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Conheça a vinícola brasileira Amitié, premiada no maior concurso mundial

De todas as premiações no mundo do vinho, nenhuma é tão grande, influente e rigorosa quanto o Decanter World Wine Awards (DWWA). Criada há 20 anos pela revista britânica especializada Decanter, elege os melhores rótulos do mundo em uma ampla diversidade de categorias. Nesta quarta-feira (7), o prêmio divulgou todos os selecionados. E o Brasil está bem representado com duas medalhas de ouro: uma pelo Piquant Soléil Syrah, da Vinícola Ferreira, localizada na Serra da Mantiqueira, e outra pelo Viognier da Amitié, da Serra Gaúcha.

O Viognier merece menção especial por ser o primeiro vinho monovarietal (como são chamados aqueles feitos com uma única uva) produzido aqui no Brasil com a casta de origem francesa a receber medalha de ouro na premiação. Lançado no ano passado, é um rótulo que mostra a evolução do portfólio da Amitié e a qualidade das uvas cultivadas na região da Serra Gaúcha. “Essa uva já entrava nos cortes de nossos espumantes, mas sabíamos que ela poderia dar origem a um vinho de corpo, estrutura, de caráter bem aromático”, afirma a enóloga Juciane Casagrande.

Casagrande e a sommeliére Andreia Gentilini Milan, as fundadoras da Amitié, têm tradição familiar no mundo do vinho. Os pais de Milan são viticultores, e Casagrande tem parentes que também trabalham no campo. As duas seguiram trajetórias profissionais distantes, mas relacionadas à bebida, e acabaram se conhecendo entre um evento e outro. Decidiram, então, juntar os conhecimentos e fundar a vinícola em 2018. O próprio nome escolhido, Amitié (“amizade”, em francês), é uma referência à parceria de longa data das duas.

Nos primeiros anos, produziram principalmente espumantes. “Quando demos os primeiros passos, foi natural olhar para os espumantes, que já têm bastante reconhecimento aqui no Brasil e vêm sendo bastante consumidos”, diz Juciane. Começaram com cinco rótulos, mais leves, frescos e versáteis, com preço competitivo. Depois, foram acrescentando outros. Hoje, são 10 diferentes. Todos continuam sendo produzidos, e o Brut recebeu medalha de prata no Decanter Awards.

Com o sucesso inicial, decidiram expandir o portfólio e olhar também para os vinhos tranquilos, em 2020. “Nosso modelo nos permite maior flexibilidade. Quando falamos em vinho brasileiro pensamos muito na Serra Gaúcha, e quisemos olhar para o Brasil, que é um país tão grande, de forma mais ampla”, conta Andreia. Foi assim que surgiu o projeto Colheitas, com cinco rótulos feitos produzidos nas quatro estações do ano: um tempranillo rosé do Vale do São Francisco colhido na primavera; um cabernet franc da Serra Gaúcha e um tannat da Campanha Gaúcha, ambos colhidos no verão, um blend de quatro uvas provenientes do Planalto Catarinense colhidas no outono; e, por fim, um syrah da Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, colhido no inverno. “O Brasil é o único país do mundo em que isso é possível”, diz Andreia.

O viognier premiado é um dos lançamentos mais recentes. À medida que a produção aumenta, as duas trabalham para aproveitar boas safras da região para introduzir novos produtos. Quando começaram, em 2018, faziam apenas 10 mil garrafas. No ano passado, o número passou para 400 mil. “Dentro da nossa estratégia, estamos em um momento de desenvolvimento do mercado brasileiro. Começamos pequenos, mas fomos crescendo e hoje estamos em dois mil pontos de venda”, conta Andreia. “Queremos focar no Brasil antes de pensar em vender para o exterior. Lá fora, o vinho brasileiro ainda é um produto de nichos pequenos”.

Além disso, a Amitié se prepara para receber turistas em seu próprio espaço, na Serra Gaúcha. “O Vale dos Vinhedos recebe mais de 600 mil visitantes. Será uma oportunidade de degustar, ter um contato mais próximo com a nossa marca”, afirma Andreia.

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Fonte:

Vinho – VEJA