O mundo bebe Chardonnay, uma parte Sauvignon Blanc. E a Riesling, por conta do dulçor que os vinhos alemães carregaram nos anos 80 do Século XX, com seus brancos (daquela época) de duvidosa qualidade, é a bebida inconfessável, não frequenta as grandes festas e comemorações pelo países afora. Ocorre que nenhuma outra casta branca; repito, nenhuma; tem a versatilidade, a longevidade e a majestade da franco-germânica Riesling. Como bem anotou o enólogo Lucas Simões, a casta é a protagonista dos vinhedos alemães, e isso não é por acaso, já que a sua origem é a Alemanha. Existem registros do seu cultivo desde o século XV, sendo o mais famoso e aceito pelos estudiosos como o de um inventário pertencente a um armazém, no ano de 1435, em que relatava a presença de uma uva chamada Rießlingen.
Assim, esse nome aparecia em diversos documentos da época, até que em 1552 surgiu a primeira citação utilizando o nome que conhecemos hoje, Riesling. Dizem também que ela já era cultivada pelos romanos nos vales do Mosel e Reno. É indiscutível que a casta chegou a Alsacia vinda da Alemanha e, das terras francesas, é que houve o resgate de sua maestria. Riesling coleciona cada vez mais admiradores pelo mundo. Quem já provou, costuma virar fã. Quem ainda não provou, dificilmente decepciona-se. O grande problema é que esta casta exige condições muito específicas de terroir. Podemos encontrar desde vinhos simples (de entrada) até complexos vinhos de sobremesa, passando pelos espetaculares “Sekts” germânicos que, ao meu ver, têm em Peter Lauer seu maior expoente (infelizmente não está disponível no Brasil). Esclarecendo, Sekt é um espumante germânico, produzido na Alemanha, em preponderância, e na Áustria. O primeiro espumante Sekt foi produzido em 1826, em Esslingen, por Sektkellerei Kessler, o produtor de vinho espumante mais antigo da Alemanha.
Desde então, acredita-se que existam mais de 2.250 produtores, alemães e austríacos. Mas, voltando ao Riesling, das terras alemãs e austríacas, ela alcançou a América do Sul e os Estados Unidos, onde, ao meu ver, se produz os melhores Rieslings fora da Europa. A acidez desta uva torna seus vinhos extremamente gastronômicos e sua estrutura chega a imprimir notas tânicas raríssimas em vinhos brancos. Vou sugerir alguns Rieslings considerando o estilo e característica do vinho e começo com o Sekt Henkell Trocken, de custo bem razoável e fácil de encontrar. Um Riesling “de entrada”, excelente é o OH01 Riesling Dry, alemão, que tem sabor picante e fresco. Com uma nobreza ímpar e complexidade a toda prova, sugiro o Riesling Grand Cru Schlossberg, da Alsacia, que está no topo da classificação de lá, sendo de produção biodinâmica e que no nariz esbanja discretas notas defumadas, tostadas, e na boca tem uma complexidade deliciosa. Para a sobremesa, sugiro o Castel Mimi Icewein Riesling, da Moldávia, e que é produzido a partir de uvas Rieslings naturalmente congeladas a temperaturas entre -6°C e -10°C usando técnica especializada e sendo um vinho único e que harmoniza desde frutas até doces mais untuosos. Do Novo Mundo sugiro o norte-americano Eroica Riesling, produzido na região de Washington, pela Ste. Michelle, e que apresenta acidez e a mineralidade como as principais características. Riesling é uma viagem ao que há de melhor em brancos, independentemente do estilo do vinho. Salut!
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