Posted on

Pinot Noir, a queridinha dos especialistas

Nove entre cada dez profissionais o vinho tem na pinot noir uma de suas castas prediletas. Esta uva tinta, porém, traz juntos o céu e o inferno. O céu são seus melhores exemplares, que chegam aos píncaros da qualidade. Basta dizer que o vinho de maior prestígio do planeta é 100% desta cepa, o Romanée-Conti.

 

O lado do inferno vem primeiro no preço. Quer um grande PN de alta qualidade garantida? Compre um Grand Cru da Borgonha, de uma grande safra e de um produtor renomado. Mas, como diria Iago em Othelo de Shakespeare, “põe dinheiro em tua bolsa”.

 

E, segundo problema da PN, é que muitos dos de alto preço não valem o que custam.

 

A PN é uma das castas mais antigas, cultivada há mais de 2 mil anos. Sua origem é a região da Borgonha, no leste da França. A família das pinots (pinot noir, pinot blanc, pinot gris, meunier, entre outras), que compartilham o mesmo DNA, tem como característica sofrer facilmente mutações. Hoje esta família tem centenas de clones (variações genéticas naturais) espalhadas pelo mundo, em estilos e qualidades diferentes.

 

A PN é marcada por esta irregularidade, vai de vinhos diluídos e sem tipicidade (que não se parecem com PN) a alguns dos maiores vinhos do mundo.

 

A PN prefere clima seco e frio (fresco ou moderado), em climas quentes tornam-se facilmente sobremaduros. Outras dificuldades da PN são sua suscetibilidade a pragas e sua alta produtividade – para ter um bom vinho é preciso conter a quantidade em nome da qualidade, sob pena de ter vinhos diluídos.

Continua após a publicidade

 

Normalmente a PN tem taninos baixos (exceto os mais tops) e acidez média-alta. Por ser muito delicada é pouco usada em blends, a não ser quando usada em espumantes. A cor dos vinhos é mais clara, seus aromas tópicos são de frutas vermelhas (cereja, framboesa, morango) e com idade ganham notas de bosque úmido, terra, cogumelos secos e trufas. Seu corpo normalmente vai do leve ao médio, exceção, mais uma vez para os Grand Crus da Borgonha podem ter grande estrutura e longevidade, sem perder a delicadeza.

 

As melhores regiões para a PN são, além da Borgonha: Suíça (Valais e Zurich), Alemanha (Baden, Rheingau e Rheinhessen), Itália (Alto Adige e Friuli), França (Jura e Alsacia), Nova Zelândia (Central Otago), Austrália (Tasmânia e Yarra Valley), EUA (Los Carneros, Russian River Valley e Oregon), Argentina (Patagônia) e África do Sul (Walker Bay).

 

Uma boa fonte de PN de boa relação preço-qualidade, são os exemplares do Chile (Casablanca, Leyda, Malleco e Bio Bio), e do Brasil (Campos de Cima da Serra, Altos Montes e Serra Catarinense).

Publicidade

Fonte:

Comer & Beber – VEJA RIO