Sou da década de 1960 e tem um doce que permeia a minha infância: Maria-mole. Por que escolhi essa guloseima? Para dar a receita? Contar a história? Também. Mas vai além. Cada um de nós carrega uma lembrança da infância. Aquela bala, comida ou doce que nos fascinava, aquela lembrança do prazer contido em cada mordida… Convido você a revisitar a sua infância: qual doce você gostava? Qual tinha gosto de conquista? Olhar para essas delícias hoje e tocar na nossa memória nos faz sentir o mesmo prazer e, com isso, alimentar a nossa criança interior.
Mesmo que hoje esse doce não faça mais sentido, que você tenha deixado de gostar. Não é sobre isso. É sobre cuidar do seu melhor escondido aí. Busque na memória. Sugiro que você experimente e, a cada mordida ou garfada, ponha essa lembrança viva, olhe nos olhos do seu eu que tem saudades de atenção e deguste a possibilidade de conectar-se com o seu melhor.
Assim é a maria-mole pra mim. Eu me reconecto com uma Elisa que me faz feliz – saiba mais aqui. Quando vejo esse doce em botecos, sempre compro, e qual não foi minha surpresa quando me deparei, na França, com a Guimauve, que é a nossa maria-mole. Por lá, é bem “chique” e está presente em vários restaurantes estrelados, acompanhando a gourmandise do cafezinho.
A guimauve, antes de ser doce, foi remédio. Os farmacêuticos franceses cozinhavam uma planta calmante, com mel e açúcar para aliviar garganta irritada. Aos poucos, os confeiteiros tomaram a fórmula emprestada, trocaram a planta por clara de ovo e aroma de flores, e transformaram o remédio numa guloseima. Com a chegada da gelatina, a espuma se tornou a guimauve como é hoje.
Já a maria-mole nasce do lado oposto da história. Nada de farmácia. Ela aparece no Brasil, no início do século XX, quando a gelatina industrial começa a circular e as cozinhas descobriram que podiam criar seu próprio “marshmallow tropical” coberto de coco. Um doce barato, rápido e que ganha espaço nas festas de criança, nos saquinhos de São Cosme e São Damião e nas padarias. Hoje ressurge em sobremesas contemporâneas tostadas no maçarico ou mergulhadas em chocolate fino. Porque, às vezes, o que importa não é a sofisticação, mas a sensação: a textura que quase desaparece na boca, a lembrança da infância e o conforto imediato. Então, abaixo, a minha receita, que me alimenta e me fascina.
Receita: Maria-Mole ou Guimauve
Ingredientes: 1 xícara de açúcar, 1 xícara de água fervendo, 1 pacote de gelatina incolor e sem sabor (12 g), 1/2 xícara de água fria (para hidratar a gelatina), 1 colher de chá de essência e de anilina (para colorir), 40g de Maizena e 50g de açúcar de confeiteiro (para polvilhar, se for fazer guimauve) ou 2 saquinhos de coco ralado para polvilhar (se for maria-mole)
Modo de Preparo: Hidrate a gelatina na água fria. Deixe absorver e reserve. Coloque a gelatina já hidratada (ela fica consistente) na tigela da batedeira e adicione a água fervendo. Dissolva bem a gelatina e comece a bater em velocidade máxima, Sem parar de bater, adicione aos poucos o açúcar. Continue batendo por 8 a 10 minutos, até a mistura ficar bem volumosa, branca e espessa. Acrescente a essência (e a anilina) no final, com a batedeira já desligada. Despeje a massa aerada em uma forma levemente untada ou forrada com papel-manteiga, polvilhada com a mistura açúcar confeiteiro/Maizena ou com coco ralado. Alise com uma espátula. Tampe com plástico filme. Mantenha em temperatura ambiente por 1h e, depois, leve à geladeira por mais 2h, até firmar. Com ajuda de uma faca aquecida em água quente, corte em cubos e role na mistura de açúcar de confeiteiro.
Elisa Mendes de Almeida, jornalista carioca e criadora de conteúdo, é autora de dois livros de receita – Cozinhar é Doar e Cozinhar é Amar. Foi apresentadora de telejornais da TV Globo, TV Manchete, Rede TV e TVE, e hoje se dedica à sua paixão pela gastronomia e à boa mesa. Siga o perfil no Instagram e o Canal no Youtube para mais receitas.
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