Posted on

Aos Pés dos Alpes, Alto Ádige Cresce Como Destino de Enoturismo na Itália

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

 

 

Alto Ádige é uma das menores regiões vinícolas da Itália e é bem menos conhecida e visitada do que as regiões da Toscana, Vêneto ou Piemonte. No entanto, a área vem se tornando cada vez mais popular entre os visitantes que buscam um ambiente mais tranquilo e menos movimentado para descobrir vinhos excepcionais.

As raízes complexas dos vinhos do Alto Ádige

Alto Ádige, também conhecido como Sudtirol, fica no norte da Itália, fazendo fronteira com a Suíça e a Áustria. Há indícios de que a viticultura na região existe há mais de 2.500 anos, tornando os vinhos parte essencial da formação da identidade do povo e do território.

Até 1918, essa área ao sul do Tirol fazia parte do Império Austro-Húngaro. Por isso, os vinhos, a culinária e as tradições locais refletem influências italianas e dos vizinhos suíços e austríacos.

Características alpino-mediterrâneas

A região conta com 4.800 viticultores, em sua maioria independentes, cujos vinhedos somam mais de 5.850 hectares. Tratando-se de propriedade e operação familiar, a maioria das vinícolas é pequena e colabora por meio de cooperativas para a produção e comercialização dos vinhos. Um segmento menor é formado por vinícolas privadas que usam suas próprias uvas ou as adquirem de terceiros.

A diversidade de clima e solos é ideal para o cultivo de mais de 20 variedades de uvas, o que contribui para a ampla gama de vinhos de alta qualidade produzidos no Alto Ádige. Localizada aos pés dos Alpes, a região se beneficia de correntes de ar mediterrâneas quentes, ao mesmo tempo em que é protegida dos ventos pelas Montanhas Dolomitas, no norte da Itália.

Muitos vinhedos estão em encostas íngremes, a altitudes que variam entre 200 e 1.000 metros, exigindo trabalho manual para o manejo das videiras e a colheita das uvas. O solo dessa área relativamente pequena é rico, com cerca de 150 tipos diferentes de rochas que variam de um lote para outro, adicionando complexidade aos vinhos.

Verões quentes, invernos amenos e a variação térmica entre dias quentes e noites frescas permitem uma maturação lenta das uvas.

Getty Images

Alto Ádige é conhecida por suas uvas tintas nativas, como Schiava e Lagrein

Foco absoluto na qualidade

O Consorzio Alto Adige Wines, criado em 2007, é uma associação responsável por promover e garantir a qualidade dos vinhos da região. A entidade, que representa 300 viticultores que produzem 14 variedades de vinho, sendo 65% brancos, impulsionou um movimento iniciado por produtores nos anos 1980, que passou a priorizar a qualidade e métodos sustentáveis de viticultura em vez da produção em massa.

Atualmente, 98% dos vinhos são produzidos sob a designação DOC (Denominação de Origem Controlada) Alto Adige. A associação também lidera o Projeto de Zoneamento UGA, uma iniciativa que destaca 86 áreas de vinhedos meticulosamente definidas, garantindo que cada variedade represente fielmente seu terroir.

Historicamente conhecida por suas uvas tintas nativas, como Schiava e Lagrein, a região também se destacou nas últimas décadas pela produção de vinhos brancos elegantes, com destaque para o Pinot Grigio, Pinot Bianco e o Pinot Nero, um de seus tintos emblemáticos.

Por causa do seu legado multicultural, os vinhos do Alto Ádige são geralmente rotulados em italiano e alemão. Por exemplo, Pino Bianco também é chamado de Weissburgunder, e Pinot Grigio pode aparecer como Ruländer ou Grauburgunder.

Enoturismo no Alto Ádige

A cadeia de montanhas Dolomitas, Patrimônio Mundial da UNESCO, atravessa o Alto Ádige, tornando a região imperdível para caminhantes e esquiadores. Mas ela também é um paraíso para os enoturistas.

A Estrada do Vinho do Alto Ádige, de 145 quilômetros de extensão, é uma das mais antigas da Itália e passa por 15 vilarejos vinícolas e 80 vinícolas associadas, cercados por montanhas impressionantes, vales pitorescos e lagos cristalinos.

Ao longo do trajeto, os entusiastas do vinho podem fazer visitas guiadas às adegas e participar de degustações dos vinhos locais.
Cada vilarejo e vinícola oferece oportunidades autênticas de interação com os moradores e de aprendizado sobre as tradições das pessoas que vivem e trabalham na região. Além do italiano e do alemão, muitos habitantes também falam inglês.

Getty Images

O projeto Wine & Bike Alto Adige Collection destaca a beleza natural da região enquanto ciclistas exploram seus vinhos.

Alguns exemplos de vinícolas ao longo da rota:

  • Kurtatsch Kellerei oferece uma excursão guiada de dia inteiro, com caminhada entre vinhedos para degustar vinhos Cru diretamente nos respectivos terroirs. A experiência inclui degustação de 12 vinhos nos locais de origem, lanche tradicional pela manhã e almoço com três pratos em um dos melhores restaurantes da vila de Kurtatsch;
  • A Tiefenenbrunner Castel Turmhof Winery leva o nome do belo castelo que está em sua propriedade. A vinícola possui uma loja de vinhos, oferece visitas guiadas e tem um bistrô onde os visitantes podem degustar taças acompanhadas de especialidades locais;
  • A Rottensteiner, uma vinícola familiar, oferece visitas às adegas e degustações mediante agendamento. Também possui uma loja de vinhos para vendas diretas;
  • Os visitantes podem degustar ou comprar vinhos na Kellerei St. Michael-Eppan, uma cooperativa que reúne 320 famílias produtoras de vinho. A enoteca moderna está aberta para degustação e compra;
  • A Cantina Tramin, cooperativa de 190 famílias fundada em 1896, é a casa dos famosos vinhos Gewurztraminer. As degustações ocorrem em uma bela sala ou no terraço com vista para o campo. A vinícola também organiza passeios guiados a pé pela pequena vila, com foco nos vinhos.

A Colterenzio a oferece também oferece visitas guiadas, degustações e recentemente inaugurou uma nova loja de vinhos.

Bolzano, a capital do Alto Ádige, é uma excelente base para os turistas. A cidade conta com bares de vinho, lojas especializadas e diversas vinícolas nas proximidades. Com um charmoso centro histórico, Bolzano oferece uma variedade de restaurantes e hotéis, dos mais acessíveis aos mais luxuosos.

Além disso, há opções únicas de hospedagem, como casas de hóspedes locais, hotéis e fazendas com hospedagem, que garantem uma estadia tranquila em toda a região.

As visitas podem ser programadas para coincidir com festivais locais, como o Vino in Festa, no final da primavera, em junho, entre outros eventos sazonais. Embora o Alto Ádige seja considerado um destino para todas as estações, muitos apreciadores de vinho preferem visitá-lo em setembro ou outubro, durante a colheita das uvas e para apreciar a folhagem outonal.

O Consorzio Alto Adige Wines lançou recentemente seu novo projeto de enoturismo, o Wine & Bike Alto Adige Collection, uma iniciativa que destaca a beleza natural da região enquanto ciclistas exploram seus vinhos. Em parceria com o aplicativo italiano Komoot, os visitantes podem escolher entre oito diferentes roteiros autoguiados com temas do Alto Ádige.

Degustar vinhos no Alto Ádige é uma experiência imersiva que combina rótulos excelentes com uma culinária de fusão distinta, em um cenário natural intocado.

* Irene S. Levine é colaboradora da Forbes EUA, onde escreve sobre viagens e estilo de vida.

O post Aos Pés dos Alpes, Alto Ádige Cresce Como Destino de Enoturismo na Itália apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Fonte:

Notícias e Conteúdos sobre vinhos na Forbes Brasil