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Hora de colher batatas

A próxima é a semana do “feriado da batata” aqui na Eslovênia. Sim, existe isso. Chama-se Krompirjeve Počitnice e desejo-lhe boa sorte se quiser tentar pronunciar corretamente.

Acostumado à vida urbana de São Paulo, onde morei por longos, prazerosos — e algumas vezes dolorosos também — 12 anos, nutro uma admiração gostosa pelas coisas que têm seus nomes atrelados às efemérides do campo. No caso, um feriado escolar inventado tradicionalmente porque no outono, quando a natureza começa a resignar-se à pausa necessária, é hora de colher os frutos.

Nos tempos passados, a mão de obra das crianças e adolescentes era de grande valia para seus pais, nesta lida da colheita. Assim, decretou-se uma semana sem aulas.

O tempo passou e na sociedade capitalista contemporânea felizmente a exploração do trabalho infantil deixou de ser aceitável — o contrário, ainda que ocorra em boa parte do mundo, deve ser entendido como exceção criminosa. Mas ficou o nome. Ficou a tradição.

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Que na verdade não é um privilégio esloveno. O cultivo de batatas nem é tão abundante por estas terras. A nomenclatura foi importada dos alemães — afinal, do Sacro Império Romano-Germânico ao Império Austro-Húngaro, foram séculos de dominação teutônica. Eles também conservam ainda o seu Kartoffelferien mais ou menos no fim do primeiro bimestre do ano escolar.

Conserva-se o feriado, em suma. E conservam-se os vegetais — os diversos tipos de picles são, ao lado da produção caseira de licores e afins, uma espécie de esporte nacional.

Ao vencedor as batatas. Também os pepinos, as cebolas, as pimentas e pimentões, os rabanetes e as cenouras. Outubro ou nada. Outono ou nada. Com as estações demarcadinhas como não as são no nosso Brasil de verde-bandeira o ano todo, é preciso ajustar vida ao tempo, trabalho ao clima, alimentação às possibilidades de cada época.

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Narava je pametna, ljudje smo neumni, dizem os mais antigos por aqui. Ou seja: “a natureza é sábia; nós, humanos, é que somos tolos”.

Antigamente, meses do ano eram chamados por termos que tinham a ver com a natureza

As folhas amarelando, vermelhando, caindo são um lembrete de que tudo começa a se fechar. O dia encurta, daqui a pouco estará escuro às 4 da tarde. Logo é hora de botar pneus de inverno no carro, fechar os registros d’água do quintal. Os passarinhos rareiam. Os insetos, também. As roupas curiosamente mudam de cor, assumindo tons sóbrios, soturnos. Uma cerração trevosa se torna frequente na paisagem, sobretudo nas manhãs.

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Não sei se um dia irei me acostumar a isso. Mas também não sei se um dia deixarei de ver beleza nisso. Meu olhar é míope e estrangeiro, sempre será. Quanto mais aprendo, mais vejo poesia. No esloveno arcaico, setembro (september) era kimavec, um jeito de dizer que as frutas estavam balançando, acenando, esperando ser colhidas. Outubro (oktober) era chamado de vinotok — uma palavra que literalmente significa “fluxo do vinho” e que aludia ao período em que as uvas maduras começavam a se transformar na deliciosa bebida. Mais bonito ainda: novembro (november) era listopad, que significa “folhas caindo”.

Há uma famosa canção eslovena, Čebelar (significa “apicultor”), cuja letra foi escrita por Slavko Podboj, que se apropria com muita honestidade desse clima outonal. Algum tempo atrás, me aventurei a criar uma versão livre em português. Ficou assim:

Canção do Apicultor

Cai a tarde lá ao longe,
escurece no meu rancho,
cricrilam grilos ao arranjo,
um convite ao descanso.

O meu peito dói agora:
é o outono que centelha,
vou sozinho até lá fora
ver as velhas abelhas.

Saúdam-me com seus sons,
exalam aromas tão bons,
que meu coração sacode
memórias da juventude.

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Velhas amigas abelhas,
ao menos minhas amigas,
jamais me esquecerei delas,
minhas únicas amigas

O meu peito dói agora:
é o outono que retorna,
cricrilam grilos lá fora,
o tempo roubou memórias.

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Vinho – VEJA
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Château Cheval Blanc quer seus Vinhos além do Luxo; ser Ecológico é Fundamental

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

Divulgação

Nova caixa do luxuoso vinho do Château Cheval Blanc

O Château Cheval Blanc acaba de apresentar na França o novo design de suas caixas de vinho 100% locais, criadas pela Maison Adam a partir de madeira de pinho das Landes e lã do País Basco, em um projeto que adota uma abordagem tanto ecologicamente responsável quanto territorial. A marca é uma das mais luxuosas do mundo dos vinhos.

A safra de 2022 do Château Cheval Blanc está se embelezando, envolta em lã de ovelha lacaune dos Pirineus e madeira de pinho marítimo nodoso da floresta das Landes. Em janeiro de 2025, as três cuvées do emblemático brasão de Saint-Émilion, local da vinícola francesa, serão encontradas em caixas ecologicamente projetadas e 100% locais. Pierre-Olivier Clouet, diretor da renomada vinícola, confiou a seu parceiro de longa data, a Adam, líder francês em embalagens de madeira, um objetivo ambicioso: valorizar o artesanato regional utilizando materiais sustentáveis para mostrar que é possível consumir produtos excepcionais de outra maneira.

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O Château Cheval Blanc trabalha em estreita colaboração com o fabricante bordalês Adam há quase 15 anos. Este novo projeto entre as duas empresas para a criação das caixas de vinho envolve toda uma cadeia de valor em uma transição em nível local. Essa nova embalagem, finalizada após um ano de desenvolvimento, possui várias funções: proteger as garrafas durante o transporte e transmitir a imagem da propriedade. “A embalagem das caixas de vinho conta a história do que está dentro”, diz Pierre-Olivier Clouet.

Vida, vinhedo e embalagem

Em 15 anos, o Château Cheval Blanc revisitou completamente suas prioridades. Se, no passado, a estética e o luxo eram fundamentais, hoje o diretor acredita na matéria-prima e na autenticidade de sua visão. “Percebemos que, ao buscar a perfeição, estávamos involuntariamente exagerando no uso e manipulação dos materiais”. Junto com Jean-Charles Rinn, presidente da Adam, Clouet decidiu quebrar completamente os padrões e fazer a pergunta: “Como seria a caixa ideal de vinho  ecologicamente projetada?”. A questão do material e da origem local foi levantada, e ambos os parceiros buscaram o compromisso perfeito.

Arq.Pessoal

Pierre Olivier Clouet, o CEO a vinícola, diz que ambiental não pode ser punitivo

O problema foi rapidamente identificado, pois a maior parte do pinho utilizado para fazer as caixas de vinho em Bordeaux vinha da Espanha, apesar da região abrigar o maior maciço florestal cultivado da Europa. Para o interior das caixas, a tarefa foi mais desafiadora. Após várias considerações, o Château optou pela solução mais local: o próprio rebanho de ovelhas. As equipes da Adam descobriram a cadeia da lã de ovelha lacaune dos Pirineus, um recurso pouco explorado. “Queríamos mostrar que é positivo usar menos material e tolerar ideias diferenciadas”, afirma Clouet.

De fato, em 2024, apenas 4% da lã tosquiada na França vem sendo transformada no território nacional. No sudoeste, 1.200 toneladas são descartadas, queimadas ou enterradas anualmente. No entanto, esse material biodegradável, com fibras particularmente resistentes, oferece propriedades isolantes e amortecedoras ideais. Para conceber o suporte ideal para as garrafas, que fosse ao mesmo tempo natural, funcional e estético, Cheval Blanc e Adam trabalharam com a empresa Traille, que utiliza lã do País Basco e Béarn para criar novos materiais.

Sem Verniz Excessivo, Sem Desperdício de Madeira

A caixa Cheval Blanc é revivida com nós na madeira, sem eliminar a matéria bruta. “Queremos mudar a abordagem dos nossos clientes sobre a estética”, explica Clouet. A vinícola, que abandonou o arado de suas vinhas há 10 anos para preservá-las, tem a mesma visão para suas caixas de vinho. “Se a transição ambiental vier, ela deve ser contada com belas histórias, mostrando que esse caminho é virtuoso e não punitivo”, acrescenta o diretor. A nova caixa questiona o luxo do futuro, e para Clouet, é essencial unir luxo e ecologia.

Impacto Local e Internacional

Fundada em 1880, a Adam sempre buscou soluções simples respeitando os desafios territoriais. Com Cheval Blanc, o projeto faz sentido. Ao comprometer a estética, as duas empresas criam um ciclo virtuoso, valorizando os “defeitos” da matéria, como os nós na madeira. Esse compromisso permite à Adam aproveitar cinco vezes mais madeira e evitar o desperdício. “Queremos mudar o mundo, mas devemos começar mudando o nosso”, afirma Jean-Charles Rinn. Clouet enfatiza que o impacto é uma preocupação central no Château Cheval Blanc, e toda a produção está comprometida com práticas sustentáveis, incluindo agrofloresta e permacultura.

Este projeto reflete o desejo de mudança das duas empresas, em busca de um modelo que responda às questões climáticas urgentes. “O que está dentro das novas caixas do Cheval Blanc vai muito além da simples ideia de vender um belo produto”, diz Jean-Charles Rinn.

O Que é Produção da Château Cheval Blanc

O Château Cheval Blanc, uma das mais renomadas de Bordeaux, adotou várias práticas sustentáveis em suas operações. A vinícola plantou milhares de árvores frutíferas e florestais ao redor e dentro dos vinhedos. Essas árvores ajudam a melhorar a fertilidade do solo, aumentar a biodiversidade e oferecer sombra às videiras, especialmente durante ondas de calor. As raízes das árvores promovem o crescimento de fungos microscópicos, essenciais para a saúde do solo e para fornecer nutrientes às vinhas. Além disso, galhos e folhas caídas criam matéria orgânica que enriquece o solo de forma natural​.

Cyrilgarrabos

As ovelhas lacaune dos Pirineus, artesãs das novas caixas assinadas pelo Cheval Blanc

Também apostou na policultura e pastoreio. Para combater os efeitos negativos da monocultura, o Château Cheval Blanc reintroduziu práticas de policultura. A vinícola agora integra a criação de animais, como ovelhas, que pastam entre as videiras, fertilizando naturalmente o solo e ajudando a controlar o crescimento de ervas daninhas. Essa prática reforça o ecossistema ao redor dos vinhedos, promovendo um ambiente mais saudável e equilibrado​.

Outra medida foi  eliminação do arado. A vinícola também interrompeu o uso de arados, optando por manter a cobertura vegetal entre as fileiras de videiras. Isso ajuda a proteger o solo da erosão, conservar a umidade e promover a absorção de carbono, aumentando a fertilidade do solo​

A vinícola tem uma produção limitada, o que contribui para sua exclusividade. Em geral, são produzidas cerca de 100.000 garrafas por ano. A quantidade restrita mantém o status de raridade e luxo, garantindo que o Cheval Blanc continue a ser um dos vinhos mais cobiçados no mercado global. Isso, por causa de seu terroir exclusivo. Localizada em Saint-Émilion, a vinícola possui um terroir único, que combina solos de argila, cascalho e areia, criando condições ideais para variedades como Cabernet Franc e Merlot. Também faz uma boa mistura do tradicional e das inovações, combinando métodos clássicos de viticultura com práticas modernas, como a agrofloresta e a agricultura sustentável,  queelevam sua imagem de marca. Além disso, o Cheval Blanc é conhecido por sua capacidade de envelhecer por décadas, aumentando seu valor ao longo do tempo. Além disso, a produção limitada e a alta demanda colocam esses vinhos entre os mais caros do mundo​

Escolhas do editor

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Festival de vinho e jazz agita São Paulo nos dias 25 e 26 de outubro

Nos dias 25 e 26 de outubro, o Pátio Higienópolis, em São Paulo, será palco do Festival de Vinho e Jazz. O evento, que conta com o patrocínio do Santander Select, promete uma experiência única, reunindo música ao vivo, uma seleção de vinhos e opções gastronômicas variadas. O festival terá início no dia 25, das 17h às 22h, e no dia 26, das 15h às 22h. Os ingressos estão disponíveis por R$ 50, incluindo uma taça de vinho. Para quem adquirir os bilhetes antecipadamente pelo SYMPLA, há um desconto de 15% para clientes do Santander Select e do Iguatemi One. A gastronomia do evento será assinada pelo Ristorantino, oferecendo um cardápio diversificado. As entradas começam a partir de R$ 30, enquanto os pratos principais variam de R$ 40 a R$ 55. As sobremesas também estão disponíveis por R$ 30, e os vinhos podem ser encontrados a partir de R$ 89 a garrafa.

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Na programação musical, o festival contará com apresentações de artistas. Na sexta-feira, o público poderá desfrutar das performances de Adriano Grineberg e Tritono Blues. Já no sábado, a atração ficará por conta de Leo Leon, Boi Blues com Marinete Marcato e André Youssef Trio. É importante ressaltar que o evento é destinado a maiores de 18 anos, e a presença de menores só será permitida se acompanhados por um responsável. Além disso, a entrada de animais de estimação não será autorizada. O Pátio Higienópolis está localizado na Avenida Higienópolis, número 618, com acesso pelo Piso Pacaembu.

*Reportagem produzida com auxílio de IA
Publicado por Luisa dos Santos

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vinho – Jovem Pan
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Champagne e flores: a nova harmonização proposta pela tradicional Maison Krug

No mundo do vinho, o termo “floral” é usado para definir aromas percebidos em uma grande variedade de uva. Mas a Maison Krug, uma das mais importantes produtoras de champagne na França, foi mais fundo na associação. Neste ano, a marca propôs a chefs parceiros que criassem pratos únicos tendo a flor como elemento central. Além do uso do ingrediente, as receitas deveriam ser pensadas para harmonizar com o Grand Cuvée deste ano – a 172ª edição do principal rótulo da casa.

A iniciativa faz parte do projeto Single Ingredient, criado há nove anos justamente com a ideia de propor um diálogo entre a gastronomia e a elaboração dos blends da champagne, diferentes a cada ano. Desde sua criação, vários ingredientes já foram contemplados, como batatas e cebolas. Há dois anos, o ingrediente foi o arroz. E, no ano passado, o limão. Este é o terceiro ano em que as receitas de todas as embaixadas Krug, restaurantes espalhados pelo mundo que integram o projeto, são reunidas em um pequeno livro.

A realização do primeiro jantar do Single Ingredient também marca o lançamento da 172ª edição do Grand Cuvée, principal rótulo da Krug. Embora não seja safrado (ou seja, não tem indicação da safra), o blend é diferente a cada ano – e cada garrafa conta uma história ligeiramente distinta. Tanto que há um ID, um número de seis dígitos, impresso no rótulo que pode ser conferido no site e no aplicativo da Maison. A 172ª edição da Grand Cuvée é um blend de 44% Pinot Noir, 36% Chardonnay 20% de Meunier a partir de um blend de 146 vinhos de 11 anos diferentes, sendo o mais antigo datado de 1998 e o mais jovem, de 2016. Os vinhos da biblioteca da Krug compõe 42% do blend final. O resultado final oferece notas florais, além de aromas cítricos, de marzipã, brioche e mel, além de uma acidez bastante elevada. O rótulo ainda não está disponível no Brasil, mas deve chegar às lojas parceiras nas próxima semanas.

O Brasil tem a única embaixada Krug da América do Sul: o restaurante Kinoshita, em São Paulo. Com uma estrela no prestigioso Guia Michelin, a casa é referência em gastronomia japonesa. E desde sua abertura participa do tradicional projeto da Krug. Neste ano, o chef Marcelo Fukuya, no comando da cozinha, elaborou um prato com flores de alcachofra. A ideia é inusitada. A alcachofra é conhecida por ser difícil de harmonizar, principalmente porque pode apresentar notas metálicas quando entra em contato com o vinho.

Mas a harmonização funcionou. O prato criado para o Single Ingredient é uma alcachofra inteira, cortada ao meio e servida com um pesto de flores. Para garantir que ela ficasse macia e perdesse a adstringência, foi cozida longamente em um dashi (caldo) da casa, elaborado com kombu (algas marinhas). É uma surpresa também visual, muito diferente dos outros pratos da casa, mas que mostra a versatilidade da proposta. É acompanhada por um tempurá de abobrinha e pedacinhos de abobrinha grelhada. A acidez marcada da champagne casou com a fritura do tempurá e com a untuosidade das folhas de alcachofra banhadas no pesto.

A receita integra o omakase criado especificamente para a ocasião. Há pratos compartilhados com o omakase tradicional do Kinoshita, mas alguns dos passos são exclusivos para quem opta pela harmonização com Krug. Segundo Marcelo Fernandes, restaurateur responsável pelo Kinoshita (e por outras casas de São Paulo), há iguarias, ou “mimos”, que serão servidas com exclusividade e dependem do que há de mais exclusivo – em termos de escassez, e não necessariamente de preço – naquela semana. No jantar de inauguração, por exemplo, a iguaria servida foi um salmão selvagem do Alasca, de textura mais firme, servido com um molho cítrico elaborado com shoyu, saquê, manteiga e limão.

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Vinho – VEJA
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Carioquices além-mar: Produtos Made in Rio em busca do caminho das índias

Não sei o que acontece. Talvez seja a água deste lugar? O sol em excesso? Praias à disposição durante uma vida inteira? Sei lá. Sinceramente eu, filho adotivo desta cidade maravilha, não consigo explicar em palavras ou versos o que se passa com esta cidade maluca que consegue emplacar muitos sucessos, campeões de bilheteria, marcas e produtos premiados. Nenhuma cidade brasileira chega perto da criatividade do povo carioca, seja para o bem ou para o caos. Barão Vermelho e seus maestros Frejat e Cazuza são eternos. Cartola, feijoada, Zeca Pagodinho, berço de reis, condes e barões. Por aqui meu conterrâneo Getúlio Vargas se suicidou. Favelas, sobrados, o bairro da Lapa, Rio Scenarium. Tudo carioca. Feira do Lavradio, chope na calçada, Galeto Sat´s. São alguns exemplos de um life style, de um comportamento, de uma voz.  Mas, afinal, como definir o comportamento desta cidade e dos milhões que nela habitam? tenho uma teoria que compartilho nas minhas rodas mais íntimas: O Rio é a única cidade do mundo em que você pode adentrar uma agência bancária vestindo uma sunga ou um pequeno biquíni, molhado, empanado de areia e conversar com um atendente, sem nenhuma cerimônia. A atmosfera desta louca cidade é inexplicável e talvez nunca teremos como entender o porquê de as coisas que nascem aqui serem frutíferas aos olhos da região, admiradas pelo país e desejadas além-mar.

TRILOGIA CARIOCA

Há pouco mais de um mês, as queridinhas marcas dos cariocas da atualidade Arpo Gin, Oceà e a cachaça Quero Chuva uniram forças dentro de um projeto embrionário e cheio de expectativas, batizado pelo nome de ecquosistema. Trata-se de um trabalho em conjunto de divisão de equipe, troca de informações, sinergia e ampliação de portifólio. Encabeçado pela poderosa Super Vinhos distribuidora, este acelerador de marcas proporciona agilidade na distribuição de portifólio, redução de burocracia e rápida resposta ativa na rua. O resultado: em menos de um mês, as marcas deram um salto de 20% em percepção de marcas, ganharam distribuição e encontram novos clientes, antes distantes geograficamente.

São três marcas que já conquistaram o paladar carioca. Arpo Gin é o filho mais recente da cidade quando o assunto é gin, mas já ganhou alguns prêmios internacionais, carinho dos bartenders e amor dos consumidores. Memórias ensolaradas são despertadas ao ver a garrafa nas prateleiras de grandes redes da cidade. Arpo, junto com Amazzoni Gin, outro carioca famoso, são os gins artesanais brasileiros mais relevantes como força de marca e de consumo. Em menos de dois anos, já conquistou o estado, abriu frente em São Paulo e, brevemente, estará a caminho de Portugal. Amazzoni já se consolida com o primeiro gin brasileiro a ser comercializado no mercado europeu. Queria ter mais informações concretas deste desbravamento, mas não consegui a atenção dos responsáveis.

ALÉM DA BRANQUINHA

Quero Chuva, com seus rótulos descontraídos, conquistou seu lugar ao sol quente carioca, como marca leve, despojada e cheia de bossa. Não briga com ninguém, mas se posicionada como uma bebida aperitivo à base de aguardente, com produtos saborizados como base para coquetéis, ou para aquele shot geladíssimo. A marca surgiu há 10 anos, com o objetivo de trazer um público novo para consumir cachaça, uma bebida genuinamente brasileira com muita história e tradição.

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Há muitos anos a cachaça divide opiniões, talvez por primeiras experiências não tão boas de alguns ou, então, por um inconsciente coletivo de anos de estigmatização e, por que não dizer, marginalização. Costumo acreditar que muita gente gosta de cachaça, mas elas ainda não sabem disso. Por essa razão, a Quero Chuva quer espalhar, uma nova visão sobre a bebida, utilizando para isso uma variedade de sabores, aromas e, também, histórias. Afinal de contas, cachaça definitivamente não é tudo igual. A marca se comunica de forma bem diferente das cachaças tradicionais, desde as embalagens coloridas até em ativações em eventos.

Hoje o portfólio conta com sete rótulos: Quero Chuva Prata, uma cachaça bidestilada com 40% de teor alcoólico e que descansa 12 meses em tonéis de amendoim bravo, uma madeira brasileira que não dá sabor nem cor, mas deixa a bebida muito macia e versátil. Quero Chuva Sabores, aperitivos à base de cachaça, com 20% de ter alcoólico, já adoçados e perfeitos para serem tomados puros e gelados, em um copo com gelo ou como elemento de sabor de coquetéis. Banana, Canela, Mel, Coco, Limão e Açaí com Guaraná.

Os meninos que comandam o time têm lenha pra queimar, e estão cheios de ideias. Deles nasceu o atual licor do momento: CABRALAB. Um licor de café Made in Brazil, usando grãos especiais dos quatro estados do Sudeste.  Autêntico e delicioso. Sua icônica garrafa preta é um sucesso e já está firme e forte nos balcões de bares e prateleiras de muitos supermercados. Os cariocas agradecem. Ano passado, a marca iniciou sua expansão internacional, participando de eventos e feiras com o apoio de órgãos como Apex, AgroBR e CNA. A empresa esteve em menos de 2 anos no Canadá, China, EUA e Peru. As negociações para em 2025 já estão a pleno vapor para a introdução do produtos nestes países. Vida longa.

A terceira marca da trilogia que já começa a abrir fronteiras é a Oceà. Pioneira em produzir no Brasil os Vinhos de Verano, que trazem a refrescância da brisa do mar e a sofisticação do verão mediterrâneo. A bebida é produzida com vinho, limão siciliano e um toque de água com gás. Por ser leve e refrescante, com apenas 6% de teor alcoólico, vegana e sem glúten, é a opção que faltava para as pessoas que apreciam um bom vinho, mas sentem que o seu alto teor alcoólico as inibe de consumi-lo em mais ocasiões do dia.

O fundador, Guilherme Castro, teve a ideia após uma viagem à Barcelona, em 2012, cidade que inspirou o nome da marca e significa “oceano” em catalão, língua falada na região e que traduz o sonho do fundador em cruzar o oceano com essa nova bebida. O conceito segue a praticidade e despojamento de metrópoles que vibram o ano todo, como o Rio de Janeiro. Aliás, foi do terroir carioca de onde veio a ideia de lançar os rótulos dos Vinhos de Verano com vinhos branco e rosé. Entusiasmada pelo desejo de trazer a atmosfera do verão europeu para o Brasil, a Oceà se inspirou na similaridade entre o clima e o estilo de vida dos brasileiros e dos espanhóis, na tendência mundial do mercado de bebidas que apresenta um aumento na procura por bebidas premium, mais leves, refrescantes e de baixo teor alcoólico, para criar a trilogia – Tinto de Verano, Rosé de Verano e Blanco de Verano.

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REFRESCÂNCIA E SABOR

Inspirada na tradicional receita de Tinto de Verano, a Oceà é a marca pioneira em produzir essa bebida no Brasil. Percebendo que o brasileiro já consome vinhos brancos e rosés gelados, a Oceà inovou ao criar as variações do clássico Tinto de Verano, e lançou com exclusividade os rótulos patenteados Rosé de Verano e Blanco de Verano. São bebidas elaboradas com vinhos finos da Serra Gaúcha, suco de limão siciliano natural e um toque de água com gás. Ideal para serem consumidas geladas, acompanhadas de 2 meia-luas de limão siciliano e gelo.

BEER BRAZIL

O mundo cervejeiro também é muito bem representado pelo Rio de Janeiro. O boom da cerveja artesanal no Brasil provavelmente aconteceu por aqui há não mais do que 20 anos. De lá para cá, vimos marcas e selos se transformarem em campeões de bilheteria. Hocus Pokus, Praya, Motim, Three Monkey´s são cervejas que puxam a fila do imaginário carioca. Sucesso de vendas, contam com locais como o já afirmado Brewteco e suas unidades para difundir e vender os dezenas de rótulos e sabores.

Mas sobre o mundo cervejeiro, estou preparando um material completo, bem estudado para entendermos como essa máquina move a cidade, gera empregos e fatura muitos milhões. Em breve te conto tudo, pois comecei a pesquisar sobre o Rio beer e descobri que é uma comunidade à parte. Além disso, muito em breve teremos uma rua no Centro dedicada aos aficionados cervejeiros. Nos encontramos por ai, bebendo um tinto de verano ou uma pilsenzinha no balcão do Brewteco da Gávea.

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Cheers

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Comer & Beber – VEJA RIO
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Um doce Dia das Bruxas: casas do Rio lançam sobremesas para a data

Café Cultura

Na contagem regressiva o Dia das Bruxas, o Café Cultura (Av. Nossa Sra. de Copacabana, 457, Copacabana) lança três itens personalizados. A começar pelo Frappé de amora com pistache (R$ 24,00), com leite, amora congelada, base para frappé, creme de pistache e chantilly. Na compra dele, o cliente ganha uma cartela de adesivos de halloween. Outro lançamento é a Tortinha de brigadeiro (R$ 19,00), com casquinha de massa de chocolate e recheio de brigadeiro cremoso. A decoração em cor verde tem olhos de miçangas roxas.

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Café Cultura: frappé de amora com pistache./Divulgação

+ Doces delícias: novidades chegam às vitrines das confeitarias

Meu Vício Desde o Início

Na Meu Vício Desde o Início (BarraShopping. Av. das Américas, 4666, Loja 142, WhatsApp: (21) 99528-9078), os doces estão garantidos para o Halloween. O Bolo Frankenstein (R$ 800,00, 40 fatias), de 2 andares, tem o primeiro andar retratando uma abóbora na cor laranja, e o segundo com a cabeça do Frankenstein em verde. A segunda opção é o Bolo Caldeirão (R$ 520,00, 20 fatias), feito na cor preta com desenhos em chamas remetendo a um caldeirão, com olho, pernas e chapéu de bruxa no topo do bolo. E o Bolo A Morte (R$ 240,00, 10 fatias) é apresentado na cor branca com olhos em todo o bolo e no topo o personagem “A Morte”. Vale destacar que o cliente pode encomendar seu bolo através dos números de WhatsApp da marca com três lojas na cidade, uma no BarraShopping, outra no Shopping Espaço Itanhangá (Loja fábrica) e no Shopping Millennium (Barra da Tijuca). Importante ressaltar que a encomenda deve ser feita com 5 dias de antecedência.

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Medovik

Nubra Fasari
Medovik: blueberry com carvão ativado no boloNubra Fasari/Divulgação

Todo mês, a boutique Medovik (Rua Visconde de Pirajá, 156, sobreloja 203, Ipanema, (21) 99579-9904), pioneira no segmento de bolos russos, apresenta um novo sabor exclusivo. Em outubro, para celebrar o Halloween, o destaque é o Medovik de blueberry com carvão ativado, numa versão gótica e intrigante. O topo do bolo recebe um creme preto feito à base de carvão ativado, que não interfere no sabor, mas reforça a estética gótica da criação. O Medovik de outubro vai naked, sem cobertura, para destacar seu visual do Halloween. Custa R$ 35,00 a fatia; ou inteiro a R$ 330,00 (16 cm).

Artesanos Bakery

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Artesanos: suspiros de fantasminha nas criações de tortas./Divulgação

A Artesanos Bakery (Rua São João Batista, 26, Botafogo) preparou produtos personalizados e limitados para a comemoração “tenebrosa”. A começar pela Torta Brownie com chocolate belga e fantasminha de suspiro (R$ 200,00, de 8 a 10 fatias). Outro produto que merece fazer parte da festa é o Copo de Halloween surpresa: bolo de baunilha com calda de leite condensado, ganache de chocolate e creepy chantilly (R$ 20,00). Detalhe para o chantilly colorido nas cores roxo e laranja, com confeitos por cima. As encomendas podem ser feitas pelo WhatsApp: (21) 96691-0169.

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Sorvete Brasil

Diana Cabral
Sorvete Brasil: abóbora com coco vai também no milk shakeDiana Cabral/Divulgação

O Sorvete Brasil (Rua Maria Quitéria, 74, Ipanema) preparou uma surpresa inédita para os clientes, o sorvete de Abóbora com mescla de coco. O lançamento faz parte da Linha Especial da marca e sai a partir de R$ 105,00 na caixa de 700 ml. O cliente também pode conferir o novo sabor na versão de uma bola (R$ 23,00), e até no formato de milkshake (R$ 39,00). O dia 31 de outubro, conhecido mundialmente como Dia das Bruxas ou Halloween, de origem americana

Éclair

Samanta Toledo
Éclair: farelo de bolo preto para criar um clima de bruxasSamanta Toledo/Divulgação

A Éclair Cafeteria e Bistrô (BarraShopping. Av. das Américas, 4666, loja 141-C, Nível Lagoa, tel.: (21) 3556-9808), através da chef Millena Sá, criou uma ação especial com produtos exclusivos. Na ala dos doces, o Éclair de chocolate branco tem cobertura de farelo de bolo black (R$ 22,00). Entre os drinques, o Roxo com gelo seco (R$ 22,00) é feito com gim, limão, xarope de morango, blue curaçao, água tônica e espuma de gengibre, e finalização com farofa negra.

Cardin

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Cardin: enfeites de Haloween nas tortas do mês./Divulgação

Pensando em proporcionar uma divertida experiência para a data, o Cardin (Rua Constante Ramos, 44, Copacabana, tel.: (21) 96703-5262) lança produtos exclusivos. A Torta Boo (R$ 190,00, inteira; R$ 19,00, a fatia) é feita em camadas de bolo fofinho de chocolate meio amargo, intercalada com generosas camadas de recheio de brigadeiro cremoso caseiro e cobertura de fantasminhas de suspiro. Outro lançamento feito especialmente para a data é o Brigadeiro Morcego (R$ 9,50), com 40 g e confeitado com bolinhas de chocolate crocante e asinhas de biscoito de chocolate.

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Dark Coffee

Doçuras e gostosuras. É isso que o público pode esperar do Halloween da DarkCoffee (Edifício Porto Brasilis. Rua São Bento, 29, loja A, Centro) para este ano. A cafeteria tem pedidas como a torta Skull salted caramel (R$ 176,00, inteira; R$ 22,00, a fatia). É preparada com massa sablée de cacau black, caramelo, ganache de chocolate meio amargo com corante preto, farelo de biscoito e finalizada com decoração de chocolate ao leite e flor de sal. Apresenta detalhe de caveira feita de chocolate branco de enfeite. Encomendasatravés do WhatsApp: (21) 2516-0370.

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Comer & Beber – VEJA RIO
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Conheça Teroldego, uma casta pouco conhecida, mas com vinhos excelentes 

O vinho é a bebida mais multifacetada que existe e isso se deve, muito, à extensa gama de castas que nos entregam esta bebida fantástica. Há muitas castas que não são tão populares quanto, por exemplo, a Merlot ou a Pinot Noir, mas que nos entregam vinhos excelentes. Um exemplo é a uva Teroldego, que é uma
variedade tinta originária do Trentino, no norte da Itália, especificamente na região de Piana Rotaliana, ao norte de Trento. Esta área é reconhecida como o berço dessa casta, que tem uma longa história na viticultura local. Seu nome provavelmente vem do termo “Tyroler Gold,” sugerindo que a uva foi trazida de áreas mais ao norte, possivelmente do Tirol. No entanto, hoje ela é considerada autóctone do Trentino.

A Teroldego é principalmente cultivada na Itália, mas também pode ser encontrada em outros países, como os Estados Unidos (Califórnia) e Austrália, onde viticultores exploram seu potencial. Na Itália, os vinhos mais famosos são rotulados como Teroldego Rotaliano DOC, uma denominação que remete à área onde a variedade é mais plantada e oferece as melhores expressões.

Os vinhos da Teroldego são conhecidos por sua cor profunda e vibrante, que varia de um rubi intenso a quase púrpura. Aromas típicos incluem frutas negras como amoras, cerejas escuras e ameixas, além de notas terrosas, de ervas e, por vezes, uma leve mineralidade. Com o envelhecimento, esses vinhos podem desenvolver nuances de especiarias e couro. Na boca, são vinhos de corpo médio a encorpado, com taninos estruturados, mas geralmente bem integrados, e acidez vivaz, que os tornam bastante refrescantes. Eles podem ser consumidos jovens, mostrando o lado frutado, ou envelhecidos, revelando maior
complexidade. São, geralmente, bem gastronômicos, sendo que, dependendo da vinificação, conseguem acompanhar, até, massas com molhos brancos, como um Raviolone ao Bechamel.

Sendo seu berço na Itália, vou sugerir alguns de lá, começando pelo Foradori Teroldego Rotaliano; um dos produtores mais renomados que cultiva a uva de forma biodinâmica. Os vinhos são elegantes, frescos e de alta qualidade. A Cantina Rotaliana di Mezzolombardo Teroldego Rotaliano Riserva é um clássico da
região, esse vinho mostra o caráter tradicional da casta, com sabores ricos de frutas e notas de especiarias. Já um exemplo mais moderno, com excelente equilíbrio entre a fruta madura e a estrutura tânica, ideal para envelhecimento, é o De Vescovi Ulzbach Teroldego Rotaliano DOC.

Porém, fora da Itália, esta uva vem sendo muito cultivada. No Brasil, a Teroldego é plantada, principalmente, na Serra Gaúcha e na Campanha Gaúcha, duas regiões importantes para a viticultura do país. Alguns exemplos de vinhos feitos com essa uva no Brasil incluem: o Casa Venturini Teroldego, que é produzido na Serra Gaúcha, esse vinho busca capturar a elegância e a estrutura típicas da casta, com notas de frutas vermelhas e especiarias. Outro que merece destaque é o Vinícola Salvattore Teroldego, vindo também da Serra Gaúcha e que oferece um perfil frutado com taninos firmes, mas equilibrados, ideal para acompanhar pratos mais encorpados. Por fim, sugiro que provem o excelente Michele Carraro 1875 – Teroldego – que tem uma acidez absoluta, sendo gastronômico a toda prova e equiparando-se, sem nenhum esforço, aos seus irmãos italianos. Estas descobertas são excelentes e é que possibilitam a formação do gosto individual
pelo vinho, que sempre vem carregado de história. Salut!!!

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

Fonte:

vinho – Jovem Pan
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Melhor vinícola do novo mundo produz no clima mais hostil do planeta

Vinhos de extremos como o nome diz são feitos sob as condições mais adversas possíveis. Podem ser provenientes de desertos, lugares muito altos ou próximos a vulcões. Eleita recentemente a melhor vinícola do novo mundo pela publicação americana Wine Enthusiastic, a Otronia levou ao limite do impossível esse conceito. Localizada em Sarmiento, na Patagônia, a propriedade tem hoje o vinhedo mais austral do planeta. São também as vinhas no clima mais frio do mundo. Por lá, o inverno no último ano bateu menos 20 graus. Em contrapartida, os dias no verão são longos, cerca de 16 horas de luz, o que é importantíssimo para boa maturação das uvas. Não bastassem as temperaturas extremas, há ventos que rugem a cerca de 100 km por hora.

Por que plantar uvas em um lugar com tantos desafios naturais? “Porque resultam em vinhos únicos, com caráter e texturas exclusivas, que conseguem te fazer visualizar esse cenário a cada gole”, explicou à coluna AL VINO Juan Pablo Murgia, o enólogo responsável por esses vinhos, entre eles o melhor Pinot Noir do novo mundo, segundo a inglesa Decanter (a safra 2020 desse rótulo é importada ao Brasil pela World Wine e custa 670 reais). Com apenas 40 anos, natural de Luán de Cuyo, em Mendoza, ele é filho e neto de viticultores. Está à frente de 5 vinícolas e fez da agroecologia e viticultura orgânica uma espécie de assinatura de seu trabalho.

Reprodução
Os vinhedos da Otronia: temperaturas de até 20 graus negativosReprodução/VEJA

Graças ao “caráter” de seus vinhos, ficou na lista dos cinco melhores enólogos do ano pela mesma Wine Enthusiastic, além do prêmio de melhor do mundo com menos de 40 anos, em 2021, pelo “master of wine” inglês, Tim Atkin.  Na comunidade do vinho, é considerado um inovador. Uma das técnicas que aplica em seu vinhedo é o “Efeito Iglu”. Para evitar que o vinhedo sofra com frio abaixo de zero grau, são esguichados jatos d’água para que ele congele. Assim, a camada de gelo impede que a planta ou a fruta sofra. Quando o clima esquenta, a vinha retoma de onde havia parado, sem nenhum artifício química. Zero veneno, para quem cuida das vinhas ou para quem consome o vinho.

A coluna conversou com Juan Pablo aqui em São Paulo, antes da degustação comandada por ele na Associação Brasileira de Sommeliers. A seguir, os melhores trechos da entrevista:

Recentemente você disse que não existem mais vinhos ruins, acredita mesmo nisso? Sim, o que existe são diferentes estilos e categorias. Acredito que hoje a vinicultura e os produtores independentemente de escala e lugares, estão fazendo vinhos muito bons. Há uma revolução de aperfeiçoamento de tecnologia, entendimento de terroir e muitos outros aspectos. Há bons vinhos tanto nos grandes mercados, como os grandes vinhos de terroir estão muito próximos em qualidade, cada um na sua categoria, claro.

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E por que o seu vinho é considerado tão bom? Ele vem de um lugar muito especial, está é a principal razão. Um lugar único, é uma espécie de revolução, um lugar que tem condições de fazer vinhos únicos. Isso é Otronia.

Ser orgânico é fundamental para a qualidade que você busca? Eu acredito que sim, mas não é só isso. Orgânico é um conceito simples, é uma metodologia e certificação, o mais importante é o respeito e equilíbrio com a natureza que rodeia a mim e ao vinhedo. Eu o defino como agroecologia. Significa entender todos os agentes vivos e não vivos que estão ao redor das vinhas e conviver com eles, coexistir com objeto que todo esse ecossistema esteja mais ativo possível e potencie o caráter e sabor das frutas e, consequentemente, a identidade do vinho. Hoje, os vinhos que mais me emocionam vêm de viticulturas que estão em equilíbrio com o lugar. Pode ser orgânico, biodinâmico, mas sempre com respeito e equilíbrio com o sistema agroecológico.

Para proteger as vinhas das geadas, dos ventos, você usa algum artifício? Algum remédio ou química? Não há nenhum artifício, não! Apesar de serem os vinhedos no lugar mais frio do mundo, é um lugar muito nobre e muito fértil. As vinhas estão muito felizes, nenhuma delas morre, são produtivas. Elas têm baixo rendimento, mas produzem muito bem, têm boa expressão e vigor. Produzem de 500 gramas a 1 quilo por planta. Para fazer um garrafa de Otronia precisamos de duas ou três plantas, por safra. Plantamos em alta densidade, são 7.500 plantas por hectare, para que se protejam do frio e do vento. Geramos um equilíbrio de produção muito bom. Elas produzem o equivalente a vinhedos velhos, no entanto têm 15 anos, são relativamente novas e produzem com equilíbrio muito especial para os vinhos de alta gama que queremos fazer.

vinho
Vinhas congeladas no inverno: produção sem utilização de agrotóxicosReprodução/VEJA

Vinhos produzidos com menos madeira e menor teor álcool são tendências que influenciam o seu trabalho? Sim, é uma tendência, mas não sei se influencia diretamente meu trabalho, venho fazendo isso há muitos anos, faço vinhos há vinte anos. Quando comecei, certamente usava-se muito mais madeira, mas, veja, todos os vinhos de Otronia têm muita madeira, 100% deles tem passagem por barricas. A chave é que essa passagem por madeira não se perceba no produto final e que só aporte ao vinho complexidade, esse é o bom uso. Madeira de alta qualidade, sem tosta e (recipientes de) grande volume. Os vinhos têm tanto caráter, tanta potência aromática que a madeira nunca supera e fruta, além claro de ser um uso muito preciso.

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vinho
Otronia: o melhor Pinot Noir do novo mundoReprodução/VEJA

Você disse que a Argentina passa por uma ótima fase de produção de vinhos, por que? Creio que são momentos, há uma linha do tempo, passamos por diferentes etapas. Primeiro pela produção massiva, depois o foco centrando na variedade, lugares e sub-regiões, micro regiões, vinhedos, parcelas. Essa enologia de precisão nos têm levado a fazer vinhos de classe mundial. Acredito que é o momento mais interessante e divertido da viticultura na Argentina.

Quais são as regiões produtoras que te inspiram hoje e o que nunca faltam na sua adega? Me apaixona lugares onde Pinot Noir tem excelência. Sou um apaixonado pela Borgonha, sempre estive de olho e agora estou cada vez mais. O Pinot Noir da Patagônia sempre me interessou, mas tenho sempre buscado conhecer de lugares diferentes, novos produtos do novo mundo que fazem Pinot Noir interessantes como Chile, Nova Zelândia, Alemanhã e Áustria, esses dois últimos não são novo mundo, mas não são o clássico francês. Smpre busco projetos que me inspiram. Em casa tomo vinhos de todo lado, claro, mas gosto muito da Alsácia, Borgonha, África do Sul e Nova Zelândia.

Pode-se dizer que você é o produtor de Malbec que virou Pinot Noir? Trabalho muito mais com Malbec do que Pinot Noir, porque meu trabalho maior está em Mendoza, onde nasci. Mas em Otronia temos feito o Pinot Noir mais interessante da Argentina, não só da América do Sul, mas talvez do novo mundo em geral. Acho que, por isso, ultimamente estou muito focado em Pinot Noir.

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Vinho – VEJA
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Beba sem moderação: os mocktails estão em todas as cartas

Entre as opções do mixologista Pretinho Cereja para o Áriz (Rua Dias Ferreira, 50, Leblon), casa de espumantes e coquetéis, o refrescante ariza (R$ 25,00) é feito com frutas vermelhas, água tônica, gengibre e manjericão.

Tasca da Mercearia
Tasca da Mercearia: coquetel tem água tônica de peraTomás Rangel/Divulgação

No ambiente lusitano da Tasca da Mercearia (Rua São Salvador, 72, Laranjeiras), o chefe de bar Roberto Torres criou opções de leveza como o biotônico (R$ 23,90), que leva água tônica de pera e cítricos.

Liz Cocktail & Co
Liz Cocktail & Co: um drinque “like a real virgin”./Divulgação

Nem só de álcool vive o ótimo Liz Cocktail & Co (Rua Dias Ferreira, 679-A, Leblon): saem do balcão misturas como a do like a real virgin (R$ 21,00), feito com ginger ale, shrub de morango, abacaxi e laranja.

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Nosso
Nosso: é só pedir que os drinques ganham versão mocktailTales Hidequi/Divulgação

O westside (R$ 22,00) é um mocktail do barman Daniel Estevan para o Nosso (Rua Maria Quitéria, 91, Ipanema), na mescla de água tônica, hortelã e limão-siciliano. A casa também oferece seus clássicos sem álcool.

Suru Bar
Suru Bar: manga e pimenta sem álcool por pertoRodrigo Azevedo/Divulgação

Um dos mais queridos coquetéis do Suru Bar (Rua da Lapa, 151, Lapa) ganhou versão não alcoólica. É o mangaleta (R$ 14,00), que mantém a pegada aromática feita com suco de manga, pimenta-malagueta e espuma de gengibre.

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Comer & Beber – VEJA RIO
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Olivo Italian Grill chega com massas e carnes grelhadas

O repertório de sabores italianos é celebrado no encontro de massas artesanais e carnes nobres. Novidade no Shopping Tijuca, o Olivo Italian Grill busca inspiração em ambiente milanês, e traz opções para iniciar como a parmigiana di melanzane (R$ 58,00), berinjela gratinada com parmesão e mussarela de búfala. A fraldinha de angus (R$ 138,00) vem na ala principal com chimichurri defumado, nhoque de batata-doce e fondue de queijos gorgonzola e grana padano, mas também tem lombo de atum em crosta de pão e azeitona preta com risoto de limão-siciliano (R$ 130,00). Ao final, o tortino di mandorle (R$ 46,00) é um petit gâteau de amêndoas com chocolate branco, crocante de leite e sorvete de pistache.

Shopping Tijuca. Avenida Maracanã, 987, 3º piso, lojas 3024/25 (100 lugares). 12h/22h30 (sex. e sáb. até 23h30; dom. até 22h).

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Comer & Beber – VEJA RIO