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Vinho que não deu certo? Conheça a origem do conhaque e suas saborosas histórias

De verdade, o vinho é uma bebida mágica, mítica mesmo! Ele é tão genial que dá origem ao destilado considerado o mais nobre do mundo: o cognac. Há muitas estórias sobre a origem do conhaque. Alguns afirmam tratar-se de “um vinho que não deu certo”, cujo produtor resolveu destilar para consumo próprio. Outros dizem que foram os comerciantes holandeses e noruegueses que passaram a produzi-lo com a finalidade de ofertarem uma “eau de vie” em concorrência a outras já no mercado, a exemplo da vodka, aquavit, whisky, rum, calvados, lambig, juniper, kirsch etc. Entretanto, penso, a verdade é que o conhaque foi criado para resolver um problema de produção. A bebida surgiu na França, no século XII, na região de Charente (sudoeste do país). Lá se produzia um vinho inferior, branco e de graduação alcoólica muito baixa, que era exportado para a Inglaterra e Escandinávia.

Porém, os produtores deste vinho tinham dois grandes problemas na produção. O primeiro é que, por ser muito delicado, esse vinho se deteriorava rapidamente. O segundo era referente aos impostos que a monarquia aplicava sobre as bebidas exportadas. Desta feita, como bem explicou Guilherme Cury, alguns vinicultores decidiram destilar uma parte do vinho. O álcool obtido, de alta graduação, muito concentrado, seria exportado, e o consumidor acrescentaria água, obtendo um novo vinho. O concentrado também seria utilizado no aumento de graduação alcoólica do vinho branco comum. Entretanto, uma parte desse álcool, não foi exportada, nem incorporada ao vinho. Simplesmente, ficou envelhecendo em barris de carvalho. Com o passar do tempo, essa bebida adquiriu uma cor caramelo e perdeu muito de seu ardor. Alí nascia o Cognac. Este processo foi aperfeiçoado por volta de 1600, pelo cavaleiro Jacques de la Croix-Maron, da Vila de Cognac, após ter tido, supostamente, um pesadelo com Satanás!  

A verdade é que, histórias à parte, a bebida conquistou o mundo todo e, a partir de 1909, passou a ser severamente normatizada, de modo que só poderia receber o nome de “Cognac” ou “conhaque” o destilado originário da região francesa demarcada e que tivesse sido produzido segundo critérios bem definidos. A uva principal é a Ugny Blanc, também conhecida como St. Émilion, sendo comuns, outrossim, a Folle Blanche e a Colombard. Penedo Borges nos ensina que, no rótulo da garrafa de Cognac, é obrigatório constar o nome da Denominação (Cognac ou Eau-de-Vie des Charentes), o conteúdo (ml ou cl) e o teor alcoólico (40% mínimo). É facultativa a menção à sub-região (Grande Champagne, Fins Bois etc) e à designação de envelhecimento (VS ou Very Special, VSOP ou Very Superior Old Pale, ou Napoleon X.O.). Nesses formatos, o Cognac é importado por cerca de 160 países e tido como produto de alta qualidade, símbolo da França e de sua arte do bem viver.

O Cognac é o que chamo de “bebida quente”, própria do inverno. Entretanto, a exemplo do run, não vejo problema algum em trazer sua temperatura para um pouco abaixo da temperatura ambiente, especialmente em face do nosso clima tropical. Uma boa técnica seria refrescar a taça. Neste caso, aquela baixa e de haste curta, própria para os “Brandies”, seria a ideal, até para se bem apreciar os aromas do Cognac — ao meu ver, uma verdadeira viagem. Falando em Brandy, cabe lembrar que se todo Cognac é um Brandy, poucos Brandies são conhaques. Salut! 

Fonte:

vinho – Jovem Pan