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O Grande Rustaveli

O vinho georgiano Rustaveli é um vinho muito especial por diversos motivos, dentre eles a qualidade vínica deste néctar em si, pelo peso cultural que ele transmite desde a sua forma de vinificação e até o terroir ao qual suas uvas são produzidas, mas sobretudo pela capacidade de transmissão de tantos conhecimentos através de um único rótulo vínico.

Shota Rustaveli é o nome do poeta georgiano que viveu no século XII e foi considerado um dos maiores representantes da literatura medieval. O produtor de vinhos georgiano Shilda, que tem sua produção na região de Kakheti, decidiu homenagea-lo colocando o nome do poeta no seu vinho icônico Rustaveli.

O achado histórico mais antigo até a atualidade são os resquícios de oito ânforas que comprovam que cerca de 8000 anos atrás já se fazia vinho na região do Cáucaso Georgiano, portanto direcionando o ponto de partida da produção vínica até o momento. O país esta localizado na Europa Oriental, fazendo fronteiras com a Rússia, o Mar Negro, a Turquia, a Armênia e o Azerbaijão.

O seu relevo tem características muito peculiares, a região Norte e a região Sul é formado de cordilheiras montanhosas, conhecidos como o Grande e o Pequeno Cáucaso, já a região do centro é formada por um amplo vale e é onde se encontram as principais regiões vitivinícolas do país, destaca-se a Kakheti onde o Rustaveli é produzido, como a principal região e que detêm mais de 2/3 das uvas plantadas. A Geórgia possui no total 18 Denominações de Origem Controladas.

O método de vinificação Qvevri foi classificado como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2013 e consiste em produzir vinhos de uma forma milenar em enormes ânforas ancestrais feitas de barro e que possuem geometria ovalada denominadas Qvevri . Esse método consiste na forma mais natural possível de se fazer vinho. Após a época da vindima os cachos das uvas são pisados inteiros em grandes toras de madeira e depois colocados nesses grandes vasos Qvevri com tudo, com película e ramos. Não são adicionados qualquer tipos de produtos, a fermentação ocorre somente com a ação das leveduras indígenas e sem interferências. Os Qvevri ficam enterrados e são lacrados as suas tampas com cera de abelha, eles podem ter vários tamanhos de 220L até de 1200L. Ficam em processo de fermentação de 5 a 8 meses e após isso o enólogo e/ou produtor decidem se já pode ser engarrafado ou se enviam o vinho para estagiar em outro Qvevri por mais algum tempo. Uma curiosidade interessante é que há rituais que são tradicionais no momento de se abrir um Qvevri, em alguns lugares há uma espécie de cerimônia religiosa onde os líderes religiosos fazem suas rezas para os abençoar.

A casta tinta Saperavi é uma Vitis vinífera autóctone da Geórgia, mas que também é produzida na Rússia, Armênia, Moldova, Ucrânia, Uzbequistão, Azerbaijão e que já vi in loco um experimento com esta casta na região de Rivera no Uruguai. Ela é uma uva considerada tintureira, devido ao alto teor de antocianas, ela é uma variedade resistente inclusive ao frio extremo, produz vinhos tintos cheios de estruturas e que podem ter excelente potencial de longa guarda devido poder combinar acidez, álcool e estrutura.

O vinho Rustaveli é produzido com 100% de Saperavi, essas produzidas na região de Kakheti, ele foi fermentado por 5 meses dentro do Qvevri e apresenta 13% de teor de álcool. Um vinho surpreendente não só pela sua bagagem de informações, mas sobretudo na prova vínica em si por apresentar uma elegância de aromas de frutos pretos, especiarias como cravo e zimbro e em boca é encorpado e rico em taninos. O vinho não é filtrado o que permite preservar ainda mais a sua essência. Uma experiência vínica muito interessante, fica o convite à você leitor para quando puder provar essa delicia de Baco o faça, e se puder acompanhar de um prato de carne bovina assada ou grelhada ficará ainda mais rico esse momento de verdadeiro prazer.

Gaumarjos ! Saúde !

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Fonte:

Mundo dos Vinhos por Dayane Casal