Na França há uma silenciosa(?) disputa para o posto de vinho mais nobre, mítico e caro do mundo. Da Borgonha, o Romanée-Conti, e de Bordeaux o PETRVS. O Romanée-Conti, produzido a partir da Pinot Noir, é, apenas, um dos rótulos da DRC (Domaine de La Romanée-Conti), que produz, ainda, La Tâche, Richebourg, Montrachet, etc; enquanto Petrvs é só Petrvs!
Até 1917 a casa produtora, da Família Arnauld, se chamava, simplesmente PETRVS, tendo passado a eleger a denominação de “La Société Civile du Château Petrus” somente em tal ano, com o fim de oferecer em bolsas de valores ações da empresa. Vale ressaltar que a família Arnaud desde o século XVIII, produz vinhos em Bordeaux, assim a tradição é indiscutível. Como expressa o Blog “Divinho”, os vinhedos do Château Petrus cobrem uma área de 11,5 hectares, em um solo único formado por três camadas a 40 metros do nível do mar, conhecido como Boutonnière Pétrus. A primeira camada do solo é de cascalho, a segunda é de uma argila densa e rica em matéria orgânica. O segredo está na terceira camada, de argila azul. Essa combinação é única ao terroir do Château Petrus, não sendo encontrada em nenhum outro vinhedo, sequer nos vizinhos. A argila azul apresenta uma grande concentração de óxido de ferro, endurecendo tanto quanto uma pedra, impedindo as vinhas de aprofundar suas raízes. Os frutos, dessa maneira, acabam ficando mais concentrados e retém mais umidade. A casta Merlot encontra seu terroir ideal nesse cenário, produzindo frutos com alto teor tânico e qualidade indiscutível. Aliado a tudo isso e o que poucos sabem, é que o Petrvs é produzido através de vinificação natural, com colheita manual (normalmente só a tarde), com a maturação em barricas novas de carvalho francês por um período que varia entre 22 e 28 meses, bem controlada pelo enólogo, porém com ímpar grau de respeito a uva e ao terroir, está aí o grande segredo na nobreza simples e encantadora deste vinho.
A produção de PETRVS é bem pequena, para os padrões da região, e mais de 40% é consumida em território francês. Friso que o nome do vinho é PETRVS e não Chateau Petrus, o que se verifica pela simples leitura do rótulo, que ostente o nome de PETRVS apenas, diferentemente de vários outros vinhos de Bordeaux, especialmente os cinco Premier Cru Classés de Bordeaux, que, com o devido respeito, não têm a simplicidade mágica de um PETRVS. Quanto ao Romanée-Conti, bem, tirem suas conclusões sobre este vinho do campesinato, quando comparado ao Petrvs. Salut!
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