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Outono no Piemonte Oferece Vinhos Finos e Alta Gastronomia

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A temporada de colheita no outono é um dos melhores períodos para visitar as colinas de Langhe, no Piemonte, região no noroeste da Itália, na fronteira com a França e a Suíça. Os turistas podem aproveitar a abundância do local — vinhos finos e alta gastronomia — em meio a paisagens deslumbrantes, compostas por vinhedos, colinas onduladas e florestas tingidas em tons de vermelho, laranja, dourado e marrom.

Localizadas na parte sul do Piemonte, as colinas de Langhe são emolduradas pelos Alpes Marítimos e pelos Apeninos Ligures. Onze pequenos vilarejos, incluindo a cidade de Barolo, estão espalhados por essa região montanhosa, que compõem a zona oficial de produção do vinho Barolo DOCG (Denominação de Origem Controlada e Garantida).

As Colinas de Langhe: A Casa do Rei e da Rainha dos Vinhos

Situadas a nordeste de Alba, as colinas de Langhe são o lar exclusivo de Barolo e Barbaresco, dois dos vinhos tintos mais prestigiados da Itália. Eles levam o nome desses dois vilarejos minúsculos.

Ambos são produzidos com 100% de uvas nobres Nebbiolo e são muito apreciados pelos amantes do vinho. Frequentemente descritos como irmãos, o Barolo é conhecido como o “Rei” e o Barbaresco, como a “Rainha”. No entanto, a região também produz outros tintos e brancos de altíssima qualidade, como Barbera, Pinot Nero e Chardonnay.

A região vinícola de Piemonte Langhe foi reconhecida como Patrimônio Mundial da UNESCO em 2014, tanto pela beleza de suas paisagens de vinhedos quanto pela rica tradição na produção de vinhos. A única outra região vinícola italiana com esse título é Conegliano e Valdobbiadene, produtora do Prosecco.

A gastronomia regional da região também é lendária entre os apaixonados por comida. A cidade de Alba é o epicentro das trufas brancas, famosa por sediar anualmente a Feira Internacional da Trufa Branca, cuja 95ª edição acontece em outubro.

Imersa em tradições agrícolas e gastronômicas, as colinas de Langhe são conhecidas por suas massas regionais como tagliarini, tajarin e agnolotti, risotos, polenta e queijos. Quem aprecia carnes encontra na região a Fassona, uma raça bovina local que tem mais de dois mil anos de história, que é famosa pela carne magra e macia.

Getty Images

É no terroir das colinas de Langhe que os vinhos Barolo e Barbaresco são produzidos

As avelãs Piemonte IGP, apreciadas por chefs e chocolatiers ao redor do mundo, também valorizam a região. Em Turim, essas avelãs são usadas na fabricação do gianduia (um doce de chocolate com avelã). Alba, por sua vez, é a cidade onde nasceu a marca Nutella, creme de avelã com cacau.

Enoturismo nas Colinas de Langhe

Apenas vinhedos localizados nas encostas das colinas, com a melhor exposição solar e altitude entre 170 e 540 metros acima do nível do mar, têm permissão para produzir uvas Nebbiolo destinadas ao Barolo. A quantidade das frutas também é limitada para garantir a alta qualidade.

A maioria das vinícolas da região é de pequeno porte, administrada por famílias, e produz vinhos específicos de cada terroir. Cada vila possui características distintas de solo, altitude, exposição solar e microclima.

A Vinícola Giovanni Manzone, por exemplo, está localizada em Monforte d’Alba, uma das 11 vilas da província de Cuneo. O fundador, que dá nome à vinícola, herdou uma casa e uma fazenda de seu pai, Stefano, localizadas no que hoje é chamado de Castelletto MGA, subzona oficial dentro da denominação Barolo.

O terreno íngreme e pedregoso tornava o cultivo desafiador. Mas, com muito trabalho, Giovanni começou a produzir vinho e engarrafou seu primeiro Barolo, o Ciabot del Preve, em 1961. Seguindo a tradição, seus Barolos foram — e continuam sendo — envelhecidos em grandes barris de carvalho, com longos períodos de maceração.

Na década de 1970, a família adquiriu outro terreno em Gramolere, que hoje também está dentro da denominação de Barolo. Historicamente, essa área é reconhecida pela produção de uvas que geram vinhos de estrutura notável.

No fim dos anos 1980, Marc de Grazia, um influente importador americano de vinhos que ajudou a divulgar os Barolo, reconheceu a qualidade dos vinhos Manzone, o que levou à projeção internacional da vinícola. Isso marcou o início de uma parceria de sucesso que durou 23 anos.

Atualmente, a quinta geração da família Manzone, representada por Mauro e Mirella, administra os 14,3 hectares da propriedade. Cerca de 8,5 hectares são destinados à produção de vinhos das variedades Rossese Bianco, Dolcetto, Barbera e Nebbiolo, dentro da denominação Barolo. A colheita das uvas é feita manualmente e a vinícola segue os protocolos da Coldiretti, organização que representa mais de 1,6 milhão de produtores na Itália, que estabelece regras de produção sustentável, ética, segura e rastreável.

Vinícola Manzone

A Vinícola Manzone recebe visitantes para degustações guiadas e passeios pela adega e pelos vinhedos. “Não podemos competir com o marketing das grandes vinícolas comerciais”, diz Mauro. “A melhor maneira de mostrar nosso trabalho é através da degustação dos nossos vinhos.”

A sala de degustação da Manzone oferece uma vista ampla da região de Barolo. Mauro compara os pequenos vilarejos que pontuam as colinas de Langhe a “pequenas joias”, cada um com seu próprio charme, características e costumes. A família planeja reformar a antiga casa da fazenda para oferecer hospedagem.

Divulgação – Giovanni Manzone Winery

A família Manzone já está na quinta geração

Ao passear pelas ruas de paralelepípedo dos centros medievais, os visitantes encontram castelos históricos, igrejas, mercados e museus, incluindo um dedicado ao vinho Barolo e outro especializado em saca-rolhas. Os turistas mais ativos podem reservar passeios de e-bike, fazer caminhadas ou até correr ao lado das fotogênicas colinas e vinhedos.

“Vinho e comida se expressam melhor juntos”, diz Mauro. E as colinas de Langhe fazem isso como poucas regiões no mundo. Trattorias, osterias e restaurantes locais oferecem aos apreciadores de gastronomia a oportunidade de saborear uma culinária piemontesa autêntica, baseada no conceito da fazenda à mesa, harmonizada com vinhos excepcionais.

Uma das maneiras mais práticas de explorar a região é de carro, o que permite paradas nas vinícolas, lojas de vinho e outros atrativos dos vilarejos pitorescos. Diferente de regiões mais movimentadas, os visitantes apreciam a autenticidade dos pequenos hotéis, agroturismo e pousadas das colinas de Langhe.

Os produtores da região são calorosos e acolhedores. Eles têm orgulho de seu terroir, que oferece uma combinação perfeita de tesouros gastronômicos, históricos e culturais.

Vinhos da Giovanni Manzone

Manzone Barolo Castelletto 2020 DOCG

Vinho complexo e equilibrado, produzido com uvas Nebbiolo provenientes dos vinhedos da Castelletto MGA.

Manzone Barolo Bricat 2019 DOCG

Um Barolo tradicional de vinhedo único, elaborado com uvas mais antigas da Gramolere MGA. É encorpado, bem estruturado e com excelente potencial de envelhecimento.

Manzone Barolo 2009 Riserva Cento Anni

Edição especial recém-lançada, feita a partir da safra de 2009, que oferece profundidade, estrutura e elegância, em comemoração aos 100 anos da vinícola.

Manzone Langhe Nebbiolo Il Crutin 2023

Um tinto delicado e suculento, produzido a partir de um vinhedo plantado em 2020.

Divulgação – Giovanni Manzone Winery

Os Barolos da família Manzone são envelhecidos em grandes barris de carvalho

Outras Vinícolas nas Colinas de Langhe

Antes de visitar qualquer vinícola, é recomendado verificar o site para informações sobre horários de funcionamento, ofertas e custos. Também é aconselhável fazer reservas antecipadamente.

G.D. Vajra

Localizada próxima ao centro da vila de Barolo, essa vinícola familiar foi fundada em 1972 por Aldo Vajra, que herdou terras do avô. A propriedade prioriza práticas sustentáveis e foca nas características únicas de seus vinhedos Cru de Barolo. Oferece degustações e visitas guiadas.

Coppo Winery

Considerada uma das vinícolas mais antigas da região, suas adegas datam de 1892. Fica em Canelli, no Monferrato, na parte centro-oriental do Piemonte. Os tours e degustações oferecem uma visão aprofundada sobre as variedades de uvas do local, manejo de vinhedos e métodos de vinificação.

As adegas, conhecidas como “catedrais subterrâneas”, possuem 5.000 metros quadrados de túneis com tetos abobadados e rocha tufácea, historicamente utilizadas na construção de adegas subterrâneas, e fazem parte do Patrimônio Mundial da UNESCO.

Ceretto

Com sede em Alba, a Ceretto é uma das pioneiras no movimento dos Barolos de vinhedo único. É reconhecida pelo compromisso com práticas sustentáveis, incluindo métodos orgânicos e biodinâmicos. Oferece tours privados, degustações de Crus de Barolo e Barbaresco, além de degustações verticais.

Ratti

Localizada na vila de La Morra, a cerca de 14,5 quilômetros de Alba, a Renato Ratti oferece tours guiados pelas adegas, visitas especiais e degustações de Barolo. A propriedade também disponibiliza quartos e suítes no imóvel da família em Costigliole d’Asti, nas colinas de Monferrato, com restaurante e área de bem-estar. A vinícola planeja inaugurar um museu neste ano.

Pio Cesare

A vinícola familiar, atualmente na quinta geração, está situada no centro histórico de Alba, construída sobre as muralhas da cidade, que têm mais de 2.000 anos.

Seus vinhedos estão distribuídos em diversas comunas das denominações Barolo e Barbaresco. As visitas e degustações são feitas apenas com agendamento.

* Irene S. Levine é colaboradora da Forbes EUA, onde escreve sobre viagens e estilo de vida.

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Fonte:

Notícias e Conteúdos sobre vinhos na Forbes Brasil