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Cortes, blends, assemblages, conheça as misturas de uvas mais clássicas

Há muitas maneiras de classificar os vinhos. Uma delas é em relação à sua composição de uvas. Os vinhos feitos com 100% ou com predominância de apenas uma casta/uva são chamados de “varietais” ou, como é comum chamar em Portugal, de “mono-castas”. Pela legislação brasileira um vinho para ser varietal e estampar o nome de uma única casta no rótulo, precisa ter ao menos 75% desta casta em sua composição.

 

Os demais vinhos, misturas de castas, são os chamados “cortes”, “lotes” ou “blends”. A tradição, sobretudo a europeia, é de vinhos de corte, uma arte onde a maestria dos enólogos se expressa. Através dos blends, buscasse obter mais complexidade e equilíbrio nos vinhos, tirando o melhor de cada casta. Um melhor exemplo vem do corte mais famoso do universo de Baco, o corte bordalês. As castas tintas permitidas em Bordeaux são as estrelas cabernet sauvignon e merlot, e as coadjuvantes cabernet franc, petit verdot, carménère e malbec, contudo as duas primeiras são no geral as que dominam a maior parte dos vinhos. O cabernet sauvignon agrega taninos, estrutura, longevidade, enquanto a merlot dá mais aromas frutados, mais corpo, e sensação mais aveludada no paladar.

 

Além disso a merlot é colhida cerca duas semanas antes que a cabernet sauvignon, além de preferirem climas e solos diferentes. Isso significa que alguns anos serão melhores para uma, e em outras safra a outra se dará melhor. Assim, uma mistura das duas, em proporções que variam conforme as características climáticas daquele ano, poderá ser benéfica. Este corte clássico cabernet-merlot, com ou sem as coadjuvantes, é imitado em todo o mundo

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Outro corte clássico é o da região de Champagne, dominado pela tinta pinot noir e a branca chardonnay, igualmente replicado ao redor do planeta em muitos espumantes. A pinot noir dá mais estrutura, mais acidez, frutas vermelhas e às vezes até uma ponta de taninos, enquanto a chardonnay aporta elegância, corpo e aromas de frutas amarelas.

 

Ainda na França podemos citar o corte típico mediterrâneo, das tintas grenache, syrah e murvèdre, conhecido como GSM. Na Itália, todo tifosi (torcedor fanático) do vinho sabe de cor o corte do Amarone, como quem sabe a escalação da azzurra. Corvina, molinara e rondinella são as castas clássicas do Amarone (embora não as únicas). O mesmo acontece no Chianti, a sangiovese, por lei, domina, podendo receber a ajuda de até 20% de outras tintas.

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Na Espanha os tintos da Rioja são um casamento entre a vedete tempranillo, que normalmente predomina, com apoio de mazuelo, graciano e garnacha. No Priorato a exponha dorsal dos tintos costuma vir da cariñena e da garnatxa (carignan e garnacha/grenache em suas grafias locais), muitas vezes acrescidos de castas francesas como sytah e cabernet sauvignon, o que é permitido por lei.

 

Portugal com suas mais de 200 castas locais, tem muitos cortes clássicos, como no Alentejo: alicante bouchet, trincadeira e aragonês, ou no Douro: touriga nacional, touriga franca e tinta roriz (entre outras).

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Fonte:

Comer & Beber – VEJA RIO