Existem alguns rótulos de vinho que só são lançados quando a safra é especial e todas as condições colaboram para a produção. É o caso do Torre, o vinho mais exclusivo do grupo Esporão, um dos maiores produtores de Portugal, que acaba de ganhar mais uma edição. O Torre 2017, que chega agora ao mercado, marca a quarta vez em que ele é produzido nos últimos 37 anos. Antes, foi lançado em 2004, 2007 e 2011.
Como estratégia, é uma maneira de valorizar o melhor que o terroir tem a expressar em um ano fora da curva. “Fizemos o vinho que queríamos fazer, sem levar tanto em conta o que a crítica diz que ele deveria ser”, diz João Roquette, CEO do Esporão, que veio ao Brasil para o lançamento. “O resultado é um vinho de perfil mais clássico.”
Desta vez, foi feito com um corte de 40% Aragonez, 30% Touriga Franca, 25% Alicante Bouschet e 5% Touriga Nacional, todas provenientes de cinco vinhas especiais distribuídas por três propriedades do grupo (Herdade do Esporão, Herdade dos Perdigões e Lavradores), todas na região do Alentejo. Cada uma passou por um processo de vinificação diferente. Antes de chegar ao mercado, passou por um estágio de 18 meses em barricas de carvalho e mais três anos de estágio na garrafa.
Mais do que potência, tem elegância e sofisticação. Já tem estrutura, além da exuberância de frutas vermelhas, taninos sedosos e boa acidez, mas apresenta enorme potencial de longevidade. Pode ser consumido agora, mas ganhará muita complexidade daqui pra frente.
Nas outras três edições lançadas, apenas a parte mais especial da safra foi reserva ao Torre. O restante foi utilizado na produção de outros rótulos topo de linha do grupo, o Private Selection e o Esporão Reserva. Nesta edição, foi diferente. Os outros dois rótulos não foram produzidos, e o resultado é uma quantidade maior de garrafas disponíveis. Do total de 10 mil, 400 vieram para o Brasil, o segundo maior do Esporão fora de Portugal, pela importadora Qualimpor, por R$ 3.200. Cerca de 25% das garrafas também serão guardadas para um futuro relançamento, daqui a cinco anos. É uma estratégia bastante utilizada em outros mercados, como a França, para valorizar o envelhecimento e o ganho de complexidade do vinho.
Com um pouco de sorte ainda é possível encontrar o Torre 2011 em alguns pontos de venda. Resultado de uma safra quase mítica em Portugal, tem taninos mais rústicos e com certeza tem muito a ganhar se for guardado por mais alguns anos. Encontrar o anterior, de 2007, requer um bocado de sorte. Já começa a apresentar aromas mais complexos, como especiarias e tabaco, em um conjunto harmonioso. Por fim, encontrar o primeiro Torre do Esporão produzido, em 2004, com taninos aveludados e os sinais que o envelhecimento traz, como aromas de ervas, além de notas terrosas e herbáceas, é tarefa quase impossível. Se topar com ele na carta de algum restaurante, aproveite a oportunidade.
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