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Lições dos Romanos ao Setor dos Vinhos

O poder do Império Romano de dominação foi impressionante, disseminaram por três continentes o seu domínio militar e sobretudo o seu domínio cultural, deixando fortes influências até à atualidade. Analisando pelo aspecto positivo deste domínio, a implantação e disseminação da cultura do vinho foi a maior da história, nenhuma outra civilização disseminou a cultura vínica de forma tão eficiente. Se analisarmos a figura do mapa mundi pelo prisma por onde os romanos passaram, comparando a área do mapa de hoje, chega a quase 70% da área de produção mundial de vinhos em pleno século XXI. Para tal feito eles estabeleciam pontos importantes em cada nova conquista, que calçavam seu domínio militar e cultural. Este artigo tem o objetivo comentar as principais estruturas ao qual os romanos entrelaçaram o vinho no seu império hegemônico, e foram tão eficientes ao ponto de até mesmo os Bárbaros, após o declínio de Roma quisessem perpetuar o cultivo da Vitis e a produção do vinho.

Estrutura Religiosa

Os romanos eram politeístas, muito influenciados pelos gregos, eles adotaram diversos deuses helenístico, inclusive o Dionísio e sua história a absorveram. Este era o deus do vinho para os gregos e os romanos o rebatizaram de Baco. Os romanos com o aumento das áreas de cultivo de vinhas, passaram a beber muito mais vinhos, se tornando exibicionistas, associando o vinho ao sexo e à religião. Posteriormente o Cristianismo passou a fazer a correlação entre o vinho com o sangue de Cristo, e desde então até à atualidade a igreja em cada missa segue o ritual de ter um cálice com vinho que é usado como simbolismo no momento da Eucaristia.

Estrutura Política

Uma das técnicas mais antigas romanas e usadas até à atualidade por diversos governos é a famosa política do “Pão e Circo”. Politicamente os governantes distraíam o povo romano e os povos dos demais locais anexados ao Império, fomentando atrações barbarás nos famosos coliseus, verdadeiros palcos de atrações sanguinárias e que prendiam completamente a atenção das pessoas. Nestes eventos eram distribuídos pão e vinho, para que o povo não tivesse tempo ou lucidez para questionar qualquer coisa que eles decretassem.

Estrutura Econômica

No contexto econômico, em Roma existiam mercados de vinhos nos quais existia uma remota regulação, procurando-se evitar falsificações. Sabe-se que os romanos bebiam o vinho diluído em água, mas esta diluição era feita por quem comprava e não por quem vendia. Assim, se os comerciantes juntassem água ao vinho antes da comercialização nos mercados e fossem descobertos, eram enquadrados como falsificadores. Foram diversas as contribuições que o Império Romano trouxe ao mundo dos vinhos como a classificação de castas, descrição de características de maturação da uva, a identificação e reconhecimento de algumas doenças provindas do solo, irrigação, técnicas de fertilização e condução da videira, com isso aumento da produtividade e facilitando o manejo da Vitis.

Estrutura Militar

Os romanos não só conquistaram imensas terras e território, eles sobretudo fincaram e implantaram a sua cultura concomitante os seus avanços militares expansionistas. Romanizaram praticamente todos os locais e povos por onde passaram. Este foi o maior e mais importante aspecto que o tornaram os maiores disseminadores da cultura vínica.

Há algumas curiosidades interessantes desta estrutura militar criada pelos romanos associadas ao vinho. Os soldados que se destacavam ganhavam terras a cada nova conquista, e uma das exigências do que deveriam fazer no novo território implicava a plantação de vinhas. Os romanos antigos utilizavam o dolium, um vasilhame estilo ânfora de cerâmica usado para fermentar e armazenar o vinho, com o decorrer do tempo foi sendo aprimorada em termos de formato e tamanho. Sabe-se também que mais tarde as barricas de madeira começaram a serem usadas por esses povos para transportar o vinho.

Plínio foi escritor, historiador, gramático, administrador e oficial romano, em seu tratado ‘História Natural’, ele escreveu uma das suas célebres frases: In Vino, Veritas , traduzindo, “No vinho está a verdade”.

Ele acreditava que o vinho tornava o homem expansivo e que a verdade lhe escapava da boca de forma involuntária.

Em análise ao que os romanos implantaram e as estruturas que usaram entrelaçando o vinho nos mais diversos aspectos como a religião, a política, a economia e no contexto militar, parece que estamos vivenciando momentos com um passo atrás. Onde o setor dos vinhos está sendo atacado de forma violenta por agentes que usam as forças das suas canetas para o colocarem como algo nocivo a saúde. Mas vale a pena lembrar que já desde o primeiro escrito que se tem notícia na antiga Suméria datando 4000 anos, em tabuletas de argilas com escrita cuneiforme, o vinho é tido como alimento de longa vida. E que na atualidade são imensas as pesquisas científicas que evidenciam o seu consumo de forma moderada e frequente, traz contributos para a saúde e longevidade humana.

Como um produto econômico, social, cultural, nutracêutico e importante, sobretudo para os países e regiões vinhateiras, é importante enaltecer que FOMENTAR A CULTURA VÍNICA de forma contínua, articulada e estratégica é um dos maiores ensinamentos que os romanos nos deixaram. Portanto fica a reflexão aos mais diferentes agentes do setor, sobre a importância disto como base de qualquer ação dentro do universo do vinho, sobretudo gerando educação com informações qualitativas que façam as pessoas perceberem nos mais variados aspectos a importância do vinho, estimulando-as a consumirem o vinho como alimento em seus dia a dia.

Em meu livro Vinho Viagem Cultural partilho imensas outras curiosidades não só do vinho na época dos romanos, mas como pelas mais importantes civilizações ao qual esta bebida sagrada e milenar ultrapassou, chegando até à atualidade. Fica o convite a esta viagem cultural através destas páginas recomendadas.
No mais desejo boas reflexões, excelentes provas e Saúde !

Contact : geral@treeflowerssolutions.com

Fonte:

Mundo de Baco por Dayane Casal