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EUA, China e Canadá estão consumindo mais vinhos do Vale do Rhône

Jill Barth/Forbes EUA

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Vinhas íngremes em Crozes-Hermitage, no norte do Vale do Rhône, na França, onde uvas brancas são cultivadas em condições desafiadoras

Os vinhedos do Vale do Rhône representam a segunda maior denominação de origem de vinhos na França, de acordo com a Inter Rhône, organização que representa os produtores de vinho e comerciantes da região. Isso inclui Côtes du Rhône, 15 crus, vinhos de nível de vila e várias outras denominações dentro de um contexto maior do Vale do Rhône, abrangendo uma área que se estende das proximidades de Vienne, ao norte francês, até quase Arles, ao sul. Estima-se que cerca de 13% desses vinhedos estão certificados como orgânicos até a safra de 2021. A grande maioria dos vinhos produzidos nesta área é tinto – em 2021, representaram 76% das uvas colhidas nas vinhas do Vale do Rhône, lideradas pelas variedades Grenache e Syrah.

No entanto, com o crescente interesse global em vinhos brancos e rosés, os produtores do Vale do Rhône têm como prioridade aumentar a produção dos brancos. “O Vale do Rhône possui uma proporção modesta de vinhos brancos, representando 7% das vendas totais de vinhos tranquilos”, de acordo com um comunicado de dezembro de 2022 da Inter Rhône. “O crescimento tem sido positivo, com aumento de 1,1% ao ano nos últimos dez anos, mas o ganho em volume ainda é baixo, em comparação com o mercado global.” O relatório indica que a produção global de vinhos brancos é de aproximadamente 36%, com base em dados da análise de mercado de bebidas da consultoria inglesa IWSR, uma das mais relevantes do setor.

“O objetivo para essa categoria é dobrar os volumes atuais”, indica a Inter Rhône. “Essa ambição em relação aos vinhos brancos se refere principalmente aos vinhos tranquilos, mas também aos vinhos espumantes.” Trata-se de um ajuste que representa um crescimento anual de 5,6%, passando de 7,4 milhões de litros comercializados em 2020/2021 para 30 milhões de litros até 2031.

No caso dos consumidores dos Estados Unidos, eles devem ver esse esforço traduzido nas prateleiras das lojas e nas plataformas de comércio eletrônico, pois os produtores do Vale do Rhône identificam o país como um mercado prioritário, juntamente com o Canadá e a China. Os Estados Unidos são o “primeiro mercado em termos de faturamento de exportação para o Vale do Rhône e o terceiro em volume, com um aumento de 3,5% ao ano desde 2014”, de acordo com a Inter Rhône.

Os vinhedos do Vale do Rhône são divididos em dois segmentos, Norte e Sul, e dependendo de onde o produtor está cultivando, diferentes uvas brancas se destacam, com diferentes regras de produção e plantio. Atualmente, em muitas das denominações da região, os vinhos brancos representam uma pequena fração dos vinhedos e do volume produzido. No entanto, nesses lugares, muitos produtores estão interessados no potencial que poderia resultar de um aumento no plantio de variedades de vinho branco.

Crozes-Hermitage, por exemplo, é uma denominação de origem cru do Norte do Rhône que produz principalmente Marsanne, com uma presença crescente de Roussanne para vinhos brancos – essas são as únicas duas uvas brancas permitidas pelas regras da denominação. Yann Chave é um viticultor de segunda geração e líder do sindicato de Crozes-Hermitage. Ele produz um Crozes-Hermitage blanc feito com 70% de Marsanne e 30% de Roussanne. Chave diz que tem notado mais interesse dos consumidores por vinhos brancos e que a Roussanne está aumentando sua área porque mantém acidez diante de estações de crescimento mais quentes.

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Cairanne, por outro lado, é uma denominação de origem cru do Sul do Rhône que se destaca pela Clairette (que deve representar 30% ou mais do vinho), seguida pela Grenache Blanc e Roussanne para a produção de vinhos brancos. Cairanne também impõe um limite para o uso de enxofre e exige colheita manual; máquinas são proibidas. O produtor Loïc Massart, dono do Domaine Les Chemins de Sève, diz que, embora os vinhos brancos de Cairanne sejam raros, eles podem competir com vinhos brancos de “sabor mais refinado” de todo o mundo.

De acordo com a previsão da BevAlc Insights 2022 para a categoria de vinho branco “todas as subcategorias de vinho branco de crescimento mais rápido representam variedades de uva mais desconhecidas” no mercado dos EUA – embora Marsanne, Roussanne, Clairette e Grenache Blanc não sejam necessariamente “desconhecidas”. Por isso, eles podem ser um trunfo nas mãos dos principais vendedores de Sauvignon Blanc, Chardonnay e Pinot Grigio, em busca de diversificação. Isso é promissor para os vinhos brancos do Vale do Rhône, que possuem uma variedade de opções satisfatórias, desde vinhos frescos e jovens até vinhos texturizados e potentes. “Os vinhos brancos franceses – há muito tempo a quarta origem mais popular –, estão em ascensão, ganhando dois pontos percentuais de participação até agora este ano”, de acordo com o relatório da BevAlc Insights – reforçando a posição de que os vinhos brancos do Vale do Rhône estão satisfazendo a demanda dos consumidores.

*Jill Barth é colaboradora do Forbes EUA e master na Wine Scholar Guild. Também escreve para USA TODAY 10Best, Wine Enthusiast, Decanter, VinePair, Relais & Châteaux Instants Magazine, SevenFifty Daily, France-Amérique, Palate Press, Luxe Provence, Courrier International, Provence WineZine e Perfectly Provence (tradução: João Pedro Isola).

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Fonte:

Notícias sobre vinhos – Forbes Brasil