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Conheça La Grande Dame, champagne produzido apenas em safras especiais

Tradicionalmente, os espumantes da região de Champagne, na França, não levam a indicação da data em que foram produzidos. São feitos para que o consumidor encontre sempre o mesmo perfil de sabor, independente do ano em que ele foi engarrafado. Existem, no entanto, versões safradas. A primeira foi lançada em 1810 e é creditada a Madame Clicquot, a mulher que revolucionou os métodos de vinificação da época e construiu uma das maiores vinícolas dedicadas exclusivamente à produção de champagne. Desde então, a Veuve Clicquot vem produzindo versões especiais e safradas de alguns de seus espumantes. É o caso de La Grande Dame 2015, rótulo lançado apenas em safras especiais, que acaba de chegar ao Brasil.

De acordo com o enólogo Emmanuel Gouvernet, que visitou o país para divulgar a novidade, trata-se de uma expressão dos oito “plots” de terra que historicamente produzem as melhores uvas. “Tivemos boa qualidade, mas pouca quantidade”, conta. “Muitas Maisons não criaram edições safradas. Mas, para nós, obtivemos o equilíbrio perfeito entre acidez e maturidade da uva.”

O espumante é produzido com 90% de pinot noir e apenas 10% de chardonnay. “É quase um blanc de noirs”, diz Gouvernet. O termo faz referência aos espumantes brancos produzidos apenas com uvas tintas. O uso predominante de pinot noir é uma tradição da vinícola. “Nossas uvas tintas dão origem aos melhores vinhos brancos”, teria dito Madame Clicquot. Segundo o enólogo, o produto final é resultado de mais de mil horas de degustação de diversas dosagens dos blends e da concentração de açúcar. As uvas são todas da mesma safra. Passam ainda por um processo de envelhecimento em garrafa, diferente para cada tamanho. As tradicionais, de 750ml, ficam três anos na cave. As garrafas magnum, de 1,5l, passam quatro anos. As garrafas de três litros, conhecidas como Jeroboão, passam cinco anos.

A artista italiana Paola Paronetto assina o design do rótulo e das caixas -
A artista italiana Paola Paronetto assina o design do rótulo e das caixas –Divulgação/Divulgação

Trata-se de uma grande diferença do processo de elaboração do champagne brut, o mais tradicional da casa. Normalmente, ele é feito com cerca de 50% de pinot noir, que garante força e complexidade, 30% de chardonnay, que fornece mineralidade e frescor, e 20% de pinot meunier, que aporta notas frutadas. Após dois anos de colheita, o time de enólogos começa a provar os vinhos, que passam por um controle de qualidade semestral. O blend final é composto pelo vinho base, além de porcentagens diversas de vinhos mais antigos. Os jovens, que passam por um período de envelhecimento de um a três anos, compõem até 20% da mistura final. Os vinhos maduros, com até 10 anos de envelhecimento, pode chegar a 10% do blend. Os mais antigos, datados de 1988 – ou antes – entram em pequenas doses. “São muito fortes em aromas e texturas, e funcionam como temperos”, afirma Gouvernet. Por conta do enorme estoque, conseguem manter o padrão da bebida ano após ano.

O La Grande Dame foi lançado pela primeira vez em 1972 para celebrar o bicentenário de fundação da vinícola. Desde então, vem sendo lançado em safras especiais como uma homenagem a Madame Clicquot. A edição anterior a esta, La Grande Dame 2012, lançada em 2020, inaugurou uma nova tradição. O design do rótulo e da caixa que guarda a garrafa foi assinado pela artista plástica japonesa Yayoi Kusama, conhecida pela obsessão por pontos e bolas. Ela já havia feito uma intervenção artística no retrato original de Madame Clicquot, leiloado para caridade, em 2006. Dessa vez, a responsável pela assinatura da arte do rótulo é a designer italiana Paola Paronetto. Além de uma paleta original de cores, com 86 tonalidades, ela desenvolveu a técnica que chamou de Paper Clay, combinando argila, fibra de celulose e água em peças que remetem à textura de papelão ondulado. Na versão para a Veuve Clicquot, ela usa cânhamo.

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Fonte:

Vinho – VEJA