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Ministro dos Direitos Humanos pede ações sobre trabalho escravo no Sul

O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, destacou, nesta segunda-feira (27), a importância de uma Política Nacional de Direitos Humanos, ao comentar as denúncias de trabalho análogo à escravidão cometidas por empresa terceirizada contratada para prestar serviços a vinícolas localizadas no Sul do país.

“O caso dos trabalhadores resgatados em situação semelhante à de escravo em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, mostra a necessidade de uma Política Nacional de Direitos Humanos”, disse ele em Genebra, na Suíça, onde participa da 52ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU).

O ministro disse ainda que solicitou a convocação de uma reunião extraordinária da Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae).

“Diante das graves denúncias dos últimos dias, eu solicitei a imediata convocação de uma reunião extraordinária da Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo, a Conatrae, para que nós articulemos as ações que possam e que deverão ser tomadas nos casos, como exigir a apuração na esfera criminal, na esfera trabalhista.”

Segundo Silvio Almeida, um procedimento administrativo está sendo instaurado, e os trabalhadores resgatados estão recebendo apoio do governo.

“Determinei à Coordenação-Geral de Combate ao Trabalho Escravo do ministério a instauração de um procedimento administrativo a fim de que nós possamos tomar as providências necessárias para a proteção desses trabalhadores, bem como fazer as interlocuções necessárias com os órgãos envolvidos para implementar fiscalização e saber, também, qual o estado dessa questão na região”, afirmou.

“De forma mais ampla, determinei também à secretária Nacional de Proteção e Promoção dos Direitos Humanos, Isadora Brandão, que trace um diagnóstico acerca do estado da política nacional de erradicação do Trabalho Escravo no Brasil porque, certamente, não se trata de um caso isolado, sabendo como se dão as relações de trabalho em nosso país”, completou.

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A maioria dos 207 trabalhadores resgatados é procedente de municípios da Bahia.

O Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul informou que os trabalhadores já receberam parte das suas verbas rescisórias; e, com exceção de 12 deles, já retornaram para o estado de origem.

Entenda o caso

Na noite da última quarta-feira (22), uma ação conjunta entre a Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Federal (PF) e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou os 207 trabalhadores que enfrentavam condições de trabalho degradantes em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha.

O resgate ocorreu depois que três trabalhadores que fugiram do local contactaram a PRF, em Caxias do Sul, e fizeram a denúncia. Os trabalhadores, que foram atraídos pela promessa de salário de R$ 3 mil, relataram enfrentar atrasos nos pagamentos dos salários, violência física, longas jornadas de trabalho e oferta de alimentos estragados. Eles relataram ainda que, desde que chegaram, no início do mês, eram coagidos a permanecer no local sob pena de pagar multa por quebra do contrato de trabalho.

Na ação da semana passada, a PF prendeu um empresário baiano responsável pela empresa. Ele foi encaminhado para o presídio de Bento Gonçalves.

Em nota, as vinícolas disseram que desconheciam as irregularidades praticadas contra os trabalhadores recrutados pela terceirizada Oliveira & Santana, prestadora de serviços terceirizados.

Com Agência Brasil

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Vinho – VEJA
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A Filosofia Fénix Agora em Rosé

O Fénix está de volta com uma nova envergadura nas assas e elas agora tem o tom belíssimo “rosé“. Conforme já havia adiantado que teríamos em breve novidades no artigo ” O Fenômeno Fénix “, que publiquei em setembro de 2022, o produtor Prior Lucas lançou no último dia 13 o seu novo vinho deste projeto arrojado, e este veio para evidenciar ainda mais todo o poder que o seu nome carrega e de fato o fazendo jus em cada pormenor.

O novo vinho Fénix P Rosé é um vinho que similarmente ao seu antecessor vem marcar pela diferença na qualidade ímpar do vinho em si, mas sobretudo pela filosofia implantada dos detalhes dentro da cadeia produtiva do vinho. O foco do projeto Fénix é a reutilização de materiais no universo dos vinhos, desde o início da cadeia com a recuperação de vinhas abandonadas na região da Bairrada, reformas e reparos de barricas esquecidas pelo tempo, o reuso de garrafas de vidro e a utilização de materiais de fácil reciclagens nas embalagens e rótulos. Todos esses detalhes juntos são o que compõem esse projeto filosófico do mundo dos vinhos.

É um vinho rosé de Baga, provindas de uma única vinha, a da Bela Cruz, que possui um solo argilo-calcário com predominância de mais calcário e um clima com influência do Atlântico. Este vinho rosé fermentou e estagiou em cubas de Betão por cerca de 9 meses e depois estagiou em tonel reutilizado de mogno e macacaúba por mais 6 meses. Foram produzidas somente 1200 garrafas deste néctar onde se destaca a elegância e a finesse. Um vinho que apresenta aspecto límpido, de intensidade pálida e cor rosa. Já no nariz apresenta intensidade pronunciada com aromas de fruta como morango e cereja, em boca mostra-se seco, boa acidez e bom corpo, com intensidades de sabores pronunciados como além das frutas sentidas ao nariz, apresenta uma mineralidade e com bom fim de boca. Um vinho que pode casar com belos pratos a base de frutos do mar e salmão.

Fica o convite à você leitor, quando possível degustar esse novo vinho Fénix P Rosé, um vinho que não o deixará indiferente e que lhe convidará ir a mesa. Desejo boas provas e saúde!

https://priorlucas.pt
Travessa dos Troviscais AZ3, 3020-886 Souselas, Coimbra – Portugal
40.296863, -8.417809
(+351) 919 195 577
invinopriorlucas@gmail.com

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Mundo dos Vinhos por Dayane Casal
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Château de Parnay e o “Clos d’Entre Les Murs”

1. Breve Histórico

O Château de Parnay foi classificado como Monumento Histórico da França (2010), está localizado em Saumur Champigny e data a sua construção finais do século XV, passou por vários fatos trágicos históricos inclusive a sua própria destruição por um grande incêndio (1794), foi reconstruído (1820) já num estilo renascentista. Em 1887 Antoine Cristal figura icônica e histórica desta propriedade o compra, após a sua morte a propriedade passa para herdeiros e depois investidores.

Local de degustação e venda dos vinhos do Château De Parnay, imagem por Dayane Casal (Fev-2023)

Em 2006 os senhores Mathias Levron e Régis Vincenot o compram e se dedicaram num trabalho especial nas vinhas de Parnay com o objetivo de perpetuar a qualidade e as tradições do local, utilizaram a sua experiência obtida no Château Princé, efetuando um trabalho importante nos vinhedos observando o controle de rendimentos e o nível da qualidade das próprias vinhas. Eles focaram-se em restaurar o Château de Parnay, o elevando novamente, inspirados por seu ilustre antecessor, o Antoine Cristal.

2. Quem foi Antoine Cristal ?

Ficou conhecido também como “père Cristal” ou pai Cristal, foi um francês extremamente inteligente, com modesta formação de cultura elementar, viveu entre 1837 a 1931, morreu com 93 anos e sua vida foi registrada por dois grandes períodos, o primeiro como um ávido comerciante onde fez fortuna milionária e bons relacionamentos com diversas pessoas importantes na época, o segundo período após os seus 50 anos dedicou-se a viticultura como importante “vigneron”. Era uma mente inquieta e fez muitas experiências, foi o idealizador da técnica de produção implantada no “Le Clos d’Entre les Murs” do Château de Parnay. A filoxera chegou na região em 1890 devastando os vinhedos, ele foi um dos idealizadores e primeiro a implantar a técnica de enxertia na região, em seguida abriu uma escola de enxertia ajudando assim a revitalizar os vinhedos de Angevin e Touraine, também foi um dos primeiros a usar fios de ferro nas vinhas.

Antoine Cristal “Pai Cristal”

Antoine Cristal não só investiu muito dinheiro, mas sobretudo seu próprio tempo, sua energia, fez fluir a sua imaginação e modernizou os negócios que o levaram a ter um grande sucesso. Os seus néctare rapidamente começaram a ser conhecidos em muitos lugares, em grandes feiras e em competições. No ano de 1891 o seu vinho ganhou o prêmio de honra da cidade de Saumur, já em 1894 o seu branco foi premiado com medalha de ouro na competição da cidade de Paris. Os preços e as honras foram consequentemente se elevando e em 1908 chegou em Londres e em 1905, a sua produção venceu o de Château d’Yquem na Feira Agrícola de Paris.

3. O “Clos d’Entre les Murs

O Clos d’Entre les Murs, Fev-2023

Idealizado e construído por Antoine Cristal em 1894, é um verdadeiro monumento único de um vinhedo no mundo realizado de forma inédita e visionária. São 0,56 hectares de área total dentro de 04 grandes murros de 2,5 metros de altura formando uma espécie de caixa, dentro desse local são distribuídos 11 murros dispostos de forma paralela com altura de 2,0 metros e 0,60 metros de largura cada nas posições Leste a Oeste.

Esquema do vinhedo Clos d’Entre les Murs, por Dayane Casal ( Fev-2023)

Dentro desta área há duas formas de implantação das videiras, uma e a mais extraordinária são linhas de videiras plantadas bem próximas a grande parede dos 11 murros. No lado Norte do murro estão enraizadas as videiras e com a altura de 50 cm de altura há um buraco onde a videira é conduzida a atravessar o murro e a sua área foliar é exposta à direção Sul. No lado Norte a planta desfruta da frescura e umidade do chão e no lado Sul se beneficia do calor com maior exposição em horas de sol, “os pés das videiras ficam no frio e a sua barriga no sol”, assim definiu o idealizador.

A outra implantação são duas linhas plantadas de forma conduzida por arames na área central entre cada um dos murros internos, um detalhe interessante e importante é a diferença do tempo de maturação entre as duas formas de produção evidenciando a genialidade do inventor, as videiras implantadas coladas aos 11 murros que percorrem através do buraco o seu tronco, apresentam níveis desejáveis de maturação fenólica completa cerca de uma semana antes comparadas as que estão implantadas nas áreas centrais.

A casta produzida no Clos d’Entre les Murs é a Chenin Blanc, produz um vinho seco de aromas e sabores complexos , apresentando mineralidade, notas floradas e de frutas, um vinho além de delicioso, um vinho histórico e emblemático.

Imagem do Vinhedo Clos d’Entre les Murs, por Dayane Casal (Fev-2023)

4. Os Vinhedos do Château de Parnay

Os vinhedos estão distribuídos em 35 hectares, dividos em 4 parcelas com solos excepcionais com predominância do calcário, destas, 3 parcelas são em áreas denominadas “La Côte” devido estarem cerca de 200 metros do leito do rio Loire entre as cidades de Parnay e Souzay-Champgny. A quarta área localiza-se em Dampierre-sur-Loire denominada “Butte de la Folie”, terroir excepcional pela sua exposição e oferece uma lindíssima visão das vinhas do Loire.

Vine tractor crop-spraying vines in a vineyard at Parnay, Loire Valley, France

5. Vinhos do Château de Parnay

O Château de Parnay produz vários estilos de vinhos que vão dos tintos, rosés, brancos e espumantes. Os vinhos recebem a denominação de origem Saumur-Champigny para os tintos,  Saumur Blanc, Anjou Blanc e Coteaux de l’Aubance para os brancos, Rosé de Loire para o rosé e para os espumantes Crémant de Loire.

Fica aqui a sugestão para você leitor visitar esse icônico vinhedo “Clos d’Entre les Murs” do mundo dos vinhos e também degustar vinhos que contam histórias enriquecedoras de muita cultura.
Boas provas e Saúde!

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Mundo dos Vinhos por Dayane Casal
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Geólogo prova que vinícola francesa está sobre cratera de meteorito

Perto da cidade de Béziers, no sul da França, a vinícola Domaine du Météore — domínio do meteoro, na tradução do francês — chamou a atenção do geólogo Frank Brenker, da Universidade Goethe de Frankfurt, que estava passando férias na região. Localizada em uma depressão circular com 200 metros de largura e 30 metros de profundidade, um dos vinhedos lembra uma cratera de impacto, daí o nome da marca que tem forte apelo comercial. Por muito tempo, a ideia de que um meteoro realmente caíra ali foi tratada como um golpe de marketing para vender vinhos.

Brenker e sua curiosidade mudaram isso. Por meio de análises de rocha e solo, um grupo de cientistas liderados pelo professor universitário provaram que a cratera foi formada pelo impacto de um meteorito de ferro-níquel. Ele e sua esposa coletaram amostras de rocha para análise nos laboratórios da Universidade Goethe de Frankfurt e realmente encontraram os primeiros sinais do acidente geológico.

As crateras podem se formar de várias maneiras, e as crateras de meteoritos são realmente muito raras. No entanto, as várias interpretações de como a depressão poderia ter se formado pareciam pouco convincentes do ponto de vista geológico, disse Brenker. “A microanálise mostrou que as camadas de cor escura em um dos xistos, que geralmente compreendem simplesmente uma porcentagem maior de mica, podem ser veias de choque produzidas pela trituração e fratura da rocha, que por sua vez podem ter sido causadas por um impacto”, escreveu ele, que também encontrou evidências de brecha, fragmentos de rocha angulares unidos por uma espécie de “cimento”, que também pode ocorrer durante o impacto.

No ano seguinte, Brenker levou Andreas Junge, professor de geofísica aplicada, e um grupo de estudantes ao sul da França para examinar a cratera em detalhes. Eles descobriram que o campo magnético da Terra é ligeiramente mais fraco na área interna do que na área circundante. Isso é típico de crateras desse tipo porque o impacto estilhaça ou até derrete a rocha, o que pode contribuir para diminuir essa propriedade.

Com a ajuda de ímãs fortes, os pesquisadores também encontraram esférulas de óxido de ferro de até um milímetro de diâmetro, semelhantes a outras que haviam sido identificadas em outras crateras de impacto. Análises laboratoriais mostraram que continham ferro-níquel, além de um núcleo de minerais típicos do ambiente da cratera. Além disso, os pesquisadores descobriram numerosos microdiamantes de choque produzidos pela alta pressão durante o impacto. “Tudo isso, juntamente com o campo magnético inferior e outros achados geológicos e mineralógicos, nos permite tirar quase qualquer outra conclusão: um meteorito realmente caiu aqui”, concluiu Brenker.

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Vinho – VEJA
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A volta de um ícone: restaurante Quadrifoglio reabrirá no Jardim Botânico

O primeiro restaurante italiano do Rio a flertar com a alta gastronomia, em meados dos anos 1980, está em vias de reabrir suas portas em outra casa do bairro onde começou sua trajetória. O Quadrifoglio está com a volta marcada para junho, no início do inverno carioca, ocupando a bela casa da Rua Alexandre Ferreira, no Jardim Botânico, onde se encontrava o Didier, que se mudou em 2022 para Ipanema.

+ Laranja é a nova cor nas taças de vinhos desejados

O retorno é promissor, pela trajetória recente e a qualidade dos restaurantes do Grupo Trëma, que comprou a marca e pretende fazer jus aos melhores momentos do Quadrifoglio, inclusive contando na equipe com integrantes que passaram pela casa original da Rua J.J. Seabra, onde atualmente funciona o indiano Taj Mahal.

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Quem sabe, além do novo cardápio italiano, reapareçam receitas históricas como o ravioli de maçã em leve molho cremoso de queijo e sementes de papoula, da chef Silvana Bianchi, que deu fama à casa. O Quadrifoglio, por onde passaram chefs como Lomanto Oliveira e Kiko Faria, cumpriu sua última etapa no shopping Village Mall.

A empreitada será a primeira investida fora do eixo Ipanema-Leblon dos donos do contemporâneo Mäska, do espanhol Izär, da Brasserie Mimolette e do recém-inaugurado Rudä, de cozinha brasileira sofisticada, além do italiano ÏT, que vai abrir nos próximos dias, no Shopping Leblon.

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Rudä: a versão do frango com quiabo resume o espírito da cozinha/Agência Nebraska/Divulgação

O novo Rudä se instalou numa das casas mais charmosas entre os restaurantes do Rio, um imóvel da Ipanema dos anos 1920, tombado e preservado na cuidadosa reforma, onde teve curta passagem o Bazzar à Vins. Chefiando a cozinha está Danilo Parah, ex-subchef no Mäska, que imprime nos pratos um vocabulário de técnicas e apresentações semelhantes.

São leituras criativas com amplidão de ingredientes brasileiros como queijos artesanais incorporados às receitas, molhos com toques de frutas variadas, processos de cura e fermentação. Há, por exemplo, um pão de queijo Pardinho recheado com linguiça mineira moída, requeijão de corte, goiabada e kimchi – acreditem, é muito bom.

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A releitura do frango com quiabo traz um rico caldo “roti” da ave ao redor da polenta cremosa, tendo ao centro um ovo mollet rodeado de quiabo em concassé que vai levar muita gente a fazer as pazes com o verdinho incompreendido. O camarão com socarrat de palmito, por sua vez, é grelhado com lardo, e o arroz caramelizado leva bacon e pupunha. O peixe do dia traz purê de cará, vinagrete de feijão de corda, molho de mexilhão e folhas de beterraba. Segue por aí a viagem que começou promissora.

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Comer & Beber – VEJA RIO
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Château de Coulaine ( Chinon – Vale do Loire)

O Château de Coulaine, localiza-se em Beaumont-En-Véron (Chinon) e cultiva videiras desde meados do século XV, dados comprovados em registos históricos familiares, o castelo foi construído em 1470 por Jehan de Garguehalls que governava a cidade de Chinon. Durante o século XIX a filoxera afetou os seus vinhedos assim como na Europa toda. No início do século XX a propriedade entrou através de contrato de casamento para a família Denys de Bonnaventure. Através da técnica de enxertia novas vinhas foram plantadas entre os anos de 1950 e 1970 por Jacques Denys de Bonnaventure.

Château de Coulaine por Dayane Casal (Fevereiro-2023)

Em 1937 houve a oficialização da Appellation Chinon Protège de vinhos, o Jacques Denys de Bonnaventure foi o primeiro a solicitar e a reivindicar o vinho Chinon produzido em Coulaine. Em 1988 Pascale Denys e Etienne de Bonnaventure assumiram e fizeram um trabalho de modernização na propriedade, replantando novas vinhas, ajudando a destacar novos terroirs e em 1994 obtiveram oficialmente o selo de agricultura orgânica, a primeira concedida em Chinon.

Jean e Tatiana de Bonnaventure

Na atualidade os herdeiros Jean e Tatiana de Bonnaventure são os que comandam a propriedade e a produção, Jean engenheiro agrônomo, especialista em viticultura e em enologia me apresentou pessoalmente a propriedade com uma enorme gentileza explicando cada detalhe desde a vinha ao produto final, os seus vinhos biológicos especiais.

A produção da propriedade gira em torno de 80.000 garrafas por ano, com cerca de uma área de 20 ha divididas em diferentes parcelas que se diferenciam bastantes em suas características de solos sobretudo, maioritariamente está plantada a casta tinta Cabernet Franc com cerca de 16 ha e o restante da branca Chenin Blanc. A média de idade das videiras gira em torno de 40 a 50 anos e suas vindimas são todas realizadas manualmente.

Devido a parcelas diferentes os vinhos produzidos possuem diferenças significativas, expressando verdadeiramente o conceito do seu terroir. A fermentação e o envelhecimento acontecem em enormes balseiros de carvalhos e também o estágio ocorre em barricas de carvalho em diferentes tamanhos em uma cave especial cravada nas rochas pertencentes a propriedade, mantendo assim uma boa humidade e temperatura constante, os transformando em vinhos extremamente agradáveis e tecnicamente impecáveis.

Fica o convite a você leitor de quando possível ir in loco conhecer o Château de Coulaine e a degustarem seus vinhos biológicos especiais. Parabéns a família que preserva a tradição dos seus antepassados e sobretudo por buscarem a cada safra produzem vinhos ainda melhores.

Desejo boas provas a todos e saúde!

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Mundo dos Vinhos por Dayane Casal
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Gastronomia do Imprevisível

Fale a verdade, quem não gosta de padrão?

O padrão é o travesseiro fofinho da alma, que diminui o desconforto e faz acreditar que temos algum controle. Criamos pesos, medidas, calendários, estações do ano, horários de ônibus, só para tentar organizar o caos.

Na comida? Redes de fast food vivem de vender padrão, claro. A ideia central é a de que vamos provar um prato em Macapá de sabor idêntico a outro, comido há 6 meses, em Porto Alegre. Acalma muita gente.

Em restaurantes, você é cliente de um prato só? Não se martirize, todos são assim. Ainda que o prato custe a mesma coisa e venha exatamente igual, seu cérebro vai ler a experiência como mais barata, já que não vem com aquela apreensão da primeira vez embutida no ‘preço’.

Pelo mesmo motivo, muitas pessoas detestam “menus-confiança”, feitos de pratos surpresa. Descartados os espíritos mais aventureiros, o inconsciente “lê” o cardápio como “o que será que vem na entrada?”, ”tomara eu goste do principal”, “que medo da sobremesa!”.

Tudo muito natural e psicologicamente justificável, para o desespero dos chefs.

O problema é que há anos discutimos nossa relação, já desgastada, com a indústria que, para atender esse desejo de constância a preços cada vez mais baixos (em tese uma causa nobre), fez surgir os aromatizantes, aditivos, espessantes, corantes e alimentos ultraprocessados.

Estrago feito, é a hora do plot twist, em que puxamos a orelha do inconsciente e questionamos como ele nos fez chegar até aqui.

Chefs, lojistas, baristas e sommeliers, cada vez mais apaixonados pelo campo, pelas estações e seus caprichos, tomaram o caminho contrário: o de apostar no imprevisível, em várias e lindas frentes.

 

UMA AULA SOBRE MELES

Digo MELES para Eugenio Basile, da MBee Mel, não brigar comigo. A escolha desse plural no lugar de “méis” foi sugestão da mãe de Eugenio, uma professora de português que achava que o termo arcaico era importante para distanciar o produto feito por nossas abelhas nativas daqueles de baixa qualidade que vemos na maioria das prateleiras. Adorei e acatei.

Eugenio e Marcia Basile são o tipo de casal que adoraria levar a tiracolo, tamanha a paixão que têm pelo que fazem. Como forma de educar o consumidor, conduzem regularmente um evento chamado Academia do Mel, uma aula para jornalistas, chefs e formadores de opinião, apresentando méis (ops, meles!) de abelhas nativas vindos de todo o Brasil. Uma delas aconteceu há duas semanas, no Rio de Janeiro.

Enquanto nos habituamos a batizar os méis pela florada (mel de acácia, de eucalipto…), os da MBee levam o nome da abelha nativa, para elevar a cultura desse “ouro líquido” nacional e facilitar o reconhecimento das espécies nativas: mel de jataí, de uruçu, de guaraipo…

Em meio a várias delícias, conhecemos o mel de emerina, de Santa Catarina. Eugenio apresentou dois lotes absolutamente distintos feitos pela mesma abelha, mas vindos de produtores que ficam a 50km de distância um do outro. O primeiro era bem mais denso e doce, e o segundo tinha muito mais acidez, um sabor de uva verde e bem fermentado, como um vinho natural. Não só o clima, mas os microorganismos de cada local interferem no produto. Mesma abelha, mesma região, mas impossível de padronizar.

André Brito, associado da AME-Rio e dono do meliponário BeePoint, em Angra dos Reis afirma que produz meles há 16 anos e nunca houve uma safra igual, até porque nas florestas nativas há árvores que pulam a floração por 5 ou 6 anos. Disse que há anos em que a florada de monjolo cobre o morro de branco e, em outros tantos, que outras flores acontecem.

Na plateia, Lydia Gonzalez, do Angá Ateliê Culinário, em Petrópolis, antiga apaixonada pelos meles da MBee, abraça com prazer o desafio de trabalhar com um produto nada constante. “Já mudei menus inteiros em função de uma leva de meles que esperava ácidos e se apresentaram doces e florais. O prato era de palmito e acabou sendo de endívias, para manter o equilíbrio. O que os outros chamam de dificuldade, para mim é um mundo de possibilidades que me encanta muito mais. É um exercício de conexão com a natureza e de sensibilidade”.

 

UMA CONVERSA SOBRE CHOCOLATES

Falava com Bruno, sócio da Casa Lasevicius, que arremata microlotes de cacau de produtores de excelência de todo o Brasil, e perguntei se já podíamos falar de “terroir”para o cacau brasileiro, ou seja, se já existe um “perfil Amazônia” ou um “perfil Bahia”, para que o consumidor saiba o que vai encontrar em cada região. Sem querer, EU buscava o conforto de um perfil definido. A resposta não era o que eu esperava:

“O mercado busca o padrão. Eu prefiro acolher o que vem.” – adorei.

Bruno está na fronteira do conhecimento quando o assunto é cacau nacional e acha importante abraçar esse ‘caos’ para não caminharmos no sentido da pasteurização de sabor que já viu acontecer. Comenta que, num concurso internacional do qual participou, teve a oportunidade de provar 50 amêndoas finalistas e percebeu que todas pareciam iguais; isso porque alguns produtores entenderam o tipo de cacau que “ganha prêmios” e começam a selecionar lotes com esse objetivo. “Qual a graça de ter Peru, Equador e Venezuela com o mesmo sabor?”, pergunta.

É claro que se espera alguma consistência de uma variedade de cacau, com base no lugar onde é cultivado, em que solo, clima etc., mas há um milhão de outros fatores que geram resultados totalmente inesperados.

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A maior parte do cacau brasileiro é agroflorestal, ou seja, cultivado em meio a outras plantas e árvores. Por isso, falar em “terroir” é uma encrenca.

Uma roça pode estar ao lado da outra, mas se cada uma tem sombra de um determinado tipo ou quantidade de árvores, não dá para garantir que a amostra vá ser regular. O cacau de várzea do Baixo Tocantins, por exemplo, é totalmente diferente do cacau da terra firme; isso sem falar dos microorganismos de cada região, do local onde se faz a fermentação e outros fatores. De cada lote podem sair 10 cacaus diferentes e essa é a beleza de um chocolatier que processa de 4kg, 20kg de amêndoas e não 200kg. Quanto maior o lote, maior o “padrão”, mas adeus nuances.

Como bem disse o chocolatier, melhor acolher o que vem.

 

UMA PARADA PARA UM CAFÉ

Há pouco tempo, Leo Gonçalves, dono do Café ao Léu, em Copacabana, ofereceu ao público um lote que nunca mais existirá.

Leo também faz parte do clube dos apaixonados por uma causa, a da qualidade, e prefere perder dinheiro a vender um produto que não lhe encante.

Recentemente, foi chamado para participar da abertura de um parque na Serra do Caparaó, (entre o Espírito Santo e Minas) e descobriu um lote de catuaí vermelho de José Alexandre Lacerda, vindo de uma saca de café que havia sido esquecida na lavoura por uma semana. A princípio, não seria vendida, mas quando abriram a saca, o aroma estava espetacular, graças a uma fermentação espontânea que ocorreu naquele “esquecimento”. Arrematou e vendeu tudo. Vai ter novamente? Não…

Entre seus clientes, o Haru Sushi Bar e o Restaurante Flor do Céu ficam apenas felizes de trabalhar com o que vem.

Leo acredita que, quando se trata de qualquer produto agrícola que com certeza será  afetado por chuvas, secas, pragas e outros fatores imprevisíveis, mais importante do que comprar o produto apenas quando está espetacular é comprar sempre do produtor que busca a melhor qualidade diante do imprevisível. O objetivo é manter o produtor vivo para, nos anos possíveis, ter o melhor.

Uma lição para todos.

 

UM PAPO EM TORNO DE PACOVÁS

No ano passado estive em Paraty com Jorge Ferreira, pesquisador e botânico autodidata, num seminário organizado pelo Ministério do Turismo.

Foi lá que Jorge me apresentou ao perfumadíssimo pacová, uma espécie de cardamomo brasileiro que aparece nessa época do ano (ou não…) e virou paixão imediata dos chefs de Paraty.

Ana Bueno, sócia do restaurante Banana da Terra foi a primeira a aderir, mas sabe que deve ter paciência. Além do fruto só dar lá no meio da floresta, em terrenos úmidos e sombreados, é bem difícil de identificar. Em alguns anos, a planta não frutifica, e quando acontece, é preciso ser mais rápido que os roedores, que também têm muito bom gosto. Os chefs choram por um quilo do fruto, mas às vezes só conseguem 300 gramas.

E não só chefs, mas a “nova indústria”, inteligente e adaptável, que sabe lidar com itens sustentáveis, também está começando a gostar da brincadeira. A Yvy destilaria fez um drink chamado Carimbó com gengibre, cambuci e os 800 gramas que conseguiu achar de pacová. Se vai ter de novo? Só Deus sabe…

Jorge também achou outra raridade: um cogumelo roxo doido, raro (o lepista sordida), que surge do nada e tem gosto de…camarão! A venda é feita através de um grupo de whatsapp. Apareceu? Quem chegou primeiro, arremata, como foi o caso do Bernardo Arthuzo, sócio da Pupu’s Pancs com quem faz parceria para oferecer tudo que a Natureza apronta.

Para atender o mercado, Jorge anda treinando os moradores locais, transformando caçadores de animais em coletores de frutos, cogumelos e plantas.

Nada pode ser mais lindo do que isso, não?

 

Depois de todos esses exemplos, eu pergunto: padrão? Quem liga para o padrão?

Abrace o caos, espere menos e experimente mais.

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Em expansão: Boa Praça e Jappa da Quitanda cruzam a ponte Rio-Niterói

O Boteco Boa Praça, ponto de grandes agitos em bairros cariocas como Ipanema e Leblon, inaugurou a primeira unidade em Niterói. Com ambiente pensado para as fotos em redes sociais, o bar tem espaços abertos e rodeados por plantas e postes de iluminação coloniais, além de elementos como cangas de praia, lustres feitos de engradados de cerveja e as janelas coloridas.

+ Taberna Rainha traz ótima cozinha ibérica de terra e mar

A casa abriu na Rua Miguel de Frias, 236, em Icaraí, e o cardápio tem petiscos como o aperitivo de filé à parmegiana, ou o bolinho de costela com catupiry. Nos fins de semana é a vez da feijoada com roda de samba. As caipirinhas servidas nos potes se destacam na carta de drinks, e a casa anuncia música ao vivo todos os dias.

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Jappa da Quitanda: tem rodízio, serviço no quilo ou à la carte//Divulgação

Tem japonês pegando a ponte também: o Jappa da Quitanda, com endereços em Ipanema, Copacabana e Centro, abriu as portas no Plaza Shopping Niterói, com vista privilegiada para a Baía de Guanabara. O restaurante oferece seu tradicional rodízio, além do bufê a quilo e o menu à la carte.

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Entre os destaques está o oishi tuna (R$ 37,00), um tartar de atum com creme de cogumelos trufado brulée, tarê de lichia, ovas massago e cebolinha, acompanhado de chips de harumaki; e o vietnamita roll R$ 45,00, oito unidades), feito de folha de arroz com abacate, atum, salmão e ovas massago.

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Taberna Rainha traz ótima cozinha ibérica de terra e mar

O reino dos bares do chef e restaurateur Pedro de Artagão no Leblon amplia seu território com nova coroada: a Taberna Rainha. Que ninguém se engane sobre a rapidez com que a casa surgiu no endereço que foi do Irajá Gastrô, porque os sabores ibéricos estão bem conceituados e mostram a provável melhor cozinha entre todos os “rainhas”, mantendo à frente o chef Thiago Berton. Na casa decorada com azulejos de inspiração espanhola e garrafas de vinho, comece pelo quadro-negro em tapas como o escabeche de peixe gordo (R$ 58,00), ou os mexilhões em seu molho (R$ 38,00), um caldo rico e de leve cremosidade. No palco principal, o polvo à galega com batatas douradas e chorizo no azeite de páprica (R$ 194,00) e o fideuá mar e montanha (R$ 182,00), com polvo, camarão, peixe e pedaços crocantes de rabo de porco, são bons pratos para dividir após a entrada. Olé!

Rua Dias Ferreira, 233, Leblon (40 lugares). 12h/23h (fecha seg.).

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Fonte:

Comer & Beber – VEJA RIO