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Vale a pena conhecer os vinhos da região espanhola La Rioja

Se é verdade que os vinhos espanhóis mais caros vêm de Ribeira del Duero, é mais verdade ainda que os mais afamados e conhecidos vêm de La Rioja. A Rioja é a primeira região produtora de vinhos demarcada — denominación de origen calificada (DOC) — da Espanha e chega a ser quase um sinônimo de vinhos tintos espanhóis, em que pese os maravilhosos brancos que também saem de lá. La Rioja é uma província e comunidade autônoma no norte, abaixo dos Montes Cantábricos, cujos vinhedos ocupam o Vale do Ebro e cercam a antiga cidade de Haro, tendo se firmado como região vinícola no final do século XIX e começo do século XX, quando a praga filoxera devastou os vinhedos franceses. Em busca de novas terras, muitos produtores de Bordeaux encontraram lá o terroir ideal: protegida dos ventos e chuvas pela Serra da Cantábria, a região sofre menos com as temperaturas extremas tão comuns a outras áreas espanholas.

Segundo o criterioso Guia Peñin, na região são produzidos, anualmente, 291 milhões de litros de vinho, dos quais 41% são exportados. Há três sub-regiões: Rioja Alta, Rioja Alavesa e Rioja Baja. A primeira concentra as vinícolas mais tradicionais (e centenárias), localizadas principalmente na histórica cidade de Haro, ao sul do Rio Ebro. Rioja Alta se destaca tanto em termos de qualidade como de quantidade. Como é uma área mais elevada, favorece os vinhos em acidez e cor, mas com níveis moderados de álcool. Por seu turno, os vinhos de Rioja Alavesa se assemelham ao de Rioja Alta, só que com mais acidez e menos cor, enquanto Rioja Baja, por causa do calor e do solo mais rico, produz bebidas mais encorpadas e alcoólicas, com menor qualidade. As castas tintas que lá predominam são a Tempranillo e a Granacha, seguidas da Graciano, Mazuelo e a francesa Cabernet Sauvignon. As brancas são a Viúra, Malvasia e Granacha Blanca. A Tempranillo é a predominante e mais afamada e a que dá firmeza e estrutura ao vinho tinto de lá. Normalmente é a que aparece em maior parcela nos cortes dos tintos riojanos. Quanto a vinificação e classificação, são divididas em quatro tipos: Joven, Crianza, Reserva e Gran Reserva. O Joven vai a mercado sem envelhecimento; já o Crianza, só após um ano de barrica e mais um de garrafa; o Reserva, com um ano de barrica e dois de garrafa; e o Gran Reserva, com dois anos de barrica e três de garrafa. Ou seja, destes últimos, só encontraremos os da safra de 2021 nas prateleiras após 2.026. Os Gran Reservas são as joias da coroa espanhola e, por óbvio, os mais caros.  

Os tintos riojanos são extremamente gastronômicos e versáteis à mesa. Costumam segurar bem pratos mais gordurosos e condimentados e seguem bem com massas ao pomodoro, por exemplo. Um dia desses, arrisquei um rigatoni ao pomodoro com um Rioja Gran Reserva de mais de 20 anos de idade e tive uma grata surpresa, uma refeição para lá de feliz! Agora o tinto da Rioja, de forma geral, tem como grande par à mesa a paleta de cordeiro, acompanhada de batatas assadas regadas em seu molho. O Joven da Rioja pode ser um grande acompanhante de um churrasco rústico de costela. Os brancos, por sua acidez e leves toques “oxidativos”, são excelentes acompanhantes de frutos do mar, com ênfase aos crustáceos preparados com ervas frescas, manteiga e pimentas leves. Um arroz de frutos do mar pode ir bem como um tinto Reserva ou com um branco da casta Viura mais jovem. A versatilidade do vinho da Rioja impera. Insta destacar que são vinhos longevos, tanto os tintos quanto os brancos. 

No Brasil, o vinho espanhol mais famoso e tradicional é o Marques de Riscal, que tem uma linha bem extensa de produtos, indo desde o branco simples até o espetacular Tinto Gran Reserva. O Marques de Murieta também goza de elevado e justo prestígio, sendo o seu “Castillo Ygai” um caso a parte. O Viña Real Reserva Rioja tem uma tipicidade a toda prova e um custo bom para um Reserva, e o  La Rioja Alta 904 segue a mesma linha, porém de custo mais elevado. Por sua vez, o Vina Tondonia Blanco Reserva é um dos grandes brancos do mundo, estrelado e cultuado. Dos vinhos da Rioja mais simples e acessíveis, destaco o Señorio De Prayla Rioja, que tem tipicidade, acidez e boa estrutura. O Marqués de Cáceres Crianza é um opção bastante boa também, sendo muito gastronômico. Dos brancos mais acessíveis, destaco o Cune Blanco da CVNE, que é monovarietal da Viura. Por fim, na categoria dos mais em conta, a linha do Marques de Tomares é bem interessante. Em suma, Rioja é uma região que há de ser considerada na escolha do vinho que vai à mesa. Salut!

Fonte:

vinho – Jovem Pan