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Maria Larissa Pereira Paiva é conhecida nas redes sociais como Larittrix, o apelido é inspirado na estrela Bellatrix, a terceira mais brilhante da constelação de Órion, onde estão as populares “Três Marias”, primeiro objeto de estudo — mesmo que não intencional — da jovem. “Aos oito anos de idade, apontei para o céu e perguntei para a minha avó se as estrelas tinham nome, então, ela me contou a história das Três Marias. Eu cresci fazendo perguntas sobre o mundo ao meu redor, mas nunca me conformei com as respostas”, conta.
A curiosidade intrínseca despertou em Larissa o desejo por mais conhecimento, porém, sem acesso à internet, a jovem buscou por respostas nos livros didáticos e nas interações com professores das escolas públicas do município de Pires Ferreira, cidade com cerca de dez mil habitantes no interior do Ceará. “Não tinha internet por aqui, o que me frustrou por um tempo, mas mantive o hábito de olhar para o céu e escrever sobre ele”, relembra Larissa.
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Em 2018, quando completou 13 anos, as portas da astronomia se escancararam diante de Larissa após uma lan house ser inaugurada. “Foi onde eu tive a oportunidade de pesquisar sobre as Três Marias pela primeira vez, foi lá que eu descobri a existência da astronomia. Depois, comecei a ensinar minha família, minha comunidade e meus amigos sobre as coisas que eu aprendia”, diz a divulgadora científica.
O bom desempenho estudantil levou Larittrix a cidade de Ipu, a alguns minutos de distância de sua casa, para cursar administração de empresas e o ensino médio em uma escola técnica profissionalizante, momento em que conheceu as Olimpíadas Científicas, competição entre escolas brasileiras em diferentes disciplinas, entre elas: a astronomia.
“Eu encontrei um motivo pra justificar o que eu queria estudar. Além dos materiais didáticos, comecei a vasculhar a internet e as redes sociais em busca de mais conteúdo. A partir daí, foi um passo para que eu começasse a falar no Instagram sobre o assunto.”
O passo seguinte foi em direção aos asteroides. Aos 16 anos, Larissa Paiva foi certificada pela Nasa por encontrar um asteroide durante um projeto de incentivo à ciência da agência espacial norte-americana em parceria com instituições internacionais. “Hoje, já são mais de 25”, complementa.
No entanto, para participar do projeto, os candidatos precisavam, obrigatoriamente, de um computador ou notebook com acesso ao Windows. “Foi durante a pandemia, nessa época, eu assistia às aulas da escola pelo celular. Nem meus pais tinham um computador. Mas eu não desisti, pedi o notebook de um vizinho emprestado e fiquei horas caçando asteroides”, relata.
O nome Bellatrix vem do latim e significa guerreira, mais uma feliz coincidência na vida de Larissa: “Eu carrego muitas feridas, nada veio fácil, eu não sou genial, conquistei tudo com muito suor.”
O reconhecimento da Nasa trouxe a atenção de investidores, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e de um colégio particular de Fortaleza, o Farias Brito. “Eu recebi dois notebooks, um da Multilaser e o outro de um empresário local. Em seguida, ganhei uma bolsa integral para estudar em Fortaleza com tudo pago, inclusive moradia e alimentação. Por fim, fui para Brasília e conheci o presidente.”
Em 2023, ela conquistou o título de primeira astronauta análoga do Ceará. A convite da Wogel Enterprise Aerospace, estação espacial análoga móvel localizada em Brasília, Larissa fez um treinamento que simula uma viagem ao espaço, algo comum em agências norte-americanas e dentro da própria Nasa.
“Ficamos no acampamento por alguns dias e realizamos algumas atividades. Tivemos aulas de física, primeiros socorros, gravidade, simulações na cabine de um foguete, e por aí vai”, apesar disso, ela deixa evidente que ir para o espaço não é sua principal ambição, “se precisarem de uma astrônoma para participar de uma viagem e fazer pesquisa, podem contar comigo”.
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No momento, o telescópio de Larittrix está direcionado para outro sonho: inscrições para faculdades nos Estados Unidos. Enquanto isso, continua trilhando sua jornada de incentivo a meninas e mulheres brasileiras na ciência.
“Eu não sou a única que merece essas oportunidades. Existem muitas Larittrix no Brasil, precisamos fazer algo para descobrir e apoiar essas meninas. Elas não estarão sozinhas enquanto eu e mulheres como eu existirem”, finaliza.
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