Frente a maior catástrofe da história do Rio Grande do Sul, ainda de tamanho incalculável, uma Vitis vinífera resiste na paisagem em meio ao cenário de destruição ocorrido no estado do Rio Grande do Sul. Muitas vidas foram ceifadas, lavouras inteiras perdidas, rebanhos dizimados, cidades completamente inundadas, prejuízos de todas as naturezas e a vitivinicultura também é abalada.
Para se ter uma ideia da dimensão do que está acontecendo no Sul do Brasil, o estado vem sendo atingindo por fortes tempestades desde o dia 30 de abril, vários fatores meteorológicos estão sendo associados como: o fenômeno do El Niño, os fortes ventos úmidos vindos da Amazônia, frente fria estacionada sobre o estado e uma alta pressão de ar quente vinda do centro do país; onde criou um bloqueio sobre esta grande área do Sul do Brasil evitando que ocorressem a dispersão das nuvens intensas de chuvas. (Fonte : Brexplora / Fatos de Geografia)
O nível pluviométrico ao qual foi submetido o estado em tão curto tempo, já é quase o número do que se teriam de chuvas em seis meses. Em consequência de tanta água, muitos rios elevaram seus leitos a níveis inimagináveis atingindo centenas de cidades, houveram diversos rompimentos de represas e açudes, muitos desmoronamentos de grandes encostas com altos volumes de água, terra e entulhos seguiram para as áreas mais baixas, estabelecendo um cenário de caos em centenas de cidades gaúchas.
Segundo dados da OIV,2023 a superfície de área plantada de vinhedos no Brasil é de 82.503 ha e a sua produção de vinhos representa 1,5% da produção mundial. O estado representa a maior proporção de produção de uva e de vinho do país. Especula-se que até agora que nos municípios de Bento Gonçalves e Pinto Bandeira ao menos 250 ha de vinhedos tenham sido completamente arrasados, mas este número pode está subestimado ainda. Outros sofreram perdas parciais, algumas áreas onde não houveram desmoronamentos e que possuem melhor drenagem do solo, estão conseguindo contabilizar prejuízos mínimos.
Nesta extensa área de terras há muitos fragmentos diferentes de composição de solos e também de relevos, o que pode ser positivo para alguns produtores que estão com seus vinhedos implantados em solos com excelente capacidade de drenagem e que tenham sido resguardados por algum aspecto. Mas as chuvas não pararam em algumas áreas e estão previstas novos aguaceiros para outras nas próximas horas. Esperamos que o céu se limpe logo como já acontece em alguns outros pontos do estado e possa trazer a luz da esperança por dias melhores.
Obtive imagens de uma área de vinhedo arrasado pelas enxurradas que desceram em sua direção por um rompimento de um açude vizinho. Nesta área estavam plantadas as castas Merlot e Tannat no município de Pinto Bandeira, pertencente ao produtor Heleno Facchin. Um triste cenário assim como os demais desta gigantesca tragédia, que nos abala não só pelas perdas de décadas de trabalhos árduos com a terra, mas sobretudo pelas vidas perdidas e as que ainda estão sendo impactadas diretamente com todo este trágico momento, e que esperamos que passe logo.
Muitas frentes de ajuda foram mobilizadas logo nas primeiras horas através das redes sociais, que possuem um papel de importância incrível pela capacidade de capilaridade e agilidade das informações. Muitas vidas foram e estão sendo salvas, pessoas e animais resgatados, são as cenas que mais estamos assistindo protagonizadas por heróis sem nomes, pessoas comuns com uma grandeza de solidariedade e de ser humano. Uma massa de brasileiros se mobiliza dentro e fora do país, a cada momento efetuando doações, enviando equipamentos, contribuindo com seu próprio trabalho e o seu tempo. Como qualquer catástrofe com essas proporções é algo bastante complexo e requer atenção para muitos lados, o setor do vinho também se mobilizou de forma firme. Foram criadas várias maneiras de ajudar, desde leilões de vinhos raros, doações de produtores e empresários, e a ação efetiva das próprias pessoas no fronte.
Finalizo este relato com as informações até aqui conseguidas, desejando que as chuvas parem, o solo seque, os rios retornem aos seus níveis normais, as pessoas atingidas consigam reconstruir suas casas e trabalhar sobretudo as suas mentes destes imensuráveis abalos emocionais para terem força para prosseguirem.
Deixo um convite a reflexão e a ação aos Bacolovers pelo mundo, podemos ajudar também o povo e os produtores gaúchos consumindo os vinhos do Rio Grande do Sul, são excelentes néctares e neste momento consumi-los se torna uma ação humanitária.
Força Rio Grande do Sul !
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