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Patrimônio cultural do Rio, Café Lamas completa 150 anos de bons serviços

“Quero um som de fossa da Dolores, uma valsa do Orestes, zum-zum-zum dos Cafajestes, um bife lá no Lamas, cidade sem Aterro, como Deus criou”. Conhecida no vozeirão de Alcione, a canção Rio Antigo traz como compositor um certo Chico Anysio, frequentador, como tantos artistas de sua e de outras gerações, do cantado estabelecimento. A bem da verdade, em relação à referida letra, quando entrou em curso o projeto do aterro da orla no Flamengo, o Café Lamas se aproximava de seu primeiro século de existência.

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Ricardo Macieira
História: casa do século XIX está no Flamengo desde os anos 1970Ricardo Macieira/Riotur

O restaurante que já servia acepipes quando a República tomou o lugar da Monarquia no Brasil, e recebia o presidente Getúlio Vargas para um chá com torradas a caminho do Palácio do Catete, está aberto desde 1874 e leva a fama de ser o mais antigo em atividade no país. Um senhor motivo para se comemorar os 150 anos da casa que começou no Largo do Machado e, por causa das posteriores obras do Metrô, transferiu-se para o vizinho Flamengo, em 1974.

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O endereço da Rua Marquês de Abrantes, 18, resiste com ambiente e cardápio intocados, mais motivos para festejar o dia 4 de abril, data em que houve música ao vivo e palmas no salão cercado de espelhos, por onde circulam garçons de uniforme branco, gravata borboleta e décadas de serviços prestados.

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Início: casa foi inaugurada pelo português Francisco dos Santos LamasInternet/Reprodução

Do mingau à canja de galinha, tudo está por lá, com ênfase nos filés de quatro dedos de altura. Portentos como o Oswaldo Aranha, coberto de alho frito e acompanhado de ótimas batatas portuguesas, arroz branco e farofa de ovos. O prato, é bom que se diga, foi ali muitas vezes pedido pelo próprio diplomata que o batizou no Cosmopolita, salão histórico da Lapa que, infelizmente, ao tempo não resistiu. Para o Lamas, portanto, sopraremos com prazer as velinhas, quem sabe acompanhadas de uma taça de morangos com chantilly?

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Jaguar, o cartunista, cronista e boêmio histórico, conta em livro o dia em que o garçom Maia pisou numa casca de banana, dos tablados de frutas que eram vendidas na calçada, caiu de pernas para cima e não derramou nenhum copo da bandeja. “O bar aplaudiu de pé a performance”, escreveu. Pois hoje aplaudimos todos.

Alexandre Macieira
Resistência: salão atravessou gerações e momentos difíceis como a pandemiaAlexandre Macieira/Riotur

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Fonte:

Comer & Beber – VEJA RIO