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Conheça 11 rótulos que mostram a diversidade da produção chilena de vinhos

Os vinhos chilenos são bastante conhecidos por aqui. Embora o Chile seja apenas o quinto maior exportador do mundo, o Brasil é o principal destino de seus rótulos. E não é para menos. Alguns dos melhores vinhos produzidos com a uva cabernet sauvignon são feitos em nosso vizinho, e os chilenos também oferecem outros tintos e brancos de excelente custo-benefício. Mas há uma variedade enorme de rótulos que ainda são menos populares.

Em recente visita ao Brasil, Eduardo Jordán, enólogo e diretor técnico da Miguel Torres, vinícola de origem espanhola presente no Chile desde 1979, apresentou 11 rótulos que exploram essa diversidade. Jordán tem direcionado seu olhar tanto para a variedade de terroirs dentro do Chile, buscando as melhores uvas de norte a sul do país, quanto nas oportunidades de trabalhar com pequenos produtores, valorizando vinhedos centenários e variedades pouco comuns.

O enólogo Eduardo Jordán –Miguel Torres/Divulgação

A seguir, uma breve análise dos 11 rótulos, comentados pelo enólogo.

Estelado Extra Brut Rosé (R$ 109)
Produzido com a uva país, variedade que encontrou no Chile boas condições para se desenvolver, mostra aromas de frutas vermelhas e boa acidez. “A uva país não é muito usada em espumantes porque ela perde a acidez rapidamente, mas conseguimos preservar essa qualidade neste espumante ao mesmo tempo em que ajudamos a preservar vinhedos com mais de duzentos anos”, diz Jordán.

Cordillera Reserva Especial Chardonnay (R$ 149)
Produzido no Valle de Limarí, na região norte do Chile, é elegante, com boa acidez e aroma cítrico que remete a abacaxi. Passa 11 meses em barricas, sendo que apenas 9% delas são de madeira nova. “O solo calcário, composto por conchas marinhas, confere um final salino ao vinho”, afirma o enólogo.

Cordillera Reserva Especial Sauvignon Blanc (R$ 149)
Feito na região sul do país, mostra como as mudanças climáticas estão afetando a produção de vinhos. “Antes chovia muito no Valle de Osorno, mas agora abriu-se a possibilidade de cultivar na região”, diz Jordán. Apenas quatro produtores trabalham no local, e o tempo frio faz com que a uva demore mais a amadurecer. O resultado é uma acidez elevada, aromas cítricos, frescos e florais, além da mineralidade que se manifesta na boca.

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Tenaz (R$ 120)
Homenagem da vinícola aos “titãs do vinho”, como são conhecidos produtores como José Miguel Castillo, cujo nome está gravado no rótulo. Além de remuneração acima da média do mercado, recebem uma participação nas vendas. As uvas da casta Cinsault usadas neste vinho são provenientes de vinhedos de 1955. “Queremos que você seja transportado para o local em que foi produzido, no Vale de Itata, mais ao sul”. Oferece notas de frutas vermelhas, cereja madura e leve mentolado. Embora passe 11 meses em barricas, a madeira é pouco perceptível.

Millapoa (R$ 229)
Feito totalmente com uva país proveniente de vinhedos de mais de 150 anos, de forma artesanal, com maceração manual e fermentação em lagar de rauli, um grande tanque aberto. O envelhecimento é em ovos de concreto, e o resultado é um vinho de aroma rústico, terroso, com frutas e especiarias, com potência e estrutura. “Produzido na região de Bío Bío, é uma forma de mostrarmos como se fazia vinho antigamente”, diz Jordán.

Cordillera Reserva Especial Carmenere (R$ 159)
“No Vale de Cachapoal, onde é feito, a colheita é realizada em clima quente, o que beneficia muito a casta”. O resultado é um vinho encorpado com aromas de frutas maduras com toque herbáceo e especiarias e alcaçuz.

Cordillera Vigno Old Vines Carignan (R$ 159)
“Representa a nossa tentativa, minha e da Miguel Torres, de criar uma Denominação de Origem para a uva carignan no Chile”, afirma o enólogo. As vinhas precisam ter ao menos 30 anos de idade, o blend deve ter no mínimo 85% de carignan, os vinhedos não podem ser irrigados e o vinho precisa ter ao menos dois anos de guarda antes de chegar ao mercado. Este, de 2018, tem aroma de frutas negras, ervas secas e especiarias. Boa estrutura, acidez persistente e grande potencial gastronômico.

Los Inquietos 01 (R$ 489)
Trata-se de um “field blend”, expressão que denomina uma mistura de uvas produzidas juntas, no mesmo vinhedo, e vinificadas de uma só vez. Este leva 80% de malbec, e os outros 20% são compostos por cabernet sauvignon, cabernet franc e gros verdot, todas de um vinhedo plantado em 1945. Jordán conta que outros vinhos da linha terão blends diferentes e serão identificados por outros números.

Manso de Velasco (R$ 469)
Rótulo tradicional da vinícola, é produzido apenas com cabernet sauvignon e é conhecido por sua grande potência. Nas mãos de Jordán, ganhou sofisticação e elegância. No aroma, frutos negros e vermelhos, toque herbáceo. Na boca é encorpado, com taninos suaves, e o amadeirado é proveniente de estágio de 18 meses em barricas de carvalho francês e fudres de carvalho alemão. “Quis torná-lo mais acessível”, diz Jordán, “e, ao mesmo tempo, mostrar o grande potencial da casta no Chile.”

Escaleras de Empedrado Pinot Noir (R$ 969)
“Produzido apenas com pinot noir cultivadas na região costeira do Vale do Maule”, conta Jordán. O resultado é um rótulo que remete aos bons tintos da Borgonha, com aromas de cerejas, com acidez, estrutura, um toque de mineralidade e final longo.

Rótulos mostram variedade da produção chilena –Miguel Torres/Divulgação
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Fonte:

Vinho – VEJA