidez.

Focando em Portugal, o vinho Moscatel é, injustamente, considerado um “primo pobre” dos chamados vinhos de sobremesa lusitanos, onde reina o Porto e, logo em seguida, o Madeira. Eu penso que isso é um pouco injusto, pois o Moscatel tem características diferentes e um espaço todo especial na mesa portuguesa. É um típico vinho “digestivo” ou “de sobremesa”, licoroso e longevo à beça. Tem toque doce, claro, mas acidez marcante. Penso que tomá-lo refrescado é o ideal, mesmo em temperaturas mais amenas. Ele acompanha bem várias sobremesas, especialmente um sorvete de baunilha ou o tiramisú e outras que levem café ou cacau puro em suas receitas. E, por quê não, nossas sobremesas com coco e amendoim? Uma boa cocada mole baiana e uma taça de Moscatel parecem perfeitas uma para a outra. Um bolo de amendoim e uma taça de espumante Moscatel, vai muito bem.

Por aqui encontramos ótimos Moscatéis; exemplos: Thasos Moscatel de Setúbal Rosé, Vinho Licoroso Bacalhôa Moscatel de Setúbal, Moscatel de Setúbal Casa Ermelinda Freitas, Quinta do Cadeado Moscatel de Setúbal, dentre outros. Vale a pena provar, sempre lembrando que, por tratar-se de um vinho fortificado, apresenta teor alcoólico mais elevado. Salut!

Fonte:

vinho – Jovem Pan
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Como combinar o tradicional bacalhau da Sexta-feira Santa com vinhos

Saudosos amigos portugueses, a exemplo dos mestres – Manuel Garcia, Armando Reis e Emídio Dias (todos ligados a tradicional eno-gastronomia lusitana) respondiam em coro à pergunta: “bacalhau é peixe ou carne?” E a resposta era: – Nem uma coisa, nem outra, bacalhau é bacalhau. E isso é verdade até para a escolha do vinho para acompanhá-lo. Há alguns estigmas que têm que ser afastados: bacalhau tem que ser acompanhado do vinho verde é um deles. Na verdade, temos que levar em consideração que o bacalhau é um peixe gordo e ponderar sobre o preparo. Se for o tradicional bacalhau ao forno, com batatas, cebolas, temperos e muito azeite, não vejo como fugir de um tinto encorpado do Douro ou um bom vinho da Bairrada; se quiser sair de Portugal, opte por um Barbera do Piemonte.

O Bacalhau a Brás – aquele servido em lascas com batatas, cebola e azeitona, tudo misturado – eu iria com um tinto menos encorpado, por exemplo um vinho do Alentejo com graduação alcoólica não superior a 13,5% AbV. Para uma salada de bacalhau desfiado misturado ao grão de bico, salsinha e cebolinha (nada de alho cru, por favor!), eu optaria por um vinho Riesling da Alsacia, bem seco e jovem. Um que sugiro é o Hugel Classic Riesling, que deve ser servido bem gelado. E o meu preferido, Bacalhau nas Natas, eu o comeria acompanhado de um branco ácido, um Chablis novo e sem madeira ou um Sauvignon Blanc australiano ou neo-zelandês ou, mesmo (aí sim), um vinho verde do Minho, fosse branco ou tinto, pois, no caso, o que importará é a acidez do vinho. 

Agora, persistindo qualquer dúvida, sempre teremos um excelente coringa para o bacalhau: o champagne, que daí sugiro que seja extra brut, zero dosage ou mesmo rose brut. Deve ser servido bem resfriado e em taças “iso” ou de vinhos brandos, para possibilitar a dispersão dos aromas. A escolha do champagne, neste caso, deverá seguir o orçamento do almoço, assim o leque pode ir desde uma Champagne Montaudon Brut até a fantástica Champagne Fleury Boléro Extra Brut. Esta é um boa oportunidade para fugirem dos champagnes planos e de produção industrial, como a Moet-Chandon ou a Veuve Clicquot, que, pelo preço de mercado, oferecem muito marketing e pouca qualidade, hoje se caracterizando como o pior custo-benefício no setor de espumantes e afins. A todos os leitores, desejamos uma abençoada Páscoa e Salut!

Fonte:

vinho – Jovem Pan