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Como é possível beber grandes vinhos sem gastar uma fortuna

Vinhas bem cuidadas, amplitude térmica, terroir, acidez equilibrada, corpo e boa fruta são algumas das características que costumam descrever bons vinhos. Algumas vinificações primorosas, técnicas e solos sagrados são capazes de diferenciar e alçar rótulos aos status de obras de arte inatingíveis para maioria dos mortais. Mas o que transforma alguns deles em ícones? Pontuações? Escassez? Marketing? Para o sommelier senior da Berkmann Wine Cellars Brasil e diretor da ABS-SP, José Eduardo Barboza, um blend de todos esses fatores pode ser a resposta que os transforma em objetos de desejo. Assim, o céu é o limite para os valores de uma garrafa. “São rótulos de ótima qualidade, o que é indiscutível, mas há no mercado ótimas opções por uma fração do valor do que alguns desses mais famosos custam”, diz. Segundo o sommelier, é natural o medo de errar na escolha, por isso muitas pessoas persistem nos mesmos rótulos — conta também nesse tipo de decisão, é claro, o status que traz colocá-los na mesa, algo que parte do público adora. Em muitos casos, ao mudar um pouco a região, buscando novas uvas no mesmo estilo, é possível ampliar seu paladar e dar uma bela aliviada no bolso.

Vamos degustar?

1. Catena Zapata (100% Malbec) – Argentina
Pontuações expressivas de Robert Parker para este vinho que tem mais corpo, madeira acentuada e alto percentual alcóolico o transformaram em um objeto de desejo dos brasileiros. Ele também reina absoluto nos “Corsas” que costumam cruzar as fronteiras do país com porta-malas do carro abarrotado para distribuir ilegalmente seus produtos por aqui. Na importadora, custa R$1.319, mas rótulos de parcelas especiais podem chegar a R$ 3.020.

Experimente:
Zuccardi Concreto Malbec 2019 – R$ 489,90
This Is Not Another Lovely Malbec 2021 (Matias Riccitelli) – R$119
Ambos têm passagem por concreto e são exemplares que representam melhor o terroir, sendo mais frescos e sem tanta interferência de madeira, um tendência da atualidade.
Dante Robino Legado Malbec – R$ 160
O Malbec produzido por esse enólogo piemontês que se estabeleceu em Mendonza há mais de 100 anos tem taninos suculentos e final persistente, além de 90 ptos na conceituada avaliação de James Suckling.

2. Pêra Manca 2015 – R$ 4.950 – Alentejo, Portugal
Diz a lenda que esse blend encorpado de Aragonês e Trincadeira teria sido servido na caravela de Cabral na viagem de descobrimento do Brasil. A fermentação é feita em balseiros (grandes barricas) de carvalho francês. Ele amadurece 18 meses em tonéis de carvalho francês e as garrafas permanecem nas caves do Mosteiro da Cartuxa por 48 meses antes da comercialização.

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Experimente
Monte Branco – Alentejo, Portugal (uvas: Alicante Boushet e Aragonez). Com produção de apenas 1800 garrafas por safra e amadurecimento durante 12 meses em barricas de carvalho francês (80% novas). R$ 810
Quinta do Sambujeiro 2019, Alentejo, Portugal (uvas: 34% de Alicante Bouschet, 28% Aragonez, 15% Touriga nacional, 14% Petit Verdot e 9% Cabernet Sauvignon).  Tem 24 meses de barrica de carvalho francês e 15% de teor alcóolico. R$ 694
Casa Amarela Elísia Douro, Portugal – Touriga Nacional, Franca e Tinta Roriz. Passa por 18 meses de barrica. Trata-se de um rótulo complexo e com grande potencial de guarda R$700 (estará disponível em setembro no Brasil)

3. Barca Velha (Douro, Portugal) – R$ 8.000 a R$ 10.000
Mítico rótulo do Douro, ícone da Casa Ferreirinha, produzido com as uvas Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Cão e Roriz (Tempranillo), é um vinho com grande volume de boca e toques de tabaco devido ao longo amadurecimento em carvalho. Possui ainda tanino intenso e muito persistente.

Experimente:
António Maçanita Fitapreta (Alentejo, Portugal) – R$ 250
A vinícola já recebeu o título de melhor produtor do ano, em 2020, por seus vinhos típicos e intensos. As uvas são colhidas à mão e a fermentação acontece de forma espontânea. Depois de finalizada, 50% da bebida passa por nove meses em carvalho francês e os outros 50% envelhecem em cubas de inox, preservando o caráter da fruta.
Quinta das Tecedeiras Douro Reserva R$ 422
Fruto do trabalho do enólogo Rui Cunha, neto do fundador da casa Ramos Pinto, é um corte das uvas Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Barroca, Tinta Amarela e Tinto Cão. Nele, você encontra além das notas de tabaco, cacau, e um final de boca longo e persistente.

4. Vega Sicilia Pintia 2018 (Toro, Espanha) – R$ 1.400
Logo na primeira safra esse vinho de 100% Tempranillo recebeu 95 pontos de Robert Parker e muitos elogios da crítica inglesa Jancis Robinson, que o indicou como “o melhor vinho do Toro que já havia provado”. Poderoso e encorpado, mas com classe e elegância, nas palavras de Steven Spurrier, o inglês que organizou a Paris Wine Tasting, 1976 e revelou o vinho californiano para o mundo.

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Experimente:
Bodegas Muriel Reserva 2016 R$ 359
Proveniente de vinhas velhas, esse 100 Tempranillo, poderoso e intenso, amadurece 18 meses em barrica de carvalho francês (9 meses em barricas novas e 9 meses em usadas), depois fica mais dois anos em garrafa antes de ser lançado no mercado. Muda-se um pouco a região, mas com mesmas uvas e vinificação primorosas, bebe-se muito bem.
Marqués de Riscal Reserva Tempranillo 2018 – R$ 350
Obedecendo as regras da região de La Rioja, o vinho permaneceu durante dois anos em barris de carvalho americano e um período mínimo de um ano em garrafa, antes de deixar a adega. Feito com 10% de Tempranillo, 10% Graciano e Mazuelo, é fresco e elegante, mesmo com 14% de percentual alcóolico.

5. Almaviva 2020 (Chile) R$ 3.500
Produzido pela união de dois pesos-pesados da enologia: a francesa Baron Philippe de Rothschild e a chilena Concha y Toro. O corte bordalês leva Cabernet Sauvignon ( 71%), Carménère (22%), Cabernet Franc (5%) e Petit Verdot (2%) das vinhas localizadas em Puente Alto, região hoje reconhecida como uma das mais conceituadas para a produção de Cabernet Sauvignon no Chile.

Experimente:
Haras de Pirque Hussonet Gran Reserva R$ 125
Corte de Cabernet Sauvignon (85%) e Cabernet Franc (15%), esse vinho do Vale do Maipo tem a fermentação das cepas feita separadamente e depois um estagio de 12 meses em carvalho francês. Concentrado e persistente.
Milla Cala, Vik – R$ 319
O Cabernet Sauvignon traz estrutura firme, enquanto o a Cabernet Franc entrega mineralidade e suculência. O corte é finalizado com a delicadeza da Merlot e a elegância da Syrah. Um projeto que celebra a junção de velho e novo mundo em uma garrafa. O vinho passa 20 meses em carvalho do conceito “Barroir”, palavra que une terroir e barril. As barricas são tostadas com carvalho caído da propriedade, o que entrega uma marca única ao
vinho durante o amadurecimento.

6- Sassicaia Bolgheri DOC (Toscana, Itália) – R$ 5.000
O Sassicaia é uma aventura que começou como um vinho de mesa “simples” e terminou com o Bolgheri Sassicaia DOC. O Sassicaia é o único vinho italiano que possui uma DOC própria. Produzido desde 1948, com as uvas Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, ele é o primeiro
Super Toscano.

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Experimente:
Badia A Passignano Chianti Clássico Gran Selezione – R$ 732
Produzido pela família Antinorii, que tem mais de seis século de tradição em viniculutra. São nada menos que 26 gerações envolvidas no negócio que produz esse Chianti 100% Sangiovese rico, potente e equilibrado.
Guado Al Tasso Bolgheri – R$ 1116, 94
Também da Antinori, esse corte de Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon e Merlot recebeu 97 pontos do crítico que mais vende vinho no planeta, Robert Parker.

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Fonte:

Vinho – VEJA