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Conheça o lendário rótulo que mudou a tradição vinícola da Toscana

Quando foi lançado pela primeira vez, o vinho italiano Tignanello provocou uma verdadeira revolução. A safra de estreia, 1971, marcou uma nova era na Toscana em que produtores passaram a ignorar algumas das rígidas regras impostas para a produção dos vinhos chianti e se dedicaram a expressar as características do terroir, misturando uvas nativas, como a sangiovese, com outras variedades importadas de outros países, como merlot e cabernet sauvignon. Os “supertoscanos“, como passaram a ser chamados, pois estavam “acima” das regras, se tornaram referência, colecionados por enófilos. Agora, a safra 2019, a mais recente do lendário rótulo, eleita uma das cinco melhores compras pela revista Wine Spectator em 2022, está chegando às lojas brasileiras pela importadora Berkmann.

O nome, Tignanello, faz referência ao vinhedo em que o rótulo é produzido. Hoje, é comum que os supertoscanos sejam nomeados a partir dos vinhedos em que foram feitos. Há, inclusive, uma nova denominação de origem: o IGT Toscana. Na legislação italiana, há diversas denominações diferentes. IGT, ou Indicação Geográfica Típica, por exemplo, é uma regulamentação mais livre. Para o chianti, por outro lado, existe a DOCG, Denominação de Origem Controlada e Garantida, muito mais rígida. Inicialmente, os primeiros supertoscanos foram denominados apenas “vinhos de mesa“, associados a bebidas de qualidade inferior.

Enquanto a primeira safra do Tignanello foi feita com 100% de sangiovese, há algum tempo ele é um blend composto principalmente pela uva italiana, mas que recebe também cabernet sauvignon e cabernet franc. Na safra 2019, o clima foi perfeito na região do Chianti Classico, a mais antiga e tradicional da Toscana. A fermentação foi feita inicialmente em tanques de inox. A fermentação malolática, em seguida, um processo que acentua a complexidade e suaviza a acidez, foi feita em pequenas barricas de madeira. O vinho envelheceu durante um período de 14 a 16 meses em barricas de carvalho francês e húngaro, e depois passou mais um ano na garrafa antes do lançamento.

O resultado é um vinho complexo, que oferece aromas de frutas vermelhas, como morangos e romãs, além de baunilha, notas de café e chocolate. Tem taninos finos e acidez vibrante e um final longo. Pode ser degustado sozinho, mas tem enorme potencial gastronômico. Uma das características do Tignanello é que ele é acessível em muitos aspectos. Embora ainda jovem, capaz de envelhecer por muitos anos, pode ser bebido agora. Segundo Matheus Carvalho, embaixador da vinícola Antinori, responsável pela produção do Tignanello, a tendência é que ele esteja “cada vez mais pronto” para ser bebido assim que lançado, o que o torna ainda mais cobiçado por quem quer conhecer os bons rótulos da região.

O vinhedo em que é produzido o Tignanello –Antinori/Divulgação

É também “acessível” do ponto de vista financeiro. Embora seu valor, cerca de R$ 2 mil, seja extremamente alto, é bem menor que outros supertoscanos famosos. O vinho Sassicaia, por exemplo, pode ser encontrado por cerca de R$ 6 mil. Outro rótulo cobiçado, Masseto, custa quase R$ 20 mil. É quase uma porta de entrada para os grandes vinhos produzidos na Toscana.

O valor relativamente inferior a outros supertoscanos faz dele um dos vinhos mais pirateados. Por isso, a vinícola adotou uma série de medidas para reduzir as fraudes, como os rótulos feitos em alto relevo e a adição de um QR Code que garante a procedência de cada garrafa e dá acesso a um app com todas as informações da safra.

A Antinori, responsável pelo Tignanello, é uma potência, com diversos vinhedos espalhados pela Itália. É também dona de outras vinícola em outros países, como a húngara Tuzko, a chilena Haras de Pique e a americana Stag’s Leap Wine Cellars – cujo cabernet sauvignon desbancou alguns dos mais tradicionais rótulos de Bordeaux e foi eleito o melhor no mítico Julgamento de Paris, em 1976.

Vários dos vinhos produzidos pela Antinori são vendidos no Brasil, como o Villa Antinori Chianti Classico Riserva (R$ 284, no Santa Luzia), ou o Villa Antinori Toscana (R$ 199, no Santa Luzia), produzido na mesma denominação de origem do Tignanello.

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Fonte:

Vinho – VEJA